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29 junho 2017

Popular e a rede de proteção de bancos na Europa

Os detalhes da quebra do Banco Popular parece indicar que o sistema bancário da Europa não possui uma rede de proteção eficaz. Pelo menos é o que permite concluir a partir da informação do site Wolfstreet.

As informações recentes mostram que o Banco Popular estava perdendo cerca de 2 bilhões de euros de depósitos por dia. E eram os investidores institucionais os principais responsáveis, como um fundo de segurança social espanhol, agências governamentais e outras entidades do setor público. Ou seja, o próprio governo contribuiu fortemente para a quebra do banco. E levanta uma suspeita de que o governo usou informação privilegiada para salvar seus recursos, acelerando o processo de quebra, enquanto o pequeno correntista perdeu. Ao mesmo tempo que os investidores institucionais faziam suas retiradas, o Ministro da Economia afirmava que não existia motivo de preocupação.

Mesmo depois que o Santander entrou no negócio, comprando o Popular por 1 euro, mas prometendo colocar algo em torno de 7 bilhões de euros na instituição, o volume de depósitos continuou a reduzir. Os recursos para cobrir os depósitos, na Espanha, estão limitados a 100 mil euros por pessoa. Mas o Fundo de Garantia de Depósitos da Espanha não tinha recursos para cobrir os prejuízos. Este é o ponto crucial que leva a suspeitar da proteção do sistema bancário espanhol: o FSB, um conselho de estabilidade financeira da Europa, não considerava que o Banco Popular seria “grande demais para quebrar”. Na realidade, somente o Santander estaria enquadrado nesta categoria. O Popular seria o sexto banco espanhol em porte e não seria socorrido. Tudo leva a crer que a opção de deixar falir poderia gerar um efeito sobre as demais instituições financeiras espanholas.

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Resenha: Painting with Numbers

Resenha: Painting with Numbers

Este livro é de 2012. Foi um destes achados na Amazon e trata de apresentar números em planilhas e gráficos, principalmente. A grande vantagem da obra é que a mesma é voltada para números contábeis. Dividido em quatro partes e catorze capítulos, o texto é bastante didático nos exemplos e discute pontos básicos como alinhamento dos números numa tabela, usar efeitos visuais para tornar uma informação mais clara, como usar escalas em gráficos, como apresenta a soma de maneira apropriada, quando não usar o gráfico de pizza, entre outros aspectos.

Randall Bolten oferece um texto muito operacional. Não espere uma justificativa para cada conselho ou uma comprovação com pesquisas. Bolten simplesmente apresenta sua opinião, baseada na experiência, e mostra os exemplos. Simples assim.

Vale a pena? A obra pode ser interessante para rever o que fazemos quando apresentamos os números na contabilidade. Com este espírito, o texto é interessante e pode ser útil para quem lida diariamente com planilhas Excel.

28 junho 2017

Curso de Contabilidade Básica: Terceiro Setor e Imposto

No capítulo 1 do livro Curso de Contabilidade Básica, volume 1, apresentamos que existem várias formas de organização dos negócios. Mostramos que algumas pessoas jurídicas que não possuem fins econômicos podem ser constituídas sobre a forma de associação. Estas entidades, quando geram papel relevante para sociedade, podem receber incentivos na sua atuação. Um destes incentivos refere-se aos impostos: o fisco é mais condescendente com as associações do que com as empresas e pode “abrir mão” de tributá-las.

Vejamos o caso do Complexo Pequeno Príncipe, também conhecido como Associação Hospitalar de Proteção a Infância Dr. Raul Carneiro. Esta entidade possui hospital, onde atende crianças, muitas delas pelo SUS, faculdades e instituto de pesquisa. A sua demonstração do resultado dos exercícios de 2016 e 2015 são apresentadas a seguir:
Veja que o Complexo Pequeno Príncipe obteve, para o ano de 2016, receita de quase 200 milhões de reais. Os custos dos serviços prestados foram de 128 milhões e as despesas operacionais de 61 milhões. O resultado antes das receitas e despesas financeiras era de 3,7 milhões de reais. Com as despesas financeiras de R$3,5 milhões e as receitas financeiras de 1,6 milhão, o resultado após estes dois itens foi de 1,8 milhão.
Numa empresa, após estes valores, teríamos o resultado antes do imposto de renda. Seria então deduzida a parcela de imposto de renda, para obter o resultado líquido do período. Mas como o Complexo Pequeno Príncipe tem estas funções sociais que o governo julga relevante, a entidade não paga imposto de renda. Observe isto na figura acima.

Na verdade, se tivesse que pagar imposto de renda (IRPJ), o Complexo Pequeno Príncipe teria apurado um valor de R$2,4 milhões em 2016. Mas não é somente isto; por ser uma associação relevante para sociedade, a entidade também possui incentivos na redução de vários pagamentos para o governo, denominadas de “isenções fiscais”. Veja o que a entidade informou:
As isenções usufruídas, como a entidade as denominam, somam R$36 milhões em 2016. Sem estas isenções, a entidade teria que cobrar pelas bolsas de estudos concedidas e por procedimentos hospitalares. A entidade também mostrou o custo do trabalho voluntário; este trabalho é exercido por pessoas que não recebem da entidade (ou recebem um valor irrisório). Em 2016, o trabalho voluntário representou um valor total de R$882 mil.

As informações acima são importantes para a sociedade: precisamos saber quanto o governo está deixando de arrecadar com as entidades do chamado terceiro setor e o que representa nos custos o trabalho voluntário. Assim, será possível saber se o serviço prestado pela associação é valioso ou não.

Rir é o melhor remédio


27 junho 2017

Até as Havaianas...



Saiu na Bloomberg uma reportagem sobre a bagatela da venda das Havaianas.

Segundo o site aqueles coloridos chinelos usados por Kim Kardashian e Gwyneth Paltrow nem sempre são baratos, mas para investidores se aquecendo no mercado de M&A no Brasil a companhia logo será uma barganha. o.O

A Camargo Correa S.A. vendeu a empresa há menos de dois anos para pagar dívidas e multas, meio aos escândalos de propina e corrupção. A J&F Investimentos S.A., holding brasileira pertencente à família Batista, caminhará para o mesmo lado...

Segundo o Valor, a Cambuhy, veículo de investimentos dos Moreira Salles, e a Itaúsa, holding das famílias Setubal e Villela, informaram em comunicados que têm interesse na dona da marca Havaianas, que vale na bolsa cerca de R$ 6,3 bilhões. Fundos de private equity, entre eles: CVC, Carlyle, Advent e Vinci, também têm avaliado o investimento.

Mês do Orgulho

Bem legal o vídeo que o YouTube Spotlight publicou em homenagem ao Mês do Orgulho LGBT. Há legendas.

25 junho 2017

Itália faz intervenção em dois bancos

O governo da Itália anunciou hoje uma ajuda a dois bancos da cidade de Veneza, num valor de 17 bilhões de euros. A ajuda irá manter a liquidez e capitalização do Banca Popolare di Vicenza e do Veneto Banca.

A intervenção irá aumentar a concentração bancária, já que os ativos de boa qualidade ficarão com o Intensa Sanpaolo, uma instituição de grande porte, que irá pagar um valor simbólico. O acordo foi aprovado pela Comunidade Europeia, que recentemente interviu no Banco Popular, da Espanha.

A aprovação da ajuda ocorreu no Conselho de Ministros da Itália, numa reunião que durou 20 minutos

Rir é o melhor remédio


24 junho 2017

Fato da Semana: Petrobras poderá refazer suas demonstrações

Fato: Petrobras poderá refazer suas demonstrações

Data: 24 junho

Contextualização
- No passado, a Petrobras utilizou a contabilidade de hedge com a justificativa de que era possível proteger a dívida da empresa, em dólar, com suas exportações.

A Petrobras entende que a forma como usou a contabilidade era possível pelas normas contábeis. A CVM entende que não. A empresa usa a contabilidade do hedge desde 2013.

Relevância - Esta é uma questão tipicamente técnica. A representação fiel não recomendaria a adoção por parte da empresa da contabilidade de hedge. A empresa defende que a norma não é suficientemente clara para isto.

Devemos lembrar que a empresa começou a adotar a opção durante uma fase onde a gestão técnica contava muito pouco. O importante era o político.

Notícia boa para contabilidade? Sim. A CVM estaria com uma postura técnica nesta posição.

Desdobramentos - O caso ainda será julgado pela CVM, apesar da posição favorável da área técnica da entidade. A Petrobrás poderá ter que republicar seus balanços.

Mas a semana só teve isto? Na Espanha, as investigações sobre o caso do Banco Popular promete criar problemas para os reguladores e ex-gestores. A continuação da recessão no mercado de trabalho seria outra notícia relevante.

Petrobras deverá refazer balanços

No que depender das áreas técnicas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobrás terá mesmo de refazer todos os seus balanços financeiros desde 2013, revela o processo ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso.

Após apreciar o recurso enviado pela estatal em março, a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) e a Superintendência de Normas Contábeis (SNC) ratificaram o entendimento de que as práticas adotadas pela estatal para proteger suas exportações futuras de variações cambiais, a chamada contabilidade de hedge, contrariam as normas vigentes.

O processo seguiu para o relator do caso, Henrique Machado, com pareceres contrários ao recurso da estatal. O colegiado da CVM dará a palavra final, mas a análise da área técnica tem peso. Como o mandato do presidente Leonardo Pereira termina em julho, a expectativa é de decisão em até duas semanas.

Desde 2013 a Petrobrás adota a contabilidade de hedge com justificativa de proteger exportações futuras projetadas dos efeitos da variação cambial com uso da dívida líquida dolarizada. É o chamado hedge natural, por dispensar uso de derivativos.

Ao analisar as operações, a área técnica da CVM considerou que a petroleira desvirtuou sua essência econômica, migrando de uma política de proteção de risco para um mecanismo de diferimento de perdas cambiais com as dívidas. A real preocupação seria não refletir imediatamente no resultado perdas cambiais em razão de seu endividamento em dólar.

No recurso, a Petrobrás trata de pontos citados pelas áreas ao determinarem a republicação dos balanços. Entre eles estão o uso de instrumentos de proteção com prazo de vencimento superior ao das próprias relações de hedge e a inversão entre objeto e instrumento de hedge.

A estatal argumenta não haver determinação normativa para que prazos de realização das exportações, objeto do hedge, coincidam com o vencimento das dívidas usadas como instrumento de proteção. Para ela, não há proibição de que o vencimento dessas dívidas seja posterior ao prazo das exportações a serem protegidas, desde que a mesma dívida seja usada como instrumento de hedge até seu vencimento.

A companhia se vale da redesignação para viabilizar isso. Na medida em que as exportações “protegidas” se realizam, passa a usar aquela mesma dívida, não vencida, para proteger outro contrato de exportação.

Para a CVM, a legislação não permite descasamento dos prazos do objeto e do instrumento de hedge. No caso da Petrobrás, havia dívidas com vencimento em 2027, embora sua estratégia de gerenciamento de riscos mencionasse a proteção de exportações por sete anos (até 2020). Além disso, o entendimento é que é preciso haver especificação dos dois itens, que deve ser documentada com precisão desde o início da relação de hedge, o que não foi feito. A ideia é não abrir espaço para redesignação arbitrária e relação de hedge fracionada.

A SNC conclui que a documentação de suporte da política de contabilidade de hedge da Petrobrás é insuficiente e diz que a empresa reconhece no recurso que “sua documentação formal pode ser aprimorada, de modo a eliminar ou minimizar as diferentes percepções que se tem do tema”. Segundo a área técnica, a falha no documento já seria suficiente para desconstituir a política de hedge da empresa.


Para técnicos da CVM, Petrobrás terá de refazer balanços
Mariana Durão, O Estado de S.Paulo