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28 março 2016

Petrobras não conseguirá renegociar a sua dívida



A Petrobras dificilmente conseguirá renegociar sua dívida com os bancos. E boa parte do problema pode ser atribuído a um fato que costuma passar despercebido: não existe regime de insolvência aplicável às estatais.

Vamos começar por aquilo que todo mundo já sabe. A dívida da Petrobras, no valor de US 127,5 bilhões em setembro de 2015, é praticamente impagável. É uma das maiores dívidas corporativas do mundo. Aproximadamente metade é detida por bancos e a outra metade por detentores de títulos.

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Não parece um desastre completo, mas se considerarmos que esse Ebitda está sendo gerado por um subsídio do cidadão brasileiro à companhia (hoje pagamos um preço de gasolina mais caro do que deveria ser) e que a empresa tem ainda compromissos enormes com a aventura do pré-sal – a conta de investimento, depois de vários cortes, ainda é US 20 bilhões somente em 2016 – vê-se claramente que não há de onde tirar “sobras” para pagar. Além disso, estamos ignorando aqui os “leases” operacionais que praticamente dobrariam o tamanho da dívida, sendo que todos (inclusive as agências de rating) atualmente preferem ignorar esse número nada irrelevante. Por isso a Petrobras tenta vender tudo que pode.

Quando os credores baterem às portas da Petrobras, só restará ao governo capitalizar e salvar a empresa Ora, o que faz um banco diante de um grande devedor nessa situação? Vamos esquecer por um instante que se trata da Petrobras e vamos pensar num caso mais geral.

Se o devedor está em tamanha dificuldade, há basicamente três opções para o banco credor. A primeira opção é cobrar a dívida. Aqui o resultado prático é forçar o devedor a entrar em recuperação judicial. É que os contratos de financiamento de grandes empresas costumam conter cláusula de cross default – inadimplemento cruzado. A impontualidade em um contrato causa o vencimento antecipado de todos os demais. O banco, assim, executará as dívidas e em meio à recuperação judicial receberá uma parte do seu crédito. O resto terá que ser reconhecido como perda.

Só que nenhum banco gosta de reconhecer perdas – fazer o write off, como se diz. A perda reconhecida reduz a lucratividade e sinaliza fraqueza. E em tempos de crise, sinalizar fraqueza é perigoso. Por isso, a segunda opção é rolar a dívida, ou seja, conceder um novo empréstimo que permita pagar a dívida anterior, substituindo-a

por uma nova. Rolar a dívida é bom para o devedor, que ganha tempo para por a casa em ordem (leia-se: reduzir as despesas correntes, vender ativos, renegociar com os clientes e esperar a retomada dos preços no mercado). E rolar a dívida pode também ser bom para o banco credor, que mantém a chance de receber integralmente o seu crédito.

Há ainda uma terceira opção, e essa é geralmente a preferida por qualquer devedor. Trata-se de renegociar a dívida, isso é, reduzir o principal ou os juros, e alongar os prazos. Para o credor, faz sentido dar essa colher de chá para o devedor quando a expectativa do recebimento do valor renegociado for maior do que aquilo que espera receber na recuperação judicial.

Pois bem: será que a Petrobras vai conseguir rolar ou renegociar a sua colossal dívida com seus atuais credores? Provavelmente, não.

Normalmente, como vimos, o banco credor tem receio de “apertar” o devedor: interessa ao credor evitar a recuperação judicial. Mas com a Petrobras não é assim, porque a Lei 11.101/05 – a Lei de Falências – é expressa ao dizer que a recuperação judicial não se aplica às estatais. Essa é então a diferença fundamental entre a Petrobras e as diversas grandes empresas brasileiras hoje passando pelo constrangimento da recuperação judicial: essas empresas podem entrar em recuperação judicial; a Petrobras, não.

Verdade que como em qualquer tema jurídico também nesse há sutilezas. Extrai-se do artigo 173 da Constituição Federal a ideia de que as estatais se sujeitam ao regime jurídico das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. Se isso é verdade, argumentam alguns, parece correto concluir que a Lei de Falências deva se aplicar também às estatais. Por que só as empresas privadas teriam a possibilidade de recorrer à renegociação judicial?

O argumento faz sentido. O problema é que ele nunca foi testado em juízo. Por isso, uma eventual recuperação judicial da Petrobras seria em certa medida uma aventura jurídica, um mergulho no desconhecido envolto em uma incerteza ainda maior que a exploração do pré-sal…

Recentemente, a Petrobras tem sido salva pelo gongo – ou, melhor dizendo, pelos aportes do Banco de Desenvolvimento da China, que têm dado liquidez em troca do compromisso da Petrobras de fornecer petróleo com preferências no futuro. Não resolve o problema da Petrobras, mas ajuda a empurrar com a barriga. O que quer dizer que se o preço do petróleo não se recuperar rapidamente, mais aportes da China serão necessários.

E se o dinheiro chinês não vier? Nesse caso, quando os bancos credores baterem na porta da Petrobras não restará ao governo outra alternativa a não ser capitalizar e salvar a empresa. Aí não haverá muito o que fazer: dar o calote geraria perigosos efeitos em cadeia; e privatizar a empresa segue sendo anátema para este governo federal. Assim, o Tesouro teria que pôr dinheiro. Sabedores disso, não há por que os credores rolarem nem renegociar nada por enquanto. É bem verdade que já houve no passado uma rodada de renegociações, mas o contexto político e econômico era outro. Hoje, não há por que esperar que a Petrobras consiga nada dos seus credores.

Tivéssemos uma legislação adequada, talvez o resultado fosse outro.





Fonte: Valor Econômico / Bruno Meyerhof Salama


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Fonte: Aqui

27 março 2016

Nova entidade

Os CPAs estarão votando um plano para criação de uma associação mundial contábil. Em 2012 o AICPA e o CIMA criaram o Chartered Global Management Accountant. Agora os membros do AICPA vão votar até 16 de junho. Tanto o AICPA quanto o CIMA irão se manter, apesar da criação da organização internacional.


Os membros atuais AICPA e CIMA serão membros da nova associação, que terá 600.000 membros. Tudo leva a crer que a proposta será aprovada. 

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Fonte: Aqui

26 março 2016

Fato da Semana

Fato: Petrobras divulga o balanço

Data: 21 de março de 2016

Fonte: Petrobras

Precedentes

out/10 =  Efetua uma capitalização de 73 bilhões de dólares.
mar de 2014 = Inicia-se a operção Lava-jato.
2014 = A empresa tem um prejuízo de 22 bilhões de reias, sendo 6 bilhões originários da corrupção, segundo cálculo da empresa. A estimativa da Polícia Federal é um valor de 42 bilhões.
2015 = A Petrobras continua sendo investigada. O preço do petróleo internacional cai, mas a empresa, que detem o monopólio no Brasil, mantém o preço interno, o que gera uma transferência de renda dos consumidores para a empresa.
Início de 2016 = A situação política se agrava com o detalhamento do esquema de corrupção na empresa. A questão política não ajuda a empresa.

Notícia boa para contabilidade?  A contabilidade deve refletir o que ocorre numa empresa. No balanço de 2014 a empresa claramente subestimou o efeito da corrupção. A derrubada do preço dos commodities ajudou a empresa a amortizar investimentos agora, mas muitos deles já poderia ter sido baixados no exercício anterior.

Desdobramentos:  A Petrobras não deve quebrar por razões políticas e não por motivos de saúde financeira. Uma futura capitalização por parte do governo pode ser uma opção. A solução da empresa deve ser a sua redução, cortando investimentos e empregos.

Mas a semana só teve isto? Não. Tivemos a revelação que uma grande empreiteira possuía um setor específico para pagamento de propina, que o desemprego no setor continua e que as empresas continuam revelando no seu lucro os problemas da economia, como ocorreu com a Oi.

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Fonte: Aqui

25 março 2016

Diretor de Narcos pretende filmar o caso Petrobras

José Padilha (foto), produtor e diretor de Narcos, baseada na vida do traficante Pablo Escobar, pretende criar uma série tendo por base o caso Petrobras, informou o El Pais. Segundo o jornal, "la trama corrupta de la petrolera brasileña que tiene acorralado al Gobierno de Dilma Rousseff"

Padilha pretende contar os detalhes da operação policial.  A série está sendo chamada de Jet Wash.

Padilha explorará con Jet Wash otra cara del crimen en Brasil. Con un poco de suerte se podría ver a Moura como Lula o como Sérgio Moro, el juez que hasta hace poco investigaba al líder del PT. Héroes o villanos de la historia de América Latina.

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James Fridman atende ao pedido de usar o Photoshop para modificar as fotografias enviadas: uma pede para mudar a direção do olhar do seu pai, outra para aumentar as pernas, aumentar os seios, tirar uma criatura feia, ficar parecida com uma Kardasian (que ele recusa, dizendo que a garota é bonita e não precisa disto), mudar para os EUA ou tirar a barba do rapaz. Ele atende, mas nem sempre como a pessoa espera.







Fraude na Petrobras: o caso do passivo trabalhista

Além do prejuízo de R\$ 34,8 bilhões em 2015 e as perdas com desvios e fraudes, a Petrobras pode ter tido perdas bilionárias também com fraudes envolvendo fundos de pensão e rendimentos de empregados, informou o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

Ele contou que o conselho de administração da empresa já pediu a investigação das denúncias de que burocratas sindicais fizeram aumentar o passivo trabalhista da Petrobras de R$ 500 milhões para R\$ 12,3 bilhões de 2006 a 2014.

Esse valor é o dobro das perdas com corrupção admitidas pela Petrobras, comentou o senador. Além disso, segundo Ferraço, há denúncias de que cláusulas de acordos feitos com entidades, como a Federação dos Petroleiros, podem aumentar em R\$ 40 bilhões o estoque de dívidas trabalhistas da empresa.

[...]

Fonte: aqui

23 março 2016

Empresa multada pela avaliação do estoque

A CVM multou executivos da Metalgráfica Iguaçu devido ao critério de avaliação dos estoques da empresa. A empresa adotou a legislação fiscal para esta finalidade e não as normas societárias.

Entre 2007 a 2010 os auditores independentes fizeram ressalvas sobre este assunto, já que a empresa usado como critério de avaliação 70% dos maiores preços de venda praticados e não o custo do produto.

Os gestores informaram que a empresa não tinha um sistema de apuração de custos, o que levou a utilização do método fiscal.

Links

Já existe algoritmo que prevê conduta ruim da polícia

Informação assimétrica e sinalização (vídeo)

Nudge: desencorajando urinar em área pública

Cruz: fraudes contábeis na Bíblia

O lucro ruim de 2015 pode ter sido pior em razão do embelezamento (nos EUA)

Quatro minutos encarando uma pessoa importante na sua vida (foto)

Setor de Operações Estruturadas

Nas revelações da operação Lava-Jato da ex-funcionária da empresa Odebrecht, Maria Tavares, chegou-se a existência de uma área na empresa denominada de "Setor de Operações Estruturadas". Este setor seria responsável pleo pagamento de subornos. Alguns dos pagamentos eram feitos semanalmente. O setor foi extinto em 2015, mas parece que a Polícia Federal está tentando recuperar as movimentações financeiras, incluindo doações, legais ou não.

Será que a empresa fazia contabilidade destes pagamentos? (debitava Despesa de Propina e creditava Caixa). As despesas eram dedutíveis do imposto de renda? A mensuração dos custos da empresa incluía este centro de custo?

Qualidade da auditoria: insights do mundo acadêmico


Resumo:

This study presents a review of academic research on audit quality. We begin with a review of existing definitions of audit quality and describe general frameworks for establishing audit quality. Next, we summarize research on indicators of audit quality such as inputs, process, and outcomes. Finally, we offer some suggestions for future research. The study should be useful to academics interested in audit quality as well as to the Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) and other regulators.

Fonte: W. Robert Knechel, Gopal V. Krishnan, Mikhail Pevzner, Lori B. Shefchik, and Uma K. Velury (2013) Audit Quality: Insights from the Academic Literature. AUDITING: A Journal of Practice & Theory: 2013, Vol. 32, No. Supplement 1, pp. 385-421.
doi: http://dx.doi.org/10.2308/ajpt-50350

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22 março 2016

Petrobras

A relação entre o preço do óleo e a cotação do ADR da Petrobras tinha descolado no final de agosto. Em dezembro a relação voltou a ser forte.

Petrobras: números que impressionam


Desemprego na Contabilidade

Conforme fazemos há meses, este blog acompanha a evolução do mercado de trabalho formal para contadores e auditores, a partir da coleta de dados do Ministério do Trabalho.

Os dados de fevereiro de 2016 indicam a persistente crise de contratação na área, reflexo da crise econômica do nosso país. No último mês foram reduzidas 540 vagas. Isto num universo de milhares de empregos não parece ser muito. Mas considerando desde janeiro de 2014 a destruição de vagas foi de 7365 (gráfico a seguir). Em janeiro tivemos uma aparente reversão de queda. Mas naquele mês, em postagem neste blog, alertávamos que o mês de janeiro é tipicamente de contratação de pessoal e a queda de 44 vagas era preocupante.
Com efeito, em fevereiro de 2014 foram reduzidas 82 vagas; um ano depois o número de desligados superou ao de admitidos em 553; na última informação o número praticamente não mudou (540 vagas a menos). Péssimo sinal, talvez indicando que o problema de emprego deverá continuar.

Provavelmente estamos diante de uma das maiores crises de emprego no setor de todos os tempos (nunca antes neste país ..., já dizia aquele político).