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18 novembro 2013

Debatendo a adoção das normas contábeis

Quando a legislação brasileira impôs a adoção das normas internacionais de contabilidade não tivemos no nosso país um debate sobre as vantagens e desvantagens. Pelo contrário, surgiu de um fato acabado.

Isto parece não estar ocorrendo no Japão (conforme já comentamos anteriormente) e nos Estados Unidos. Os dois maiores mercados mundiais admitem, em certas situações restritas, que algumas empresas usem as normas internacionais. Mas consideram que a decisão deve ser muito mais lenta pelo grau de importância.

Um texto publicado no blog Grumpy Old Accountants se posiciona contrário a adoção das normas internacionais, considerando um escândalo contábil a tentativa das grandes empresas de auditoria em forçar a adoção das IFRS nos Estados Unidos. Isto incluiria convencer a comunidade de que as normas eram relevantes e existia um apoio de empresas para sua adoção.

O relatório da SEC comentando a adoção foi um retrocesso no plano destas empresas, segundo o Grumpy Old Accountants.
O certo é que em nenhum momento tivemos uma estimativa dos custos e benefícios do uso das IFRS. Será que os estadunidenses estão sendo prudentes em excesso ao rejeitar as normas internacionais?

John Wooden sobre a diferença entre vencer e o sucesso

Com uma profunda simplicidade, o treinador John Wooden redefine o sucesso e nos incita a buscar o melhor dentro de cada um de nós. Neste discurso inspirador, ele compartilha o conselho que deu aos seus jogadores na UCLA, cita poesia e lembra da sabedoria de seu pai.

17 novembro 2013

Rir é o melhor remédio

Um bebê dormindo...








Fatos sobre Bitcoin

O gráfico mostra a relação entre o ouro e a moeda digital (fonte: aqui). Percebe-se desde o início do ano a valorização da moeda digital.
Apesar disto, ainda existe muita volatilidade na cotação da moeda. No dia 9 de novembro cada Bitcoin valia 400 dólares; no dia seguinte, $300 dólares (fonte: aqui).

Weisenthal revela um lado interessante da valorização recente da moeda: se você acredita na moeda, não use numa transação. Ele considera o seguinte caso: se você comprou uma pizza de 25 dólares há anos com Bitcoin, hoje a moeda que você usou valeria 3 milhões de dólares. Ou seja, você fez um péssimo negócio. Assim, prevalece a proposição inicial de Weisenthal: não use, se acredita no Bitcoin.

Apesar de parte da cotação da moeda ser especulativa, Liam Halligan, no The Telegraph, defende que a condução da política econômica por parte da comunidade europeia também faz a sua parte. Halligan lembra que está aumentando o número de transações reais com a moeda digital, o que indicaria um grau maior de aceitação, além da transação não envolver despesas bancárias ou taxas de cartão. E que talvez este seja o futuro da moeda para os bancos centrais. “Não ria”, diz Halligan no título do seu artigo.

Mas uma das principais vantagens da moeda digital talvez esteja desaparecendo. Segundo Wile, o New York Department of Financial Services anunciou que pretende discutir a questão da moeda digital nos próximos meses. Mas uma das grandes razões da popularidade do Bitcoin é o fato de não ter o “governo” regulando.

Declínio da Wikipedia

Com este título, a MIT Technology Review faz uma análise da Wikipedia. Com uma filosofia de tentar incorporar o conhecimento do mundo através da participação dos voluntários que trabalham de forma anônima, a Wikipedia tornou-se a enciclopédia preferida da internet, uma das páginas mais visitadas do mundo.

Entretanto, a ambição da Wikipedia sobre alguns graves problemas. Segundo o texto da MIT Technology Review, a redução do número de voluntários, a dificuldade de defesa contra vandalismo, fraudes e manipulação, a cobertura enviesada (compare os verbetes sobre Pokemon e dos países da África), a burocracia que impede a participação de novos autores são alguns fatos que implicariam na perda de relevância da Wikipedia.

16 novembro 2013

Rir é o melhor remédio





Evolução humana

Fato da Semana

Fato: A edição da medida provisória 627, por parte do governo federal, que esclarece de vez algumas questões tributárias importantes, entre as quais a adoção das normas internacionais. Saiu até no Jornal Nacional (tudo bem, isto não é lá grandes coisas...)

Qual a relevância disto? A Receita decidiu, há algumas semanas, “jogar verde para colher maduro”. E anunciou que não iria mais aceitar as normas internacionais para fins fiscais. Mais ainda, que cobraria retroativo. O descalabro era tamanho que conseguiu unir contadores, empresários, auditores e outros. A Receita cedeu, mas emitiu uma medida provisória num texto longo onde existia 177 vezes a palavra caput, 142 “incisos”, 42 vezes a lei “6404”, mas somente 6 vezes contabilidade e nenhuma IFRS. Com 10 capítulos e 100 artigos, além de uma retificação já publicada no dia seguinte, a medida possui 14 artigos que já estão valendo e 86 que passam a valer em janeiro de 2014. Pouco tempo para que as empresas possam se adequar e entender o que está no texto. E tentar as inevitáveis armadilhas (ou erros de redação) que existem no texto.

Positivo ou Negativo?  Negativo. O problema é resolvido com uma medida provisória, que nunca deveria ter este nome. O governo deixa claro que não está nem um pouco preocupado com o contribuinte, mesmo que seja uma grande empresa.

Desdobramentos: Daqui alguns dias surgirão polêmicas sobre o texto, questões não resolvidas ou lacunas relevantes.


Outros eventos relevantes da semana: a discussão sobre a convergência, incluindo o discurso de Prada em Tóquio, e a recuperação judicial de mais uma empresa do grupo X. 

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – Na área pública, o legislativo brasileira está discutindo uma mudança na forma de fazer o orçamento público através da aprovação

Do Orçamento impositivo
Do Orçamento participativo
Do regime de competência

2 – Esta instituição financeira tradicional foi condenada a pagar 860 milhões de dólares pelo escândalo das hipotecas:

Bank of America
RBS
Santander

3 – O referido escândalo e a cobrança ocorreu

Na Espanha
Na Inglaterra
Nos EUA

4 – Mais uma empresa do grupo Eike Batista pediu recuperação judicial. Trata-se da

EBX
OGX
OSX

5 –Na lista dos devedores desta empresa tem-se o governo (ou seja, os contribuintes). O valor da dívida é

Acima de 1 bilhão de reais e abaixo de 10 bilhões
Acima de 10 bilhões de reais
Acima de 100 milhões de reais e abaixo de 1 bilhão

6 - Um conjunto de três quatros deste pintor foi arrematado por 142 milhões de dólares. O nome do pintor faz referência a uma comida pouco saudável:

Carl Hamburguer
Francis Bacon
John Fries

7 – A tentativa do presidente francês de aumentar a carga tributária dos ricos do seu país enfrenta a oposição do seguinte setor

Cinema
Futebol
Jornais

8 – Este membro do Iasb fez uma importante palestra em Tóquio, defendendo as normas internacionais. Seu nome lembra uma grife famosa

Channel
Guicci
Prada

9 – O membro do Iasb citado anteriormente criou uma expressão interessante para designar os países que escolhem qual norma irão adotar

Endosso prudencial
Escolha interesseira
IFRS à la carte

10 – Este bloco econômico quer aumentar sua participação na normatização contábil e critica a ênfase excessiva do Iasb na convergência com os Estados Unidos. Sua posição é respaldada pela grande contribuição financeira

América Latina, através do Glass
Asia, incluindo China e Japão
Comunidade Europeia

Acertando 9 ou 10 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze

Respostas: (1) orçamento impositivo; (2) Bank of America; (3) EUA; (4) OSX; (5) Acima de 1 bilhão de reais e abaixo de 10 bilhões; (6) Francis Bacon; (7) Futebol; (8) Prada; (9) IFRS à la carte; (10) Comunidade Europeia

Orçamento impositivo

A discussão sobre o orçamento impositivo fez com que a Folha de S. Paulo prontificasse em fazer um texto "didático" sobre as vantagens e desvantagens da proposta. A figura a seguir mostra um resumo dos aspectos considerados pelo jornal

Na visão do jornal, com o orçamento impositivo, os congressistas cuidariam dos interesses paroquiais. Como geralmente isto significa propostas de pequenas obras locais, isto traria mais recursos para os municípios e para a saúde. A desvantagem seria recursos pulverizados em obras paroquiais. Mas será ruim obras paroquiais? Ou seria melhor o governo federal pegar uma grande quantidade de recurso e despejar num projeto questionável, como é o caso do trem-bala?

Outro argumento apresentado considera que haverá um aumento do risco de corrupção. Parece que o Brasil está entre os países menos corruptos do mundo e que a alteração irá fazer com que nossa realidade piore. Afirmar que deixar poder no legislativo aumenta o risco de corrupção é acreditar que não existem corruptos no executivo. Esta transferência é muito mais interessante, já que o processo de distribuição de recursos é mais transparente do que a mesa de um burocrata do governo federal.

Finalmente, contra o orçamento estaria a questão de dificuldade de previsão da receita. Novamente, parece que isto não ocorre nos dias de hoje, onde o executivo, continuamente, faz projeções incorretas da receita.

Em resumo, os argumentos apresentados são falhos e favorecem a posição pró orçamento impositivo.

Prejuízo de não estar na Copa

Uma estimativa da Escola de Marketing IPAM calculou que o prejuízo da não classificação para Copa do Mundo no Brasil seria de 200 milhões de euros, no mínimo. Caso Portugal vença a Copa do Mundo, a economia terá um acréscimo de 600 milhões de euros, segundo a mesma fonte.

Para o México a perdas seria de 600 milhões de dólares. Mas o primeiro jogo praticamente garantiu a presença deste país na Copa.

O interessante é que a desclassificação de uma seleção como a mexicana teria efeitos em outras economias. Em razão dos patrocinadores serem multinacionais e da grande venda de camisas desta seleção em outros países, a desclassificação mexicana traria um prejuízo de 100 milhões de libras somente na Inglaterra.

15 novembro 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Europa tenta aumentar a influencia sobre as IFRS

Segundo Huw Jones, da Reuters, a Comunidade Européia está procurando aumentar sua influência sobre as normas contábeis internacionais promulgadas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Estas normas tornaram-se politizadas após a crise financeira e a suspeita de que tenha aumentado os problemas mundiais.

A Europa é o principal contribuinte financeiro para o Iasb, sendo um terço. Mas o velho continente para não estar satisfeito. O processo de endosso das normas pode mudar. E existem resistências a algumas normas. E a ênfase excessiva do Iasb na convergência com as normas dos Estados Unidos, já que sabe-se que este país não irá adotar estas normas num futuro próximo e previsível.

O Iasb aparentemente reagiu através de Michel Prada (vide postagem sobre este assunto), que alertou sobre o perigo da adoção "à la carte".

Crime na América Latina

O gráfico mostra a evolução da taxa de homicídio por cem mil habitantes para diferentes países da América Latina, de 2005 a 2012. Os valores e a figura foram obtidos de um relatório da ONU. Esta entidade estimou que o crime representa 8,70% da economia do Paraguai e 10,54% de Honduras. O crime reduz em dez meses a expectativa de vida da população brasileira.

Mas voltando ao gráfico. Eis um exemplo de como não fazer um gráfico. Observe o leitor que existe um país onde da taxa de homicídio cresceu substancialmente nos últimos anos; que país é este? É impossível concluir algo com este gráfico.

IFRS a la carte

Michel Prada, que preside a IFRS Foundation Board of Trustees, responsável pela supervisão do trabalho do Iasb, entidade responsável pelas normas contábeis internacionais, cunhou um termo interessante: IFRS à la carte.

Pradra fez um discurso na terça em Tóquio e lembrou a história do IASC, o antecessor do IASB, que permitia que os países usassem as normas internacionais como uma "referência". Assim, cada país poderia escolher a norma que achasse conveniente e propor alternativas para aquelas que discordasse da abordagem internacional.

Esta opção poderia levar ao dilema da ação coletiva, lembrou Prada. Neste tipo de situação, se todos fazem sua parte, todos estariam em melhor situação. Mas se alguns não fazem sua parte "todos perdem". Prada referia-se ao esforço realizado pelo Iasb para ter um conjunto de normas coerente, mas existem países que recusam a adotá-las. Assim, "todos" perderiam neste raciocínio. (Mas será que este seria um caso de dilema da ação coletiva?)

A crítica do Iasb está direcionada para os Estados Unidos e o Japão. Mas analisando detalhadamente, também poderia se aplicar ao Brasil, que adota a convergência à la carte. Devemos aqui lembrar que o Banco Central ainda não adotou todas as normas já promulgadas pelo CPC e que esta própria entidade tem feito mais do que "traduzir" as normas do Iasb. Ao contrário que ocorreu com a Europa em 2005, que adotou as normas de contabilidade internacional por atacado. (Uma observação importante é que Prada cita o Brasil como um exemplo de país que tem exigido as IFRS para a totalidade ou maioria das empresas com ações na bolsa)

Leia Mais: IFRS Honcho Castigates Countries for Taking “A La Carte” Approach to Accounting Standards - MICHAEL COHN - 13 de novembro de 2013

Auditores

As entidades reguladores da contabilidade dos Estados Unidos pretendem impor uma regra onde as empresas com ações negociadas na bolsa de valores informem o nome do partner que fez a auditoria na contabilidade, informou o Wall Street Journal. Atualmente naquele país só aparece o nome da empresa que fez a auditoria.

Esta alteração já tinha sido tentada em 2011, sem resultado. A atual proposta conta com a resistência dos auditores em razão do risco de litígio. A proposta abrange também a divulgação do nome dos subcontratados para fazer auditoria no exterior.

Frase

They would rather say less not more, because they’re very strongly aligned with management who are concerned about them usurping their role. (Francinne McKenna, ex-auditora, sobre a proposta de novo relatório do auditor)

Imposto no Futebol

O presidente da França, François Hollande, tem um projeto de aumentar o imposto de renda das pessoas ricas. Este projeto tem um poderoso grupo de interesse: os clubes de futebol. 

A proposta original era tribunar quem tem salário anual acima de um milhão de euros. Mas a resistência do judiciário fez com que Hollande mudasse: o empregador deverá pagar a diferença. Mas os clubes de futebol deverão pagar 44 milhões de euros por ano. Os clubes argumentam que a decisão refere-se a uma tributação retroativa, já que o contrato foi assinado anteriormente. 

Mas a principal questão é política: o volume de impostos é reduzido, mas a chance de provocar problemas financeiros nos clubes é grande. 

14 novembro 2013

Rir é o melhor remédio







Heróis no tempo livre

O Valor da Cultura Corporativa

A cultura corporativa refere-se a um conjunto de normas e valores que é compartilhada e defendida pela organização. Pode incluir neste conjunto aspectos relacionados com a integridade e ética da entidade, a colaboração e cooperação das pessoas, a inovação, o respeito, a qualidade, a segurança, a comunicação, entre muitos outros aspectos. Alguns consideram que a cultura corporativa é um monte de palavras jogadas fora. Talvez esta impressão deve-se ao fato de que diversos trabalhos não consideram relacionar a cultura de uma organização com o seu desempenho. Isto leva a crer que afirmar que a organização está preocupada em “prestar contas” não significa que efetivamente o faz.


Um dos grandes problemas destas pesquisas é exatamente mensurar a cultura da organização. Buscar na home-page da organização quais são as normas e valores é fácil. Mas será que realmente expressa o que é a cultura corporativa?

Três pesquisadores conseguiram acesso a uma informação de uma base de dados que tenta mensurar quais são os melhores lugares para se trabalhar. Este tipo de pesquisa é bastante divulgado, mas os resultados individuais geralmente são mantidos em segredo. Para se chegar aos “melhores lugares”, uma entidade promover diversas entrevistas sigilosas com funcionários das maiores empresas do mundo. Estas entrevistas buscam obter informação sobre o ambiente de trabalho. Assim, em lugar de buscar os valores propagados nas páginas das empresas, os autores conseguiram a informação diretamente dos seus funcionários. A cultura corporativa é relatada pelos empregados da organização.

Ao contrário das pesquisas anteriores, esta informação permitiu descobrir que a cultura corporativa realmente praticada influencia no desempenho das organizações. Assim, quando os empregados percebem que os gestores são confiáveis e éticos, o desempenho da entidade é melhor.

Na próxima vez que você ouvir falar da cultura corporativa, pense que pode ser relevante para o desempenho da entidade, desde que você esqueça o que a empresa diz e centre sua atenção no que ela faz. Mesmo que seja na perspectiva dos empregados.

Leia mais em The Value of Corporate Culture. Luigi Guiso, Paola Sapienza, and Luigi Zingales NBER Working Paper No. 19557 October 2013. (Cartoon adaptado daqui)

Medida Provisória 627