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20 junho 2013

Inflação é uma das razões dos protestos e ônibus é só bode expiatório?

‘The Economist’: inflação é uma das razões dos protestos e ônibus é só ‘bode expiatório’
19 de junho de 2013 via Agência Estado (Fernando Nakagawa, correspondente de Londres)

A revista The Economist publicou reportagem na internet sobre os protestos no Brasil. Para a publicação, “uma das razões (das manifestações) certamente é o aumento da inflação, que está começando a corroer o poder de compra da grande maioria dos brasileiros, que ainda têm rendimentos modestos”. Segundo a reportagem, as tarifas do transporte público “talvez simplesmente tenham sido escolhidos como bode expiatório” para outros aumentos de preço e a nova classe média “lutará com unhas e dentes” para não voltar à pobreza.

“Na verdade, o aumento de tarifas em São Paulo e no Rio de Janeiro nem chega perto de inflação correspondente ao longo desse período de 30 meses (sem reajuste). Mas as tarifas de ônibus estão sob controle do governo, ao contrário de outros custos que tiveram rápido aumento, como os ligados à habitação e alimentação. Talvez simplesmente tenham sido escolhidos como bode expiatório”, diz a reportagem.

A revista diz ainda que o aumento do mercado de crédito fez com que as famílias elevassem o nível de endividamento ao longo dos últimos anos. Isso teria tornado o orçamento familiar de parte da população “dolorosamente sobrecarregado”, diz a reportagem.

“Mais amplamente, a classe média que o Brasil criou na última década – 40 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta, mas ainda estão a apenas um salário de cair de volta nela – está criando uma relação completamente nova com o governo. Eles veem melhorias no padrão de vida e nos direitos e lutarão com unhas e dentes para não voltar à pobreza”, diz a reportagem. “E, em vez de serem gratos às migalhas que caem das mesas dos ricos brasileiros, eles acordaram para o fato de que pagam impostos e merecem algo de volta”, diz a reportagem.

Dolce e Gabbana condenados

Domenico Dolce e Stefano Gabbana, os dois famosos estilistas italianos (foto), foram condenados a um ano e oito meses de prisão. A acusação: evasão fiscal de 1 bilhão de euros. Como ainda cabe recurso, ainda pode demorar para que eles durmam na prisão. O processo refere-se a uma investigação realizada entre 2007 a 2010, informou a Folha de S Paulo.
Uma investigação realizada entre 2007 e 2010 pelas autoridades italianas aponta que a dupla transferiu a sede da empresa para Luxemburgo a fim de escapar do fisco italiano. (...) Segundo o jornal italiano "Corriere della Sera", a Justiça italiana decidiu ainda que dupla deve pagar uma multa de 500 milhões de euros à Receita Federal do país.

Auditoria no Reino Unido

A Parliamentary Commission on Banking Standards, do Reino Unido, apresentou um relatório onde afirma que os conflitos de interesse entre os auditores e os gestores dos bancos impediram que os profissionais contábeis agissem no momento decisivo. A Comissão afirma que encontrou evidência desse conflito de interesse, indicando, na melhor das hipóteses, que os auditores não agiram como deveriam, informou o The Telegraph (Banking Commission: Auditors are 'cheerleaders' of poor bank accounts, Louise Armitstead, 19 de junho de 2013).

Além disto, o relatório sugeriu que as regras contábeis são falhas e aumentam a crise nas instituições financeiras. E a maior crítica foi para as IFRS. A Comissão sugeriu uma investigação mais profunda sobre as agências de crédito.

IFRS no Reino Unido

Um grupo de investidores do Reino Unido assinaram um documento solicitando a volta de normas contábeis "prudentes" para as instituições financeiras, informou o The Telegraph (IFRS is illegal, investors claim, por Louise Armitstead, 19 de junho de 2013). A pressão é contra o valor justo, adotado nas normas internacionais de contabilidade (as IFRS) desde 2005. Para estes investidores, a adoção do valor justo permite esconder os empréstimos ruins, aumentando o risco. 

O advogado do grupo, George Bompas, afirmou que as IFRS possui falhas jurídicas substanciais. Este parecer foi anexado a Comissão Parlamentar que está estudando o setor. Este grupo já teve pedidos rejeitados pelo Financial Reporting Council. 

Palmas contagiosa

Uma pesquisa mostrou que as pessoas decidem bater palmas conforme o comportamento das pessoas ao redor. E quanto mais alto o aplauso, maior a chance de contar com a participação de outra pessoa. Esta é a típica situação denominada de "contágio", onde as pessoas agem espelhando o comportamento do grupo.

Para observar as pessoas batendo palmas, os cientistas reuniram grupos de 13 a 20 alunos para assistir a uma breve apresentação de outro aluno. À audiência foi dito que o apresentador era um voluntário e que eles deveriam apoiar esta pessoa. Sem o conhecimento dos participantes, no entanto, os pesquisadores estavam registrando quando começaram e pararam de bater palmas. (...)

Em média, a primeira pessoa começou a bater palmas 2,1 segundos após o término da apresentação, com a sala inteira juntando-se em 2,9 segundos. O aplauso (do início ao fim) durou uma média de 6,1 segundos.

Mas o tamanho das palmas variou muito, porque alguém do grupo deve ser o primeiro a decidir parar. Cessação do aplauso por este líder desencadeou uma cascata de mais e mais pessoas, que param também.

Adaptado daqui

BVA

O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco BVA.

Informações do interventor revelam que a situação de insolvência da instituição se mantém inalterada e indicam a impossibilidade de normalização dos negócios da instituição por seus próprios meios.

19 junho 2013

Instagram: As fotos dos protestos

O Instagram publicou um post em seu blog oficial com uma compilação de imagens postadas por usuários brasileiros sobre os protestos no País (veja abaixo). O uso das hashtagas #vempraruae #protestorj foi destacado pela rede social.

No texto, o Instagram diz que a luta que une milhares contra o aumento da tarifa de ônibus evoluiu para um dos maiores movimentos desde o fim da ditadura militar, em 1985.

Veja imagens que foram publicadas na:

Avenida Paulista (São Paulo/SP) - http://www.gramfeed.com/instagram/places/2575492

Avenida Rio Branco (Rio de Janeiro/RJ) - http://www.gramfeed.com/instagram/places/1212186

Congresso Nacional (Brasília/DF) - http://www.gramfeed.com/instagram/places/1900181
@littlepOnd
@drk21
@nathgut
@beeside
@pedropavanato
@daguitorodrigues
@gustavojacome
@gabiabad
(Imagem: Reprodução/Instagram)

Por Mariana Congo

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Convergência dos EUA

Um longo texto de Paul Pacter (foto), ex-membro do Iasb entre 2010 e 2012, faz uma análise sobre o processo de convergência. Para Pacter o resultado da convergência é ambíguo, onde alguns padrões foram melhorados e outros não mudaram por falta de acordo. E alguns ainda estão em desenvolvimento. Mas o objetivo final seria a adoção das IFRS pelos Estados Unidos. E esta seria a melhor solução, acredita Pacter.

Ele lembra que o impulso na adoção das normas internacionais ocorreu após dois eventos. O primeiro, em 2000, foi o endosso do International Organization of Securities Commissions (IOSCO), entidade que reúne as entidades que regulam os mercados de capitais. O segundo, em 2002, foi a decisão da Comunidade Européia em adotar as IFRS para as empresas de capital aberto. Neste mesmo ano as duas entidades, Iasb e Fasb, assinaram um acordo, conhecido como Norwalk Agreement, onde ambas prometeram esforços na convergência. Já em 2007 a SEC eliminou a exigência que empresas estrangeiras deveriam conciliar as IFRS com as normas dos Estados Unidos.

Depois desta análise histórica, Pacter provoca com duas questões: (a) houve convergência?; (b) as IFRS melhoraram?

Pacter apresenta uma tabela resumo muito interessante (aqui), resumindo as melhorias nas IFRS.

Finalizando, Pacter afirma que a adoção por parte dos Estados Unidos é a única maneira de obter padrões globais, como foi endossado pelo Iasb e Fasb em muitas ocasiões.

Smartphone e ignorância

Muito tempo atrás, alguns escritores decidiam morar em lugares afastados para bloquear o mundo exterior e se concentrar na página em branco. Hoje, está ficando cada vez mais difícil manter o mundo tecnológico à distância. Alguns desses retiros para artistas permitiram o acesso sem fio aos estúdios, enquanto outros, como Yaddo e MacDowell, limitam a capacidade de acesso à internet em suas bibliotecas.

"As pessoas às vezes se surpreendem com sua própria reação quando ficam off-line", disse ao "Times" David Macy, diretor e residente da colônia artística MacDowell. "Eu acho que há até um nome médico para isso -ou talvez seja o nome do [jornal satírico] 'The Onion'-: 'ansiedade provocada por não estar em um hot spot sem fio'."

Alguns escritores instalaram programas de software como Freedom e SelfControl para tentar limitar a navegação na internet. O romancista americano Jonathan Franzen retirou o cartão sem fio de seu computador, colocou o cabo de rede no lugar e depois cortou o cabo, transformando o computador em uma máquina de escrever livre de internet, relatou o "Times".

O objetivo de minimizar as distrações é mais que nobre. As interrupções nos tornam menos inteligentes, segundo pesquisa do Laboratório de Integração Humana-Computador da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, na Pensilvânia.

Os pesquisadores de lá decidiram medir o poder cerebral perdido quando alguém é interrompido por um telefonema ou por um e-mail, relataram no "Times" os autores Bob Sullivan e Hugh Thompson. Quando os sujeitos eram informados de que deviam esperar uma distração e eram interrompidos durante um teste, se saíam muito pior que os sujeitos que eram deixados à vontade. O grupo distraído/interrompido respondeu corretamente em 20% menos ocasiões que o grupo não interrompido.

"Existem evidências de que não somos tão viciados em novas mensagens de texto", escreveram. "Na verdade, elas também nos roubam energia cerebral."

(...)Experimentos mostraram que as pessoas deixam de notar coisas tão óbvias quanto alguém vestido de gorila quando sua atenção é distraída. "Pesquisadores usando dispositivos de rastreamento de olhos descobriram que as pessoas podem não ver a roupa de gorila mesmo quando olham diretamente para ela", disseram Simon e Chabris [capa do livro na foto]. "Esse fenômeno de 'cegueira desatencional' mostra que o que vemos depende não apenas de para onde olhamos, mas também de como focalizamos a atenção."

Poucos autores abandonariam a capacidade de pesquisa que a internet oferece. A era da computação "usável" já chegou, mas a nova tecnologia está evoluindo mais depressa que nossa capacidade de administrá-la.

"O Google Glass pode permitir que os usuários façam coisas incríveis", escreveram Simon e Chabris, "mas não elimina os limites da capacidade humana de prestar atenção."


Fonte: Folha de S Paulo

SPED

Criado pelo governo federal com a promessa de reduzir as obrigações fiscais acessórias prestadas pelas empresas e acelerar apuração de tributos, o chamado Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) não tem extinguido declarações feitas pelas empresas. Pelo contrário. A proclamada "racionalização" do sistema, que deveria reduzir a complexidade das declarações fiscais, tem é elevado a exigência de documentos desde que o projeto foi implantado, em 2008, para compartilhar informações entre prefeituras, estados, União, Previdência.

"O que se viu na prática é que as responsabilidades fiscais impostas pelo Sped acabaram mesmo transferindo para as empresas, e indiretamente aos seus contadores, a obrigação de subsidiar a fiscalização que antes cabia aos auditores fiscais", explica o vice-presidente administrativo do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon-SP), Wilson Gimenez Júnior.

Segundo ele, a Receita Federal e as Secretarias de Fazenda dos estados poderiam contribuir com a aceleração da dispensa dessas declarações fiscais acessórias redundantes.(...)

De acordo o tributarista sócio do Siqueira Castro Advogados Maucir Fregonesi Junior, após mais de cinco anos de implantação do Sped uma das únicas obrigações extintas nesse período tenha sido o Demonstrativo de Notas Fiscais (DNF), aplicado às indústrias de cigarros, bebidas, químicas, petroquímicas e de combustíveis. "Vimos o surgimento de inúmeras outras obrigações", diz, citando a Declaração de Serviços Médicos e de Saúde (DMED), em 2011, para as prestadoras de serviços de saúde e operadoras de planos privado ou de assistência, o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços (Siscoserv). "Isso sem falar da Ficha de Conteúdo de Importação (FCI), criado em 2012 e exigida a partir deste ano no âmbito das medidas trazidas pela Resolução13/12, do Senado Federal, que veio com o intuito de minimizar a chamada 'Guerra Fiscal dos Portos', unificando em 4% a alíquota do ICMS para operações interestaduais de produtos importados", acrescenta.

De acordo com o tributarista, muitas dessas exigências são redundantes. "Por exemplo, as empresas já prestam muitas das informações como no Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variações no Patrimônio (Siscoserv) que são semelhantes àquelas já produzidas para a Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e para a Declaração de Informações sobre Movimentações Financeiras (Dimof)", afirma.


Fabiana Barreto Nunes (DCI) - Via Alexandre Alcantara

Orçamento impositivo

A dimensão política do orçamento evidencia que ele não é um processo para si mesmo, mas é parte de arranjos governamentais e institucionais mais amplos. O orçamento público, depois da Constituição, é o instrumento mais importante de um país. Apesar de sua relevância, a política e o processo orçamentário no Brasil, traduzidas no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA), ainda é um modelo em construção, e pouco perceptível pela maioria da população.

A sua linguagem técnica complexa e um caráter procedimental específico dificulta a sua compreensão e por decorrência gera um baixo interesse da sociedade pelo tema orçamento. O seu ritual lógico e sistemático compreendido pelo planejamento, gerência e controle é definido de forma detalhada na Constituição Federal. Nesse modelo de execução orçamentária não se impõe ao governo a obrigatoriedade de se executar tudo o que foi definido na lei orçamentária anual.

Merece destaque, nesse contexto, a recente aprovação da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n° 565/2006, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, bem como da instalação da Comissão Especial que irá discutir a matéria que torna obrigatória a execução do Orçamento Geral da União. O fator motivador dessa iniciativa do parlamento tem sua origem na seletividade imposta pelo Poder Executivo para a liberação das emendas dos parlamentares inseridas no orçamento. Essas ações em curso no parlamento, por sua vez, acendeu a luz amarela nas relações entre os poderes Executivo e Legislativo.

Diante desse cenário, surgem as seguintes questões: o Brasil está preparado para adotar o orçamento impositivo? Sua implantação afetará a governança pública? Registre-se, em princípio, que a inclusão do tema “orçamento impositivo” na agenda política do país é salutar, pois vai contribuir para aumentar a visibilidade e a relevância desse instrumento — orçamento público — perante a sociedade. É necessário ressaltar que, apesar do orçamento brasileiro não ser impositivo, a maior parte das suas despesas já são executadas de forma obrigatória.

Verifica-se que a maioria das propostas em tramitação no parlamento sobre o orçamento impositivo propõe a implantação de um modelo intermediário entre o modelo vigente atualmente, ou seja, o modelo do orçamento autorizativo, e o modelo extremo, que obrigaria o governo a executar integralmente a programação orçamentária definida pelo Congresso Nacional. Nesse modelo intermediário, a não execução de parte da programação implicaria anuência do Congresso.

Do ponto de vista político, eventual mudança no modelo atual implicaria mais negociações com o parlamento, gerando, em consequência, mais conflitos e mais concessões pelo governo aos partidos políticos. O deslocamento do eixo do poder em matéria orçamentária do Executivo para o Legislativo, caso a matéria seja aprovada, exigiria a incorporação pelo Congresso da responsabilidade pela programação em matéria orçamentária, por ser uma medida indispensável para garantir o seu cumprimento.

No mundo contemporâneo, poucos são os países, com destaque para os Estados Unidos, que possuem parlamentos com estrutura e condições de implantar o orçamento impositivo. Assim, a adoção do orçamento impositivo no Brasil não será uma tarefa fácil, diante das disputas de poder e das barreiras que deverão ser superadas, notadamente as reformas política e eleitoral, que, entendemos, deveriam preceder a sua implantação. É oportuno alertar, por fim, que a aprovação do orçamento impositivo de forma apressada pelo parlamento, se apresenta como grave ameaça potencial de conflito entre poderes, que tenderão a prejudicar a governança e o desempenho da gestão pública.

Correio Braziliense, Terça-feira, 18 de junho de 2013, Opinião, p. 13 - Orçamento impositivo e governança pública no Brasil - JOSÉ MATIAS-PEREIRA (Professor de administração pública e pesquisador associado do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da UnB. Doutor em ciências políticas e pós-doutor em administração)

Jovem Guarda e Contabilidade

O livro proibido sobre a vida do cantor Roberto Carlos (Roberto Carlos em Detalhes, Planeta, 2006, Paulo Cesar de Araujo) é interessante para os fãs do artista. E para aqueles que viveram no final dos anos 60 e início dos anos 70. Ou seja, os velhinhos.

Mas este é um blog de contabilidade. O que este livro tem com a contabilidade? Num determinado trecho o livro narra que um novo chefe na gravadora CBS era um contador. Evandro Ribeiro começou na gravadora como contador e seu contato com o representante da multinacional levou-a a presidência. Lá ele começou a gerenciar a gravadora pelos números, cortando custos e enxugando o elenco. Mas Roberto Carlos, então um fracasso de vendas, permaneceu na CBS, que investiu na gravação do seu primeiro sucesso, Splish splash.

Um senão: o livro não narra que Erasmo Carlos chegou a iniciar o curso de contabilidade, que não terminou.

Transparência fiscal

Grupos empresariais americanos têm se posicionado contra até as menores exigências de divulgação de imposto pago país por país, em debate pelos líderes do G-8. Isso evidencia a dificuldade de implementar tais medidas, mesmo que seja alcançado um acordo na cúpula na Irlanda do Norte.

Um elemento-chave na agenda do G-8 de ampliar a transparência tributária das multinacionais é forçá-las a divulgar quanto imposto elas pagam em cada país.

A UE e os EUA tomaram medidas nesse sentido no que diz respeito a companhias de petróleo e gás e a mineradoras, mas a imposição dessas exigências a todos os setores deverá enfrentar resistência em todo o mundo empresarial.

Nos EUA, a imposição da publicação de dados desagregados país por país para o setor de energia (contida na lei Dodd-Frank, que reformou práticas de Wall Street e foi promulgada há três anos) tem sido alvo de contestação legal e de pressões visando liquidá-la antes que entre em vigor, em 2014.

"Eles estão à beira de um ataque de nervos por causa disso", disse um assessor democrata no Senado americano, que apoia a divulgação país por país. Ele disse ser um "pequeno milagre" o fato de a medida ter sido incorporada à lei de 2010.

Na União Europeia, o debate sobre a divulgação de impostos país por país está mais avançado. Na esteira da audiência em maio no Senado dos EUA sobre esquemas adotados pela Apple para minimizar seus impostos a pagar, a UE passou a considerar a possibilidade de expandir tais exigências para além do setor energético e bancário, a todas as multinacionais.

José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, disse ser "pessoalmente a favor "dos relatórios país por país. "Maior transparência das atividades das grandes empresas parece necessária para proteger as receitas e assegurar confiança e equanimidade."

Ian Gary, gerente sênior de políticas da ONG Oxfam, disse que o impulso político está crescendo, devido aos resultados de investigações sobre as práticas tributárias de empresas como a Apple. "As pessoas verão as conquistas obtidas no setor extrativo e defenderão uma aplicação mais ampla."

Mas a experiência nos EUA mostra que as empresas americanas vão tentar impedir que isso ocorra. Grupos empresariais americanos escreveram a Obama pedindo que o presidente não apoie relatórios tributários país por país. "As regras não devem incluir exigências onerosas de divulgação pública e devem concentrar-se em possíveis melhorias na transparência [discutidas com] autoridades tributárias onde apropriado", disseram.

No Congresso americano, Carl Levin, democrata que presidiu a investigação sobre a Apple no Senado, apresentou em fevereiro um projeto de lei exigindo a divulgação dos impostos pagos país por país por todas as multinacionais. O projeto faz parte de medidas destinadas a reprimir a brechas tributárias internacionais, mas não obteve muito apoio no Congresso.

Enquanto isso, uma coalizão empresarial liderada pelo American Petroleum Institute abriu processo contra a SEC (a CVM americana) na tentativa de bloquear a implementação da medida de escopo mais limitado contida na lei Dodd-Frank, ou seja, aquela focada unicamente nas empresas do setor de energia. O objetivo é ajudar a erradicar a corrupção em todo o mundo, mas críticos dizem que a lei viola os direitos de liberdade de expressão assegurados pela Primeira Emenda, colocando as empresas americanas em desvantagem competitiva frente a empresas estatais estrangeiras que não são obrigadas a divulgar tais informações.

"Essa regra é prejudicial para a nossa segurança energética e para os consumidores americanos e não deveria ser mantida", disse Karen Harbart, funcionária da Câmara de Comércio dos EUA.

Mas o senador democrata Ben Cardin rejeita essa visão. "Mais transparência não colocará as empresas em desvantagem competitiva, mas sim reduzirá os riscos para os investidores americanos e permitirá que os cidadãos dos países ricos em recursos naturais cobrem seus líderes."

G-8 quer transparência fiscal, mas multinacionais rejeitam - James Politi | Financial Times, de Washington - Valor Econômico - 18/06/2013

Redes Sociais e Evidenciação

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado de capitais brasileiro, prepara um plano estratégico que norteará sua atuação pela próxima década. (...)

Em pauta estará, inclusive, a regulação do uso das redes sociais, que extrapolaram a esfera de comunicação pessoal e passaram a ser usadas em divulgação de informações financeiras por companhias abertas e seus executivos. Essa prática tende a entrar no rol de prioridades da CVM. Recentemente a Securities Exchange Comission (SEC, a CVM americana) liberou a divulgação de notícias e informações de empresas nas redes sociais, desde que definidos os canais de comunicação. Por aqui, a divulgação de informações de ofertas de produtos financeiros e de fatos relevantes das companhias abertas é disciplinada pela Instrução 358, editada há mais de dez anos.

“Temos que aprender a lidar com isso. O grande desafio é que as redes sociais hoje já são totalmente diferentes de dois anos atrás. Será preciso adotar novos procedimentos, num ambiente extremamente dinâmico”, disse Pereira, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

Enquanto a CVM analisa o tema, companhias e empresários como o controlador do grupo EBX, Eike Batista, já usam redes como o Twitter para comentar seus negócios e rumores de mercado. Pereira não comenta casos específicos, mas diz que, se o teor da mensagem é relevante, tem que ser comunicado à autarquia, sob pena de descumprimento das regras atuais e eventual punição.

Redes sociais. Além de acompanhar empresas “twittam”, a CVM também deve se debruçar sobre as fraudes financeiras praticadas na internet quando analisar o tema. Só este ano o regulador já suspendeu pelo menos duas ofertas – de serviços de administração de carteiras e de venda títulos – divulgadas pelo Facebook sem registro prévio. (...)

CVM estuda uso de redes sociais por empresas - Mariana Durão - O Estado de S. Paulo - 19/06/2013



Tema será incluído no plano estratégico do órgão regulador do mercado de capitais para os próximos dez anos

Lucro Presumido

Em mais uma tentativa de ajudar pequenas e médias empresas brasileiras, o Governo Federal ampliou o teto para R$ 78 milhões de faturamento por ano para os que declararem o Imposto de Renda (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) pelo lucro presumido.

A MP 12.814/2013, publicada no Diário Oficial da União no dia 17 de maio, passa a vigorar no dia 1º de janeiro de 2014, tendo como ano/base 2013 - ou seja, quem tiver receita igual ou inferior ao novo valor este ano já pode usufruir da mudança.

Essa medida visa diminuir a carga tributária das empresas, tendo um impacto positivo para toda a economia brasileira. Como efeito dessa nova regra, é esperado para o próximo ano uma redução na arrecadação de R$ 976 milhões.

Porém, a escolha pelo lucro presumido nem sempre é o melhor negócio na hora de fazer a opção sobre qual escolha tomar para fazer as declarações. Como uma regra geral, quando se adota essa tributação para o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido, o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) devem ser tributados pelo regime cumulativo (sem direito a tomar créditos e com alíquotas menores).

Se a escolha for feita em favor da opção pelo lucro real, salvo algumas exceções, o PIS e a COFINS devem ser tributados pelo regime não cumulativo, com direito a tomar créditos e com alíquotas maiores.

Mesmo tendo um faturamento pequeno, pode ser vantajoso para a empresa optar pelo lucro real. É importante destacar, antes de tudo, que há outras regras para serem cumpridas para a adoção pelo lucro presumido além do limite da receita bruta de R$ 78 milhões.

Exemplos são auferir lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior, usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução de imposto, exercer atividades do mercado financeiro, entre outras previstas pela legislação.

É fundamental que a empresa faça um estudo de qual modelo de tributação a beneficia, considerando o PIS e a Cofins. Também deve levar em consideração a existência de prejuízo fiscal e base negativa de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, que podem ser compensados com o lucro tributável da empresa no caso de tributação pelo lucro real.

A opção pelo lucro presumido deve ser manifestada com o pagamento da primeira ou da única quota dos impostos correspondente ao primeiro período de apuração e será aplicada em relação a todo o período de atividade da pessoa jurídica no respectivo ano-calendário.

Portanto, é preciso um estudo prévio para avaliação dos modelos tributários. Pode ser que o volume de despesas dedutíveis compense a tributação pelo lucro real e que os créditos do regime cumulativo também ensejem uma tributação menor de PIS e Cofins.

Com base nos dados, é fundamental que os gestores acompanhem o processo de perto e tomem a decisão com base em um planejamento tributário adequado, levando em consideração as projeções da empresa. Com a redução da carga tributária, as empresas poderão redirecionar os recursos dos tributos para investimentos e geração de empregos, fatores que impactam positivamente na economia brasileira.


Lucro presumido nem sempre traz benefício real - 18/06/13 - Daniela Vita - Brasil Econômico

18 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Um dos cartoons mais famosos dos últimos tempos foi publicado na New Yorker. Mostrava dois cachorros conversando, um dizendo para o outro que na internet ninguém desconfiaria que eles seriam cães. Com a descoberta recente que o governo está espionando as pessoas, algo mudou

Messi e o fisco

Um vídeo para tentar entender o caso Messi:

Viés dos ratings

As agências de classificação de crédito são honestas? O Departamento de Justiça dos Estados Unidos desconfiou que talvez não. O governo daquele país acredita que a Standard & Poors subestimou e ignorou o risco de crédito para manter sua participação no mercado de ratings de dívida. A agência de classificação nega. 

Um trabalho encontrou que existe evidência estatística de que o governo estaria com a razão. Usando mais de 6500 ratings, Efing e Hau encontraram que a agência foi tendenciosa em favor dos clientes emissores de dívida. Mas os autores encontraram que duas outras agências também manipularam a classificação. 

Leia mais aqui

Sigilo Fiscal

(...) Em 8 de abril, a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal publicou doações feitas por mais de 20 mil pessoas, quebrando seu sigilo. O objetivo era cobrar dessas pessoas o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Normalmente, as secretarias estaduais de Fazenda conseguem cobrar com facilidade os impostos nos casos de transmissão de bens e valores como herança. Já nos casos de doações, os fiscos estaduais enfrentam mais dificuldades, pois, em muitas ocasiões, simplesmente o registro dessas transferências não é devidamente informado aos órgãos de arrecadação. Para efetuar essa cobrança, o GDF decidiu fazer um cruzamento entre as doações que são registradas nas declarações de Imposto de Renda com os dados da Secretaria de Fazenda.

A partir desse cruzamento foram identificadas milhares de doações que não foram tributadas pelo Fisco local. Após identificá-las, a Secretaria de Fazenda decidiu publicar a lista de todas as pessoas que fizeram doações no DF, entre 2008 e 2011, no "Diário Oficial".

(...) Ao todo, a lista tem mais de 300 páginas. Com a sua publicação, o GDF espera arrecadar R$ 180 milhões. Mas esse valor deve diminuir, porque as pessoas que tiveram o seu nome publicado podem procurar a Justiça para entrar com ações de indenização.

Em maio, a Justiça do DF recebeu as primeiras ações de pessoas que tiveram os seus dados fiscais abertos na lista. Decidiram pedir reparação por danos morais por causa da quebra de seus sigilos. Ao todo, cada ação desse tipo pode levar o GDF a fazer o pagamento de indenizações individuais de até R$ 40 mil.(...)

Os resultados das primeiras ações na Justiça devem ser conhecidos em quatro meses. A chance de essas ações terem sucesso é grande, pois o STF já analisou o compartilhamento de informações da Receita com outros órgãos e o resultado foi contrário ao Fisco.

Governo do DF quebra sigilo de mais de 20 mil pessoas - Por Lucas Marchesini e Juliano Basile | De Brasília - Valor Econômico - via aqui

Lugares bonitos

Uma coleção de imagens de lugares bonitos e diferentes:








Na ordem, Ucrânia, Holanda, Bolívia, Berlim, Japão.

17 junho 2013

Ken Robinson: escolas acabam com a criatividade

Mais uma vez o fantástico Ken Robinson!

Sir Ken Robinson defende de maneira divertida e profunda a criação de um sistema educacional que estimula (em vez de enfraquecer) a criatividade.

Rir é o melhor remédio





Brincadeira legal com computador, imagens e pessoas. Mais aqui

História da Contabilidade: os anos 70 do século XIX

Ensino

A Aula do Comércio refere-se a uma escola portuguesa, criada durante o reinado de José I, sob a influência do Marquês de Pombal (1). Sua fundação ocorreu em 1759, em Lisboa. Era um estabelecimento de ensino técnico, com o curso com duração de três anos. É interessante notar que Portugal tentava tirar a diferença das nações mais desenvolvidas, através da intervenção do estado português.
Além de formar profissionais que no futuro repassariam os conhecimentos para outras pessoas, a Aula do Comércio talvez tenha provocado a publicação de obras sobre a contabilidade.

É interessante notar como isto é diferente do que ocorreu no Brasil mais de cem anos depois. Na metade do segundo reinado o ensino de contabilidade ocorria nas escolas, incluindo no ensino primário, ou através de aulas particulares. Ou seja, nesta época o ensino da contabilidade não estava mais atrelado à iniciativa do governo.

Um exemplo disto é uma propaganda publicada diversas vezes nos jornais da época anunciando aula com o professor Menezes (2), que garantia que em um mês transmitiria os conhecimentos das partidas dobradas, balanço geral, encerramento, aberturas de contas, diferentes sistemas de contas correntes, entre outros assuntos.

Naquela época era muito comum nos classificados dos jornais a oferta de cursos de contabilidade. E já existia o ensino que corresponderia ao “técnico”. Mas um texto da Gazeta de Notícias (3) chama a atenção e por este motivo reproduzo a seguir (em linguagem da época):

Em Marselha acaba de ser fundada uma escola superior de commercio, sob os auspícios da commissão da Praça, com o fim de habilitar empregados, negociantes, e administradores capazes de dirigir o commercio interior e desenvolver as relações com os paizes estrangeiros. O ensino, simultaneamente theorico e pratico, abrange a calligraphia, contabilidade, legislação, econômica política, línguas e geografia comercial.
É de uma instituição n´este genero que bem necessitamos entre nós, onde apenas temos o Instituto Commercial que está longe.


Ou seja, naquele momento já existia um curso superior de “negócios” na França e no Brasil teríamos o correspondente no Instituto Comercial.

Livro
Nesta mesma época, a disponibilidade de obras na área era suprida inclusive por livros importados de Portugal. As obras poderiam ser mais completas, como o Curso Commercial de Rodrigo Affonso Paquito, com mais de 500 páginas, ou específicas ao Brasil, como o Compendio Mercantil Brasileiro.
O Compendio prometia [4] que em um mês o leitor poderia ser um guarda-livros. O livro prometia ensinar contabilidade por um método denominado “sistema de números fixos”, que economizava tempo e trabalho. Já o Curso Commercial era dividido em três partes: cálculo e contratos comerciais, escrituração comercial e contabilidade industrial.

Escândalos Contábeis
Naquela época começava a aparecer nos jornais os problemas com os profissionais que manipulavam a escrituração. Em 1875, por exemplo, João Augusto da Silva Porto, empregado da Santos Bastos & Irmão, foi preso por desviar dinheiro e adulterar a escrituração [5]. A notícia divulga que num lançamento, o guarda-livros suprimiu o primeiro algarismo, ficando com o dinheiro. Num outro lançamento, “passou do livro Diario para o Razão uma conta de Fiorita & Tavolara” de 62:510$510 com uma differença de 20 contos menos”.

Em outro caso, uma das mais importantes casas bancárias do País sofreu um desfalque do seu guarda-livros. O Banco Predial empregava o chefe do escritório como caixa, acumulando funções, um erro básico na área de controle [6]. Um “examinador” estava verificando a contabilidade e solicitou documentos do caixa. Este examinador notou a falta de uma conta que já teria sido paga a uma “casa inglesa”. A partir daí o examinador conseguiu apurar um esquema de fraudes.

(1) Via Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/Aula_do_Com%C3%A9rcio
(2) Gazeta de Notícias, 1875, edição 33, p. 4, por exemplo. É interessante notar que este jornal chegou a circular com mais de 14 mil exemplares de tiragem, um feito notável quando se considera que a população da capital do país era muito reduzida e quantidade de pessoas alfabetizadas era bem pequena.
(3) Gazeta de Notícias, 1875, edição 69, p. 2.
(4) Gazeta de Notícias, 1876, edição 144, p. 4.
(5) Gazeta de Notícias, 1875, edição 116, p. 2.
(6) Gazeta de Notícias, 1879, edição 139, p. 2. Este jornal descreve o caso de maneira detalhada e apaixonada.

16 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Como acordar um economista, um contador, um ...

Entrevista

Baltazar Guimarães Silva trabalhou durante muitos anos com contabilidade numa cidade do interior de Minas Gerais. Com esta experiência, ele foi testemunha de inúmeras transformações que ocorreram na área. Fizemos uma entrevista com ele.

Pergunta: Em que ano começou a trabalhar com a contabilidade?

Em março de 1948 comecei a trabalhar na Prefeitura de Patos de Minas, no serviço de Educação, como Inspetor de Ensino, com a missão de visitar as escolas rurais. Com base nestas visitas eram estabelecidas normas das quais se exigia fiel cumprimento. Cabia-me também elaborar um painel do que ocorria, de modo amplo, abrangendo todo o município, com base nos dados individuais de cada escola. Este painel, além de relatos históricos, era enriquecido com números: de alunos matriculados; de alunos freqüentes; e de alunos aprovados nos exames finais de cada ano.

Em setembro de 1951, com o pedido de demissão do chefe do serviço de Contabilidade, o então Prefeito Jacques Correa da Costa me mandou para seu lugar, embora não tivesse conhecimento da matéria. Alegou que meus relatórios sobre as escolas tinham muito de contabilidade e que estudasse a matéria específica. Ele não tinha outra pessoa a quem confiar o serviço.

Minhas novas funções seriam a elaboração de ordens de pagamentos, dentro das dotações orçamentárias e respectiva escrituração do livro de Empenho de Despesas. Em etapa imediata a escrituração dos livros de Receita e Despesas. Com isto se exercia o controle da execução orçamentária.

A contabilidade oficial, propriamente dita, era exercida pelo Contador que não cumpria horário no serviço público, exercendo a profissão em escritório próprio, na Cidade.

Cabe esclarecer ainda que eu não era contabilista. Só fiz o curso de Técnico em Contabilidade nos anos de 1957, 58 e 59, com a fundação de escola própria em nossa Cidade.

Pergunta: Que tipo de tecnologia existia naquela época que ajudava o trabalho do profissional?

O contador acima aludido me chamou para trabalhar em seu escritório, fora do horário do serviço público. Ele me ensinou muito sobre contabilidade e tive o máximo interesse em aprender tudo que me era ensinado, embora ainda não fosse contabilista.

Os princípios gerais são os mesmos: contabilidade é o registros de débitos e de créditos; o total dos débitos é sempre igual ao total dos créditos; em cada lançamento pode havia apenas um devedor e um credor, como podem ser vários devedores e um credor, um só devedor e vários credores, ou, finalmente, vários devedores e vários credores.

A execução dos lançamentos destes débitos e créditos, a princípio, era feita apenas manualmente. Pessoalmente comecei a me libertar deste método primário, usando o sistema de inserção frontal de ficha (Front Feed), que consiste em exercer a contabilidade escrita a máquina. Um dispositivo especial na máquina permite a inserção frontal de fichas, em que são lançados, de modo discriminado, os históricos e valores relacionados às diversas ocorrências.

Ao mesmo tempo os lançamentos são registrados em folha solta, mediante carbono copiativo que depois é transferido para o livro diário. Nesta transferência para o diário existiam dois sistemas: diário de folha opaca, no qual a cópia era feita mediante gelatina; e diário de folha transparente, fina, sendo a cópia feita diretamente.

Pergunta: Como se mantinha atualizado das alterações da profissão e das mudanças na legislação? Existiam muitas alterações?

Alterações sempre existiram. Eu assinava uma revista especializada, editada em Belo Horizonte, que informava e orientava sobre as diversas alterações ocorridas na legislação. Mas as modificações precisam ser observadas de imediato e a publicação na revista poderia sofrer algum atraso. As assinaturas do Minas Gerais [diário com legislação estadual] e o do Diário Oficial da União mantinham a atualização. As publicações se complementavam: Os jornais informavam de imediato e as revistas eram mais apropriadas para serem colecionadas, arquivadas.

Sobre a existência ou não de muitas alterações só posso dizer que sempre há alterações e precisam ser acompanhadas diuturnamente.

Pergunta: Você morava numa cidade com cerca de cem mil habitantes, onde as pessoas se conheciam. Qual era a importância de ter uma boa reputação como profissional?

Especialmente em uma cidade onde todos se conhecem, a vida profissional acaba se inserindo na vida social comunitária. Um mau profissional não é bem visto nem bem aceito na vivência comunitária. Sempre fui muito bem reconhecido profissionalmente.

Pergunta: Você fez muitas escritas para empresas de pequeno e médio porte. O empresário, naquela época, interessava pelo que você fazia?

A mentalidade geral, na época, era de que a contabilidade deveria ser feita para satisfazer uma obrigação legal. Não se tinha a consciência de que a principal finalidade da escrita contábil é prestar informações de natureza administrativa para a própria firma.

Pergunta: Como era a relação como outros profissionais? Era cordial?

No que dependesse de minha pessoa, o relacionamento com os demais era cordial. Mas sempre existem os de difícil convivência.

Visando um relacionamento bom entre todos os contabilistas, alguns dentre os profissionais fundamos a Associação Profissional dos Contabilistas de Patos de Minas, depois transformada em Sindicato.
O funcionamento da Associação ou Sindicato é sempre útil no sentido de manter o bom relacionamento entre seus associados. O Sindicato continua até hoje prestando um excelente serviço à classe contábil.

Pergunta: Em quantos dias era possível "fechar" o mês?

Cada caso é cada caso. Há firmas cuja escrita é mais simples e outras em que é mais complicada. Na mesma firma, há meses em que a escrita é mais simples e outros em que é mais complicada. Não é possível dar uma resposta única à pergunta, pois depende de numerosas circunstâncias em cada mês, em cada escrita. Possibilidades: três dias, uma semana, um mês...

15 junho 2013

Rir é o melhor remédio


Recorde de Visitas

Na segunda-feira atingimos 3.174 visitas. Este número é um marco. Este blog começou em 2006 e desde então já postamos mais de 14 mil itens. Muitas destas postagens levam horas para ser preparadas, como é o caso dos textos que estamos publicando sobre a história da contabilidade no Brasil. Este trabalho é recompensado com elogios.

Em nome da Isabel e Pedro, agradeço aos leitores. Para nós, este é o fato da semana.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – O banco UBS foi acusado de ajudar os ricos reduzir os impostos pagos através de uma dupla contabilidade. O país que está acusando o banco é
Estados Unidos
França
Suíça

2 – O bilionário saudita Alwaleed bin Talal fez uma reclamação à revista Fortune:
Que ele paga mais impostos do que revelado pela revista
Que ele possui mais automóveis que revelado pela revista
Que sua fortuna é maior que a revista afirma

3 – A jovem Farrah Abraham está estudando contabilidade e auditoria e irá fazer um filme chamado Internal Auditing. Internal Auditing é um filme
De espionagem
De terror
Pornográfico

4 – No primeiro filme de Abraham ela recebeu
1.500 dólares
150.000 dólares
1.500.000 dólares

5 – Os bancos HSBC, Credit Suisse e ING estão cobrando desta empresa 530 milhões de reais. Eles acusam de ser sócia oculta da Imcopa, que pediu empréstimos e não pagou. Esta empresa é
Cervejaria Petrópolis
CGX
JBS

6 – As empresas que receberiam indenização pelo fim do contrato de concessão tiveram uma grande surpresa: não irão receber aquilo que estavam esperando. Isto ocorreu em razão
Da cobrança de imposto sobre o valor a ser recebido
Pela mudança nas regras do pagamento
Pelo recebimento através de precatórios

7 – O AICPA lançou uma norma para
Empresas de auditoria
Operações de leasing
Pequenas e médias empresas

8 – Ainda com respeito a norma do AICPA, esta entra em conflito com
IASB
PCC
SEC

9 – Esta celebridade foi notícia esta semana por ser mais um com problemas com o fisco. No caso, o fisco espanhol:
Julio Iglesias
Messi
Shakira

10 – Este produto subiu nove vezes acima da inflação e foi a palavra mais procurada na sexta-feira
Feijão
Tomate
Vinagre

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze

Respostas: (1) França; (2) sua fortuna é maior que a revista afirma; (3) pornográfico; (4) 1.500.000 dólares; (5) Cervejaria Petrópolis; (6) Da cobrança de imposto (7) Pequenas e médias empresas; (8) PCC; (9) Messi; (10) Vinagre

Como estudar sozinho em casa

Dicas rápidas e simples que sairam na Superinteressante. Dica de Rafael Bevilaqua, a quem agradecemos.
(Clique na imagem para ampliá-la).

Consolidação 2

As novas normas para definição de controle e contabilização de empreendimentos em conjunto causaram muita confusão no mercado. O entra e sai de projetos nos balanços e a falta de clareza sobre os impactos da adoção dos IFRS 10 e 11 deixaram investidores e analistas no escuro sobre o desempenho efetivo das companhias no começo do ano.

As maiores queixas vieram do setor de energia elétrica, no qual os efeitos das medidas do governo para reduzir a conta de luz já geraram distorções significativas. "É praticamente impossível saber o que foi efeito de reavaliação de ativos regulatórios, dos novos preços praticados pelas empresas e ou das novas regras de consolidação", afirma o analista de um banco de investimento.

No setor, foram poucas as empresas que divulgaram comparativos sobre o que seria o balanço sob as regras antigas. Por essa razão, a Ernst & Young não conseguiu medir o impacto das medidas para o segmento neste ano. A conta só foi possível para o primeiro trimestre de 2012, comparando os dados apresentados no ano passado e reapresentados neste ano, já sob a vigência das novas regras.

Em relatório, o analista Antonio Junqueira do BTG Pactual afirma que, no balanço da Cemig, R$ 4 bilhões de dívidas "sumiram" sob as novas regras de consolidação, mas não houve divulgação de mais detalhes sobre a redução. "Com base no que foi divulgado, é difícil dizer com alguma clareza ou confiança o que realmente aconteceu", afirmou à época da divulgação dos resultados da estatal mineira.

Com as novas regras de contabilização, projetos importantes para a estatal mineira, como a Light, a transmissora Taesa e a usina de Belo Monte são agora contabilizadas como equivalência patrimonial, com impactos em receita, dívida líquida, Ebitda e margens, lembra Sérgio Tamashiro, do J. Safra em boletim aos clientes.

No setor de construção civil, a transição foi um pouco mais fácil, afirma Guilherme Vilazante, do Bank of America Merrill Lynch (BofA). "Tem ativos importantes que a gente não enxerga mais. Temos que buscar a informação nas notas e refazer algumas contas para fazer a análise por fluxo de caixa", afirmou o analista, para quem a mudança "atrapalhou, mas não comprometeu" a análise.

Em teoria, o IFRS 12, que também entrou em vigor neste começo de ano, exige que as empresas abram uma série de informações nas notas explicativas a respeito de suas joint ventures, coligadas e outras investidas que são contabilizadas por equivalência patrimonial. Na prática, no entanto, os analistas afirmam que as explicações, muitas vezes, não são suficientes.

Segundo auditores que acompanharam o processo adaptação às novas regras, a tendência é que as empresas se aperfeiçoem na divulgação de informações de suas subsidiárias. "É tudo muito recente e os impactos foram significativos. Para atrair o investidor, as empresas vão ter de detalhar melhor os projetos", afirma Danilo Simões, sócio do departamento de práticas profissionais da KPMG.

A aplicação do IFRS 12 também vai de encontro à tendência de tentar reduzir o tamanho das demonstrações financeiras - cada vez mais inchadas por um número sem fim de notas explicativas. "O IFRS 12 não é exatamente um exemplo de como simplificar as coisas", afirma Ramon Jubels, também da KPMG.

Alexandre Cassini, da Deloitte, lembra que, nesse caso, entra novamente o embate entre quantidade e qualidade. "A empresa tem que prestar as informações que têm utilidade para o investidor, para o analista. No caso do IFRS 12, as informações sobre a controladas são imprescindíveis. É o tipo de informação que agrega", afirma.


Mudanças de regras causam confusão - Valor Econômico - 13/06/2013

Consolidação

As incorporadoras mudaram de tamanho no primeiro trimestre - e não foi apenas por causa do ritmo de lançamentos ou da perda de fôlego da economia. Levantamento feito pela consultoria Ernst & Young com base nas demonstrações contábeis de oito empresas do setor mostra que as receitas encolheram em média 4% no período apenas por conta da adoção do conjunto de normas que altera o conceito de controle e a contabilização de empreendimentos administrados em parceria.

Porém, ao contrário do observado nos setores de energia elétrica e aluguel de propriedades comerciais, que também trabalham com muitos projetos em associação, no segmento de incorporação a tendência geral não foi de "redução" dos balanços. Na amostra considerada pela E&Y, os efeitos foram díspares. Enquanto a Tecnisa viu sua receitas minguarem 12%, o faturamento da Helbor cresceu 20% só pelo efeito das novas normas. Outras empresas, como Cyrela, PDG e Direcional tiveram pouco impacto na primeira linha do balanço.

Na prática, o que ocorreu foi que algumas empresas do setor se viram donas de empreendimentos dos quais não reconheciam o controle pelas normas anteriores - e vice-versa. Pela regra vigente até o ano passado, os projetos controlados em conjunto, as joint ventures, podiam ser contabilizados linha a linha nas demonstrações de resultados, de acordo com a participação no capital da empresa investida e essa era opção amplamente adotada. No modelo, conhecido como consolidação proporcional, se uma companhia tinha uma fatia de 50% em um empreendimento, contabilizaria metade de suas receitas, custos, despesas, ativos, passivos e assim por diante.

Pelo IFRS 11, que passou a ser obrigatório neste ano, as joint ventures passaram a ser contabilizadas pelo método de equivalência patrimonial e entram em apenas uma linha no balanço. Nada muda no lucro e nem no patrimônio, mas há redução de receitas, custos e despesas. Ativos e passivos também podem sofrer alterações significativas. A expectativa, portanto, era de que as empresas "encolhessem".

Mas uma revisão no conceito de controle, introduzida pelo IFRS 10, que também entrou em vigor neste ano, trouxe um efeito inesperado. Anteriormente, o controlador era quem, independentemente da participação acionária, definia as políticas financeiras e operacionais da investida. Agora, o controle está nas mãos daquele que tem o poder de gerir as atividades relevantes e que afetam os retornos variáveis do projeto.

Dois termos nessa definição foram suficientes para produzir uma revolução nos balanços das construtoras. O primeiro é o "poder de gerir". Ainda que uma das partes atualmente não esteja no comando das principais decisões no dia a dia, se o contrato, no momento de sua constituição, prevê que ela possa influenciar de forma significativa essas decisões, há controle.

O segundo ponto foi ainda mais relevante para as incorporadoras: a definição de atividades que geram os principais retornos. Nas parcerias formadas para empreendimentos imobiliários, as atividades relevantes são construção e financiamento: se o contrato prevê que uma determinada empresa é que tem o poder se interferir sobre essas atividades, ela é a controladora. As demais atividades são consideradas "acessórias".

De acordo com Paul Sutcliffe, sócio responsável pela área de IFRS da E&Y e coordenador do levantamento, os dois efeitos foram observados para a maior parte das empresas. Houve empreendimentos que mantiveram o status de joint ventures e passaram a ser contabilizados por equivalência patrimonial. Outros projetos que eram classificados como operados em conjunto passaram a ter um controlador definido, e a consolidação foi integral. "No fim das contas, em algumas empresas, um efeito falou mais alto que o outro", afirma.

No caso da Cyrela, 49 empreendimentos mantiveram o status de joint ventures, enquanto outros 29 passaram a ser considerados como controlados, o que compensou o impacto na primeira linha do balanço: o efeito na receita foi de apenas 1%. Já a Helbor, que registrou o maior salto na receita pela adoção das novas normas, a companhia se viu controladora de pelo menos 45 projetos a mais do que no modelo anterior.

Nesses casos, o resultado do projeto é consolidado integralmente no balanço, linha a linha: 100% das receitas, custos e despesas são incorporados ao balanço do controlador. A diferença referente à fatia do capital não detida é retirada na apresentação do lucro dos não controladores.

Os profissionais ouvidos pelo Valor afirmam que houve alguma resistência dos empresários em relação às novas normas. "Houve algumas discussões mais "apimentadas" porque os empresários se julgavam controladores apenas por mandar no dia a dia", afirma Sutcliffe, da E&Y.

De acordo com Alessandro Cassini, da Deloitte, a intenção por trás da novas regras foi adotar uma política mais conservadora nos balanços: "Numa joint venture, não necessariamente uma empresa tem acesso às receitas, ao caixa e aos ativos que consolidava antes no balanço", afirma. Mas, segundo ele, muitos empresários afirmaram que o novo modelo não reflete bem a cara do negócio.

"O IFRS 10 é altamente conceitual e é muito menos prático que a norma antiga", afirma Ramon Jubels, sócio do departamento de práticas profissionais da KPMG. Segundo ele, aplicar o IFRS 10 a cada uma das centenas de contratos de parceria firmados pelas empresas exigiu um esforço comparável à adoção das normas contábeis internacionais, na virada de 2009 para 2010.

A Rossi não conseguiu se adequar às novas normas a tempo e publicou seus números do primeiro trimestre ainda sob o modelo antigo. O balanço, auditado pela Deloitte, levou uma ressalva, o que indica que há inconsistências relevantes em relação aos padrões contábeis. Procurada pela reportagem, a Rossi informou que está em processo de avaliação das parcerias e que a expectativa é que no segundo trimestre as normas já sejam aplicadas.


Nova definição de controle mexe com balanço de incorporadoras - Natalia Viri - Valor Econômico - 13/06/2013

Banco Rural

A Rural Agroinvest, pertencente ao Grupo Rural, não conseguiu no Superior Tribunal de Justiça (STJ) impedir o bloqueio e a transferência de mais de R$ 100 milhões para o pagamento de dívidas trabalhistas da falida Vasp. Na quarta-feira, a 2ª Seção analisou novo recurso da empresa - embargos de declaração - e manteve sua decisão. (...)

A fraude, de acordo com o processo, consistiria na alienação de cabeças de gado, por meio da Rural Agroinvest, na época no valor de R$ 38 milhões. O objetivo seria ocultar os bens de Canhedo. Segundo o advogado Carlos Duque Estrada Jr., que defende o Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo e 800 ex-trabalhadores da companhia aérea, "nenhuma cabeça de gado foi transferida", e o valor atualizado chega a R$ 140 milhões. Segundo ele, a decisão traz uma grande vitória aos trabalhadores. (...)


Banco Rural responderá por dívidas da Vasp - Adriana Aguiar - Valor Econômico - 14/06/2013


Cultura é uma (des)vantagem competitiva?

Quando a pergunta é a se a cultura organizacional é mesmo importante para a empresa, a resposta mais comum é: "Sem dúvida! Veja os nossos valores!". Na maior parte das vezes, porém, os valores que estão amplamente divulgados nos quadros, nas agendas e nos documentos oficiais não espelham a realidade da organização.
Então o que é cultura organizacional? É o jeito de ser e de fazer de uma empresa. Ele é modelado pelos que estão na direção e influenciado pela cultura do país onde a companhia está inserida.
Não tenho dúvida de que a cultura pode ser a maior vantagem competitiva de uma organização, inclusive porque sustenta ou não a execução da sua estratégia. Ela vai muito além da simples divulgação de valores porque está no coração de cada um, na "causa" de todas as pessoas, que se sentem inspiradas (ou não) a oferecer aquela sua "energia extra".
As estratégias de negócio, fonte histórica de vantagem competitiva, são cada vez mais facilmente copiáveis, com raríssimas exceções. Os processos também. A estrutura organizacional mais ainda. O que, de fato, faz a maior diferença? Pessoas, claro. Em alguns momentos, porém, as empresas buscam no mercado indivíduos que têm o que elas querem. Na maioria das vezes, atinge-se o almejado, mas paga-se caro por isso. Embora não exista a intenção de copiar, a busca é por um certo modelo de talento. Já a liderança, não na perspectiva individual, mas na coletiva, e a cultura são duas faces de uma mesma moeda. E aqui eu diria que é impossível copiar- embora seja possível, e não raramente necessário, mudar.
Mas é mesmo possível transformar a cultura de uma organização? A resposta é sim. Só que não se faz isso rapidamente, nem sem dor. E não se trata de sofrimento. Como disse Drummond, "a dor é inevitável, o sofrimento é opcional".
São três as principais situações de mudança de cultura. A primeira é a fusão ou aquisição. Porém, atenção: não significa que em todas as operações de F&A a cultura mude. Em alguns casos, por estratégia, ela é mantida. A segunda situação é a troca do presidente da empresa. Novamente, há casos em que isso não altera significativamente a cultura. Não raro, porém, opta-se por mudar o presidente da empresa porque ele já estabeleceu relações tão fortes com a organização que se torna muito mais difícil orquestrar uma mudança verdadeira. Por último, mas não menos importante, estão as situações de crise. A mais comum é a financeira: nesses momentos, ou se muda, ou se morre. E algumas organizações desaparecem por não conseguirem engendrar uma nova forma de ser e de fazer.
O ponto mais importante de uma situação de crise é aquele em que o momento econômico-financeiro está muito bom, mas o dirigente ou seu time tem a consciência de que a cultura existente não garantirá um futuro tão brilhante como o presente. Aqui, sim, é indispensável a decisão de um comandante, aquele que tem a coragem de, mesmo em momentos de bonança, não se acomodar, enxergar além, ver o que a maioria não vê e, conscientemente, mudar o fluxo natural das coisas.
É assim que se engendram novas formas de pensar, de sentir e de agir, que são promovidas por meio de diálogo, reflexão conjunta, troca de ideias e, consequentemente, envolvimento emocional. E o que torna tudo isso possível é a confiança, pedra angular de um processo de transformação.
Em síntese, a mudança de cultura só é realizável por meio das lideranças, cuja essência, influenciar pessoas, se concretiza através do relacionamento, da interação pessoal, do compartilhamento.
No processo de mudança de cultura é preciso conversar, conversar e conversar, abrir espaço na agenda frenética para compreender mais profundamente o outro.
A criação de um novo mapa mental requer o questionamento contínuo das certezas culturais que conduzem às práticas vigentes. Assim você aumenta a possibilidade de a cultura da sua empresa ser, de fato, uma vantagem competitiva sustentável. Esta ninguém copia.


14 junho 2013

Inflação do vinagre

O vinagre está liderando a lista de palavras mais procuradas no Google nesta sexta-feira, 14, segundo o site trendsmap.com, que permite ver no mapa global as principais palavras chave buscadas na internet mundial por região a cada instante.

Presente diariamente na mesa do brasileiro, o preço do produto subiu quase nove vezes acima da inflação em maio na cidade de São Paulo, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O vinagre subiu 0,86% em maio, enquanto a inflação média dos produtos pesquisados, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), ficou em 0,10%.

Mas, o motivo da fama do vinagre da noite para o dia não foi a inflação, e, sim, a prisão de manifestantes nos protestos contra as tarifas de ônibus.

Mais de 30 pessoas foram detidas por porte de vinagre. O produto costuma ser usado pelos frequentadores assíduos de manifestações pela sua qualidade química de abrandar efeitos do gás lacrimogêneo, outra presença garantida nos protestos que terminam em choque com a polícia.

Inflação do vinagre. A inflação do vinagre desde o início do ano, porém, é negativa, ou seja, houve deflação de -8,86% no preço do produto na capital paulista. A inflação da Fipe este ano foi de 1,57%.

Em 12 meses, a alta do vinagre é de apenas 1,5%, enquanto a alta inflação da Fipe chega a 5,11%.

Mas, se na matemática dos preços o comportamento do vinagre é exemplar, na área de segurança o produto virou figura procurada pela polícia.

Segundo o tenente-coronel Ben-Hur Junqueira, comandante da operação militar que resultou em pancadaria em São Paulo, o vinagre representa uma série de riscos em grandes aglomerações, e pode até ser usado na fabricação de bombas.

As demais palavras mais buscadas no Google também referem-se às manifestações. As palavras 'policial', 'viatura' e 'borracha' mostram outro efeito da manifestação desta quinta-feira: a moral da polícia foi, literalmente, para o vinagre.

Fonte: Aqui
Autor da charge: Carlos Ruas

Rir é o melhor remédio


João Gilberto Falleiros

Faleceu no dia 12 de junho o professor João Gilberto Falleiros, da Universidade de Brasília. Falleiros, como era conhecido por todos nós, era mestre em administração e foi o segundo chefe da história do departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília. Ele geralmente ministrava as disciplinas de Contabilidade Geral 1, Comercial, Administração dos Recursos Materiais e Prática Comercial.

Durante anos trabalhamos juntos para criar e consolidar o Departamento. Logo após a criação do mesmo, quando o então coordenador do curso assumiu a chefia do novo departamento, Falleiros esteve sempre presente ajudando no processo de conquista do espaço físico e da organização da nova unidade. Lembro-me quando fomos procurados por uma entidade filantrópica e ele prontamente interessou em ajudar a arrumar a contabilidade da mesma. Era um jovem mestre e aprendi muito com ele nesta ocasião.

Depois de aposentado, Falleiros costumava passar pela Faculdade para uma conversa e um cafezinho. Sempre bem humorado e sábio, estas conversas era uma situação ideal para continuarmos aprendendo com sua experiência.

Existiu alguém que não gostava dele?

Myriad Genetics, Angelina Jolie e Mercado de Capitais

Myriad Genetics possui tecnologia capaz de avaliar riscos, progressões de doenças e tratamentos mais indicados para cada caso

As ações da Myriad Genetics, responsável pelo teste genético a que Angelina Jolie se submeteu para detectar risco de câncer - e que a levou à mastectomia dupla - subiram 15% desde o caso ganhar as páginas dos jornais do mundo todo.

O teste, conhecido como BRCA, custa US$ 3 mil - aponta matéria do El País.

A Myriad é pioneira na medicina preventiva. Seu exame avalia riscos e progressões de doenças e pode sinalizar quais os tratamentos mais indicados. E, embora seja de última geração, já é acessível nos Estados Unidos em 95% dos planos de saúde.

Os americanos que não possuem planos podem, em breve, conseguir fazer o teste. O mais alto tribunal dos Estados Unidos avalia se a tecnologia da Myriad deve ser compartilhada para incentivar a inovação. E, caso a decisão seja positiva, os exames devem se tornar mais baratos e, provavelmente, serão fornecidos no sistema público de saúde.

Mas, por enquanto, a Myriad impede que outros cientistas e laboratórios desenvolvam exames alternativos semelhantes aos seus.

Fonte: Aqui

13 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Futebol e dinheiro. Veja também: Messi e o Fisco

Consequências econômicas da criação de municípios

Por Cristiane Agostine e Raphael Di Cunto

O projeto de lei que regulamenta a criação de municípios, aprovado na semana passada pela Câmara, deve trazer pelo menos três problemas econômicos, segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As pesquisas indicam que a divisão de cidades pode reduzir os investimentos nas áreas sociais dos novos municípios, em detrimento ao custeio da máquina. Além disso, tende a diminuir o crescimento econômico dos municípios vizinhos às novas cidades e a reduzir recursos para as regiões metropolitanas.

De acordo com o economista Rogério Boueri, diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, os municípios do entorno das cidades que se dividiram tendem a crescer anualmente, em média, 0,8 ponto percentual a menos do que as demais cidades do mesmo Estado. "O efeito sobre o crescimento econômico da região é negativo", diz. Segundo Boueri, isso ocorre porque a cidade que deu origem a um novo município deve receber menos recursos e, por isso, tende a prejudicar o crescimento de cidades vizinhas.

Outro problema apontado pelo pesquisador é o impacto sobre os municípios das regiões metropolitanas. Eles já recebem proporcionalmente menos recursos per capita do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) do que as cidades do interior e com mais cidades veem sua fatia diminuir ainda mais.

O FPM é composto de parte da arrecadação dos impostos de renda e sobre produtos industrializados (IPI) e é repartido de acordo com o tamanho da população. Nos municípios com menos de 10 mil habitantes, há uma cota mínima igual para todos, o que faz com que a criação desse tipo de cidade tire dinheiro dos que terão de repartir o bolo.

Isso provoca uma distorção nos recursos em favor das cidades com até 5 mil habitantes, cuja receita corrente per capita era de R$ 2,9 mil em 2010, acima da obtida por outras prefeituras (veja tabela). É o dobro, por exemplo, da receita de municípios com população entre 20 mil e 100 mil. O problema se agrava ao considerar que 53% das 1,4 mil cidades criadas desde 1989 têm até 5 mil moradores.

Quando há emancipação de um município, a soma das transferências do FPM para as cidades resultantes da divisão é maior do que o FPM recebido pelo município original, segundo o Ipea. Por exemplo, o FPM per capita recebido por uma região originalmente constituída por um município de 10 mil habitantes e que se divide em dois de 5 mil moradores dobrará. Esses recursos adicionais serão compensados por uma redução do FPM dos demais municípios - prejudicando especialmente as cidades da região metropolitana. As capitais têm regras próprias para o FPM.

De acordo com estudo de Gustavo Gomes e Maria Cristina Dowell feito em 2000 para o Ipea, a criação de cidades não causa mais gastos para a União ou aos Estados, mas resulta em uma queda nos investimentos sociais na medida em que os novos municípios retiram dinheiro dos que já existem e usam os recursos para custear a administração pública, como a Câmara de Vereadores e o funcionalismo.

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Fonte: aqui