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14 setembro 2011

Ajuste Ebitda


É sabido que boa parte das companhias abertas não tem muito apreço pelas medidas contábeis na hora de divulgar seus resultados financeiros. A fixação de analistas e investidores pela geração de caixa diminuiu a importância que os gestores dessas empresas dão ao bom e velho lucro líquido, na mesma medida em que o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes do resultado financeiro, de impostos sobre o lucro, depreciação e amortização) virou o principal foco da administração.


Mas o Ebitda, que não é uma medida contábil e já desconta muitas linhas "negativas" do resultado, também não atende mais ao gosto de um grupo crescente de companhias. [1]


A medida preferida de resultado delas passou a ser, então, o Ebitda ajustado. Muitas nem dão "sobrenome" ao indicador, se limitando a colocar uma nota de rodapé para esclarecer que o Ebitda que aparece na tabela dos comunicados ao mercado tem suas peculiaridades.


Esses ajustes têm proporções que merecem a atenção dos investidores. Em um grupo de 15 companhias identificadas pelo Valor, o Ebitda ajustado foi 35% maior que o Ebitda "puro" apresentado pelas empresas no primeiro semestre deste ano. [2] Sem o ajuste, ou seja, considerando apenas o que as letras da sigla Ebitda significam, a soma dos resultados ficou em R$ 5,22 bilhões. Após os acertos feitos pelas companhias para divulgação ao mercado, o montante aumenta em R$ 1,84 bilhão, para R$ 7,06 bilhões.


Na análise do lucro, a diferença percentual foi ainda maior, de 70%. O resultado líquido publicado somado de um grupo de sete companhias selecionadas foi de R$ 806 milhões no primeiro semestre de 2011. O lucro ajustado divulgado ao mercado somou R$ 1,37 bilhão, com uma diferença positiva de R$ 570 milhões.


Os casos que mais chamaram a atenção no primeiro semestre foram os da Positivo Informática e o da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI).


A fabricante de computadores teve prejuízo de R$ 118 milhões de janeiro a junho deste ano. Na segunda página do seu comunicado sobre resultados, no entanto, o leitor verá um resultado líquido ajustado negativo de apenas R$ 24 milhões.


O principal motivo para a diferença, detalhado na página 20 do comunicado, está no fato de que, no segundo trimestre, a empresa reconheceu uma perda de R$ 94,7 milhões no valor de estoques que estavam com ela ou com terceiros, além de ter baixado do ativo peças usadas sem valor de recuperação. A empresa diz que o ajuste não teve efeito no caixa no momento da baixa. Isso é fato: o dinheiro foi gasto quando o estoque foi formado. Mas também é fato que a contabilidade segue o regime de competência, não o de caixa. [3]


O caso da CCDI é semelhante, embora com apresentação diferente. A empresa reviu seus orçamentos de obras e verificou que o custo de construção de alguns empreendimentos foi maior do que o originalmente previsto. O impacto negativo registrado no segundo trimestre foi de R$ 90,1 milhões.


A empresa divulga o resultado oficial registrado com destaque logo na primeira página do seu comunicado ao mercado e acrescenta um dado que chama de pro forma, que desconta esse ajuste e efeitos extraordinários do período.


Procurada na sexta-feira, a Positivo não deu uma resposta até o fechamento desta edição. A CCDI disse que as informações que poderia prestar já estavam no seu comunicado ao mercado.


Nesses dois casos, as diferenças mais relevantes têm ligação com eventos que realmente não se repetem com frequência.


Nos demais identificados pelo Valor, o que ocorre é um ajuste sistemático, que se repete em todas ou quase todas as divulgações de resultado trimestral.


Embora os analistas setoriais especializados já estejam habituados aos ajustes, para o investidor comum é importante conhecer alguns deles.


Empresas que realizam aquisições com frequência, como a companhia de bens de consumo Hypermarcas e a rede de ensino Anhanguera, estão entre aquelas que fazem ajustes repetidamente.


O diretor financeiro e de relações com investidores da Hypermarcas, Martim Prado Mattos, diz que desde a abertura de capital, em 2008, a companhia adotou a prática de retirar da conta do Ebitda as despesas e receitas extraordinárias ligadas às 19 aquisições que ocorreram no período.


Para ele, é exatamente para isso que serve o comunicado sobre resultados preparado pela área de relações com investidores. "É uma tradução, na visão da administração, de como foram os resultados. Senão bastaria divulgar o ITR."


O que é essencial, afirma o executivo, é que fique claro para os investidores os ajustes que foram feitos. "Aí cada um interpreta da forma que quiser. Tem gente que usa o ajustado e tem gente que não", explica o executivo.


Ele destaca ainda que o resultado ajustado é mais comparável com o de anos anteriores. Por exemplo, ele cita que a migração para o padrão contábil tirou do resultado as comissões pagas em ofertas de ações, mas incluiu despesas com advogados e bancos em operações de aquisição, que antes se refletiam apenas nas contas do balanço patrimonial.


Além dos resultados considerados não recorrentes, a Hypermarcas, assim como muitas empresas, exclui do Ebitda divulgado as despesas com plano de opção de ações para os executivos. "É um lançamento contábil. Do ponto de vista do caixa, não tem saída", afirma o executivo.


No caso da Anhanguera, o lucro ajustado desconta diversos lançamentos sem efeito caixa, como o ajuste ao valor presente do resultado financeiro, o Imposto de Renda diferido e a amortização de ágio da carteira de clientes de empresas adquiridas.


No cálculo do Ebitda, despesas e receitas consideradas não recorrentes também são excluídas.


Segundo Ricardo Scavazza, vice-presidente financeiro da Anhanguera, a divulgação de resultados ajustados é importante para favorecer a análise e para que o investidor entenda os efeitos de aspectos operacionais sobre o negócio. Ele ressalta que os ajustes são feitos tanto se forem positivos quanto negativos para o resultado final. "Nós chamamos atenção tanto para um ganho não recorrente para aquele período como, se for o caso, para despesas extraordinárias", diz.


O executivo afirma ainda que o investidor tem à sua disposição o resultado contábil e os ajustes. Assim, se alguém discordar da classificação de determinado item como não recorrente pela companhia, é possível não levar esse ponto em consideração.


Mas não são apenas essas empresas que divulgam números ajustados.


A BM&FBovespa, por exemplo, divulgou lucro líquido ajustado de R$ 793 milhões no primeiro semestre, 40% maior que medida contábil, que foi de R$ 564 milhões. A diferença se deve ao desconto de um passivo diferido de Imposto de Renda ligado à amortização do ágio gerado na fusão da Bovespa com a BM&F.


Questionada sobre por que considera relevante divulgar os dois dados, a bolsa informou que o resultado ajustado "é um número gerencial apresentado pela empresa para refletir de forma mais apropriada a geração de caixa da companhia". A empresa diz que a metodologia "é divulgada de forma bastante transparente, de forma que fica a critério de cada analista ou acionista utilizar ou não o conceito de lucro líquido ajustado".


Redecard e Cielo, que atuam como credenciadoras de estabelecimentos que aceitam cartão de crédito e débito, somam ao Ebitda o resultado financeiro que obtêm com a antecipação de recebíveis aos clientes. Apesar de a norma contábil não abarcar essa avaliação, a Redecard disse, em resposta, por e-mail, que "entende que essa atividade faz parte do seu resultado operacional".


A companhia disse ainda que as demonstrações contábeis são suficientes para que o leitor possa montar e analisar o Ebitda e acrescenta que, conforme ofício da CVM, também apresenta uma reconciliação do Ebitda ajustado nos seus comunicados ao mercado.


A Cielo preferiu não dar entrevista sobre o assunto.


Entre as procuradas, B2W, Rossi e Pão de Açúcar não responderam aos pedidos de entrevista. A Viver (ex-Inpar) disse que não tinha porta- voz disponível para falar e a Multiplan argumentou que está em período de silêncio por conta de uma emissão de debêntures. 

Ajuste Bilionário - Valor Econômico - Fernando Torres e Ana Paula Ragazzi - 14 set 2011. Foto, aqui

[1] Não é medida contábil, nem fluxo de caixa.
[2] Este número informa o objetivo do Ebitda ajustado: melhorar a imagem de desempenho da empresa.
[3] Uma observação interessante.

Links


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Tamanho dos balanços

O jornal Valor Econômico trouxe um texto sobre o tamanho dos balanços das empresas. O título (Balanços crescem muito e diretor da Vale teme mostro, de Fernando Torres, 13 set de 2011) chama atenção para uma afirmação do diretor de controladoria da Vale. Eis um trecho:


O professor Ariovaldo dos Santos, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, cita por exemplo casos em que as notas explicativas detalham todos os 43 pronunciamentos contábeis, além das interpretações e orientações emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e ratificadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Que sentido faz isso?", questiona o professor.
Para ele, as empresas deveriam procurar ajuda de profissionais da área de comunicação e de letras para tornar as notas mais sucintas. "Essas pessoas vão conseguir resumir 12 páginas em uma e meia com competência", diz Santos, que avalia que os balanços, da forma como são divulgados hoje, são desinteressantes.
Esta é uma tendência, já notada não somente no Brasil. Algumas possíveis explicações para isto: (a) dificuldade de resumir assuntos complexos; (b) as empresas preferem pecar pelo excesso e talvez por medo de serem processadas preferem divulgar tudo; (c) a norma exige muita divulgação. 
Foto: aqui

Nos bastidores da Disney

Por Isabel Sales

Nos Bastidores da Disney (Tom Connellan, Ed. Futura) é um dos livros que mais indico por aí. E de forma bem insistente. Sou uma entusiasta por assuntos que envolvem a Disney, especialmente o que se relaciona a eficiência do modelo. O livro de Connellan fala sobre alguns dos princípios que orientam a cultura e o sucesso do grupo, que podem ser aplicados a outras empresas (e até ao nosso comportamento cotidiano). Mas, além disso, acaba sendo um guia turístico inusitado e divertidíssimo!

Vou transcrever apenas um pedacinho (que não é o meu preferido). Não vou falar muito, pra não estragar a diversão de vocês. Boa leitura!

Deixem-me contar o caso do outro membro do elenco que conheci. Estava conversando com ele quando um casal com três filhos apareceu e perguntou a que horas começava a parada das 15 horas. Fiquei pensando... Será que existe pergunta mais idiota?
"A reação do membro do elenco me surpreendeu. E, tenho de admitir, me humilhou. Ele sorriu para o pessoal e disse: 'Bem, a parada começa pontualmente, e vocês devem chegar por volta das 14h30 para conseguir um bom lugar'. O casal agradeceu e saiu caminhando."

Ao pensar no caso, percebi que ele não chegou a responder a pergunta que fizeram. Fez algo ainda melhor. Respondeu à pergunta que não fora formulada — aquilo que realmente queriam saber. É uma habilidade especial. E é uma atitude positiva: acreditar que as pessoas são mais inteligentes do que parece e saber que ocasionalmente elas têm dificuldade para se expressar com clareza. Gostaria que um número maior de funcionários do banco tivesse essa atitude.

Parceiros do blog:


Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.

Competição e governança

Este artigo examina se as empresas das indústrias não-competitivas beneficiam relativamente mais da boa governança do que as empresas em indústrias competitivas. Consistente com esta hipótese, encontramos que as empresas com má governança, medida pelo Índice G, têm retornos mais baixos de capital, pior desempenho operacional e menor valor de empresa, mas apenas nas indústrias não-competitivas.

Fonte: aqui

Valor do Diploma


Investir em uma formação de ensino superior resulta em ganhos futuros. A conclusão faz parte de relatório divulgado nesta terça-feira, 13, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o documento, no Brasil, ter curso superior resulta em um aumento de 156% nos rendimentos. Um salário mínimo de R$ 545 seria elevado para quase R$ 1.400, por exemplo. Um salário de R$ 2 mil viraria R$ 5.120 com curso superior. É o mais alto índice entre todos os 30 países pesquisados.


O estudo aponta que, nos países analisados, em média, um indivíduo que concluiu a educação superior recebe pelo menos 50% a mais do que uma pessoa com ensino médio concluído.

Brasil é país onde fazer faculdade mais aumenta o salário - Agência Brasil . Foto, aqui

A China vai salvar a Itália?

Resposta de um economista chinês:

“China is a poor country with only $4,000 per capita income. To talk and think about China to rescue countries with $40,000 per capita incomes is ridiculous.”

-Yu Yongding, a Chinese top economist and former member of the central bank’s monetary policy committee.


Fonte: NYT

Leilões

O uso de softwares "robôs" para fraudar pregões eletrônicos do governo federal está levando empresas ao Judiciário. Uma liminar do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, suspendeu uma licitação do Ministério da Saúde em que a vencedora é acusada de burlar o sistema do Comprasnet - o site de compras do governo - usando um programa de computador capaz de cobrir, em frações de segundos, cada lance da concorrente. É a primeira decisão judicial de que se tem notícia sobre o uso desses softwares, disseminados principalmente no último ano nos pregões.


Fonte: aqui. Foto: aqui

Adoção das normas


Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) de Campinas (SP) em parceria com a KPMG e a Policamp mostra que as empresas ainda estão patinando para se adequar às novas regras contábeis.


A pesquisa refere-se ao exercício de 2010, primeiro ano em que a entrega das demonstrações financeiras no padrão IFRS passou a ser obrigatória. Foram avaliadas 61 empresas de grande porte e 39 empresas de pequeno e médio porte (PMEs) da região - principal polo industrial e de tecnologia do Estado de São Paulo-, que, juntas, somam ativos de R$ 119 bilhões e geraram um caixa de R$ 12 bilhões em 2010.


Como era de se esperar, existe um grande vale entre os padrões de divulgação das empresas de grande porte - com ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual acima de R$ 300 milhões - e das PMEs. Em 2010, 87% das grandes empresas da amostra divulgaram suas demonstrações financeiras de forma completa - em 2009, esse porcentual foi de 81%. Já no universo das PMEs, apenas 59% entregaram todas as peças contábeis em relação ao exercício do ano passado. É o primeiro ano em que esse tipo de empresa integra a pesquisa.


A checagem das demonstrações financeiras por auditores independentes foi observada em 85% das grandes empresas da amostra em 2010, mesma fatia verificada no ano anterior. O parecer de auditores registrados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma exigência para as companhias de capital aberto, instituições financeiras e empresas de grande porte. Entre as pequenas empresas, para as quais a obrigatoriedade não se aplica, apenas a metade teve seus balanços auditados.


O número de ressalvas por parte dos auditores, que ocorrem quando há itens que não atendem às especificações previstas pelo IFRS, também aumentou, refletindo o fim do processo de convergência para o novo padrão.


Dentre as grandes empresas cujas demonstrações foram auditadas, apenas 38% não apresentaram nenhuma ressalva em 2010, uma redução significativa frente ao exercício anterior (85%).


Os desvios constatados pelos auditores concentraram-se no cumprimento da resolução que diz respeito aos ativos imobilizados, que determina que se atendam a critérios como a revisão da vida útil dos ativos em vez de taxas de depreciação fiscais.

Empresas ainda patinam na adoção - Por Natalia Viri | De São Paulo - Valor Econômico. Foto aqui

Reguladores X Deloitte

A firma afiliada à Deloitte na China disse ter colaborado com a comissão de valores mobiliários americana (SEC) tanto quanto possível sob as leis chinesas com relação ao caso de seu ex-cliente de auditoria Longtop Financial Technologies.

A lei impede que a Deloitte libere documentos para um regulador estrangeiro sem a aprovação das autoridades chinesas, informou um porta-voz da auditoria na sexta-feira.

Um dia antes, a SEC entrou com uma ação de execução contra a Deloitte Touche Tohmatsu CPA, de Xangai, por não ter liberado documentos relacionados a uma investigação da Longtop depois de intimações feitas em maio.

A Longtop informou naquele mês que a Deloitte renunciou por causa de erros nos registros financeiros da companhia.

Em julho, a SEC e o Conselho de Supervisão de Companhias de Capital Aberto (PCAOB) reuniram-se com seus colegas na China para discutir fiscalização internacional.

“Passamos os pedidos da SEC para os reguladores na China, como é previsto, mas até agora os reguladores não nos deram permissão para entregar os papéis de trabalho para a SEC”, diz o comunicado da Deloitte. “Esperamos que um mecanismo possa ser encontrado o mais breve possível para que haja uma solução que respeite as leis em ambas jurisdições.”

“O assunto é essencialmente uma questão entre reguladores na China e nos Estados Unidos; a Deloitte China ficará contente em seguir qualquer determinação que esteja de acordo com os dois”, diz o comunicado.

Em um comunicado divulgado na quinta-feira, a SEC diz que não pôde ter acesso a informações “cruciais” na investigação de uma possível fraude na Longtop.

A iniciativa da SEC seria “essencialmente uma disputa entre a SEC e os reguladores chineses que força a Deloitte a se apoiar na lei chinesa para justificar a não entrega dos documentos”, disse Jacob Frenkel, um ex-advogado da SEC que agora trabalha com o escritório Shulman Rogers Gandal Pordy & Ecker em Potomac, Maryland.

“Firmas de auditoria sabem que a SEC tem o direito de pedir e revisar os papéis de trabalho. A questão é a disputa sobre o acesso a documentos relacionados a auditoria de companhias chinesas.”

“Cumprir uma intimação da SEC não é uma opção, é uma obrigação”, disse Robert Khuzami, chefe da área de fiscalização da SEC no comunicado. (Colaboraram Dune Lawrence, em Nova York, e Joshua Gallu, em Washington.)

Fonte: Debra Mao, Bloomberg, Valor Economico

Ibracon pede transparência na discussão sobre rodízio

O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) encaminhou uma carta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedindo que a autarquia torne públicas as críticas que recebeu durante a audiência sobre o rodízio de firmas de contabilidade nas companhias abertas.

Praxe do órgão regulador brasileiro, a análise dos comentários e sugestões no período após o encerramento da audiência – e antes da emissão da norma – ocorre sob regime confidencial. Essa prática, no entanto, contrasta com o modelo de transparência adotado, por exemplo, pela Securities and Exchange Commission (SEC), nos Estados Unidos.

Segundo Alexsandro Broedel, diretor da CVM, essa é a primeira vez que a autarquia recebe um pedido de divulgação das críticas antes da conclusão da análise. “A demanda é inédita e achamos pertinente. Mas primeiro é preciso resolver as questões operacionais necessárias para a divulgação do material”, diz Broedel. “Se abrirmos os dados de uma audiência, teremos que abrir de todas”, complementa.

Entre os dias 15 de julho e 15 de agosto, a CVM recolheu sugestões para sua proposta de ampliar de cinco para dez anos o prazo de rotação de firmas. A contrapartida exigida das empresas seria a estruturação de um comitê para fiscalizar as atividades dos auditores.

A iniciativa da CVM reinaugurou a polêmica discussão sobre o rodízio obrigatório de auditorias. A exigência, presente hoje em poucos países, como Brasil e Itália, está sendo avaliada pelos reguladores dos demais países da União Europeia e dos Estados Unidos.

“O fato de o rodízio estar sendo discutido lá fora, não significa que será implementado”, aponta Ana Maria Elorrieta, presidente do Ibracon. Para ela, a instalação do comitê de auditoria deveria ser suficiente para que a empresa não precisasse mais trocar de firma. “Nos últimos 15 anos, houve diversos avanços na fiscalização da CVM e outros autorreguladores”, justifica.

Segundo Broedel, a análise dos comentários deve demorar pelo menos mais um mês. “Algumas pessoas confundiram. Não estamos discutindo a necessidade do rodízio, e sim a forma do comitê”, diz.

Broedel assume que algumas questões pontuais sobre o formato do comitê estão sendo revisadas. É o caso, por exemplo, da necessidade de troca dos seus membros a cada cinco anos e da tarefa de “avaliar e monitorar” a adequação das transações com partes relacionadas atribuída a eles na proposta original do órgão. “Mas não abriremos mão de que o comitê seja previsto no estatuto da empresa”, diz.

Fonte: Marina Falcão, Valor Economico

Como se concentrar na era da distração?


Fonte:aqui

O lado ruim da economia brasileira

A abundância de dinheiro ajudou a financiar empréstimos bancários mais arriscados e alimentou a bolha imobiliária em potencial. Por algumas medidas, o real é agora a moeda mais valorizada do mundo e muitas fábricas locais não são competitivos nos mercados globais.

Fonte: aqui

13 setembro 2011

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Crítica a EY


Sobre a posição da Ernst Young e sua auditoria na Sino-Forest:

A Ernst ainda está se aferrando a sua posição de que os livros contábeis da Sino-Forest estão limpos, segundo o padrão de aprovação e reprovação da auditoria. Para além disso, a empresa se recusa a falar publicamente sobre seu trabalho de auditagem para a companhia, cujo conselho de administração abriga dois ex-sócios da Ernst.


Há todos os motivos para acreditar que o aviso da Muddy Waters foi espetacularmente correto. Mais uma vez uma auditoria pertencente ao grupo das quatro grandes parece ter sido pega de calças curtas, ao dizer ao público investidor, por vários anos, que os números de uma empresa de vários bilhões de dólares eram dignos de confiança, a tempo apenas de ver sua opinião descartada pelos mercados e suas conclusões derrubadas por autoridades do governo. Mesmo as agências de classificação de crédito que normalmente atribuem notas baixas, notórias pela lentidão em dar o tiro de misericórdia em empresas moribundas, foram mais rápidas no gatilho desta vez.


O principal órgão regulador de valores mobiliários do Canadá, a Ontario Securities Commission (OSC), suspendeu as transações com as ações da Sino-Forest no fim de agosto. A comissão disse que a Sino-Forest, bem como certos de seus executivos e diretores, parecem ter desvirtuado a receita da empresa, exagerado suas participações no setor de madeira e se envolvido em atos "que eles sabem ou que deveriam saber que perpetuam uma fraude."


Como se isso não fosse suficiente para abalar a confiança da Ernst, a Sino-Forest disse na semana passada que o presidente de seu conselho de administração e principal executivo, Allen Chan, tinha pedido demissão, até a conclusão de uma análise interna das denúncias da Muddy Waters.


A empresa afastou temporariamente três outros funcionários "depois que determinadas informações foram descobertas no decorrer" da análise, sem dizer que informações eram essas. Em seu comunicado à imprensa de 28 de agosto, a Sino-Forest disse que "as denúncias feitas no mandado temporário da OSC, embora não comprovadas, são graves".


A única reação pública da Ernst foi não dizer nada de significativo. "Temos conhecimento do mandado temporário da OSC e do comunicado da empresa à imprensa e estamos avaliando esses desdobramentos", disse Amanda Olliver, porta-voz da Ernst, por e-mail. "Nossas obrigações profissionais nos impedem de falar mais detalhadamente sobre questões relativas aos clientes."


Certamente os executivos e diretores da Sino-Forest estão gratos à Ernst por proteger seus segredos dos enxeridos olhos da opinião pública. Por outro lado, a única coisa que os investidores têm para tomar como base da parte da Ernst é o parecer que a auditoria assinou em 14 de março atestando a veracidade das demonstrações financeiras do fim do ano. Sejam quais forem as provas que a Ernst tinha para sustentar sua posição de que os livros contábeis da Sino-Forest estavam corretos, é difícil imaginar que os sócios da empresa possam ter toda essa certeza agora.


A Ernst tem alternativas, efetivamente, além de se preparar para os inevitáveis anos de contenciosos judiciais e investigações. Ela poderia se desligar, explicar por que está agindo dessa forma e enfrentar as críticas por agir tarde demais. Ela poderia retirar suas opiniões de auditorias anteriores. Poderia insistir com os diretores da Sino-Forest para que a autorizassem a responder perguntas do público sobre o trabalho que executou, como condição para não se retirar. Ou poderia continuar em silêncio, como está agora, e ver a sua reputação sofrer um novo abalo.


O fato de ela estar optando pela última dessas alternativas reforça a percepção de que a Ernst deixou a desejar e pode ter algo a esconder. Nenhum cliente merece isso, por mais honorários que pague. Já passou da hora de dar um basta.


Duas agências de risco já se foram; auditor continua firme - Jonathan Weil - Bloomberg - Publicado no Valor. Mais notícia aqui e aqui

Neuroeconomia



John Coates, um pesquisador sênior de neurociências e finanças da Universidade de Cambridge, tem uma teoria. Ele diz que haveria menos bolhas e crashes no mercado de ações se mulheres e homens mais velhos conduzissem a maioria dos negócios. "Há menos diversidade no mundo financeiro que no militar", ironiza ele. "Em Wall Street, temos uma parcela da população - homens jovens - conduzindo os pregões. Isso leva a um comportamento extremo: eles ficam selvagens."


Isso não é bom para as ações. Tal comportamento provavelmente contribuiu para o crash da internet em 2000 e o crash de 2008-2009, alimentado pelas hipotecas subprime. Portanto, Coates, que passou 12 anos negociando derivativos de renda fixa para o Goldman Sachs e o Deutsche Bank em Nova York, está agora examinando os hormônios dos operadores, em busca de pistas sobre o grau de risco que as mulheres e os operadores mais velhos se dispõem a assumir.


Em 2007 Coates dirigiu-se a um pregão e recolheu repetidas vezes amostras de saliva de 250 operadores, a maioria homens jovens. Ele constatou que no período da manhã, quando seus níveis de testosterona estão altos, a confiança dos operadores também é alta. Na medida em que fazem negócios bem-sucedidos, seus níveis de testosterona sobem ainda mais, levando a lucros na parte da tarde.


Os homens jovens começam a se sentir infalíveis, assumindo um comportamento cada vez mais arriscado, como comprar ações a preços sobrevalorizados. Mas, em algum momento, testosterona demais e um excesso de julgamentos equivocados levam os mercados a níveis de alta insustentáveis. Então o ciclo termina. As ações sobrevalorizadas sofrerão um crash e os níveis de testosterona voltarão ao normal. "A testosterona é a molécula que explica a exuberância irracional", afirma Coates. "Uma certa quantidade de testosterona pode ser saudável, mas o excesso pode levar a uma bolha."


Para a maioria dos pesquisadores que trabalham com a neurociência, o "Santo Graal" é descobrir como regenerar os neurônios do cérebro. Tal feito ajudaria os cientistas a acabar com doenças como o mal de Parkinson e o mal de Alzheimer. Mas outros estão usando as técnicas desse campo em crescimento nas finanças comportamentais, que por si só é uma mistura de economia com psicologia. O resultado é um novo campo chamado neuroeconomia, que tenta explicar como as pessoas gerenciam riscos e por que elas sempre tomam decisões irracionais.


A importância das emoções não é nenhuma novidade. Benjamin Graham, considerado o pai do "value investing", certa vez disse: "Os indivíduos que não conseguem dominar suas emoções estão mal adaptados para lucrar com o processo de investimento". Mas as principais teorias do campo hoje conhecido como finanças comportamentais foram desenvolvidas por Richard Thaler, professor de economia e ciências comportamentais da Booth School of Business da Universidade de Chicago, e Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, cujos trabalhos sobre essas questões, com o falecido Amos Tversky, lhes renderam o Nobel em Ciências Econômicas em 2002. [Na verdade só Kahneman ganhou o Nobel]


Kahneman e Tversky constataram que as pessoas sofrem mais com a perda de dinheiro do que sentem prazer ganhando dinheiro. Portanto, elas tendem a se agarrar a ações perdedoras, ao invés de vendê-las e evitar uma perda maior.


A irracionalidade também pode assumir a forma de um afeiçoamento emocional a um determinado ativo. R. J. Weiss, o fundador de 26 anos do blog Gen Y Wealth, recentemente postou que foi pego em uma armadilha de comportamento. Quando seu avô faleceu, ele herdou ações que eram negociadas a US$ 25. As ações caíram para US$ 20, US$ 10 e depois para US$ 5, mas Weiss não conseguiu se desfazer do presente que recebeu do avô. Finalmente, em abril, ele vendeu as ações por US$ 3,04, arcando com uma perda de 90%. "O tempo todo que o mercado caía eu sabia que manter as ações era a coisa errada a ser feita, mas eu não conseguia vendê-las", escreveu Weiss.


Dan Ariely, um economista comportamental do Massachusetts Institute of Technology (MIT), diz que as pessoas precisam ser cautelosas com essa irracionalidade, e que talvez seja até mesmo preciso estabelecer mecanismos que impeçam as pessoas de agir de maneira imprudente. "Sabemos que precisamos criar um mecanismo que impeça as pessoas de enviar mensagens de texto pelo celular enquanto estão dirigindo", afirma Ariely. "Mas, no mercado, não estamos levando em conta o caráter humano, e isso está nos levando para o mau caminho."


Primeiro, porém, os neuroeconomistas precisam entender o papel da emoção nas tomadas de decisões. Brian Knutson, um neurocientista da Universidade Stanford, e Camelia Kuhnen, uma professora de finanças da Kellog School of Management da Northwestern University, rastreiam os cérebros dos investidores enquanto eles tomam decisões de compra e venda. Eles constataram que os investidores com o maior apetite pelo risco aumentam a atividade cerebral em uma área chamada núcleo acumbente. Esta é a parte que é ativada em um animal quando ele encontra comida, ou em um predador quando ele parte para uma caçada.


Ao mesmo tempo, há um aumento da dopamina, responsável pela sensação de bem-estar. Ela inunda nosso cérebro quando antecipamos algo prazeroso ou excitante como ouvir música, fazer sexo ou pular de paraquedas. Um aumento da dopamina pode levar os investidores a adotar comportamentos de risco.


Os investidores que são mais avessos ao risco - e menos inclinados a comprar uma ação em grande demanda - mostram um aumento da atividade em uma parte diferente do cérebro, a ínsula anterior, que tem um papel muito importante em emoções como ansiedade e dor. Ela é a parte que é ativada quando sentimos o cheiro de um ovo podre ou o silvo de uma cobra. "Ao desconstruir os motivos que levam os investidores a ficarem entusiasmados, e por que eles fazem o que fazem, vamos desenvolver ferramentas que poderão ajudar as pessoas e tomar decisões melhores", afirma Knutson.


Uma das ferramentas em que Knutson está trabalhando é uma maneira de ajudar a impedir os investidores de se tornarem vítimas de fraudes financeiras. Knutson, cujo trabalho é bancado pela Financial Industry Regulatory Authority (FINRA), está usando a tecnologia de imagens cerebrais para ver o que acontece quando os investidores são seduzidos por golpistas. Ele diz que pode parecer que as vítimas são simplesmente pessoas ignorantes. No entanto, pode ser que as vítimas sejam pessoas cujos cérebros ficam tão animados com os ganhos em potencial que não conseguem evitar a tomada de risco. Ou talvez essas vítimas não sintam medo. Suas constatações poderão levar a uma ferramenta para salvaguardar os investidores.


Para onde tudo isso vai? Talvez um dia investidores e operadores tenham um dispositivo biométrico conectado aos seus computadores. Ele poderá escanear o córtex pré-frontal do cérebro, determinar os níveis de testosterona e medir a quantidade de suor nas palmas das mãos em microssegundos, antes de alertar você para não fazer determinado negócio. Ou as pesquisas atuais poderão resultar em medicamentos que tornarão as pessoas mais racionais.


"Dentro de poucas décadas, medicamentos que reforçam o desempenho serão uma parte integrante de nosso mundo", afirma Hersh Shefren, professor de finanças comportamentais da Santa Clara University. "No momento isso é ficção científica, mas a ficção científica sempre acaba virando ciência." (Tradução de Mario Zamarian)


Neuroeconomia busca desvendar a cabeça do investidor - Por Nikhil Hutheesing | Da Bloomberg - Publicado no valor Econômico


Você acredita em teoria econômica?

Sabendo o que o leitor vai pensar diante desta momentosa indagação, o texto abaixo destina-se a reforçar o cetecismo através da apresentação de um paradoxo e de uma nova lei. Não se trata de diminuir os economistas, como pode parecer, mas de mostrar que o manuseio de teorias, mesmo as mais simples, por amadores ou gente mal intencionada, pode induzir o leitor inocente ao erro. Ou seja, a teoria é muito utilizada, às vezes, inclusive, de forma sensata, para o que se conhece como “contas de chegada”.

Dentre as leis da economia uma que anda um tanto em evidência nos últimos tempos é que reza que a mesma mercadoria deve custar a mesma coisa em dois países, ou em duas regiões, que mantenham comércio entre si. Nada mais simples.

Não há razão, por exemplo, para que o preço do feijão seja diferente entre diferentes regiões do pais, exceto por custos de transporte. Se houver diferença ou “desalinhamento”, qualquer que seja o motivo, alguém esperto (e este não é um recurso escasso no país) poderá se engajar em uma atividade conhecida tecnicamente como “arbitragem”, que consiste em comprar onde está barato e vender onde está caro até os preços se igualarem. O “arbitrador” funciona como o “vaso comunicante” que assegura a “paridade” entre os preços.

A “lei” acima enunciada é conhecida como o “Paridade de Poder de Compra” (PPP), ou como a “Lei do Preço Único”. Suas utilizações são múltiplas e seu entendimento bastante disseminado.

De longe a mais popular de suas aplicações é fornecer uma resposta para uma das perguntas mais repetidas neste país nos últimos tempos, a saber: qual a taxa de câmbio “correta” entre o Real e o Dólar.

Para este fim usa-se, inclusive, um expediente desconcertantemente simples: comparações internacionais de preços de sanduiches Big Macs, conforme rotineiramente reportado pela revista The Economist. Segundo o Princípio de PPP, um “Big Mac”no Brasil deve custar, em dólares, a mesma coisa que nos EUA, uma vez que o produto é rigorosamente igual. Portanto, se o preço for diferente, a taxa de câmbio está “errada”.

Há, evidentemente, um “non sequitur”, ou seja, uma pequena e importante armadilha. O gerente local do McDonalds pode estar errado, e não o mercado de câmbio, mas este é um tema complexo, o leitor deve formar sua própria idéia sobre quem é mais racional.

Outra lembrança útil é que durante muitos anos vicejou uma outra “lei”, esta jocosamente apresentada como “corolário” da PPP, a “Lei de Sauer-Setubal” cujo enunciado era simples: “qualquer que fosse a taxa de mercado, estava sempre defasada em 30%”. Quem não ouviu histórias sobre “defasagem cambial”? É importante lembrar que o conceito de “defasagem”, ou “sobrevalorização” especialmente quando proclamada em percentuais até a terceira casa decimal, decorre geralmente da aceitação do princípio da PPP. Portanto, o leitor deve estar certo de que em diversas entidades patronais existem, ou ao menos existiam, ardorosos partidários da PPP.

Muito bem, feitas estas ressalvas, vamos aos fatos: o preço do Big Mac nos EUA é US$ 2,54 e no Brasil é R$ 3,60, ou seja, a taxa de câmbio “correta” segundo o critério de PPP seria de R$ 1,42 por dólar, acredite se quiser. Como o Big Mac custa R$ 3,60, se a taxa de câmbio de mercado está em R$ 2,83, isso significa um hamburger bem baratinho, custando em dólar US$ 1,27, ou seja, “sobredesvalorizado” em 49,9%. Com um dólar a R$ 2,50, o Big Mac brasileiro medido em dolares custaria US$ 1,44, ou seja, “sobredesvalorizado” em 43,3%. Números impressionantes, não? Será que estamos vivendo uma espécie de “bolha irracional” no mercado de câmbio, ou a diretoria do McDonalds errou suas contas? Onde está o erro?

Bem, sempre se pode dizer que estes números são calculados usando apenas uma combinação restrita de produtos e serviços, o Big Mac, e que o mundo é mais complexo, e que cálculos corretos de PPP deveriam considerar cestas mais amplas de mercadorias, tipicamente as que servem para os cálculos de índices de preços. Certo, o exercício com o Big Mac é apenas uma aproximação, os reparos são procedentes. O problema é que os cálculos mais minuciosos não nos dão como resultado nada de muito diferente. Ou seja, se voce acredita em PPP é difícil escapar da conclusão de que o real está “sobredesvalorizado”, ou seja, o contrário de defasado, em mais de 40%.

O problema é que há um desconforto generalizado com este número, tanto que os analistas andam dedicando uma imensa parcela do seu tempo a construir versões “ajustadas” do princípio de PPP, inventando novos conceitos de “taxa de equilíbrio”. Há muito mérito nesses esforços, alguns feitos há muitos anos e já consagrados. Mas há também o desejo de conciliar a teoria com o “olhômetro”, ou seja, o desejo de torturar a teoria até que ela confesse que a “sobredesvalorização” não é 50% mas 15%, e que o câmbio “correto” seria uns R$ 2,20. Muitos conseguiram, 15% parece razoável, não? E mais: é bom ficar 15% acima da paridade para dar um gás para as exportações.

Algum antropólogo deveria escrever um tratado sobre o significado de “15%” na cultura econômica do Brasil. Ou por que “15%” parece ser uma constante da Natureza, quando se discute desalinhamento cambial. Parece haver uma “outra” Lei de Sauer-Setrubal, própria para os novos tempos, que diria o seguinte: “quando o câmbio está errado, qualquer que seja a direção, é sempre por 15% e é bom que seja assim”.

Fonte: Gustavo H. Branco - Doutor em Economia pela Universidade de Harvard

Como detectar uma bolha de ativos?

O artigo institulado: "How to Detect an Asset Bubble", propõem técnicas não paramétricas para detecção de bolhas de ativos:

Resumo :

After the 2007 credit crisis, nancial bubbles have once again emerged as a topic of current concern. An open problem is to determine in real time whether or not a given asset's price process exhibits a bubble. Due to recent progress in the characterization of asset price bubbles using the arbitrage-free martingale pricing technology, we are able to propose a new methodology for answering this question based on the asset's price volatility. We limit ourselves to the special case of a risky asset's price being modeled by a Brownian driven stochastic di erential equation. Such models are ubiquitous both in theory and in practice. Our methods use sophisticated volatility estimation techniques combined with the method of reproducing kernel Hilbert spaces. We illustrate these techniques using several stocks from the alleged internet dot-com episode of 1998 - 2001, where price bubbles were widely thought to have existed. Our results support these beliefs.

Basileia 3 e Globalização

Dorotea, uma empresária de trinta e poucos anos que trabalha por conta própria com cerâmica, nas longínquas florestas do Peru, sabe tudo sobre a crise financeira mundial. Ela pode não estar familiarizada com as tecnicalidades do desaparecimento do Lehman Brothers, em 2008, nem com a consequente enxurrada de regulamentações destinadas a reparar o quebrado sistema bancário. Mas ela sabe que é uma pessoa de sorte. Se estivesse hoje tentando obter o empréstimo de 1.200 soles para um novo forno que obteve alguns anos atrás, ficaria frustrada.

A exemplo, virtualmente, de todos os bancos mundiais, sua instituição de microcrédito, o Mibanco, teve de reduzir os riscos a que estava exposto, e não está mais concedendo financiamento a empresários empobrecidos como Dorotea. “Ainda estamos emprestando”, diz seu gerente local. “Mas procuramos riscos menores – tomadores não tão pobres e não tão micro.”

Três anos depois de mergulharmos nas profundezas do pior colapso financeiro das últimas oito décadas, está mais claro do que nunca que a crise que muitos julgavam encerrada dois anos atrás continua em vigor – e, de certa forma, principalmente nos EUA e em toda a zona do euro, está se intensificando. As empresas e os políticos dizem que o crédito ou não está disponível ou está caro demais. Os bancos reclamam que os lucros estão sendo tão fortemente comprimidos que os investidores estão desertando deles. As autoridades reguladoras, ilhadas no meio, estão entregues às suas próprias dúvidas sobre se sua reação natural à crise – a formulação de novas e rígidas normas – está mesmo erigindo um sistema mais sólido, como o pretendido, ou se está exacerbando os problemas de uma frágil economia mundial.

Numa visão retrospectiva, está claro que a estrutura do setor nos anos anteriores a 2007 constituía um desastre anunciado. As instituições tinham se distorcido na busca de lucros arrasadores. Elas mantiveram pouco capital próprio para se proteger – e o capital que elas efetivamente tinham era, em muitos casos, amplificado em até 50 vezes com instrumentos de endividamento. Amplos lucros eram acumulados através de tomadas de empréstimo barato, muitas vezes de curto prazo, contratados sob o pressuposto de que os riscos inerentes de produtos que iam desde contratos de crédito imobiliário até derivativos complexos eram desprezíveis.

Hoje, esses elementos constitutivos da lucratividade – que geraram retornos sobre o capital de até 25 ou 30%, correspondente a cinco vezes a taxa normal de muitas empresas industriais de primeira linha – não existem mais. Muitos bancos detêm atualmente o triplo do capital que possuíam antes, e até seis vezes o financiamento líquido. Os múltiplos de alavancagem mais comuns se reduziram a 20. Os riscos foram reavaliados. E os lucros despencaram. Segundo o indicador preferido dos próprios bancos, o retorno sobre o patrimônio, que historicamente tem um desempenho ilusoriamente maximizado ao relacionar os retornos apenas com aquelas parcas reservas de segurança de capital, o máximo a que podem aspirar agora corresponde à metade da faixa do pré-crise.

O Citigroup, uma das grandes vítimas americanas, encolheu seus ativos – empréstimos, contratos de crédito imobiliário e de outro tipo de crédito – drasticamente. “O mundo mudou”, diz Alberto Verme, coprincipal executivo de suas divisões europeias. “Os bancos estão voltando ao básico – à captação de depósitos, ao repasse desses depósitos sob a forma de concessão de empréstimos e à administração do que é cada vez mais importante para os clientes – gerenciamento de caixa, financiamento de comércio exterior, câmbio.”

Os órgãos reguladores, por sua vez, baixaram uma grande quantidade de normas sobre o volume de capital próprio e de liquidez das instituições. Embora a maioria faça parte dos novos padrões do comitê da Basileia, o órgão regulador mundial, a serem introduzidos, progressivamente, até 2019, os analistas e investidores pressionam pelo cumprimento antecipado. Sua máxima para os últimos anos é simples: quanto maior o índice de capitalização – especificamente o patrimônio líquido em relação aos ativos ponderados pelo grau de risco -, melhor.

“Está bastante claro que o sistema bancário de hoje é mais seguro do que era alguns anos atrás”, diz Bob Penn, um dos sócios do escritório mundial de advocacia Allen & Overy. “Será que isso decorre de medidas regulatórias ou da simples reação do mercado à crise?”

Seja como for, a crise encontrou novo fôlego. Os custos diretos, arcados pelos governos três anos atrás, de salvar bancos quebrados, associados aos custos indiretos do desaquecimento da economia que acompanharam o colapso do setor e ao efeito bumerangue do excesso de tomada de empréstimos, se revelaram sob a forma de cargas de endividamento soberano insustentáveis da Europa aos EUA. Isso está se refletindo, novamente, no ainda frágil sistema bancário, num momento em que partes das carteiras tradicionalmente seguras das instituições de investimentos em bônus governamentais despencaram de valor.

“Nesse processo de reestruturação das demonstrações financeiras, as incertezas deste momento dizem respeito à habitação e aos governos”, diz Richard Brown, economista-chefe do FDIC, o órgão garantidor dos depósitos bancários e fiscalizador do setor nos EUA. Alguns acreditam que a raiz do problema foi a insuficiência das reformas. “As mudanças que foram lançadas e planejadas não tornarão [o sistema] seguro o suficiente”, diz o professor Anat Admati, da Universidade Stanford.

A título de exemplo, os mais recentes alvos da pressão vendedora dos mercados são os bancos franceses, que, com o apoio da autoridade reguladora nacional, resistiram em seguir a investida de Suíça, Suécia e Reino Unido para aumentar os níveis de capitalização para novos patamares recorde. Ao mesmo tempo, o BNP Paribas, o Société Générale e o Crédit Agricole têm exposições extraordinariamente altas à Grécia.

As autoridades de política monetária estão enfrentando dificuldades em corrigir os fundamentos errôneos das economias da zona do euro sem consumir o capital das reservas de segurança dos bancos. Mas, enquanto isso, a oferta de financiamento líquido de curto prazo a muitas instituições do continente está se esgotando, em uma reedição do nervosismo que aniquilou instituições como o Northern Rock do Reino Unido e o Lehman dos EUA em 2007-08.

“Os problemas fundamentais da zona do euro estão apenas piorando com o passar do tempo”, diz Ulf Riese, diretor financeiro do Handelsbanken da Suécia, cujo modelo de negócios de baixo risco o tornou um raro refúgio seguro dentre seus pares europeus. “A liquidez, para muitos bancos, está ficando de mais curto prazo ou dependente de medidas do governo.”

O prazo de sexta-feira para os detentores do setor privado de bônus soberanos da Grécia aderirem a um acordo voluntário de prorrogação do vencimento em até 10 anos poderá desencadear uma nova rodada de pressão vendedora em toda a zona do euro. Os dirigentes dos bancos preveem que a adesão ficará aquém da meta de 90%, o que poderá pôr em perigo a próxima tranche do dinheiro do pacote de salvamento à Grécia se os políticos sentirem que o ônus não está sendo compartilhado de forma justa.

A fragilidade dos mercados aparentemente levou alguns defensores de reformas, normalmente de linha dura, a questionarem a adequação de adotar um enfoque pouco flexível. Andrew Haldane, diretor-executivo de estabilidade financeira do Bank of England, o BC do Reino Unido, elogiou no mês passado a condução da regulamentação dos bancos na década de 1930 dada pelo presidente dos EUA Franklin Roosevelt – especificamente a de afrouxamento das normas durante a Crise de 1929, na tentativa, bem-sucedida, de intensificar a concessão de crédito.

Os dirigentes dos bancos, não é de admirar, concordam. Eles destacam, por exemplo, que o papel tradicional das instituições de crédito de fazer a mediação entre os mercados de capitais e os tomadores corporativos pode não ser mais viável economicamente, agora que tantos foram rebaixados pelas agências de classificação de crédito. “Hoje em dia, muitos bancos têm um custo mais alto de financiamento do que as empresas, e isso dificulta muito sua tarefa de conceder crédito a uma empresa”, diz Riese.

Alguns proponentes de reformas acreditam que as autoridades reguladoras precisam manter a pressão – pela limitação, por exemplo, à capacidade dos bancos de pagar dividendos aos acionistas enquanto não tiverem aumentado mais os níveis de capitalização por meio de retenção dos lucros.

Mas a maior questão existencial continua sendo a de caráter básico, sobre a capacidade de concessão de crédito. E apenas quando a fraca demanda da economia por crédito finalmente se fortalecer, pondo à prova a capacidade dos bancos de conceder crédito com suas novas restrições de capitalização e liquidez, é que o mundo realmente saberá se o futuro do setor bancário se sustenta. (tradução de Rachel Warszawski)

Fonte: Patrick Jenkins, Brooke Masters e Tom Braithwaite Financial Times, Valor Economico

Infraestrutura

Renée Pereira
Estado de S.Paulo, 11.09.2011


A qualidade da infraestrutura brasileira piorou em relação ao resto do mundo pelo segundo ano consecutivo. Desta vez, no entanto, o País despencou 20 posições no ranking global de competitividade do Fórum Econômico Mundial, de 84º para 104º lugar. Em 2010, já havia perdido três colocações por causa da lentidão do governo para tirar projetos importantes do papel.A tendência não é nada animadora.

Na avaliação de especialistas, com a paralisia verificada em algumas áreas este ano a situação tende a piorar. É o caso da malha rodoviária. No ranking mundial, elaborado com base na opinião de cerca de 200 empresários nacionais e estrangeiros, a qualidade das estradas brasileiras caiu 13 posições e está entre as 25 piores estruturas dos 142 países analisados.

A preocupação é que, depois dos escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes, muitas obras estão paralisadas. Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), foram suspensos 41 editais, que estão sendo liberados de acordo com a prioridade do ministério. O órgão destaca, entretanto, que esses processos estavam em diferentes estágios, alguns na fase anterior à abertura das propostas. Apesar disso, afirma que conseguiu executar R$ 1,2 bilhão em agosto. Mas será preciso bem mais energia para melhorar a posição no ranking mundial, avalia o consultor para logística e infraestrutura da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet.

Os maiores empregadores

1. Departamento de Defesa dos EUA - 3,2 milhões de empregados
2. Exército Chinês - 2,3 milhões
3. Walmart - 2,1 milhões
4. McDonalds - 1,7 milhão
5. CNPC (empresa chinesa de petróleo) - 1,7 milhão

Fonte: Aqui

Concorrência

A PwC comenta sobre a concentração do mercado de auditoria:

"O mercado de auditoria é ferozmente competitivo e rejeitamos qualquer alegação de que sugere o contrário", disse Powell. "Trabalhamos em nome de alguns dos clientes mais sofisticados do mundo - Que são obrigados a aprovar a nossa nomeação a cada ano" 


Em julho, as quatro grandes atacaram a perspectiva de uma investigação da Comissão da Concorrência do Reino Unido, alegando que o plano é desnecessário e potencialmente prejudicial para Londres.


Reguladores esperam refrear o poder das empresas que auditam as contas de 99 das empresas do FTSE 100.

Fonte: aqui

12 setembro 2011

Rir é o melhor remédio

Uma propaganda antiga sobre Café e casais. Fonte: aqui

Beleza


O trabalho de Hamermesh não estabelece padrões para o que é ser bonito --o economista "driblou" essa questão. No estudo mais abrangente do livro, um grupo de avaliadores classificou a beleza do rosto de 2.774 profissionais. "Pessoas olham para fotos ou para indivíduos e [em geral] concordam sobre quem tem boa aparência ou não", justifica. "Claro, nem sempre há unanimidade."


O estudo concluiu que os trabalhadores americanos colocados entre os 7% mais feios ganham até 17% menos do que os 33% considerados mais bonitos. Hamermesh afirma ter verificado os efeitos da beleza em todas as profissões que pesquisou, incluindo professores, publicitários e economistas.

Fonte: aqui. Foto, aqui

Brics

Eis uma notícia interessante: O avanço da economia brasileira, no segundo trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado, ficou à frente da África do Sul, na comparação entre os cinco países que formam os Brics, atrás de China, Índia e Rússia.

 (Sempre tinha escutado dizer que era BRICs, de Brasil, Rússia, India e China. Entretanto, recentemente admitiu-se a África do Sul e a sigla é BRICS)

Publicação, importante etapa da ciência

Artigo de Rogério Meneghini na Folha de São Paulo (30/08/2011):

No Brasil, os periódicos são publicados por sociedades, e não por publishers; por isso, a maioria é gerenciada de modo amador e com poucos recursos A produção mundial de ciências tem crescido intensamente, principalmente em países emergentes. Estima-se que haja mais de 100 mil periódicos científicos no mundo.

Tanto em taxa de crescimento quanto em total de artigos, os países emergentes do grupo Brics se destacam, com 18% das publicações mundiais. Tais números ressaltam a quantidade, mas e quanto à qualidade? A avaliação mais próxima desse atributo se faz pelo número médio de citações aos artigos, utilizando bases internacionais de indexação.

Na mais prestigiosa, a Thomson-Reuters-ISI, o Brasil se encontra na 13ª posição em número de artigos publicados e na 35ª posição em citações por artigo; em resumo, relativamente bem em produtividade, mas mal em qualidade. Entre os fatores que pesam para isso está o baixo nível de colaboração internacional (27% dos artigos).

Países mais avançados apresentam taxas superiores a 50%. É evidente que, hoje, a interação com parceiros internacionais aumenta a troca de ideias e informações, beneficiando o trabalho resultante.

Outro fator é a baixa presença de cientistas brasileiros nos corpos editoriais das revistas internacionais. Não por menos, esses pesquisadores são chamados de guardiões do portão: como cientistas destacados, têm o poder de estabelecer os contornos da ciência contemporânea, definindo o que é relevante e vanguardeiro.

Nossos periódicos também têm seus guardiões. Poderiam eles compensar a pouca presença internacional? Dificilmente. Os países emergentes buscam indexar seus periódicos nas bases internacionais, e alcançaram sucesso nos últimos anos. Contudo, tais periódicos não se tornam necessariamente internacionais por isso. Eles operam primordialmente para fluir a produção científica nacional.

No Brasil, são publicados por instituições ou sociedades, e não por publishers, como na grande maioria dos países. Por isso, são em sua maioria administrados de forma amadora e com recursos modestos.


O programa SciELO, apoiado primordialmente pela Fapesp, tem operado para selecionar os melhores periódicos brasileiros, dispondo-os em acesso aberto na internet e alavancando-os para indexação nas bases internacionais. O programa, porém, não intervém em suas administrações, não exercendo, portanto, o papel de publisher.

Como avançar na internacionalização desses periódicos? A meta é atingir maior visibilidade (citações) com uso intensivo da língua inglesa e da colaboração internacional.

Para isso, é necessário: (1) profissionalizar a administração, por meio de publishers e de atuação na composição do corpo editorial com pesquisadores conceituados e ativos (não perfunctórios), remunerados e experientes internacionalmente; (2) adotar um modelo econômico em que os autores pagam para publicar seus artigos, com recursos provindos de seus projetos.

A escolha de onde publicar já seria um procedimento de avaliação dos melhores periódicos pelos pesquisadores.


Rogério Meneghini é professor titular aposentado da USP, coordenador científico do programa SciELO de revistas científicas e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Custo da Copa


O Portal da Transparência do governo, montado pela Controladoria-Geral da União, diz que a Copa custará R$ 23,4 bilhões.


A Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), que tem acordo de cooperação técnica com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o Ministério do Esporte, trabalha com outros números.


Estima em R$ 112 bilhões o custo total do Mundial e em R$ 84,9 bilhões, se considerado o recorte feito pelo Portal da Transparência, com o cálculo incluindo só aeroportos, portos, segurança, arenas e mobilidade urbana.


Fonte: aqui

11 setembro 2011

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Intangível

Se ativos intangíveis - patentes, por exemplo - dominam grande parte da economia moderna, por que continuam, em grande parte, fora dos balanços das maiores companhias americanas?

Algumas vendas de patentes alçadas às manchetes reacenderam o interesse pela questão. Entre elas: o leilão, com arremate por US$ 4,5 bilhões, de patentes de tecnologia sem fio da Nortel, em 1º de julho, e os US$ 12,5 bilhões pagos pelo Google em 15 de agosto pela Motorola Mobility Holdings e suas 24,5 mil patentes e pedidos de patentes pendentes, além de outros ativos.

Agora, a agência australiana que estabelece normas contábeis em nome de um grupo mundial do qual faz parte a Financial Accounting Standards Board americana está colocando o tema na agenda da contabilidade mundial. A entidade realizou, recentemente, uma pesquisa com empresas, auditorias e reguladores sobre a contabilização de intangíveis e se mudanças devem ser feitas.

Nos EUA, ativos intangíveis, como marcas, relacionamento com clientes, patentes e outras informações tecnológicas, são contabilizados de uma forma se criadas nas próprias empresas - e de outra maneira, caso adquiridas.

Os ativos intangíveis de uma empresa, quando desenvolvidos por ela própria, têm seu valor contabilizado por pouco mais do que as taxas legais e de registro, porque pesquisas são deduzidas como despesas, e não capitalizadas. Ativos adquiridos, por outro lado, como as patentes que o Google obterá com a compra da Motorola, são contabilizados pelo "valor justo".

Os críticos dizem que a diferença faz com que seja difícil realizar comparações entre empresas e muitas vezes oculta os ativos mais importantes.

O tratamento diferenciado implica que uma patente desenvolvida por uma empresa e depois vendida para outra pode ser originalmente avaliada por um valor praticamente nulo, e então, quase da noite para o dia, passar a valer milhões - ou até mesmo bilhões - de dólares, diz Esther Mills, presidente da Accounting Policy Plus, uma firma de consultoria de Nova York especializada em questões contábeis complexas.

Mills está entre os que sustentam que intangíveis criados internamente devem constar do balanço pelo seu valor de mercado ou por um montante que reflita mais plenamente os custos do esforço de pesquisa e desenvolvimento que tenha resultado na criação de um ativo intangível.

A diferença contábil pode resultar em comportamento distorcido, adverte Abraham Briloff, um professor emérito de contabilidade no Baruch College, já que torna tentador, para uma empresa, comprar propriedade intelectual em vez de realizar pesquisas.

O valor de patentes compradas é subtraído dos lucros ao longo de sua vida útil, mas em setores como telecomunicações, nos quais as empresas são avaliadas com base em seu Ebitda (lucro antes da dedução de juros, impostos, depreciação e amortização), esses custos tendem a ser largamente ignorados por analistas e investidores.

Alguns peritos em contabilidade contra-argumentam que levar patentes e outros intangíveis para o balanço patrimonial criaria riscos de abusos. "É uma boa maneira de manipular os lucros", diz Robert Willens, diretor de serviços tributários e contábeis da consultoria que leva seu nome. Por exemplo, empresas poderiam inflar seus lucros capitalizando tanto os custos diretos como indiretos do desenvolvimento de intangíveis, evitando que virem despesa na demonstração de resultados,diz ele.

Não é fácil determinar o valor correto de um intangível e pode ser particularmente difícil em situações como a do Google. Além de qualquer valor que as patentes da Motorola Mobility poderão proporcionar em termos de fluxo de caixa futuro, o Google também está contando com as patentes como uma defesa contra ações judiciais de concorrentes. Isso é particularmente subjetivo e de difícil avaliação, segundo especialistas.

A questão tornou-se mais importante à medida que a economia americana fica cada vez mais dominada pelos intangíveis. De acordo com a Ocean Tomo, especialista na avaliação de ativos com sede em Chicago, 80% do valor de mercado das empresas componentes do S&P 500 em 2010 podem ser atribuídos a ativos intangíveis, contra 68% em 1995 e 32% em 1985.

Desde 1999, ágios têm sido sistematicamente pagos por ativos intangíveis, embora sejam mais baixos hoje do que no auge da bolha de tecnologia em 1999 e 2000, segundo análise de mais de 6 mil fusões e aquisições no setor de tecnologia e telecomunicações realizadas para a Reuters pela Capital IQ, uma monitoradora de dados.

O exame adicional de apenas 848 operações que atribuíram um valor mensurável a intangíveis adquiridos mostrou que o prêmio pago por bens intangíveis tem variado ao longo do tempo, mas atingiu um pico recente, em 2010, quando os compradores pagaram em média 15 vezes o valor dos ativos intangíveis das empresas-alvo.

Um estudo realizado por Carol Corrado, da associação de pesquisas da The Conference Board Research Association, e pelo professor Charles Hulten, da Universidade de Maryland, publicado em 2010, mostrou que em meados dos anos 1990 as empresas começaram a investir mais em ativos intangíveis do que em ativos tangíveis, como prédios e máquinas. De lá para cá, a diferença só cresceu. Uma razão para o descompasso entre a economia e a contabilidade pode ser a falta de interesse dos executivos em corrigir a situação.


Robert Herz, ex-presidente do Financial Accounting Standards Board (Fasb), dos EUA, disse que, em 2006 e 2007, quando seu grupo e o International Accounting Standards Board (Iasb) realizaram consultas a investidores, gestores e auditores sobre o que eles deveriam focar, a contabilização de intangíveis, de modo geral, não foi considerada tão relevante como uma série de outros temas.

Baruch Lev, um professor da New York University que tem estudado largamente os ativos intangíveis, disse que o status quo protege os gestores em algum grau. "Eles têm financiamentos fora de balanços e ativos fora de balanços - e estão muito satisfeitos com intangíveis fora dos balanços", disse Lev. "Intangíveis são arriscados, não há dúvida sobre isso, e eles podem ter de zerá-los contabilmente e responder a questionamentos embaraçosos. Eles perguntam: 'Por que precisamos disso?'"

Os investidores podem estar sendo prejudicados por entender pouco sobre questões relacionadas com propriedade intelectual. James Malackowski, diretor-executivo da Ocean Tomo, salienta o desempenho - superior ao do mercado - do índice criado por sua empresa, que engloba as 300 empresas que possuem as patentes mais valiosas em relação a seu valor contábil. Segundo cálculos da empresa, o Ocean Tomo Patent Index 300 vem superando o S&P 500 desde sua criação, em 2007.

Por não dispor de dados suficientes sobre quem detém as patentes e seu valor, diz, os investidores estão ignorando o verdadeiro valor de muitas boas empresas.

Fonte: Valor Econômico.

Reino Unido veta fim de cópias de papel

A oposição esmagadora de grandes e pequenos investidores derrotou uma proposta que visava a permitir que as companhias parassem de imprimir em papel seus relatórios anuais e balanços.

O Financial Reporting Council (FRC), órgão de fiscalização responsável pelo cumprimento das normas contábeis e de governança empresarial no Reino Unido, disse que abandonou o plano depois que "foram levantadas preocupações com o fim das cópias em papel dos relatórios, que colocaria os pequenos investidores em desvantagem, uma vez que muitos deles são idosos ou possuem acesso limitado à internet".

Dentre as propostas publicadas pelo FRC na quinta-feira está também a obrigação das companhias de colocar seus contratos de auditoria sob licitação a cada dez anos, ou explicarem por que não o fizeram.

Stephen Haddrill, presidente do FRC, havia descrito neste ano os relatórios anuais impressos como "um enorme desperdício de papel, uma enorme perda de tempo e um desperdício de dinheiro".

A mudança de opinião reflete queixas de investidores e profissionais do mercado financeiro de Londres, muitos dos quais afirmam que, independentemente da idade do leitor, é mais difícil ler esses relatórios longos e documentos complexos na tela de um computador.

"Para muitos investidores, incluindo eu, é muito mais fácil ler em uma cópia impressa", disse Simon Laffin, ex-presidente do conselho de administração da administradora de pubs Mitchells & Buttlers, em uma carta condenando a proposta.

Laffin, que preside os comitês de auditoria da Aegis e da Quintain Estates & Development, também mencionou o exemplo da Argos, apontando que a companhia varejista ainda imprime cópias de seu catálogo, além de operar on-line. "Uma lição importante da economia digital não é que as pessoas querem tudo on-line e sim que elas exigem informações de várias maneiras", disse ele.


Fonte: Valor Econômico- Adam Jones Financial Times, de Londres

PanAmericano têm vantagens acima da média

O banco PanAmericano possui, hoje, vantagens que o colocam acima da média dos bancos médios brasileiros, diz um relatório do banco Santander. A principal delas é o fato de a instituição contar com acionistas de peso (o BTG Pactual e a Caixa Econômica Federal). O BTG adquiriu 3 bilhões de reais em carteiras de créditos durante o primeiro trimestre de 2011, o que proporcionou uma liquidez extra para o caixa do PanAmericano, segundo os analistas do Santander. Já a Caixa se comprometeu a financiar o banco em 10 bilhões de reais nos próximos oito anos, divididos em 2 bilhões de reais em empréstimos interbancários e 8 bilhões de reais em aquisições de carteiras de crédito. “É uma estrutura de financiamento exclusivo: mais barato, a longo prazo, e menos volátil – um sonho que se realiza para um banco médio”, diz o Santander.

Outro ponto positivo para o PanAmericano, segundo o Santander, é o potencial de sinergias com a Caixa, que deverá ajudar o banco a diversificar sua atuação no mercado de empréstimos. O objetivo é se consolidar em financiamentos de veículos e crescer no setor de crédito consignado e em linhas para pequenas e médias empresas. Se isso de fato ocorrer, projetam os analistas, o banco poderá ter uma carteira de crédito de 35 bilhões de reais nos próximos quatro anos, mais que o triplo da atual.

O Santander, no entanto, faz duas ressalvas: o Índice de Basileia do banco – de 12% – está abaixo da média do setor, o que significa que o banco deverá aumentar a sua capitalização para se enquadrar nas exigências da Basileia III. Mesmo assim, os analistas do Santander recomendam a compra das ações do PanAmericano.

Depois de uma queda de 30% nas ações do PanAmericano em 2010, depois de ser descoberto um rombo de quase 4 bilhões de reais no seu balanço, os papéis do banco valorizaram 39% em 2011 – a quinta maior alta da bolsa -, enquanto o Ibovespa caiu 20% no mesmo período.

Fonte: Thiago Bronzatto, Exame.com

10 setembro 2011

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

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Portugal


Um estudo de três pesquisadores da Carnegie Mellon University discute a razão da crise em Portugal. Para os pesquisadores, o problema está na baixa produtividade. Esta, por sua vez, é conseqüência das distorções no mercado de trabalho e do tamanho das empresas.

Com respeito ao mercado de trabalho, os pesquisadores destacam que em Portugal é muito difícil despedir trabalhadores por justa causa, reduzir salários e benefícios e os tribunais são orientados para o trabalhador.

[Em Portugal, quando] as empresas crescem em tamanho, elas enfrentam um crescente conjunto de regras, regulamentos e mandatos (...)

O economista e a crise

Por Pedro Correia

Muito interessante este artigo de Paul Krugman no Eastern Economic Journal. Ele comenta sobre a profissão dos economistas e suas relações com as recentes crises econômicas. O artigo é excelente, mas a conclusão mostra o "desespero" de Krugman:

"What we really need is a change in the destructive social dynamics that brought us to this point. And I wish I knew how to do that. But my problem is obvious: I’m an economist, and it seems that we need some kind of sociologist to solve our profession’s problems."

09 setembro 2011

Rir é o melhor remédio












Custo da Copa

Esta manhã, a ESPN Soccernet informou que um analista financeiro alemão, Dr. Nicola Ritter, disse que o custo para a Copa do Mundo do Catar em 2022 é estimado em torno de £ 138 bilhões. Isto, obviamente, inclui a construção de uma nova cidade inteira como parte da preparação do pequeno país para a Copa do Mundo. A cidade chamada Lusail está planejada para ser uma "cidade ícone", que teria uma população de cerca de 200.000 habitantes, especialmente construída para celebrar a cultura região do Golfo e seu património. Você pode visitar o site para a cidade de Lusail aqui . A cidade em si custará cerca de £ 28 bilhões; a grande questão é onde irão os outros 110 bilhões? 

(Fonte: aqui). Somente o custo do ar condicionado (é isto mesmo) será de 30 bilhões de libras.

Ouro da Venezuela


Hugo Chavez anunciou recentemente que pretendia tirar 211 toneladas de ouro físico que estava na Europa. Felix Salmon faz uma análise interessante sobre as consequências disto, em termo de segurança e seguro.

Venezuela precisaria para transportar o ouro em várias viagens, disseram operadores, uma vez que o alto valor do ouro significa que seria impossível para segurar uma única aeronave carregando 211 toneladas. Que pode demorar cerca de 40 carregamentos para mover o ouro de volta a Caracas


A tarefa é complexa e a logística será difícil. A última vez que um grande carregamento foi transportado foi em 1936, quando a Espanha transportou ouro de Madri para Moscou em troca de armas.

A maior parte do ouro era trocada por armas russo, com a União Soviética mantendo 2,1% dos fundos sob a forma de comissões e corretagens, e um 1,2% adicionais na forma de transporte, depósito, fusão, refino e despesas.


Isto significa que só de despesa o país irá pagar 3,3% do valor. Isto significa 400 milhões de dólares ou mais.  Em razão das características do produto, o seguro desta operação seria também problemático. Um roubo de um dos carregamentos poderia render 300 milhões de dólares para os aventureiros. (E seriam cerca de 40 carregamentos).

Mas Chavez possui mais alternativas. Uma delas é pagar alguma despesa com ouro, com a condição que a pessoa que recebe a quantia retire no Banco da Inglaterra com um desconto. Mas isto seria uma opção muito elegante e muito mercado para ele.

Custo do 11 de Setembro

Al Qaeda usou cerca de meio milhão de dólares para destruir o World Trade Center e paralisar o Pentágono. Qual foi o custo para os Estados Unidos? Em uma pesquisa com estimativas do The New York Times, a resposta é de US $ 3,3 trilhões, ou cerca de US $ 7 milhões para cada dólar gasto pela Al Qaeda para planejar e executar os ataques. Embora nem todos os custos foram financiados pelo Governo - e alguns ainda estão por vir - esse total equivale a um quinto da dívida atual nacional [dos Estados Unidos]. Todos os valores são mostrados em dólares de hoje.


Fonte: aqui

Correios


Pressionados por uma queda de 18% no volume de correspondência só nos últimos dez anos e por uma folha de pagamento que hoje consome 80% de sua receita, o Serviço de Correios dos EUA está prestes a quebrar.


Em audiência ontem no Senado americano, a estatal pediu autorização para demitir 120 mil de seus 574 mil funcionários ou 20% de um quadro que já havia encolhido 26% de 2001 para cá.


Segundo reportagem do "New York Times", a empresa pode ficar sem caixa para pagar empregados e combustível para seus veículos já em janeiro ou fevereiro, fechando as portas.


Antes disso, porém, há expectativa de um calote de US$ 5,5 (R$ 8,8 bilhões) no seguro-saúde de funcionários aposentados, cuja conta vence no fim deste mês.


"Se o Congresso não fizer nada, daremos calote", disse o diretor do USPS (sigla para Serviço Postal dos EUA), Patrick Donahoe, ao "Times".


Donahoe pediu ao Senado permissão para demitir, fechar 10% das agências e, em último caso, deixar de fazer entregas aos sábados.


Uma série de ajustes foi feita aos serviços ao longo da última década, depois que a internet passou a substituir os Correios tanto na troca de correspondências pessoais como na mala direta.


Os catálogos ainda entopem as caixas postais americanas, mas com a preferência por spams, a quantidade vem caindo rapidamente. Projeções do USPS indicam que neste ano, o volume de correspondência já deve ser 2,3% menor do que em 2010.


Outro filão que os Correios americano perdem é o das contas, com mais gente aderindo aos boletos on-line.


Para piorar, a estatal não diversificou seus serviços. A única exceção aberta foi a confecção de passaportes, também pouco rentável.


No Brasil e em países europeus, as agências passaram a oferecer serviços bancários; e em lugares como a Suíça, o serviço postal chega até a vender eletrônicos e material de escritório.


Por fim, pesa o ônus trabalhista: os Correios nos EUA têm um quadro de funcionários altamente sindicalizado, e muitos contratos incluem cláusulas contra demissão sem justa causa e programas de pensões generosos.


Apesar do enxugamento drástico na última década, os custos não se comparam aos da concorrência no cálculo do "New York Times", a FedEx consome 32% de sua receita com salários.


De olho nesse gasto, entre as medidas debatidas pelo Congresso no Dia do Trabalho, está um saque no fundo de pensões dos funcionários.


Fonte: Aqui