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20 agosto 2011

Rodízio de auditoria nos EUA, provavelmente, será rejeitado

Se os reguladores dos Estados Unidos tivessem que decidir hoje pela adoção ou não do rodízio obrigatório de firma de auditorias, a medida seria rejeitada.

Essa é a leitura que o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) faz a partir dos comentários públicos feitos pelos membros do PCAOB (sigla em inglês para Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas), ao colocar o tema em discussão na terça.

“Depois de ler os comentários e de conversar com várias empresas de auditoria aqui e no exterior, a nossa conclusão é de que, se tivesse uma votação para aprovar o rodízio hoje, isso não passaria”, diz Idésio Coelho, diretor técnico do Ibracon e sócio da Ernst & Young Terco.

Apesar de os cinco membros do PCAOB terem votado a favor da audiência pública sobre o rodízio obrigatório, é possível notar que o entusiasmo em torno da medida varia bastante.

Advogado e contador, Daniel Goelzer é o membro mais antigo do PCAOB e também o mais claro sobre sua posição atual. “Eu tenho sérias dúvidas se o rodízio obrigatório é uma maneira prática ou viável em termos de custo para fortalecer a independência do auditor”, diz ele no seu comentário, disponível na internet.

O contador Jay Hanson também sinaliza como encara o lançamento da audiência pública. “Eu vejo essa audiência mais como um meio de juntar informação e estimular a discussão do que como um passo para uma nova norma de auditoria”, diz ele.

Do outro lado, o principal patrocinador da medida parece ser o presidente do PCAOB, o advogado James Doty. Para ele, o fato de as inspeções do órgão nem sempre ligarem uma falha específica à falta de objetividade do auditor não significa que o trabalho não foi afetado pelo conflito de interesse gerado pela relação comercial entre as partes. “Ao contrário, nossa experiência ensina que essas pressões e incentivos são poderosos e persuasivos.”

Em relação aos argumentos de custo de troca de auditoria e também dos riscos de problemas de auditores novos conhecerem menos a empresa a ser auditada, Doty cita um dado, da consultoria Glass Lewis, de que mais de 6,5 mil empresas abertas dos EUA, equivalente a mais da metade delas, trocou de auditor voluntariamente entre 2003 e 2006. “Como os auditores dessas empresas lidaram com essas mudanças? A curva de aprendizado e o custo envolvido em trocas de auditor não podem ser tratados como mares não navegados.”

Também membro do conselho, o advogado Steven Harris parece mais alinhado ao presidente. Em sua argumentação ele cita diversos casos em que as inspeções do PCAOB encontraram evidências de falta de ceticismo profissional e nota que esse problema foi manifestado por investidores e também por reguladores de países como Reino Unido, Austrália, Canadá e Alemanha.

O desempate, que hoje aparentemente seria contrário à rotação, vem do advogado Lewis Ferguson. Ele reconhece o problema de falta de ceticismo, mas cita os custos do rodízio e termina seu discurso com uma máxima de Hipócrates – “acima de tudo, não prejudicar” -, sugerindo que, se não há como resolver um problema, talvez seja melhor não criar novos.

Na visão de Coelho, do Ibracon, a discussão do PCAOB tem como meta encontrar maneiras para melhorar a objetividade, o ceticismo e a independência do auditor. Nesse sentido, ele acredita que haverá comentários no sentido de aperfeiçoar a atuação dos comitês de auditoria e os programas de educação continuada e também de limitar a contração de serviços que não de auditoria.

Sobre a discussão aberta no Brasil acerca da criação de comitês de auditoria e prazo de rodízio, a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) se manifestou na audiência pública da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pela manutenção do prazo de cinco anos para troca obrigatória, de forma contrária à proposta de estender o limite para dez anos para aquelas que criem comitê. “É importante evitar acomodação e que haja aprimoramento de metodologias e critérios”, diz Edison Garcia, presidente da Amec.

Fonte: Fernando Torres, Valor Economico

19 agosto 2011

Evento

O Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília - UnB realizará o seminário, CONTABILIDADE & PREVIDÊNCIA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS, com o intuito de dar boas vindas aos calouros do segundo semestre de 2011. O seminário em tela está pautado nas seguintes áreas: Contabilidade, Atuária e Previdência. No evento, serão proferidas palestras com pessoas renomadas e conhecedoras do tema, possibilitando que a comunidade acadêmica tenha a oportunidade de compreender melhor a importância da Contabilidade e da Atuária para a previdência social. O evento será realizado no dia 1 de setembro de 2011. A abertura oficial está marcada para as 19h. Público-Alvo: Contadores, Economistas, Administradores Públicos, Advogados, Alunos, Professores, Pesquisadores e pessoas interessadas em contabilidade, atuária e previdência. Local de Realização: Auditório Joaquim Nabuco - UnB/FACE/CCA Prédio da Face, Térreo Campus Darcy Ribeiro – Asa Norte Inscrições até 01.09.2011, na secretaria do CCA ( 300 vagas limitadas): Secretaria do Curso de Ciências Contábeis – CCA/FACE Prédio da Face - Campus Darcy Ribeiro – Asa Norte Brasília/DF CEP 70910-900 Tel. (61) 3107-0795 Obs.: Solicitamos para o dia do evento contribuição dos participantes com FRALDAS GERIÁTRICAS, que serão doadas para Instituições de Longa Permanência para Idosos. Responsáveis pela realização do seminário: Profa. Dr. Fátima de Souza Freire ffreire@unb.br (61) 3107-0809 Prof. Msc. Abimael de Jesus Barros Costa acosta@unb.br (61) 3107-0809

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui

Teste 516

Veja o seguinte texto de Ribamar de Oliveira (Valor 4 de Agosto):

O principal impacto sobre o Orçamento da União em 2012 será o provável aumento de 14% para o salário mínimo, a partir de janeiro. Esse percentual foi estimado com base em uma inflação de 6% este ano, medida pelo INPC, multiplicada pelo aumento real de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em2010. 


O valor do mínimo passaria dos atuais R$ 545 para R$ 621 - um aumento de R$ 76. 


Como ele chegou aos 14%? Está certo?

(P.S. Estou republicando pois faltou a pergunta)

Resposta do Anterior:  Inventou o Chiclete. Fonte: aqui

Leituras de sexta

Por Pedro Correia

Humberto Eco responde à seguinte questão: O livro vai acabar? Segue um trecho:

“The Internet has returned us to the alphabet … From now on, everyone has to read. In order to read, you need a medium. This medium cannot simply be a computer screen.” The implication of Eco’s logic is clear. E-books have their place in the world of letters, but not necessarily one of total dominance. “One of two things will happen,” Eco continues in his march of logic. “Either the book will continue to be the medium for reading, or its replacement will resemble what the book has always been, even before the invention of the printing press. Alterations to the book-as-
object have modified neither its function nor its grammar for more than 500 years. The book is like the spoon, scissors, the hammer, the wheel. Once invented, it cannot be improved.”

Quando as ideias de uma maioria conquistam uma minoria? Scientists at Rensselaer Polytechnic Institute have found that when just 10 percent of the population holds an unshakable belief, their belief will always be adopted by the majority of the society. The scientists, who are members of the Social Cognitive Networks Academic Research Center (SCNARC) at Rensselaer, used computational and analytical methods to discover the tipping point where a minority belief becomes the majority opinion. The finding has implications for the study and influence of societal interactions ranging from the spread of innovations to the movement of political ideals.

“When the number of committed opinion holders is below 10 percent, there is no visible progress in the spread of ideas. It would literally take the amount of time comparable to the age of the universe for this size group to reach the majority,” said SCNARC Director Boleslaw Szymanski, the Claire and Roland Schmitt Distinguished Professor at Rensselaer. “Once that number grows above 10 percent, the idea spreads like flame.”

Resumo e análise de Roberto Ushisima acerca deste artigo sobre a inflação e o retorno das ações: O artigo analisa a relação entre inflação e o retorno nominal das ações em diversos países. A relação esperada é que maior inflação resulte em maiores retornos, não porque inflação seja benéfica para as ações, simplesmente porque os fluxos de caixa esperados aumentam com o aumento no nível geral de preços. Pensando em lucro, se receitas e custos crescerem com a inflação, de preferência a taxas parecidas, isso fará com que o lucro aumente, o dividendo e o preço das ações também por consequência. Isso não significa necessariamente que a situação do investidor estará melhor, já que o mais importante é o retorno real.

Damodaran disserta sobre as consequências de um default implícito ou explícito:

The talk of default is all around us, as we watch Greece and Italy struggle with impending disaster and the fight over debt limits in the United States fills the airwaves. But what is default? What are the consequences? And given a choice, when is default the best option?

Excelente estudo produzido pelo coordenador do Núcleo de Real Estate da Poli-USP (NRE) sobre o mercado imobiliário brasileiro:

Já tenho escrito que bolhas de mercado não podem ser projetadas, nem em escala de valorização inadequada, nem em prazo para aparecer e desvanecer. Todavia, é possível identificar conformações de mercado, nas quais certas evidências emitem alerta de formação de bolha, cujo resultado, esse sim previsível, será a migração do valor de ativos precificados acima do seu patamar justo para baixo, penalizando as poupanças equivocadamente abrigadas em certos imóveis.

Os preços dos imóveis residenciais e comerciais, estes mais, têm crescido no mercado brasileiro além do que é explicável pela sua estrutura de custos. Preços crescentes não são sinônimos de bolha, mas preços crescentes sem explicação na estrutura de custos são efeitos de desorganização do mercado e identificam a ocorrência de bolha.

Preços crescentes não são causas de bolha, mas são efeitos de existência de demanda desarticulada de mercado, influenciada pela sensação de que o produto de real estate, mesmo prejudicado pelos seus atributos de rigidez e liquidez, representa um ativo no qual é possível fazer posições especulativas de curto prazo com expectativa de resultados expressivos.


Entrevista com o historiador Niall Ferguson sobre as seis vantagens do Ocidente em relação ao "resto" do mundo:Ferguson’s recently released Civilization: The West and Rest (reviewed by Oliver Cussen in issue 15.6) seeks to return a focus to grand historical narrative, answering what Ferguson considers to be the most interesting question of Western historiography: how 11 empires came to control 58% of the world’s land surface and 79% of economic output. Ferguson enumerates six advantages—or “killer apps”—of the West: competition, science, property rights, medicine, consumerism, and work ethic. Together, they allowed the West to pull ahead of the “Rest”; however, Ferguson warns, these advantages are no longer the West’s preserve. Just as Westerners are beginning to lose faith in their cultural institutions, Easterners are “downloading” the apps that once created the conditions for Western supremacy. The 21st century, Ferguson concludes, may be defined by the precipitous decline of the West and the ascendancy of the East.


Rodízio de auditoria

A autoridade americana que regula os auditores está considerando formalmente a possibilidade de forçar as companhias abertas a substituir rotineiramente as firmas que auditam suas demonstrações financeiras.

O Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) decidiu anteontem, por cinco votos a zero, abrir um período de comentários públicos sobre a ideia de estabelecer limites de duração para as auditorias. Os proponentes afirmam que essas restrições poderão eliminar a influência inadequada que as empresas podem exercer no longo prazo sobre seus auditores.

“A associação prolongada das grandes firmas de auditoria com seus grandes clientes é uma questão que precisa ser resolvida para que o PCAOB possa cumprir sua missão”, disse o presidente do órgão, James R. Doty, antes da votação.

O rodízio obrigatório dos auditores deveria ser considerado por causa “do tamanho, complexidade e risco sistêmico encontrados hoje na população de emissores”, disse Doty.

Das chamadas “Big Four”, as quatro maiores firmas de auditoria e contabilidade do mundo, a PricewaterhouseCoopers (PwC) não quis comentar a votação. A Deloitte & Touche, a Ernst & Young e a KPMG também não quiseram fazer comentários individuais, alegando que suas respostas virão por meio do Center for Audit Quality, um grupo que defende os interesses do setor em Washington.

“Conforme observado por vários membros do conselho, uma análise de custo-benefício deve ser uma parte central do projeto”, disse em um comunicado Cynthia Fornelli, diretora-executiva da associação. Mesmo com uma votação unânime, membros do conselho demonstraram reservas que poderão colocar em dúvida a eventual adoção do rodízio obrigatório.

“Tenho sérias dúvidas de que o rodízio obrigatório seja uma maneira prática ou eficiente do ponto de vista dos custos para fortalecer a independência”, disse o membro do conselho Daniel L. Goelzer, ontem. “O rodízio de firmas não será barato para as empresas americanas.”

A medida do conselho limitaria o número de anos consecutivos que uma firma de auditoria poderá trabalhar para um cliente. Ele combateria “a pressão que os auditores enfrentam para desenvolver e proteger as relações de longo prazo com os clientes, em detrimento dos investidores”, disse Doty.

O conselho disse que está aberto a ideias alternativas que venham a estimular a independência dos auditores.

O PCAOB, uma organização sem fins lucrativos autorizada pela Securities and Exchange Commission (SEC) como autoridade reguladora das firmas de auditoria que trabalham com companhias abertas americanas, vai recolher comentários públicos por 120 dias, analisando-os na preparação para outra reunião em março.

Martin Baumann, auditor-chefe do conselho, observou que o pessoal de pesquisa e análise do PCAOB até agora “não encontrou correlação entre as falhas de auditoria e a duração do período que as auditorias trabalham com as empresas”.

O Sistema de Aposentadoria dos Servidores Públicos da Califórnia e a administradora de fundos de pensão Tiaa-Cref, de Nova York, estão entre as instituições que já aplicam o rodízio, segundo o PCAOB.

Fonte: Jesse Hamilton, Bloomberg, Valor Economico

Rodízio de auditoria 2

Com os Estados Unidos abrindo a discussão sobre a aplicação do rodízio obrigatório de auditorias naquele país, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ganhou um aliado de peso na sua batalha para defender a troca periódica em vigor para as companhias abertas não financeiras no Brasil.

Um dos principais argumentos daqueles que são contra o rodízio – incluindo auditores independentes e empresas – é o fato de a rotação obrigatória de firmas ser uma espécie de jabuticaba, que só existe no Brasil e, no caso do rodízio, também na Itália, entre os países de maior peso na economia global.

Esse ponto é citado na carta enviada pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) à CVM no início desta semana, como comentário à recente audiência pública aberta pela autarquia sobre o tema.

A minuta proposta pela autarquia tem como objetivo induzir as companhias abertas a constituir um comitê de auditoria estatutário em troca de um prazo mais longo para o rodízio de auditor externo. Para essas empresas, o período de rotação subiria de cinco para dez anos.

Embora esse fosse o desejo dos auditores, a proposta da CVM não coloca em questão a desistência da troca obrigatória, sendo que o próximo giro deve ocorrer em 2012. “Não pensamos em mudar a figura do rodízio. Falamos só do prazo, no caso de haver o comitê, mas não da prática em si”, diz Alexsandro Broedel, diretor da CVM, sobre a minuta.

Na carta enviada à autarquia, o Ibracon propõe que empresas que criarem comitês de auditoria sejam dispensadas do rodízio.

Nesse caso, a decisão do PCAOB (sigla em inglês para Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas) de discutir o tema também favorece o argumento da CVM, já que lá o rodízio não seria uma opção ao comitê, mas se somaria a ele. “Estamos na mesma tecla, a preocupação é exatamente a mesma”, afirma Broedel, lembrando que na União Europeia o tema também foi colocado em audiência pública. Na Europa, a maior parte dos comentários recebidos foi contrária à prática.

Uma ideia que surgiu foi o estabelecimento de contratos de longo prazo, sem possibilidade de rescisão, dando estabilidade ao auditor por alguns anos.

Nos Estados Unidos, a última vez que o rodízio foi discutido foi na época da edição da lei Sarbanes-Oxley, em 2002. Entre outras coisas, a lei criou o próprio PCAOB e também obrigou as companhias abertas a constituir comitê de auditoria.

Em 2003, o General Accounting Office (GAO), órgão ligado ao congresso americano que supervisiona as contas públicas, disse aos reguladores que seria importante ter alguns anos com a experiência de se ter os comitês de auditoria e também o trabalho de fiscalização do PCAOB para então concluir sobre a necessidade de rodízio obrigatório.

É com base nesse argumento que o PCAOB traz o tema novamente ao debate. Nesses quase dez anos, o órgão fez 1,7 mil inspeções detalhadas e examinou parcialmente mais de 7,25 mil trabalhos de auditoria, o que se considera experiência suficiente.

No trabalho de supervisão, o PCAOB encontrou centenas de falhas nos trabalhos de auditorias, diz o advogado James R. Doty, presidente do órgão.

Embora não divulgue estatísticas, Doty diz que a falta de independência, objetividade e de ceticismo são apontados com frequência nas fiscalizações. “Quando se vê auditores vendendo seu serviço para potenciais clientes como ‘parceiros para dar suporte e ajudar’ os clientes ‘a atingir suas metas’, é difícil não se perguntar se essa mentalidade contribuiu para algumas dessas falhas de auditoria”, afirma ele.

Basicamente, a discussão gira em torno do conflito gerado pelo fato de que é o cliente que paga pelo serviço do auditor.

O PCAOB levanta a questão se, com o rodízio, o auditor pode ser mais independente dessa relação comercial, já que ele não precisa se preocupar em manter o cliente por um longo prazo.

Do outro lado, os críticos da prática falam dos custos que a mudança gera e também do aumento do risco de problemas nos pareceres de auditoria – que teriam sido verificados em estudos acadêmicos -, uma vez que haveria uma curva de aprendizagem do novo auditor.

Na manifestação de voto dos cinco membros do PCAOB, é possível notar que alguns se mostram mais favoráveis à implantação do rodízio, enquanto outros veem mais mérito na discussão sobre o tema e nas sugestões que podem surgir durante o debate.

Na primeira rodada de inspeção feita nas divisões brasileiras de PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG, as quatro grandes, o PCAOB encontrou falhas no trabalho de todas. Mas nenhum balanço teve que ser republicado.


Fonte: Fernando Torres, Valor Economico

Superfaturamento Oculto

Uma dúvida atormentou por muito tempo as melhores cabeças da Policia Federal. Ao investigarem quadrilhas envolvidas em obras públicas, policiais deparavam frequentemente com um quadro incompreensível. Tanto nas conversas telefônicas interceptadas quanto nos e-mails apreendidos, era comum flagrar empresários e executivos falando sobre desvio de dinheiro, pagamento de propina a funcionários públicos, remessas para o exterior por meio de caixa dois e demais assuntos que compõem o repertório clássico da corrupção que emerge sempre que entre o dinheiro público e um fornecedor privado de produtos ou serviços existe um intermediário desonesto.

Mas, mesmo com a certeza de estarem diante de um crime, os investigadores muitas vezes não conseguiam responder a uma pergunta crucial: de onde vinha o ganho dos criminosos? Isso porque, apesar das evidências gritantes de falcatrua, quando os agentes da policia analisavam os contratos firmados entre as empresas e os órgãos públicos, chegavam à conclusão de que os preços que elas cobravam estavam dentro dos limites legais - ou seja, não havia superfaturamento. Ora, se não havia superfaturamento, não havia ganho ilegal e; se não havia ganho ilegal, todo o resto deixava de fazer sentido.

Em março, a dúvida dos investigadores deu lugar a uma explicação cristalina. Depois de dois anos de análise minuciosa de contratos públicos, levantamento de notas fiscais, checagem de custos de 554 compras empreendidas em obras do governo e visitas in loco de algumas dezenas de canteiros de obras, peritos da PF descobriram o “pulo do gato” - ou, mais apropriadamente neste caso, do rato. O truque pode ser chamado de “superfaturamento oculto”.

Para entender essa criação genuinamente brasileira, é preciso fazer um rápido mergulho no mundo das licitações. Há muito tempo, o governo federal é cobrado a estancar o desperdício que mina dos contratos de obras públicas e corrói seus cofres. Para dar uma resposta a isso, desde 2003 a Lei de Diretrizes Orçamentárias passou a exigir que os órgãos públicos, antes de fazer qualquer pagamento, observem as tabelas oficiais de referência de preços. Essas tabelas, formuladas em conjunto por diversos órgãos do governo, contêm os valores médios dos principais materiais de construção e insumos usados em obras de engenharia civil. A primeira delas chama-se Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi). A segunda, Sistema de Custos Rodoviários (Sicro). Há oito anos, seu uso é obrigatório. Muito bem. Para órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, um preço só é classificado como “superfaturado” se estiver acima dos valores constantes do Sinapi e do Sicro. Tudo o que estiver dentro do limite das tabelas é considerado legal.

O que a PF descobriu, e que causa espanto, é que as duas tabelas oficiais já trazem preços muito superiores aos praticados pelo mercado. Uma rápida pesquisa realizada pelos peritos policiais no comércio revelou que os preços dos produtos mais usados em obras de engenharia estão, em média, 20% mais altos do que deveriam.


Fonte: Fernando Melo - Revista VEJA

Discurso do Obama

“O fato de que estamos aqui hoje para debater o aumento do limite da dívida americana é um sinal de fracasso das nossas lideranças. É um sinal de que o governo dos Estados Unidos não pode pagar suas próprias contas. É um sinal de que agora dependemos da assistência financeira de países estrangeiros para financiar as políticas fiscais irresponsáveis do nosso governo.... O aumento do limite da dívida da América nos enfraquece nacional e internacionalmente. Liderança significa responsabilidade pelas próprias decisões. Em vez disso, Washington está jogando o ônus de suas más escolhas de hoje nas costas dos nossos filhos e netos. A América tem um problema com a dívida e uma falha de liderança. Os americanos não merecem isso. Eu, portanto, sou contra o aumento do limite da dívida.”

Sabe de quem são essas duras palavras, caro leitor? Acredite, o discurso acima foi proferido pelo então senador Barak Obama, ainda em 2006, quando o Congresso daquele país discutia o limite da dívida federal, durante o mandato de George W. Bush. Na época, o aumento aprovado trouxe o teto da dívida para US$ 9 trilhões. Sob a presidência de Obama, o número já fora elevado para US$ 14,3 trilhões. Antes do recente aumento, portanto, a dívida já estava 60% maior do que quando ele sinalizava um suposto "fracasso de liderança", há cinco anos.

Malgrado a enormidade dos números, os políticos norte americanos chegaram a um acordo, ao apagar das luzes, evitando assim que o governo daquele país ficasse inadimplente perante os seus credores internos e externos. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos – pelo menos por enquanto.


Texto de João Luiz Mauad
O Globo, 13/08/2011

Invasão chinesa no setor financeiro

Dois anos depois de desbancar os EUA da posição de principal destino das exportações brasileiras, a China passa a mirar também o mercado financeiro nacional. Com a vinda, em 2010, do Banco da China, um dos maiores do mundo, outras duas instituições manifestaram desejo de operar no Brasil e aguardam autorização do Banco Central.

O Banco de Desenvolvimento, uma espécie de BNDES local, também quer expandir sua atuação aqui, segundo a Folhaapurou.Além disso, com dinheiro sobrando em casa, os chineses se tornaram parceiros ideais para bancos de pequeno e médio porte brasileiros, que precisam reforçar o capital.

Intermediador de negócios entre empresas nacionais e chinesas, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, diz ter em mãos um raio-X financeiro de duas instituições de pequeno porte que operam no Brasil e que estão interessadas em ter os chineses como sócios.“Temos bancos chineses que ainda não estão no país e que podem firmar parcerias com os brasileiros”, diz Tang.

Ele lembra ainda que o Fundo Soberano da China também veio para o Brasil em 2010 comprar uma parte do banco BTG Pactual. “A atuação chinesa na área financeira ainda é tímida porque os bancos não conhecem o Brasil”, justifica Tang. Mas ele diz que o interesse é crescente. “A Sany [empresa de máquinas e equipamentos para construção pesada, que já opera no país] quer criar aqui uma empresa de leasing para financiar a venda dos seus produtos.”

Na avaliação do embaixador Sérgio Amaral, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, a vinda das instituições financeiras é uma evolução natural da relação entre os dois países. “Isso mostra que foi feita uma aposta estratégica no Brasil.”

Aquisições

“Os bancos chineses estão usando o excesso de liquidez da China. Eles usam recursos estratégicos para financiar as suas próprias empresas”, diz Rubens Sawaya, professor e coordenador do curso de economia da PUC-SP.A compra parcial de empresas é a porta de entrada preferida deles em mercados pouco conhecidos. Segundo dados do Conselho Empresarial, 46% dos recursos chineses investidos no Brasil em 2010 foram nessas compras.

Do restante, 21% foram para compra integral, 23% para construir instalações novas e 10% em parcerias locais. Os negócios entre a China e o Brasil crescem em ritmo acelerado. “Em 2009, o total de investimentos aqui era reduzido: US$ 392 milhões”, diz Tang. Em 2010, o Conselho Empresarial registrou o montante de US$ 12,7 bilhões em projetos confirmados.



Fonte: Folha de São Paulo


O que se exige na área de contabilidade pública em concurso público?

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), buscando padronizar o conteúdo oferecido aos futuros profissionais contábeis, elaborou a Proposta Nacional de Conteúdo para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis. Com isso, o currículo adotado pelas Instituições de Ensino Superior (IES) representa um aliado às conquistas profissionais dos estudantes. A estabilidade
e as condições de trabalho favoráveis atraem muitas pessoas à disputa pela ocupação de um cargo público, estando o mercado brasileiro de concursos em crescimento. Segundo a ANPAC (Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos), no período de 2003 a 2009, houve um aumento de 26% no número de servidores do executivo com curso superiorno Brasil. O objetivo deste estudo é analisar o conteúdo das disciplinas de Gestão de Finanças Públicas e Contabilidade aplicada ao Setor Público sugerido pelo CFC e o conteúdo das
provas aplicadas nos concursos públicos aos profissionais de Ciências Contábeis. Pretende-se identificar quais conhecimentos da Contabilidade Pública são exigidos dos que almejam ingressar na carreira pública. O trabalho analisou os editais e provas de concursos realizados pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE) no período de 2000 a 2009.Concluiu-se que as áreas da Contabilidade Pública exigidas com maior freqüência abrangem
os conteúdos de Patrimônio e Orçamento Público. Os resultados demonstram que a sugestão de conteúdo elaborada pelo CFC atende ao conhecimento demandado dos candidatos aos cargos públicos.

O QUE SE EXIGE NA ÁREA DE CONTABILIDADE PÚBLICA EM CONCURSO
PÚBLICO?
Autores: Thaise Corcino da Nobrega;Fátima de Souza Freire;Ednei Morais Pereira;Matheus de Mendonça Marques-Universidade de Brasília

Venda de carteira de créditos

O Conselho Monetário Nacional (CMN) determinou ontem que todas as operações de cessão de crédito que envolvam empréstimos consignados e financiamento de veículos devem ser registradas em sistema de registro e liquidação autorizadas a funcionar pelo Banco Central (BC).

A medida entra em vigor no dia 22 de agosto e inclui contratos que tenham sido feitas anteriormente a essa data, mas tenham prestações a vencer. “Estamos aproveitando uma ‘expertise’ que o Brasil tem sistema de registro para aplicar ao mercado de cessão, trazendo mais segurança e transparência ao segmento”, disse Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Normas do Banco Central (BC).

Apesar de colocar foco em apenas duas linhas específicas para pessoas físicas, a ideia é que todo tipo de cessão seja registrada pelos integrantes do sistema financeiro. “O objetivo final é que todas as operações, inclusive de arrendamento mercantil, sejam registradas. Mas esse processo tem que ser por etapas e começamos pelas mais importantes e de maior relevância.”

A princípio, o BC aceita o registro em qualquer câmara autorizada a funcionar, mas a Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), ligada à Federação Brasileira de Bancos (Febraban), deve fazer esse trabalho por meio do sistema conhecido como C3 (Central de Cessão de Crédito). “A iniciativa é nossa, mas tivemos conversas com a indústria, com a Febraban, com as associações dos banco e estamos confortável e plenamente satisfeitos com as tratativas”, disse Odilon.

A medida vem na sequência dos problemas enfrentados pelo sistema após a descoberta de irregularidades no PanAmericano justamente na contabilização das cessões de carteiras, há menos de um ano. Odilon não quis relacionar a obrigação de registro a esse caso, mas admitiu que a medida trará mais segurança para todo sistema. “O registro é muito importante para bancos de todos os portes, porque todos têm interesse nessas operações. O mercado de cessão de carteira precisa de muita fluidez, por isso é importante a segurança.”

As duas partes envolvidas na cessão de uma carteira (cedente e cessionário) deverão fazer o registro. Apenas se as informações estiverem corretas, o contrato é reconhecido pelo BC.

No caso de cessão para operações de securitização ou fundos de investimento em direito creditório (FIDC), o banco terá que fazer o registro da mesma forma, prevendo essa condição, disse Odilon. O mesmo vale para créditos adquiridos de operações de empresas varejistas. O BC deve soltar uma circular em breve com os requisitos necessários para o registro.

Fonte: Fernando Travaglini , Valor Economico