23 outubro 2025
Uma nova medida para contabilizar as emissões de CO2
Um consórcio global liderado por BlackRock (GIP), Santander e ExxonMobil anunciou a criação da iniciativa Carbon Measures, voltada a estabelecer um novo modelo de contabilidade de emissões de CO₂. O objetivo é elaborar um padrão que acabe com a dupla contabilização das emissões e permita calcular a intensidade de carbono por produto (como aço, cimento ou combustíveis) ao longo de cadeias de suprimentos. Segundo o grupo, o sistema atual — baseado no Greenhouse Gas Protocol — facilita que múltiplas empresas reivindiquem redução da mesma tonelada de CO₂.
22 outubro 2025
Nomes dos novos contadores
A partir da relação dos nomes dos aprovados no Exame de Suficiência, solicitei ao GPT que elaborasse a relação dos primeiros nomes mais populares. Eis o resultado:
Parabéns para as Anas, Marias, Gabrieis e muitos outros. Nessa relação há 4 "César" e 9 "Isabel".
Blockchain e smarts contrats para ajudar a reduzir a corrupção na Bolívia
O novo governo da Bolívia já anunciou que irá adotar a tecnologia blockchain, juntamente com os smart contracts, para combater a corrupção. A ideia é que as licitações e compras governamentais sejam registradas em blockchain, usando contratos inteligentes que executam automaticamente as regras acordadas. Isso reduziria a possibilidade de interferências, manipulações ou decisões arbitrárias. Em uma licitação pública, cada etapa ficaria registrada de forma pública e imutável na rede, permitindo maior controle.
A medida parece promissora na capacidade de ajudar no combate à corrupção, dada a transparência, a rastreabilidade, a redução de intermediários e a possibilidade de fiscalização por qualquer cidadão. Mas, se realmente funciona, por que não foi adotada em larga escala em outros países?
Há experiências em andamento, mas os casos de sucesso indicam que a eficácia da medida depende de vários fatores. Em primeiro lugar, há o custo de implementação e a necessidade de infraestrutura, incluindo profissionais capazes de utilizar a tecnologia. Em segundo lugar, os exemplos positivos surgem em sociedades onde já existe uma cultura de digitalização e de processos confiáveis. Em terceiro lugar, a corrupção pode ocorrer antes mesmo da informação entrar no sistema. É verdade que o uso de blockchain pode reduzir o volume da corrupção, mas, se houver problemas já na fase de licitação, o contrato decorrente continuará comprometido. Em quarto lugar, aqueles que se beneficiam da corrupção tendem a resistir ao processo, o que pode incluir a criação de entraves burocráticos, a má vontade em aprovar recursos para o projeto, entre outras barreiras.
Túnel no Estreito de Bering
Não foi proposital, mas novamente voltamos com uma postagem sobre comércio internacional. Anteriormente, falamos de uma nova rota da China para a Europa e, antes, do caso do Canal de Suez. Agora, encontro uma proposta de construção de um túnel sob o Estreito de Bering, aquele que separa a América — mais especificamente o Alasca — da Ásia, isto é, da Rússia. Há até um verbete na wikipedia.
Há diversos aspectos que apontam para a inviabilidade do projeto, desde o elevado custo até as condições geográficas e a baixa viabilidade econômica. É difícil imaginar um grande volume de cargas e pessoas circulando entre o Alasca e a Rússia.
E, como em todo projeto polêmico, a questão do custo é um jogo de números. Há previsões que variam entre 35 bilhões e 250 bilhões de dólares, segundo informações de um site dedicado ao projeto. As estimativas deveriam incluir não somente o túnel, mas também as ferrovias e a infraestrutura associada. Com essa inclusão, provavelmente trata-se de um projeto acima de cem bilhões de dólares. Mas haveria carga a transportar que compensasse o investimento? Provavelmente não.
Liberdade de expressão e IA no mundo
Eis o resumo:
A inteligência artificial (IA) generativa transformou a forma como as pessoas acessam informações e produzem conteúdo, levando-nos a questionar se os atuais marcos regulatórios ainda são adequados. Menos de três anos após o lançamento do ChatGPT, centenas de milhões de usuários já dependem de modelos da OpenAI e de outras empresas para aprender, se entreter e trabalhar. Em meio a tensões políticas e reações públicas, surgiram debates acalorados sobre que tipos de conteúdo gerado por IA devem ser considerados aceitáveis. A capacidade da IA generativa tanto de ampliar quanto de restringir a expressão a torna central para o futuro das sociedades democráticas.
Isso levanta questões urgentes: as leis nacionais e as práticas corporativas que regulam a IA protegem a liberdade de expressão ou a limitam? Nosso relatório — “Isso Viola Minhas Políticas”: Leis de IA, Chatbots e o Futuro da Expressão — aborda essa questão ao avaliar legislações e políticas públicas em seis jurisdições (Estados Unidos, União Europeia, China, Índia, Brasil e República da Coreia) e as práticas corporativas de oito grandes empresas de IA (Alibaba, Anthropic, DeepSeek, Google, Meta, Mistral AI, OpenAI e xAI). Em conjunto, esses sistemas públicos e privados de governança definem as condições sob as quais a IA generativa molda a liberdade de expressão e o acesso à informação em escala global.
Este relatório representa um passo em direção a repensar como a governança da IA influencia a liberdade de expressão, tomando como referência o direito internacional dos direitos humanos. Em vez de aceitar regras vagas ou sistemas opacos como inevitáveis, legisladores e desenvolvedores podem adotar padrões claros de necessidade, proporcionalidade e transparência. Dessa forma, tanto a legislação quanto as práticas corporativas podem contribuir para que a IA generativa proteja o pluralismo e a autonomia dos usuários, ao mesmo tempo em que reforça as bases democráticas da liberdade de expressão e do acesso à informação.
Eis o relato do Brasil:
O Brasil ficou em terceiro lugar, com um desempenho robusto. O arcabouço jurídico e institucional do país é marcado por fortes proteções constitucionais à liberdade de expressão, embora casos recentes revelem uma tendência a uma regulação mais intervencionista em resposta a danos online (reais ou percebidos). As perspectivas futuras dependem em grande parte de um novo projeto de lei sobre IA atualmente em discussão. Embora o projeto incorpore a liberdade de expressão e o pluralismo como princípios orientadores, também tem sido criticado por suas definições vagas e pelos potenciais efeitos inibidores sobre a liberdade de expressão.
21 outubro 2025
O Nobel de Economia foi justo?
O controverso Nobel do ano passado parece que tem companhia. Isso se depender do ponto de vista do estatístico Gelman. Analisando os dados do artigo de 2005, denominado Competition and Innovation: An Inverted-U Relationship, de dois dos autores que recentemente receberam o Nobel em Economia de 2025, a conclusão não é boa.
O texto original afirma existir uma relação entre concorrência de mercado e inovação, onde deveria ter um U invertido entre intensidade competitiva e inovação, sugerindo que até certo ponto a concorrência estimula a inovação.
Há várias questões metodológicas, como o uso de regressão de Poisson sobre dados que não são estritamente contagens. Na pesquisa original há 354 observações de 17 setores, entre 1973 e 1994.
Eis o texto final de Gelman:
Vendo por esse lado, toda a minha análise estatística com as transformações, as curvas quadráticas e a função de articulação foi uma perda de tempo, já que estou apenas fazendo uma análise sofisticada de dados ruins (ou, pelo menos, irrelevantes). Mas… resumir a informação estatística ainda tem valor em si. Minha análise levou apenas algumas horas, uma fração do tempo que os autores devem ter gasto preparando, analisando e interpretando seus dados. Acho importante, ao fazer análise estatística, dar o nosso melhor, neste caso levando em conta todas essas fontes de variação e incerteza.
Ou, colocando de outra forma, sim, teria sido aceitável descartar completamente os resultados publicados, dado os problemas com os dados. Mas alguns desses problemas só se tornaram aparentes depois que fiz aqueles gráficos mostrando as séries temporais de cada setor. Nesse ponto, todo o ajuste pode até ter sido uma perda de tempo — mas só pensei em fazer os gráficos porque estava tentando entender a adequação que parecia estranha.






