Translate

11 agosto 2025

IA e Big Four

Não há dúvida de que a chegada da Inteligência Artificial (IA) afetará a contabilidade. Uma tecnologia como essa tende a alterar o mercado, fazendo surgir novos concorrentes — inovadores e ágeis — e desafiando empresas já estabelecidas.

Veja o caso das empresas de auditoria. Se, no início, predominavam firmas de pequeno porte, a concentração do setor criou, inicialmente, as Big Eight. Com as fusões e a falência da Andersen, restaram apenas quatro grandes empresas. E então surge a IA.

Será que essas gigantes conseguirão ganhar terreno nessa tecnologia? O site Going Concern considera que, por serem grandes, burocráticas e lentas, podem enfrentar desvantagens. Empresas menores de auditoria poderiam se adaptar mais rápido e encontrar, com maior agilidade, alternativas tecnológicas. A “solução Google” pode estar à vista: quando não se é suficientemente ágil, adquirem-se as ameaças potenciais.

Apesar da posição do Going Concern, creio que ainda não será desta vez que veremos a destruição do oligopólio.

 

10 agosto 2025

História da contabilidade: Tesoureiro


Obviamente, não queremos aqui dizer que a ocupação de tesoureiro seja igual ao que conhecemos hoje como contador. Na verdade, o termo thesoureiro corresponde ao mesmo tesoureiro de nossa época, ao contrário dos termos “guarda-livros” ou “contador”. Mas, em torno do tesoureiro, havia alguns outros termos similares ou próximos, que os dicionários de antigamente procuravam especificar.

Um deles é “guarda-mor”, que, segundo Figueiredo (p. 983), corresponde a um empregado superior de algumas repartições públicas e tribunais. Fica a dúvida, para pesquisa futura, se “guarda-mor” poderia ser uma espécie de tesoureiro.

Outra palavra que parece ter relação com “tesoureiro” é “fiel” ou “fiel do armazém”. O mais antigo dicionário, Moraes (p. 638), indica ser um oficial que vigia sobre a exatidão dos pesos e, ao mesmo tempo, uma pessoa de confiança, “de quem se fia”. Já Aulete (p. 795) define como oficial público que tem a seu cargo algum depósito de gêneros ou de dinheiro, complementando como “ajudante de tesoureiro”. Finalmente, Figueiredo (p. 876) registra: empregado que tem a seu cargo a guarda de gêneros, papéis ou dinheiro, também com a indicação de que pode ser ajudante de tesoureiro.

Chegamos então ao termo “tesoureiro”. Segundo Moraes (p. 458), é o “guarda do tesouro”. Ele também indica “thesourado”, que seria o ofício do tesoureiro. E “tesouro” seria a área onde se guardam dinheiro, joias e preciosidades, bem como “multidão de dinheiro” ou “burra”.

Aulete (p. 1753) define “tesouraria” como escritório de bancos, companhias etc., onde se operam transações monetárias, e também como o cargo ocupado pelo tesoureiro. Este seria a pessoa “que guarda o tesouro ou cofre de uma associação; o indivíduo que tem a seu cargo fazer todas as operações monetárias de um banco, de uma companhia etc. [há também tesoureiro pagador]”.

Figueiredo (p. 1943) detalha um pouco mais. “Tesouraria” seria:

Casa ou lugar onde se guarda ou administra o tesouro público. Repartição onde funciona o tesoureiro. Escritório de companhia ou casa bancária, em que se realizam transações monetárias.

E “tesoureiro” é:

Empregado superior da administração do tesouro público. Aquele que é encarregado das operações monetárias numa casa bancária, companhia, associação etc.

É interessante notar que o mesmo Figueiredo, na página 1942, apresenta o termo “tesoiraria”:

f. O mesmo que tesoirado. Casa ou lugar onde se guarda ou administra o tesoiro público. Repartição onde funciona o tesoireiro. Escritório de companhia ou casa bancária, em que se realizam transacções monetárias.

Da mesma forma, há “tesoireiro”:

m. Guarda de tesoiro. Empregado superior da administração do tesoiro público. Aquele que é encarregado das operações monetárias numa casa bancária, companhia, associação etc. (Do lat. thesaurarius)

Citando aqui o grande Machado de Assis:

Assim, pois, esta irmandade tem um tesoureiro para recolher o dinheiro, um procurador para ir cobrá-lo e um meirinho para compelir os remissos.
(Balas de Estalo — Texto-fonte: Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Vol. III, 1994. Publicado originalmente na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, de 02/07/1883 a 04/01/1886.)


Referências

Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.

Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.

Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.

Assis, M. de. (1994). Balas de Estalo. In Obra completa (Vol. III). Rio de Janeiro: Nova Aguilar. (Publicado originalmente na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, de 02/07/1883 a 04/01/1886).

(Para fins desta postagem, adaptei a ortografia da época para facilitar a compreensão do leitor.)

História da Contabilidade: Guarda-livros


Sempre tive a impressão de que o termo “guarda-livros” e seu uso na língua portuguesa eram bastante antigos. Por isso, foi com surpresa que não o encontrei no Dicionário de Moraes, mesmo este tendo sido editado no final do século XVIII. Já no Aulete (p. 884), encontramos:

Empregado que, em qualquer casa de comércio, registra nos livros todo o movimento comercial da mesma casa.

Trata-se de um verbete bastante curto. Figueiredo (p. 983), mesmo sendo um dicionário mais extenso, também não dedica muito espaço ao termo:

Empregado comercial que registra o movimento do comércio em uma ou mais casas.

Chama atenção o fato de Figueiredo considerar que o profissional guarda-livros poderia trabalhar em mais de uma casa comercial. Essa situação é natural para um contador moderno que possua escritório próprio, mas soa incomum ao se imaginar o contexto da virada do século XIX para o XX.

E é só isso. Nada que desperte grande curiosidade ou atenção.

Pesquisando na obra literária de Machado de Assis (imagem), encontrei o uso do termo em Helena:

Minha vida começou a ser um mosaico de profissões; aqui onde me veem, fui mascate, agente do foro, guarda-livros, lavrador, operário, estalajadeiro, escrevente de cartório; algumas semanas vivi de tirar cópias de peças e papéis para teatro.

Em Memorial de Aires:

Aguiar casou guarda-livros. D. Carmo vivia então com a mãe, que era de Nova Friburgo, e o pai, um relojoeiro suíço daquela cidade. Casamento a grado de todos. Aguiar continuou guarda-livros, e passou de uma casa a outra e mais outra, fez-se sócio da última, até ser gerente de banco, e chegaram à velhice sem filhos. É só isto, nada mais que isto.

Em Quincas Borba:

Não me respondeu, fingiu que estava absorvido em uma conta, chamou o guarda-livros e pediu explicações.

Nos contos e outros escritos, o termo também aparece. Pelo visto, o nosso grande escritor evitava usar a palavra “contabilidade”, mas recorria com frequência a “guarda-livros”.


Referências

Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.

Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.

Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.

Assis, M. de. (1876). Helena. Rio de Janeiro: B. L. Garnier.

Assis, M. de. (1908). Memorial de Aires. Rio de Janeiro: Garnier.

Assis, M. de. (1891). Quincas Borba. Rio de Janeiro: B. L. Garnier.

(Para fins desta postagem, adaptei a ortografia da época para facilitar a compreensão do leitor.)

História da contabilidade: escriturário


Antes de tratar da palavra “escriturário”, gostaria de destacar que Moraes, Aulete e Figueiredo também registram o termo “escrevente” como alguém que escreve por modo de vida, que copia o que outrem dita (Moraes, p. 536), como “copista” (Aulete, p. 663) ou “aquele que tem por cargo copiar o que outrem escreve ou escrever o que outrem dita” (Figueiredo, p. 776). Aulete define “escriturário” como sinônimo de “escrevente” (p. 664).

Quanto ao termo “escriturário” (ou escripturario, na ortografia da época), Moraes (p. 536) é bastante econômico e define como:

Homem versado nas sagradas letras. O que escritura em livros.

Os dicionários costumam refletir sua época. No caso de Moraes, seu dicionário foi produzido quando Portugal e suas colônias começavam a adotar o método das partidas dobradas. O fato de o verbete “escriturário” ser tão econômico é, ao mesmo tempo, prova e consequência de que a contabilidade ainda não era uma realidade consolidada.

Mais de cem anos depois, Aulete registrava (p. 664):

Ação ou trabalho de escriturar ou de escrever. Arte de arrumar os livros comerciais ou de escriturar sistematicamente as diferentes partidas ou artigos. Arrumação dos livros de uma casa comercial; elaboração sistemática e metódica, em livros competentes, das contas de uma casa comercial; o conjunto dos documentos escritos relativos aos negócios de uma casa comercial.

Para Figueiredo (p. 777), “escrituração” é:

Ato de escriturar. Escrita dos livros comerciais; arte de os escriturar. Escrita metódica das contas de uma casa comercial.

E “escriturar” seria:

Registar metodicamente (o movimento de uma casa comercial ou de uma empresa industrial, os documentos de uma repartição pública etc.).

Como consequência, ainda para Figueiredo, “escriturário” é:

Aquele que faz escrituração. Escrevente.

Em Casa de Pensão, de Aluísio de Azevedo (foto), encontramos o seguinte trecho:

O Campos, segundo o costume, acabava de descer do almoço e, a pena atrás da orelha, o lenço por dentro do colarinho, dispunha-se a prosseguir no trabalho interrompido pouco antes. Entrou no seu escritório e foi sentar-se à secretária.

Defronte dele, com uma gravidade oficial, empilhavam-se grandes livros de escrituração mercantil. Ao lado, uma prensa de copiar, um copo de água, sujo de pó, e um pincel chato; mais adiante, sobre um mocho de madeira preta, muito alto, via-se o Diário deitado de costas e aberto de par em par.

Tratava-se de fazer a correspondência para o Norte. Mal, porém, dava começo a uma nova carta, lançando cuidadosamente no papel a sua bonita letra, desenhada e grande (...).

(Veja os elementos da tecnologia da época: pena, livros, prensa de copiar, caligrafia, carta...)


Referências

Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.

Azevedo, A. de. (1884). Casa de Pensão. Rio de Janeiro: B. L. Garnier.

Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.

Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.

(Para fins desta postagem, adaptei a ortografia da época para facilitar a compreensão do leitor.)

História da Contabilidade: Contador e Contabilidade


O termo “contador” mudou de concepção ao longo do tempo, o que leva muitas pessoas a pensar que já existia contador no Brasil desde os primórdios. Veja o que diz Moraes, em seu dicionário do século XVIII (p. 317):

O que calcula. Oficial da Fazenda Real, segundo o método da arrecadação antiga.

Ou seja, tratava-se de um cargo público. “Contadoria” era definida como a repartição que competia aos contadores.

Já a definição de Aulete é bem mais extensa. Sobre “Contabilidade” (p. 389), ele registra:

Cálculo, computação. Escrituração da receita e despesa de uma repartição do Estado, de casa comercial, industrial, bancária, de qualquer administração pública ou particular. A arte de arrumar os livros comerciais ou de escriturar contas.

O “contador” (p. 389) seria:

O que conta. Funcionário da repartição de contabilidade que verifica as contas.

Um aspecto curioso é que Aulete também traz o verbete “Contadora”:

Mulher que conta as resmas nas fábricas de papel.

Já Figueiredo, no verbete “contador” (p. 507), registra o sentido de “aquele que conta” e, no de “contabilidade”:

Arte de fazer contas comerciais ou burocráticas. Cálculo. Repartição onde se escrituram receitas e despesas. Escrituração de receitas e despesas.

Machado de Assis, em suas Crônicas de 5 de janeiro de 1896, usa o termo:

Não sei responder; provavelmente houve espiões, se é que o amor da contabilidade exata não levou o velho Siqueira a inscrever em cadernos os donativos que fazia.

(Pode ser impressão minha, mas percebo que Assis utilizava o termo nos seus últimos escritos. Não encontrei “contador” e “contabilidade” em seus contos ou romances.)


Referências

Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.

Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.

Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.

Assis, M. de. (1896). Crônica (5 de janeiro). In Obra completa

História da contabilidade: Caixeiro

Parece que a designação não existia no século XVIII. Moraes apresenta apenas o termo “caixa”, mas não “caixeiro”. Cem anos depois, Caldas Aulete (p. 262) definia ambos. Caixa seria:

Espécie de cofre forte em que os banqueiros ou capitalistas guardam o dinheiro ou os valores bancários, e também os livros mais importantes da sua escrituração. A repartição em que os banqueiros ou negociantes cobram as suas receitas e fazem pagamentos. (Por extensão) o dinheiro e valores que o negociante ou o banqueiro possui em caixa.

E, no final do mesmo verbete, encontramos:

Livro auxiliar de escrituração em que se registram as entradas e saídas de fundos: o diário e o caixa estão em dia, mas o razão tem um atraso de três meses. Caixeiro ou sócio encarregado do movimento da caixa, isto é, das cobranças e dos pagamentos.

Já “caixeiro” seria:

O empregado encarregado da caixa, o caixa. O empregado de comércio ou de casa bancária que o comerciante ou banqueiro institui como auxiliar do seu giro e tráfico. [Esta designação compreende os guarda-livros, os caixas, os escreventes do escritório, os cobradores e os encarregados da venda a retalho.]

Figueiredo (p. 337) segue Aulete. Para ele, caixa é:

Cofre forte em que os banqueiros, capitalistas, negociantes etc. guardam dinheiro e documentos importantes. M. Aquele que, numa casa comercial, tem a seu cargo cobranças e pagamentos. Livro em que se registam entradas e saídas de fundos.

Ele também apresenta um segundo conceito de “caixa”, relacionado a uma moeda de pequeno valor, a exemplo de Moraes. Já “caixeiro” é:

Aquele que, nas casas comerciais, está encarregado da venda a retalho. O encarregado de uma caixa comercial; guarda-livros; o caixa.

José de Alencar, em Senhora, escreve:

Este modo de receber tão sem cerimônia talvez cause reparo em um moço de educação apurada, mas Seixas não era procurado em casa senão por algum caixeiro ou por gente de condição inferior.

E, mais adiante:

Reconhecendo sua inaptidão para alguma das carreiras literárias, Emília lembrara-se de encaminhá-lo à vida mercantil. Por intermédio do correspondente do marido e pouco tempo depois da morte deste, fora o rapaz admitido como caixeiro de um corretor de fundos.


Referências

Alencar, J. de. (1875). Senhora. Rio de Janeiro: B. L. Garnier.

Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.

Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.

Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.

(Para fins desta postagem, adaptei a ortografia da época para facilitar a compreensão do leitor.)

História da contabilidade: Amanuense

Para acompanhar a evolução deste e de outros termos, vamos investigar como três dicionários históricos os registraram. O primeiro é o Moraes, em sua edição de 1789. A versão que utilizei possui dois tomos: o primeiro com quase 800 páginas (da letra A à letra K) e o segundo com mais de 500 páginas, totalizando cerca de 1.300 páginas. Essa edição tem o título Diccionario da Lingua Portugueza composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado e accrescentado por Antonio de Moraes Silva, natural do Rio de Janeiro. Na capa, constam ainda os dizeres: “na officina de Simão Thaddeo Ferreira”.


O segundo dicionário é o Caldas Aulete, intitulado Diccionario Contemporaneo da Lingua Portugueza, de 1881. Com pouco mais de mil páginas, a obra é bastante conhecida do público. O terceiro é o Novo Diccionario da Língua Portuguesa, de 1913, 10ª edição, o maior deles e talvez o menos conhecido, com 2.100 páginas.

Em resumo: o Diccionario da Lingua Portugueza, de Antonio de Moraes Silva, publicado originalmente em 1789, é considerado o primeiro grande dicionário da língua no Brasil e em Portugal, trazendo definições detalhadas e etimologias. O Diccionario Contemporaneo da Lingua Portugueza, de Caldas Aulete, lançado em 1881, inovou ao incorporar vocabulário técnico e estrangeirismos. Já o Novo Diccionario da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo, publicado em 1913, destacou-se por seu caráter normativo e pela atualização ortográfica, tornando-se referência no início do século XX.

Entre os vários termos associados à profissão e à contabilidade, provavelmente o “amanuense” seja o menos conhecido. Moraes (Tomo I, p. 71) é lacônico e o define como “o que escreve o que o outro dita; escrevente”. Caldas Aulete (p. 77) segue a mesma linha, mas acrescenta: escrevente, copista. Empregado que ocupa o grau inferior no quadro de uma secretaria e é ordinariamente encarregado de copiar e registrar papéis. Já Figueiredo (p. 101) define amanuense como: “Escrevente. Secretário. Copista. Empregado de repartição pública, encarregado geralmente de fazer cópias e registar diplomas e correspondência oficial.”

Eis o que Machado de Assis escreveu:

A reputação de vadio, preguiçoso, relaxado, foi o primeiro fruto desse método de vida; o segundo foi não andar para diante. Havia já oito anos que era amanuense; alguns chamavam-lhe o marca-passo. Acrescente-se que, além de falhar muitas vezes, saía cedo da repartição ou com licença ou sem ela, às escondidas.

O caso Barreto — Texto Fonte: Relíquias de Casa Velha, Machado de Assis, Rio de Janeiro: Edições W. M. Jackson, 1938. Publicado originalmente em A Estação, 15 de março de 1892.

Ou seja, tratava-se de uma função com pouco prestígio social.

 
Referências

Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.

Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.

Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.

(Para fins da postagem, adaptei a ortografia da época, para facilitar ao leitor o entendimento)