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01 agosto 2025

PIX é motivo de investigação


O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) abriu uma investigação formal sobre o Pix, sistema de pagamento instantâneo operado pelo Banco Central do Brasil. O governo americano alega que o sistema promove práticas comerciais desleais, dificultando o acesso de empresas dos EUA, como Apple Pay e Google Pay, ao mercado brasileiro. O Pix, lançado em 2020, se tornou dominante no Brasil — usado por cerca de 75% da população (cerca de 160 milhões de pessoas). Seu modelo público e gratuito representa forte concorrência às grandes empresas de tecnologia e ao setor bancário tradicional.

Especialistas apontam que a motivação da ação americana está ligada à pressão do mercado e preocupações geopolíticas, incluindo o controle de dados dos consumidores e alinhamento estratégico de Brasil com o bloco BRICS e a China. O governo brasileiro defendeu o Pix como um “bem público nacional” e rejeitou interferência externa.

Naturalmente se a pressão tiver êxito, isso pode representar uma aumento no custo das transações. Do lado macro, a questão também diz respeito a tensão geopolítica entre os EUA e o Brasil em meio ao protagonismo crescente da China no cenário brasileiro. O embate reflete uma disputa por influência global — Trump usando sanções econômicas como instrumento de pressão, e o Brasil reafirmando seu alinhamento com blocos que desafiam a ordem econômica liderada pelos EUA. 

Economistas são auditores ou arquitetos


Ricardo Hausmann questiona o estado atual da economia como disciplina, observando que muitos economistas se comportam mais como auditores — focados em hipóteses testáveis e evidência estatística — do que criadores de políticas visionárias. Ele argumenta que os desafios globais urgentes — como crescimento estagnado, mudança climática e desigualdade — demandam soluções inovadoras e pensamento ambicioso. 

O autor destaca a crise de identidade dentro da profissão: deve-se formar economistas pensando como arquitetos de política pública, criando estratégias criativas, ou como auditores que apenas validam programas existentes? Segundo Hausmann, a predominância de metodologias estreitas prejudica a capacidade da economia de enfrentar problemas do mundo real. É necessário resgatar uma visão mais ambiciosa e prática no ensino e na aplicação da disciplina para que ela volte a oferecer respostas transformadoras à sociedade.

Veja como a visão do auditor parece ser bem estreita. Mas não deixa de ser útil, embora Hausmann parece não pensar assim.  

Santo Contador?


Ignácio de Loyola, o santo espanhol, também militar e fundador da Companhia de Jesus é bastante conhecido. Mas quando jovem, Loyola foi também contador.

Fui confirmar isso na Wikipedia, em espanhol, onde aparece que quando jovem, ele foi mandado a Arévalo para viver na casa de Juan Velázquez de Cuéllar, contador-mor de Castela, a pedido deste. Havia laços familiares entre María de Velasco, esposa de Velázquez, e a mãe de Inácio. Velázquez, além de contador, foi membro do Conselho Real e executor testamentário dos Reis Católicos. 

Mas nada parece indicar que ele trabalhou com a profissão. 

Os artigos citados no primeiro link não estão disponíveis de forma acessível, o que impede uma verificação mais apurada.  

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: aqui

31 julho 2025

Uma fraqueza dos modelos de IA

Veja a imagem abaixo. Um problema de matemática, com a mesma formulação, mas o texto de baixo tem uma informação desnecessária, que está em vermelho. Quando o problema é submetido a um ser humano, ele simplesmente desconsidera a parte em vermelho.

Mas uma pesquisa (via aqui) mostrou que a inserção dessa frase no problema prejudica a resposta dada pela IA. Em língua inglesa isso chama CatAttack. 

O estudo descobriu que a inserção de "gatilhos adversariais independentes da pergunta" — trechos curtos e irrelevantes que, ao serem adicionados a problemas matemáticos, induzem sistematicamente os modelos a respostas incorretas — confunde os modelos. Alguns ficaram até 700% mais propensos ao erro quando expostos ao chamado CatAttack. 

Helsinki completou um ano sem uma morte no trânsito


É uma notícia surpreendente. A capital da Finlândia, que possui 640 mil habitantes, completou um ano sem nenhum acidente fatal no trânsito dentro dos limites da cidade, com o último ocorrido em julho de 2024 no bairro Kontula. Autoridades atribuem o feito à redução do limite de velocidade — mais da metade das ruas agora é limitada a 30 km/h — e a um desenho urbano mais inteligente, com infraestrutura ampliada para pedestres e ciclistas, monitoramento reforçado e transporte público eficiente. Apesar de ainda ocorrerem acidentes com feridos (277 no ano passado), o número é bem inferior aos quase mil registrados nos anos 80. A estratégia de segurança da cidade, válida até 2026, prioriza a segurança de crianças, jovens e usuários vulneráveis. 

A redução de acidentes em Helsinki impacta a contabilidade pública ao diminuir gastos com saúde, seguros e infraestrutura de emergência. Além disso, reflete investimentos eficientes em mobilidade urbana, que podem ser analisados como indicadores de desempenho e retorno social, fundamentais para a contabilidade governamental e avaliação de políticas públicas. 

IA está influenciando a forma como falamos


Eis o resumo:

Desde a invenção da escrita e da imprensa, passando pela televisão até as redes sociais, a história humana é marcada por grandes inovações em tecnologias de comunicação que transformaram profundamente a forma como as ideias se espalham e moldam a cultura. Recentemente, chatbots movidos por inteligência artificial generativa passaram a constituir um novo meio de comunicação, capaz de codificar padrões culturais em suas representações neurais e disseminá-los em conversas com centenas de milhões de pessoas. Compreender se esses padrões se transferem para a linguagem humana — e, em última instância, moldam a cultura — é uma questão fundamental.

Embora quantificar totalmente o impacto causal de um chatbot como o ChatGPT sobre a cultura humana seja extremamente desafiador, mudanças lexicográficas na comunicação falada podem oferecer um primeiro indicativo desse fenômeno amplo. Neste estudo, aplicamos técnicas econométricas de inferência causal a 740.249 horas de discursos humanos provenientes de 360.445 palestras acadêmicas no YouTube e 771.591 episódios de podcasts conversacionais de diversas áreas. Detectamos um aumento abrupto e mensurável no uso de palavras preferencialmente geradas pelo ChatGPT — como delve (aprofundar), comprehend (compreender), boast (gabar-se), swift (rápido) e meticulous (meticuloso) — após seu lançamento.

Esses achados sugerem um cenário no qual máquinas, inicialmente treinadas com dados humanos e posteriormente exibindo traços culturais próprios, podem, por sua vez, moldar a cultura humana de forma mensurável. Isso marca o início de um ciclo fechado de retroalimentação cultural, em que traços culturais circulam bidirecionalmente entre humanos e máquinas. Nossos resultados incentivam novas pesquisas sobre a evolução da cultura humano-máquina e levantam preocupações quanto à erosão da diversidade linguística e cultural, além dos riscos de manipulação em larga escala.

Foto: aqui

Pensei aqui que a IA talvez ensine os humanos a serem educados e calmos, mesmo diante de questões idiotas.