Translate

Mostrando postagens com marcador política. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador política. Mostrar todas as postagens

23 julho 2013

Protestos brasileiros no tempo

O gráfico apresenta os protestos ao longo da história do Brasil. Enquanto os tumultos - de vermelho, aumentaram substancialmente durante as décadas de 50 e 60, são cada vez menores. Mas as demonstrações contra o governo - de azul - aumentaram ao longo dos anos 80 e 90. Campos arrisca três razões para este movimento: (a) ineficiências e corrupção dos serviços públicos; (b) inépcia dos políticos; (c) fatores políticos.

11 julho 2013

Caixa dois na Espanha

O Partido Popular (PP), que governa a Espanha, foi obrigado a divulgar ontem reiterados desmentidos de que operava recursos de "caixa dois" para fazer pagamentos não declarados a seus membros mais antigos, entre os quais o atual primeiro-ministro, Mariano Rajoy.

O partido de Rajoy foi atacado por políticos da oposição, depois que o jornal "El Mundo" publicou ontem o que alega serem cópias de originais com registros de movimentações de dinheiro clandestinas, que eram mantidos por Luis Bárcenas [montagem], ex-tesoureiro do PP que está na prisão aguardando julgamento.

(...) O jornal "El Mundo" afirma que os documentos que publicou mostram que Mariano Rajoy recebeu pagamentos ilegais quando era ministro no governo de José María Aznar, o então primeiro-ministro, juntamente com outras altas figuras do PP, como Rodrigo Rato, então ministro da Economia e, posteriormente, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Todos os supostos beneficiários negaram que esses pagamentos tenham sido feitos.

Os desmentidos vieram na esteira da anterior publicação, pelo jornal "El País", de fotocópias da contabilidade clandestina supostamente mantida pelo ex-tesoureiro Bárcenas, documentos que, segundo o PP, não têm credibilidade por não serem originais. Agora o "El Mundo" alega ter publicado cópias dos originais.

Bárcenas, que está detido e aguarda um julgamento sobre como acumulou uma fortuna em torno de € 48 milhões em contas bancárias no exterior, dissera inicialmente que os documentos eram falsos, mas depois mudou sua versão, alegando que o partido o pressionara para que mentisse a respeito. (...)


Cresce escândalo do mensalão do PP na Espanha - Miles Johnson | Financial Times publicado no Valor Econômico - 10/07/2013


04 julho 2013

Taxa de sucesso

A quantidade de golpes de estado, desde 1950 e a taxa de sucesso, pontilhada. Nos últimos anos tivemos menos golpes, mas com maior taxa de sucesso.

30 junho 2013

Chico Buarque: Cotidiano

♪ "Tô de Chico". Ofereço com carinho a postagem da vez para a Erika Chad, que em algum momento me apresentou a perfeita frase: "A sua mulher só está com você porque não pode estar com Chico Buarque". ♫ A sabedoria popular! ;)

Bom domingo a todos!

Para aumentar, clique na imagem.


Cotidiano: música escrita por Chico Buarque que retrata um sentimento nacional. Da vida sufocada do povo sob o regime militar. Não havia encanto nenhum na vida do casal, tudo parecia pré-determinado. O casal era composto por um homem que sustentava a casa e mulher que atendia aos seus anseios. Aquele velho modelo desgastado do cotidiano, sem espaço para rompimentos.

Fonte: Aqui

24 abril 2013

Por que as nações fracassam


O leitor já deve ter escutado a frase, do livro de StefanZweig, que o Brasil é o país do futuro. Parece que estamos uma eternidade esperando por um país melhor, que possa aproveitar melhor o seu potencial.

Alguns países conseguiram, ao longo do tempo, aproveitar as oportunidades, enquanto outros fracassaram. Existem muitas teorias que tentam explicar o sucesso e o insucesso das nações. Fatores como clima, religião, origem da colonização, entre muitos outros, já foram discutidos numa enorme bibliografia sobre o assunto.

Daron Acemoglu e James Robinson, em Por que as Nações Fracassam (Campus, 2012) apresentam duas teses principais. Primeiro, que a estrutura política é mais relevante que os aspectos econômicos. Assim, a pesquisa sobre o assunto deve-se concentrar na forma como as nações se organizam em termos políticos.

Os autores classificam os países segundo o acesso que a população as riquezas que são produzidas. As nações que concentram a riqueza num pequeno grupo de pessoas são consideradas nações com instituições extrativistas. É o caso da Coreia do Norte, onde a família de Kim Il-Sung, através da ideologia juche, apropria da riqueza produzida naquele país. Outros exemplos são apresentados pelos autores, como o Zimbabwe de Mugabe, o sul dos Estados Unidos até o movimento de Luther King, a China do Partido Comunista, a Rússia dos Czares e dos sovietes, as famílias centenárias da Guatemala, os peronistas argentinos e os paramilitares da Colômbia. Os países que respeitam o direito de propriedade e permitem o acesso de um grande número de pessoas ao mercado de bens e serviços são nações com maior chance de dar certo. Entre os exemplos citados a época colonial da América do Norte e da Austrália, a Inglaterra após a revolução Gloriosa e, surpreendentemente, Botswana, o país de mais rápido crescimento do mundo.

A leitura das mais de 350 páginas cria uma expectativa sobre o Brasil. Afinal, nosso país atualmente concentra a extração da riqueza numa oligarquia interessada em obter benefícios próprios ou permite um acesso amplo a uma grande parcela da população ao mercado? A resposta para isto aparece somente no final do livro, quando os autores analisam, rapidamente, o nosso país.

Vale a pena? O livro possui uma teoria interessante e cita muitos exemplos para tentar convencer o leitor. A leitura é agradável. Para quem se interessa pelo assunto, vale a pena.

Evidenciação: a obra foi adquirida pelo blogueiro numa livraria comercial. 

Parceiros do blog:
Amazon Brasil
Americanas
Submarino

28 março 2013

Eucatex

O Ministério Público de São Paulo afirma que a família do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) está buscando escapar do pagamento de condenações judiciais com a transferência do patrimônio da empresa da qual é dona, a Eucatex, para uma nova companhia do grupo, a ECTX.

Para a Promotoria, essa operação constitui fraude e tem como objetivo "desidratar" a Eucatex para evitar que os bens da companhia sejam usados para pagar indenizações nas ações judiciais em que Maluf foi acusado de desviar dinheiro da prefeitura.

O vice-presidente da Eucatex, José Antônio Goulart de Carvalho, nega a acusação. Ele afirmou à Folha que a transferência do patrimônio da empresa para a ECTX ocorreu porque a nova companhia será a protagonista de um novo modelo de gestão, mais transparente, a ser adotado.

Em julho do ano passado, a Eucatex transferiu R$ 320 milhões de seu patrimônio para a ECTX. Em maio e outubro, a empresa informou, em comunicados de "fato relevante" ao mercado, que havia iniciado um "processo de reorganização acionária" para transferir seu acervo. (...)

A Eucatex e Maluf são réus em processo no qual a Promotoria pede a devolução de US$ 153 milhões (R$ 308 milhões) que teriam sido desviados da prefeitura, remetidos ao exterior e depois investidos na Eucatex por meio de operações financeiras. (...)


Promotoria acusa Maluf de blindar bens de empresa - 25 de Março de 2013 - Folha de São Paulo - FLÁVIO FERREIRA

07 março 2013

Herança de Chavez

A lista de empresas que foram expropriadas por Chavez e sua situação após o ato:

Açucareira Cumanacoa
Expropriada em 2005, passou a se chamar “Azucarero Sucre” e receber consultoria cubana. A produção da empresa caiu 18% desde que passou para as mãos do governo e o prejuízo foi de 66%.

Cargill
A Cristal, fábrica da empresa de alimentos Cargill foi expropriada em 2009. O governo alegou que ela não produzia o tipo de arroz determinado.

Fruticola Caripe
Responsável por processar suco de laranja, passou para as mãos do governo em 2007 e mudou o nome para passou Cítricos Roberto Bastardo. A produção atual é apenas de 13% do que anteriormente.

Rualca
A exportadora de alumínio foi estatizada no ano de 2008 e seu nome foi mudado para Rialca. A fábrica está parada e sem produção.

Venepal
A fabricante de celulose foi incorporada à estatal Invepal. Depois disso, passou a produzir somente 2% de sua capacidade.

Venirauto
A empresa foi criada em 2006 em sociedade com o Irã e tinha como objetivo fabricar 26 mil unidades por ano. No período de 4 anos vendeu apenas 2 mil unidades.

Lácteos Los Andes
Respondia por 35% do mercado de leite e passou a produzir 2% da demanda nacional.

Cervejaria Polar e Pepsi
A área que possuía estrutura industrial foi expropriada para a construção de moradias.

Investidores devem ignorar política


Washington, I'm here to tell you, politics and investing don't mix.
Yep, I thought I'd begin our conversation about investing by rocking your most cherished beliefs. Many of you are active in party politics, work for government or are involved in related fields. Well, I have some bad news: Your politics are killing you in the markets.
In my work, I use behavioral psychology, statistics, cognitive biases, history, data analysis, mathematics, brain physiology, even evolution to make better investing decisions. Indeed, these are all key to learning precisely what not to do. While making good decisions can help your portfolio, avoiding bad ones is even more important.
We humans make all the same mistakes, over and over again. It's how we are wired, the net result of evolution. That flight-or-fight response might have helped your ancestors deal with hungry saber-toothed tigers and territorial Cro Magnons, but it drives investors to make costly emotional decisions.
And it's no surprise.
It's akin to brain damage.
To neurophysiologists, who research cognitive functions, the emotionally driven appear to suffer from cognitive deficits that mimic certain types of brain injuries. Not just partisan political junkies, but ardent sports fans, the devout, even hobbyists. Anyone with an intense emotional interest in a subject loses the ability to observe it objectively: You selectively perceive events. You ignore data and facts that disagree with your main philosophy. Even your memory works to fool you, as you selectively retain what you believe in, and subtly mask any memories that might conflict.
Studies have shown that we are actually biased in our visual perception - literally, how we see the world - because of our belief systems.
This cognitive bias is not an occasional problem - it is a systematic source of errors. It's not you, it's just how you are built. And it is the reason most people are terrible investors.
[...]You need not be a mathematical wizard to learn this lesson. When you are in the polling booth, vote however you like; But when you are reviewing your investing options, it is best to do so with a cold, dispassionate eye.
Understanding how your own biases impact your investing process is a key step. If you want to avoid making certain errors, you must at least be aware of them.
And now you are.
Fonte: aqui

01 fevereiro 2013

Espanha e Políticos

O jornal El País mostrou que o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy recebei uma grande quantidade dinheiro "secreto". O dinheiro é proveniente de pagamentos de empresários e aparentemente Rajoy deve ter recebido pagamentos de 250 mil euros. 

Estes valores não foram declarados para fins de imposto de renda. O ex-tesoureiro do partido de Rajoy está sendo investigado por manter uma conta bancária na Suíça, com valores de até 22 milhões de euros.

Conforme o Business Insider, Bárcenas é acusado de ter mantido um sistema de caixa dois para esconder os pagamentos.

Apesar da negativa de alguns membros do partido de Rajoy, aparentemente a informação é verdadeira. 

08 janeiro 2013

Empresa e política

Telêmaco Borba, cidade localizada na região dos campos do Paraná, é conhecida como a capital nacional do papel. Com cerca de 70 mil habitantes, abriga a maior fábrica do produto na América Latina: a Fazenda Monte Alegre, empreendimento da Klabin S.A. O vínculo entre a companhia e a cidade é antigo: data da década de 40, quando Horácio Klabin chegou à região disposto a dar continuidade aos negócios da família. Neste ano, o governo de Telêmaco Borba passará das mãos de Eros Araújo (PMDB) para as de Luíz Carlos Gibson (PPS), prefeito eleito no primeiro turno que derrotou Waldomiro Bereza, o candidato da situação. Apesar de divergirem sobre os rumos da cidade, Gibson e Bereza contaram com um apoio financeiro comum em suas campanhas: o da Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil. No total, a companhia doou R$ 89 mil aos candidatos, dos quais Bereza recebeu a maior parcela, de R$ 20 mil; Gibson ficou com R$ 14,5 mil; e os demais partilharam o restante. No total, a empresa doou R$ 615 mil a candidatos e comitês de partidos de todo o País em 2012.

O envolvimento da Klabin em eleições não é novidade: a companhia financiou campanhas políticas nos últimos cinco pleitos municipais, estaduais e nacionais, entre 2002 e 2010. O acionista que quiser saber os valores doados, contudo, precisará vasculhar o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual são compiladas as informações declaradas pelos partidos políticos. A empresa não divulga as cifras das contribuições — ou a política que as norteia — em sua página na internet dedicada aos investidores. A omissão em relação ao tema não é exclusividade da Klabin. Uma análise feita pela CAPITAL ABERTO das informações contidas no site do TSE revela que nenhuma das 20 companhias abertas que mais contribuíram com campanhas na última eleição municipal havia divulgado os números aos investidores, ao menos até o fechamento desta edição. Os formulários de referência e as demonstrações contábeis dessas empresas no ano de 2010 também não mencionavam as contribuições feitas nas eleições estaduais e nacionais daquele ano — a única exceção é o Itaú Unibanco, como veremos adiante.

Nesse grupo, consta, por exemplo, a mineira MRV. Dentre as incorporadoras listadas na BM&FBovespa, ela foi a que mais destinou recursos a campanhas em 2012: R$ 10,3 milhões. Doou a partidos, diretórios e candidatos — só estes últimos receberam R$ 2,6 milhões. Foram agraciados vereadores e prefeitos das cidades de Belo Horizonte, Betim, Contagem e outras. As contribuições para comitês e partidos totalizaram cerca de R$ 7,6 milhões — os comitês mais beneficiados foram os do PT, em Guarulhos, Mogi das Cruzes, Santo André e São Bernardo do Campo. Contatada pela reportagem para explicar o motivo de não prestar contas dessas cifras aos acionistas, a empresa preferiu não conceder entrevista.

O desembolso de R$ 10,3 milhões é representativo em uma companhia como a MRV. É mais que o dobro dos honorários pagos a todos os seus conselheiros de administração e diretores nos nove primeiros meses de 2012, cuja soma atingiu R$ 4,7 milhões. Vale notar que outras despesas no patamar do montante destinado aos políticos estão devidamente destacadas nas notas explicativas — como, por exemplo, os gastos de R$ 10,4 milhões com água, luz e telefone no acumulado até setembro.

O quadro evidencia o descaso das companhias em seguir as melhores práticas de governança recomendadas. O código do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) é categórico: anualmente, a organização deve divulgar, de forma transparente, todos os custos oriundos de suas atividades voluntárias — inclusive políticas. "Se a empresa não publica essa informação, gera uma desconfiança no investidor de que possa de ter feito algo ilícito", observa Eliane Lustosa, conselheira de administração do IBGC.

Exceção à regra, o Itaú Unibanco tem como prática divulgar as contribuições a eleições políticas em seu relatório anual. As doações realizadas pelo banco para candidatos de todas as regiões do País somaram R$ 23,7 milhões em 2010. Na última eleição municipal, o Itaú Unibanco doou aproximadamente R$ 2,7 milhões, principalmente para políticos de Minas Gerais e Pernambuco, segundo dados do TSE.

Exceção à regra, o Itaú Unibanco tem como prática divulgar as contribuições em seu relatório anual

POUCO INCENTIVO — Atualmente, não há regulamentação que obrigue as companhias abertas a publicar suas políticas de doações a políticos ou divulgar os valores doados e os respectivos beneficiados. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa deve divulgar a contribuição por meio de fato relevante se julgá-la significativa, nos termos da Instrução 358/02. Esse entendimento fica a critério da administração. A única obrigação que as companhia têm, sejam elas abertas ou fechadas, é a de declarar e discriminar à Receita Federal o valor e o destino das doações. Desse modo, a única orientação que existe para divulgação ampla desses números está nos códigos de governança.

Assim como o IBGC, o International Corporate Governance Network (ICGN), entidade que une grandes investidores em favor das boas práticas, defende que as companhias tornem públicos seus gastos com política, bem como as finalidades desses recursos. O Corporate Governance Codes and Principles, da África do Sul, é mais radical: diz que as empresas devem se manter apolíticas e repudia a contribuições a partidos.

A falta de transparência sobre o assunto também é um problema nos Estados Unidos. Atualmente, tramita na Securities and Exchange Commission (SEC) uma petição assinada, em agosto, pelo Committee on Disclosure of Corporate Political Spending, criado pelo diretor do Programa de Governança Corporativa da Escola de Direito de Harvard, Lucian Bebchuck. O grupo, composto de outros nove professores de direito de renomadas universidades norte-americanas, quer tornar obrigatória a publicação de gastos com atividades políticas pelas companhias de capital aberto do país.

A petição está acompanhada de um estudo de autoria de Bebchuck, que aponta uma maior preocupação dos investidores em obter dados relacionados às atividades políticas das empresas. A afirmação tem como base um estudo da própria SEC: 21,4% dos investidores entrevistados pela agência em 2012 foram a favor da transparência dessas informações, ante 11,2% na sondagem anterior, em 1992. Os que se opuseram à petição centraram seus argumentos no custo adicional que a contabilidade dos gastos pode gerar, caso a empresa venha a ter que contratar uma auditoria especializada, por exemplo. Por fim, a análise reafirma que a divulgação dessas informações é essencial para alinhar os interesses dos acionistas com os da organização e que os custos adicionais não justificam o abandono da medida. "O pleito recebeu o número recorde de mais de 300 mil comentários, a maioria deles favorável. Acredito que a SEC vai reconhecer isso", ressaltou Bebchuck à CAPITAL ABERTO.

O Council of Institutional Investors (CII) — organização que reúne 130 fundos de pensão, com mais de US$ 3 trilhões sob gestão — é outro grupo que reivindica um aumento da prestação de contas sobre doações políticas nos Estados Unidos. Em outubro, enviou uma carta à SEC na qual ratifica o direito dos acionistas de saberem como a empresa usa seus recursos para fins políticos. "Os investidores têm direito a essa informação. É preciso se assegurar de que as doações a políticos geram valor para a empresa, ou, ao menos, não a prejudica", afirma Amy Borrus, diretora do CII.

REGRAS DO JOGO — Além dos valores, os institutos e códigos de governança recomendam a divulgação de cartilhas detalhando procedimentos para doações políticas. O IBGC diz que, a fim de assegurar maior transparência sobre os recursos de seus sócios, as organizações devem elaborar uma política sobre suas contribuições voluntárias — e que o conselho de administração deve ser o órgão responsável pela aprovação de todos esses desembolsos.

Dentre as 20 empresas analisadas pela reportagem, 13 possuem, em seus códigos de conduta, algumas linhas dedicadas ao tema das doações políticas. Contudo, em vez de usarem o espaço para dizer se fazem doação e os critérios utilizados, elas basicamente mencionam sua preocupação em respeitar a legislação vigente, que regulamenta as formas de doação — se eletrônica, via site do candidato, ou por depósito bancário, por exemplo. Para Carlos Pereira, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), especialista no processo de financiamento de campanhas no Brasil, as companhias evitam a transparência por entenderem que a divulgação dessas informações pode comprometer futuros negócios com governos de partidos diferentes.

Nesse aspecto, mais uma vez, o Itaú se diferencia. Os critérios que norteiam as doações estão disponíveis em uma cartilha clara, publicada no site de relações com investidores do banco. O material atesta a criação de um conselho consultivo que analisa, aprova e executa os pedidos de doação — o Itaú não doa a comitês ou partidos, só a candidatos. Antes de fazer o desembolso, o órgão analisa o histórico do político e verifica se ele se identifica com os valores da ética e da democracia. São vetadas contribuições a nomes que tenham sido condenados na esfera penal, a não ser por crimes considerados "de menor potencial ofensivo", como contravenção e violação de domicílio, por exemplo.

Apesar de condicionar a contribuição ao histórico ilibado do candidato, o Itaú Unibanco acabou fazendo uma doação a quem não merecia. Em 2010, destinou R$ 150 mil a Demóstenes Torres, em sua campanha para senador de Goiás. Eleito, o parlamentar teve seu mandato cassado em julho de 2012 por manter envolvimento e praticar tráfico de influência com o contraventor Carlinhos Cachoeira. "O ex-senador Demóstenes era o verdadeiro ícone da moralidade no Congresso Nacional. Não havia nenhum indício de sua ligação com o Cachoeira", esclarece Cícero Araújo, diretor de relações institucionais e governo do Itaú Unibanco.

PARA O FUTURO — Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), acredita que, no longo prazo, esse tema poderá ser discutido pela entidade. "Os acionistas têm de entender quais são os motivadores que trabalham sobre a companhia", analisa. Para Paulo Veiga, diretor de análise da Mercatto Investimentos, cujos fundos aplicam em ações de Itaú Unibanco e MRV, a destinação dos recursos da empresa deve sempre chegar ao investidor com transparência, especialmente quando o gasto visa a uma utilidade pública. O mesmo posicionamento tem Marcos De Callis, diretor de investimentos da Schroders Brasil, que investe em Klabin. "Se a empresa faz contribuições, é interessante que os acionistas minoritários saibam qual o volume delas e os critérios utilizados", acredita. Em dois anos, as companhias abertas brasileiras terão uma nova oportunidade de prestar contas aos acionistas sobre seus gastos com política. E os investidores, mais uma chance de pressioná-las em favor da transparência.


Doações veladas - 8 de Janeiro de 2013 - Revista Capital Aberto
André Rossi

04 janeiro 2013

Teoria dos Jogos: dilema de Eduardo Campos


Curiosamente, embora políticos e economistas, quando no exercício da autoridade, sejam vistos como pertencentes a esferas diversas e operando com lógicas diferenciadas, ambos podem encarar dilemas marcados pela presença de riscos relevantes, em que a escolha a ser feita dependerá do balanço que cada um fizer acerca das probabilidades de um ou de outro cenário. Tome-se o caso de Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Se sua política monetária for frouxa demais, o risco que corre é de gerar inflação daqui a alguns anos. Já se ela for apertada antes do tempo, pode lançar os EUA em nova recessão. Defrontadas com o mesmo quadro, pessoas diferentes podem tomar decisões diferentes entre si. São os riscos da vida.
Já na política, candidatos à Presidência também enfrentam escolhas relacionadas com a decisão acerca de dar ou não um grande salto. Barack Obama deu um passo arrojado há alguns anos, quando se lançou numa corrida vista por muitos como fadada ao insucesso e que, pouco depois, foi coroada de êxito.
No campo da economia, na teoria dos jogos aprende-se a pensar em termos estratégicos, entendendo que cada agente define o seu comportamento em função da opinião que ele tiver acerca da ocorrência de outros eventos. Um caso interessante para análise, nesse sentido, é a dúvida a ser enfrentada nos próximos meses pelo governador Eduardo Campos.
Para entender a questão, é conveniente pensar em termos de possibilidades. Num caso, tem-se o estado da economia em 2014, que pode ser definido como "bom" ou "ruim". No outro, tem-se a reflexão de Campos, no sentido de se postular ou não para a Presidência. A combinação de circunstâncias enseja um quadro de possibilidades em que, nas colunas, se tem o estado da economia e, nas linhas, a definição do governador entre ser candidato ou não. Isso gera um quadro com quatro cenários:
Cenário A: Economia em "bom" estado, com candidatura do governador. Trata-se de um contexto delicado para ele, uma vez que, neste caso, a presidente Dilma Rousseff seria uma forte candidata à reeleição. Assim, as chances de Eduardo Campos dependeriam de um fator não econômico ou semieconômico, associado à valorização do "novo" na política e, eventualmente, ao argumento de que ele poderia "tocar" mais rapidamente a agenda da competitividade, por exemplo;
Cenário B: Economia em estado "ruim", com candidatura presidencial de Campos. Pode ser uma situação politicamente boa para ele, uma vez que se desligaria do ônus associado à situação, com a possibilidade de capitalizar parte da eventual insatisfação com o rumo do País, reforçada pela imagem de político jovem e dinâmico;
Cenário C: Economia em "bom" estado, sem que o governador se lance candidato. Poderia ser um cenário interessante para ele, uma vez que teria boas chances de ocupar uma posição de destaque caso a presidente seja reeleita, ao mesmo tempo que almejaria a se credenciar, como aliado, a ser ungido como candidato da própria Dilma para a sucessão de 2018;
Cenário D: Economia em estado "ruim", sem candidatura de Campos à Presidência. Poderia ser uma situação negativa para o governador, que seria visto como alguém que permitiu "passar o cavalo selado" sem aproveitar a oportunidade, deixando a pista livre para que o possível desconforto com a economia seja monopolizado pela oposição, neste caso provavelmente liderada por Aécio Neves.
O problema para o governador é que a decisão acerca de ser candidato ou não terá de ser tomada antes de 2014, para ter condições de ser um candidato competitivo, caso decida concorrer. Isso significa que, para ele, é chave tentar perscrutar o futuro para antecipar qual deverá ser o quadro da economia nos próximos 18 meses. Isso porque, se julgar que a economia estará bem, terá fortes incentivos a manter o seu partido, o PSB, na coalizão oficial, ao passo que, se concluir que a economia entrará em crise, poderá ser induzido pelas circunstâncias a correr em raia própria nas eleições presidenciais.
Como hoje o cenário básico da maioria dos analistas é de que a economia está em recuperação moderada e que esta se estenderá durante 2014, pareceria que, ao governador, interessaria se manter no mesmo barco que o PT, ainda que preservando sua individualidade, para usufruir da popularidade associada à bonança e se perfilar como o candidato "natural" à sucessão da presidente Dilma, se Lula não concorrer em 2018.
Há dois senões a esse raciocínio. O primeiro é que Lula poderá ser candidato em 2018, pondo essa estratégia a perder. O segundo é que, mesmo com uma situação econômica boa, Campos pode ter chances se juntar, numa coalizão alternativa à coalizão oficial atual, partidos que estiverem insatisfeitos com o governo e mais o apoio da oposição, se esta se dispuser a mudar de estratégia.
Fazer política implica correr riscos e tudo indica que o governador está diante da decisão política mais importante da sua vida. Será interessante ver que caminho irá escolher.

18 novembro 2012

Política e Desempenho de empresas

O desempenho de uma empresa pode ser explicado por diversas variáveis. Uma delas são as conexões políticas da empresa. Empresas que fazem doações aos candidatos possuem interesses econômicos: no futuro o dinheiro podem favorecer seus negócios com o governo, através da influência, de informação privilegiada, de acesso aos recursos do governo, entre outros benefícios.

As notícias dos jornais confirmam esta visão de diversas formas. Lemos que construtoras que fazem grandes doações aos políticos geralmente são beneficiadas nas obras públicas. Ou que empresas gostam de empregar antigos integrantes do governo nos conselhos.

Um estudo realizado com empresas brasileiras mostra que esta visão está correta. Utilizando o período de 1998 a 2009 três pesquisadores conseguiram mostrar que empresas com maiores conexões políticas possuem relação com o desempenho. Os autores usaram, como critério para medir a conexão política, as doações realizadas e laços corporativos dos administradores com a política. Para o desempenho, usou-se o Q de Tobin e a relação market-to-book.

Assim, empresas com vínculos políticos apresentam variação positiva no valor, indicando que estas ligações pode explicar o desempenho. O estudo mostrou que candidatos aos cargos de presidente, governador e deputado federal são os preferidos pelas empresas. Indicou também que o conselho de administração possui uma função adicional: os seus membros podem adicionar valor através das conexões políticas.

Para ler mais: CAMILO, Sílvio; MARCON, Rosilene; BANDEIRA-DE-MELO, Rodrigo. Conexões Políticas e Desempenho: um Estudo das Firmas Listadas na BM&FBovespa. RAC , v. 16, n. 6, p. 784-805, 2012

23 outubro 2012

Pesquisa eleitoral

O instituto Ipsos, um dos maiores do mundo, começou a fazer pesquisas eleitorais 100% pela internet nesta eleição presidencial dos EUA. É uma revolução porque explode os conceitos de amostra probabilística, de intervalo de confiança e de margem de erro. Se fossem feitas no Brasil, estariam proibidas de serem publicadas porque não se adequariam à lei.

“É o futuro”, diz o CEO mundial da divisão de pesquisas de opinião do Ipsos, Darrell Bricker. “Pode demorar, 5, 10 ou 15 anos, mas virá”, prevê a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari. Enquanto isso, no Brasil, os institutos ainda são obrigados a fazer pesquisas eleitorais usando questionários de papel só para os partidos poderem contá-los se quiserem.



Lições de 2012 - José Roberto de Toledo - Estado - 22 de outubro de 2012

25 setembro 2012

Romney e os Impostos

Sabemos que neste momento os Estados Unidos estão em campanha presidencial. O candidato republicano, Romney, tem sido acusado de pagar poucos impostos ou não pagá-los. As críticas quanto a isto foram aumentando na medida em que Romney não divulgou sua declaração de imposto de  renda para vários anos.

Na batalha política, Romney liberou uma carta de 17 desetembro do seu contador, nada menos que a empresa Price! Na correspondência a Price informa que durante o período o candidato sempre pagou seus impostos.

Mas mesmo a carta da Price tem sido criticada. Peter Reilly, da Forbes (RomneyAccountant´s Letter – Exercise in Obfuscation?) apresenta uma discussão interessante sobre o texto da Price. Primeiro, Reilly lembra que era mais fácil para Price apresentar logo todos os dados, em lugar de fazer uma carta “pouco esclarecedora”. Segundo, a Price usa conceitos ou que não existem na legislação fiscal dos Estados Unidos ou que pode induzir a erro. (Cartoon: Aqui)

P.S. Após publicar esta postagem descobri um outro texto interessante sobre o mesmo assunto, do sítio Huffington Post. Outros aspectos foram apontados que mostram que talvez Romney não esteja pagando impostos nos últimos anos.

09 agosto 2012

Teste 575

Desconfia-se que este político dos EUA talvez não tenha pago nada de imposto de renda em 2008 e 2009. Este político é:

Mitt Romey
John McCain
Bill Clinton

Bolsa

A foto mostra a primeira dama da Coréia do Norte, Ri Sol Ju, juntamente com o seu marido. Em destaque uma bolsa Dior, que custa, em Seul (Coréia do Sul), o equivalente ao salário anual do trabalhador do país comandado por Kim Jong Un.

07 agosto 2012

Por que não devemos confiar nas pesquisas eleitorais?

Se o leitor é uma destas pessoas que não confiam nas pesquisas eleitorais saiba que você tem toda a razão. As pesquisas eleitoras estão cheias de erros e vícios que impedem de acreditar no seu resultado.

As pesquisas são realizadas num pequeno grupo da população, que os estatísticos denominam de amostra. Para escolher a amostra devem-se conhecer todas as características dos eleitores que possam influenciar no seu voto: gênero, idade, raça, classe social etc. O problema é o “etc”: qualquer variável que possa ser importante no processo de escolha deveria estar proporcionalmente representado na amostra.

Um dos problemas que o estatístico enfrenta é saber estas variáveis. E eles não sabem ou só desconfiam que saibam depois das eleições. Se eu escolho um candidato por ele ter sido um jogador de futebol do meu time, a preferência futebolística passa ser um fator relevante. Mas como é impossível considerar todos os fatores que afetam o voto no processo eleitoral, os institutos de pesquisa consideram aqueles aspectos que eles acham que são os mais relevantes ou mais fáceis de serem identificados.

Ainda dentro do processo que antecede a pesquisa, os institutos de pesquisa precisam saber como é a população em termos dos fatores relevantes para o voto: se metade da população é composta por mulheres, metade da minha amostra também deve ser de mulheres. Isto parece óbvio, mas aqui também temos mais uma chance de erro: muitas vezes não conhecemos as características da população, seja por que meus dados estão defasados ou por erro no censo.

O processo de coleta também apresenta potencial de erros estatísticos: os entrevistadores devem ser de confiança; a seleção dos entrevistados deveria ser aleatória; e a resposta idealmente honesta e próxima do voto que será depositado nas urnas. Tudo isto contribui para que a chance de problema na pesquisa seja razoavelmente grande.

Após a tabulação dos dados – que também está sujeita a erros – o resultado apresentado com uma margem de erro. Geralmente esta margem de erro é próxima de 3%, indicando que a percentagem de intenção de votos obtida por um candidato estaria num intervalo de mais ou menos 3% do valor divulgado pelo instituto de pesquisa.

O grande problema da margem de erro é que devemos acredita  que o instituto de pesquisa tenha levado em consideração todos os fatores relevantes que definem o voto do eleitor. Se for deixada de lado uma variável relevante, religião, por exemplo, isto pode afetar o resultado da pesquisa e a margem de erro.

Finalmente, e não menos importante, é necessário acreditar que o instituto de pesquisa seja sério e não esteja recebendo nenhum dinheiro de qualquer candidato para fazer a pesquisa.

Para ler mais: As falácias matemáticas nas pesquisas de opinião in SEIFE, Charles. Os números (não) mentem. Zahar, 2012.