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28 junho 2013

Matemática e Default

Um estudo realizado nos Estados Unidos conseguiu evidências de que as pessoas que não conseguem fazer algumas operações matemáticas básicas são mais propensas a ter problemas com suas hipotecas.

Usando 300 pessoas que tiveram problemas financeiros entre 2006 e 2007, os pesquisadores pediram que respondessem cinco questões de matemática simples. Algo como: "um sofá custa 300 dólares, mas está sendo vendido pela metade do preço. Quanto custa o sofá?". A pesquisa descobriu que a pontuação de crédito não é boa em prever a capacidade de pagar a hipoteca em dia, mas que a pontuação nas questões de matemática sim.

Uma possível explicação é que as pessoas que não possuem habilidades matemáticas podem ser enganadas mais facilmente.

Mais aqui

08 junho 2013

Talentos do IMPA



Fernando Codá: paixão por formas e objetos
Foto: Camilla Maia
Fernando Codá: paixão por formas e objetosCAMILLA MAIA

RIO - A matemática brasileira está multiplicando seus talentos. A operação, que diminuiu a praticamente zero a distância que historicamente separava o Brasil de países com tradição secular nos estudos da área, tem como foco a atuação do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro. Fundada em 1952, a instituição soma um recorde de pesquisadores convidados para serem palestrantes no próximo Congresso Internacional de Matemática, marcado para 2014 na Coreia do Sul, onde os quatro dividirão seus mais recentes feitos com milhares de outros especialistas. E esta equação pode ter como resultado a concessão da primeira Medalha Fields a um brasileiro. Considerado o equivalente ao Nobel da matemática, o prêmio é restrito a matemáticos jovens, com menos de 40 anos, e dois pesquisadores do Impa aparecem como possíveis candidatos: Fernando Codá Marques e Artur Avila, ambos com 33 anos.

Além da idade, os perfis de Codá e Avila têm outras interseções. Para começar, os dois alcançaram notoriedade internacional graças a seus trabalhos para resolver problemas que há décadas perturbavam os matemáticos de todo o mundo. Ambos também estão no conjunto de apenas três brasileiros já chamados para serem palestrantes plenaristas no congresso. Avila falou aos colegas em 2010 em Hyderabad, na Índia, enquanto Codá fará sua apresentação na Coreia. Antes deles, apenas Marcelo Viana, também pesquisador do Impa, tinha sido plenarista, um prestigiado clube limitado a um máximo de 20 estudiosos a cada edição do evento, que acontece de quatro em quatro anos, no encontro de 1998 em Berlim.

- Com a maturidade cada vez maior da comunidade matemática brasileira, é normal que comecem a aparecer indícios de candidatos do país à Medalha Fields, e os mais naturais são justamente os que são ou já foram plenaristas no congresso - avalia César Camacho, diretor-geral do Impa.

Martínis e rosquinhas

Em 2005, Avila, junto com a ucraniana Svetlana Jitomirskaya, provou a “Conjectura dos dez martínis”, que apesar do nome não tem nada a ver com a bebida preferida do Agente 007. Proposta pelo matemático americano Barry Simon nos anos 80, ela versa sobre o comportamento dos chamados “operadores de Schrödinger”, ferramentas matemáticas ligadas à física quântica, e ganhou o apelido apenas porque um físico prometeu pagar esta quantidade dos drinques a quem a provasse.

- Trabalho em uma variedade de coisas, mas sempre quando entro em uma área nova costumo olhar para os problemas que foram colocados nela anteriormente - diz Avila. - Neste caso, o problema em si era bem atraente, então era uma questão natural estudá-lo.

Já Codá contou com a colaboração do português André Neves para provar, no ano passado, a “Conjectura de Willmore”, ainda mais antiga que os “dez martínis” de Avila. Proposta há quase 50 anos pelo geômetra inglês Thomas Willmore, ela envolve cálculos para a configuração de objetos tridimensionais parecidos com rosquinhas, cujas curvas apresentam uma energia elástica natural. Com sua prova, Codá e Neves mostraram que a rosquinha ideal deve ter um buraco no meio com um diâmetro equivalente a cerca de 17% da sua grossura. Mais do que uma inspiração para confeiteiros entediados ou apenas uma complexa abstração matemática, a descoberta é fundamental para refinar os modelos biológicos de comportamento das membranas celulares, que têm estruturas também parecidas com rosquinhas e tendem a assumir formatos que minimizam esta energia elástica natural.

- Nem sempre esta relação da matemática com outras ciências é clara, nem é ela que guia o trabalho dos matemáticos, mais atraídos por questões de estética e beleza, mas essa influência de suas descobertas em outras áreas costuma aparecer, nem que seja muitos anos depois - conta Codá. - A verdade é que, se a matemática parar, a física, a biologia, a engenharia também vão estagnar, e por isso é importante para um país manter um corpo de pesquisadores capacitados em matemática.

Neste sentido, a atuação do Impa como centro de excelência mundial no estudo da matemática ganha destaque. Em seus 60 anos de existência, a instituição já formou mais de 200 doutores e hoje mantém uma média entre 150 e 170 alunos nos seus cursos de mestrado e doutorado. Com um orçamento de cerca de R$ 20 milhões anuais, o Impa viu seu quadro de professores-pesquisadores crescer de 29 em 2001 para os atuais 51. E outra faceta importante do instituto é sua internacionalização. Segundo Camacho, ele próprio de origem peruana, perto de um terço dos matemáticos do Impa nasceram em outros países, assim como metade dos alunos.
- Desde que foi criado, o Impa mantém sua missão de fazer pesquisas de nível internacional, formar novos pesquisadores e disseminar o estudo e o interesse na matemática em todos os seus níveis no país - conclui Camacho.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/a-multiplicacao-de-talentos-do-instituto-de-matematica-pura-aplicada-8616014#ixzz2VXKZ1Pna
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01 maio 2013

Educação Financeira e Custo do Financiamento

Este artigo mostra que um cidadão norte-americano com pouco conhecimento de finanças elementares está mais propenso a realizar financiamentos mais caros, como: cheque especial, antecipação da restituição do IR, agiotagem.

In this paper, we examine high-cost methods of borrowing in the United States, such as payday loans, pawn shops, auto title loans, refund anticipation loans, and rent-to-own shops, and offer a portrait of borrowers who use these methods. Considering a representative sample of more than 26,000 respondents, we find that about one in four Americans has used one of these methods in the past five years. Moreover, many young adults engage in high-cost borrowing: 34 percent of young respondents (aged 18–34) and 43 percent of young respondents with a high school degree have used one of these methods. Using well-tested questions to measure financial literacy, we document that most high-cost borrowers display very low levels of financial literacy, i.e., they lack numeracy and do not possess knowledge of basic financial concepts. Most importantly, we find that those who are more financially literate are much less likely to have engaged in high-cost borrowing. Our empirical work shows that it is not only the shocks inflicted by the financial crisis or the structure of the financial system but that the level of financial literacy also plays a role in explaining why so many individuals have made use of high-cost borrowing methods.

Fonte: Financial Literacy and High-Cost Borrowing in the United States.

16 março 2013

Matemática pode causar dor

Eu nunca tive problema com a matemática. Ia até bem na escola. Uma das razões pode ter sido o meu professor, que usava sempre exemplos reais para explicar uma equação e para que era usada ela. Assim as aulas fluíam muito bem e até eram divertidas. Mas eu sei que essa não é a realidade de milhares de alunos que precisam decorar fórmulas e tal e nem sabem oara que servem, na vida real, aqueles montes de números e símbolos. E por cauda disso, Jovens Padawans,  a matemática pode causar dor.

Dois pesquisadores, um da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos e outro da Universidade Ocidental de Ontário, no Canadá, submeteram vários alunos universitários a exames de ressonância magnética. Dentro do aparelho, eles precisavam responder sequências de perguntas, metade de ortografia e a outra de matemática. Os pesquisadores avisavam 06 segundos antes qual seria a próxima pegunta.  O resultado dos testes provou que quando era pergunta de matemática, o cérebro ativava uma parte que era relacionada à dor física. A ínsula posterior:

ínsula posterior
Esse tecido localizado dentro do cérebro, próxima ao ouvido, é associado ao registro de ameaças diretas ao corpo e a experiências de dor. Porém o mais que intrigou os pesquisadores era que essa parte era acionada antes da resolução da questão de matemática. Ou seja, a ansiedade criada pela matemática que era o grande problema.

 Os pesquisadores disseram:


“Essas pessoas não se saem mal em uma prova porque são preguiçosas, mas porque para elas pode ser uma atividade angustiante”
Ian Lyons, da Universidade Ocidental de Ontário, no Canadá

“Para essas pessoas, simplesmente pensar em uma atividade que envolve exercícios matemáticos provoca uma reação cerebral similar àquela que ocorre quando sentimos dor, ao queimarmos a mão, por exemplo”
Sian Beilock, da Universidade de Chicago, nos EUA

Ou seja, a ansiedade é a causa desse problema com a matemática. E ela esta associada a uma espécie de trauma desenvolvido desde a infância. E é aí que os educadores podem se aprofundar para evitar que os Jovens Padawans tenham algum tipo de trauma no início de sua vida escolar, pois os dois pesquisadores aí estão provando que o medo de matemática não é algo inato, e sim um trauma desenvolvido desde a infância.

Fica a dica para os pais: entenda o problema dos seus Padawans e ajude eles a passarem por ele. Isso evita muita dor de cabeça. Ou a dor de matemática.

Fonte: Aqui

12 fevereiro 2013

Isaac Newton

Aqui vale a máxima “a necessidade faz o homem”. A foto diz algo como: ”precisou de uma nova matemática para provar suas leis... e a inventou”.


Isaac Newton inventou o cálculo enquanto a universidade de Cambridge estava fechada por causa da peste bulbônica.

Fote: Aqui
Leia mais: Aqui e Aqui

19 novembro 2012

Rir é o melhor remédio

Teorema: 4 = 3

Prova:
Suponha que a + b = c.
Reescreva isso como 4a - 3a + 4b - 3b = 4c - 3c.
Reorganizando: 4a + 4b - 4c = 3a + 3b - 3c
Deixe as constantes em evidência: 4 (a + b - c) = 3 (a + b - c)
Cancele (a+b-c) dos dois lados:
4 = 3

Fonte: Cálculo, ano 2, n. 22, nov. 2012, p. 66

19 outubro 2012

Ciência

Um artigo de Marcie Rathke, foi provisoriamente aceito para publicação em Advances in Pure Mathematics. O texto continha sentenças ligadas pelo uso de fórmulas matemáticas.

A curiosidade é que o artigo foi criado por um programa chamado Mathgen, que gera, de maneira aleatória, sentenças, fórmulas técnicas, dentro da estrutura convencional de um artigo científico. Mas sem nenhum sentido...

O criador do Mathgen já tinha feito algo parecido para ciência da computação, tendo o artigo sido aceito para publicação em congressos acadêmicos.

20 setembro 2012

Alan Turing


No princípio era o abstrato
14/09/2012
Valor Econômico
Antonio Carlos Barbosa de Oliveira é engenheiro (USP) e "master of science" (MIT). E-mail: acbolive@mac.com

Estamos acostumados a utilizar diariamente nossos computadores e telefones inteligentes para uma enorme diversidade de tarefas, tais como escrever um texto, calcular uma planilha, pesquisar um fato na internet ou simplesmente jogar um vídeo game. Fazemos isso sem nos darmos conta de que uma única maquina consegue realizar um número ilimitado de funções. Quando queremos utilizar nosso computador para uma nova tarefa, vamos à loja de aplicativos do nosso fabricante favorito e escolhemos um novo programa, que, depois de instalado em nosso computador universal, passa a realizar a nova função. Essa ideia, aparentemente simples e hoje em dia absolutamente clara para qualquer pessoa, foi concebida em 1936 por um dos maiores gênios do século XX, o matemático inglês Alan Turing, de quem se comemora neste ano os cem anos de nascimento. Praticamente desconhecido do grande público, mesmo em seu país, Turing merece reconhecimento amplo, ainda que tardio.

O matemático alemão David Hilbert definiu nos anos 1920 um programa de pesquisa centrado em demonstrar a consistência, a completude e a decidibilidade da matemática. Consistência, na matemática, significa que os axiomas não geram contradições lógicas. Completude significa que qualquer sentença matemática verdadeira pode ser demonstrada a partir dos axiomas. Decidibilidade significa dispor de um processo puramente mecânico que permita saber se uma sentença matemática é falsa ou verdadeira. O programa de Hilbert, como seu projeto passou a ser conhecido, sofreu um primeiro impacto negativo com o matemático austríaco Kurt Gödel, que em 1931 demonstrou a impossibilidade de qualquer sistema lógico formal de certa complexidade ser simultaneamente completo e consistente. Utilizando a própria lógica matemática para demonstrar suas limitações, Gödel constrói a sentença lógica "Esta sentença não pode ser demonstrada". Se admitirmos que a sentença é verdadeira, ela realmente não pode ser deduzida a partir dos axiomas e o sistema lógico é incompleto. Se admitirmos que a sentença é falsa, então ela pode ser deduzida a partir dos axiomas e o sistema é inconsistente, pois permite a dedução de uma sentença falsa. Um sistema lógico que permite a dedução de sentenças falsas permite também a demonstração de qualquer coisa e é absolutamente inútil. Assim, os matemáticos passaram a trabalhar sabendo que existem verdades matemáticas que não podem ser deduzidas ou demonstradas; qualquer sistema axiomático, sendo consistente, será sempre obrigatoriamente incompleto.

A questão da decidibilidade permanece em aberto até que Alan Turing, com 23 anos e recém-nomeado "fellow" na Universidade de Cambridge, resolve atacar o problema. Em 1936, ele conclui o trabalho que dá o golpe de misericórdia no programa de Hilbert, mostrando que é impossível definir um procedimento mecânico que determine a verdade ou a falsidade de toda e qualquer sentença matemática. Para chegar a essa importante descoberta matemática, Turing inventa uma máquina computacional universal, um dispositivo abstrato que posteriormente se realizaria fisicamente nos computadores hoje utilizados.

A palavra "computador", ou "computer" em inglês, era utilizada para descrever pessoas, em geral mulheres, que realizavam cálculos manualmente. Existiam empresas cujo negócio era vender serviços de cálculos matemáticos, utilizando o trabalho de "computers", treinadas para executar manualmente uma sequência de procedimentos que resultaria na solução numérica de um problema matemático.

Para formular adequadamente o "Entscheidungsproblem" (problema da decidibilidade), Turing precisava formalizar a noção de um procedimento puramente mecânico em um calculo matemático, e parte da observação de como os seres humanos, as "computers" da época, faziam cálculos, escrevendo símbolos com lápis e papel. Tentando caracterizar os principais elementos do processo de cálculo, Turing define uma máquina simples, composta por uma fita unidimensional e infinita em que símbolos podem ser lidos ou escritos. Com essa máquina puramente abstrata, que funciona com regras bastante simples, Turing consegue capturar a essência do processo computacional e afirma que existe uma máquina universal capaz de executar qualquer cálculo, a partir de instruções gravadas na própria fita. Não é necessário criar máquinas especificas e individuais para cada problema. Uma única máquina universal, com uma sequência de símbolos em sua fita - hoje, diríamos com um programa ou software -, pode realizar toda e qualquer computação. Especificando a máquina universal, Turing prova que existem funções incomputáveis e que não é possível, como imaginou Hilbert, criar um processo puramente mecânico para determinar se sentenças matemáticas são verdadeiras ou falsas. Turing consegue, simultaneamente, obter um maravilhoso resultado matemático e cria a base teórica para a maior revolução tecnológica do século.

Turing termina de escrever seu importante trabalho e viaja aos Estados Unidos para fazer o doutorado em Princeton. Ao voltar à Inglaterra, em 1938, resolve aplicar seu talento matemático para ajudar o país a enfrentar a ameaça nazista.

A máquina de guerra alemã necessitava de um processo eficiente de comunicação para implementar a estratégia de blitzkrieg com movimentação rápida de tropas e recursos. Resolve, então, adotar um sistema de comunicação por radiotelégrafo, baseado em mensagens cifradas por uma máquina chamada Enigma. A máquina, portátil e alimentada por bateria, consistia em um teclado e um painel de lâmpadas. Quando uma tecla era pressionada, o sinal elétrico passava por uma série de três rotores e um painel de cabos que trocava a letra pressionada por outra letra que aparecia acesa no painel luminoso. Para cada letra, os rotores mudavam de posição, fazendo com que a letra resultante fosse diferente. Teoricamente, para decifrar uma mensagem, seria necessário tentar 10 bilhões de bilhões de combinações diferentes, para determinar a configuração utilizada na criptografia da mensagem e conseguir decifrá-la.

O serviço de inteligência inglês escolheu Bletchley Park, uma casa senhorial construída por um negociante no século XIX, localizada entre Oxford e Cambridge, para instalar um time de matemáticos, linguistas, jogadores de xadrez e outros especialistas, em um ambiente sem nenhuma disciplina militar. Nesse lugar quase acadêmico, muito parecido com os atuais laboratórios de pesquisa multidisciplinares, as maiores inteligências da Inglaterra conseguiram decifrar o código Enigma e outros códigos alemães e japoneses.

Turing teve papel fundamental. No inicio da guerra, a Inglaterra estava totalmente dependente dos comboios de navios para abastecer a ilha. Esses navios eram extremamente vulneráveis aos submarinos alemães, os "U-boats", que recebiam ordens e reportavam suas posições através do radiotelégrafo cifrado pela Enigma.

Para quebrar o código, os ingleses se valeram de uma limitação da máquina e de erros humanos cometidos pelos operadores alemães. Uma característica da Enigma era que uma letra nunca era cifrada como ela mesma, mas sempre como uma letra diferente. Os operadores alemães utilizavam muitas vezes mensagens padronizadas, em que algumas palavras sempre eram repetidas no inicio da mensagem. Alinhando as palavras que provavelmente haviam sido utilizadas com as letras da mensagem cifrada e sabendo que uma letra seria sempre cifrada em uma letra distinta, para cada mensagem interceptada era possível obter um diagrama que reduzia substancialmente o numero de combinações a serem exploradas. Mesmo assim, a análise manual dessas combinações era inviável.

Turing projetou uma máquina eletromecânica, apelidada de "Bombe", que permitia a análise de combinações em alta velocidade e viabilizava a produção de mensagens decodificadas em escala industrial. Os líderes militares aliados começaram a receber diariamente as mensagens alemãs e as perdas de navios nos comboios caíram substancialmente.



No auge da guerra, mais de 10 mil pessoas trabalhavam na recepção, decodificação e análise de mensagens cifradas. Historiadores modernos acreditam que o trabalho em Bletchley Park reduziu a duração da guerra em pelo menos dois anos. Terminada a guerra, Churchill ordena a destruição de todas as máquinas "Bombe" e proíbe todos os civis e militares em Bletchley Park de comentarem o que fizeram. O segredo foi mantido durante mais de 20 anos. Turing recebeu a condecoração OBE ("Order of the British Empire"), mas ninguém pôde saber por quê. Seu trabalho na quebra do código Enigma permaneceria desconhecido até os anos 1970.

No final da guerra, os americanos anunciam o término da construção do ENIAC, o primeiro computador eletrônico, utilizado para cálculos de trajetórias balísticas. Essa máquina gigantesca precisava ser reconfigurada, mudando-se cabos e chaves elétricas, para cada novo problema a ser resolvido, processo que muitas vezes durava várias semanas. Não era a máquina universal programável que Turing havia imaginado.

Em 1945, o matemático John von Neumann escreve o projeto EDVAC, novo computador baseado na ideia de um programa armazenado internamente na memória. Von Neumann não cita o trabalho de Turing em seu relatório, mas existem várias evidências de que ele conhecia a proposta da máquina universal de Turing e a utilizou em seu projeto.

Os ingleses, temendo ficar atrasados em relação aos americanos no desenvolvimento de computadores, iniciam vários novos projetos. Turing passa a trabalhar no National Physical Laboratory (NPL) e escreve uma proposta para construção do computador programável ACE ("automatic computing engine"). Enquanto o relatório de von Neumann é preliminar e deixa muitos pontos indefinidos, a proposta de Turing é completa e detalhada. Mais de dez anos após inventar a máquina universal, Turing tem a oportunidade de realizar fisicamente seu computador.

Além de ter a ideia da máquina universal e projetar um dos primeiros computadores baseados nessa ideia, Turing também se dedica a indagações filosóficas sobre a natureza da mente e inicia o debate sobre a possibilidade de uma máquina ter inteligência. Seu trabalho mais conhecido nessa área é "Computer machinery and intelligence", publicado em 1950. Pela primeira vez o computador é visto não apenas como uma máquina para calcular números, mas como um processador de símbolos, capaz de apresentar comportamento que talvez possa ser considerado inteligente.

O estilo do ensaio é claramente de provocação aos filósofos. Turing propõe um jogo, envolvendo três participantes, para determinar se um computador é inteligente. Um deles faz perguntas através de um teletipo aos dois outros participantes, um dos quais é um computador programado para imitar um ser humano. Se o computador conseguir se fazer passar por um ser humano, ou seja, se o indagador não conseguir distinguir quem é humano e quem é a máquina, pode-se dizer que se está frente a um computador inteligente. O "Teste de Turing", como esse jogo passou a ser conhecido, até hoje é relevante nas discussões dos filósofos sobre a natureza da mente.

Nos ambientes mais tolerantes de Cambridge e Bletchley Park, a homossexualidade de Turing, sempre assumida e aberta, nunca havia sido um problema. Em Manchester, onde desenvolvia modelos matemáticos do processo biológico de morfogênese, Turing é vitima de um pequeno furto em sua casa. Vai à delegacia local denunciar o furto e menciona seu relacionamento com um jovem. Imediatamente, deixa de ser a vítima de um furto e passa a ser réu, pois a relação homossexual na Inglaterra era considerada crime. Em 1952, é julgado e condenado por "gross indecency" e perde o status de segurança que ainda tinha como consultor do serviço secreto britânico. A pena imposta é a castração química, através da ingestão de hormônios femininos que, entre outros efeitos, faz crescer seios. Em 1954, sua governanta o encontra morto na cama; ao seu lado, uma maçã mordida e um forte cheiro de cianureto no quarto. Turing não deixa nenhuma nota e a policia conclui o inquérito como suicídio por envenenamento.

Em geral, os matemáticos fazem suas grandes contribuições antes dos 30 anos. No caso de Turing, sua grande descoberta sobre números computáveis foi feita antes dessa idade, mas sem dúvida, quando foi condenado, ele ainda estava cheio de ideias e poderia ter produzido muito, se não tivesse morrido. Também se pode imaginar que, caso tivesse sido incriminado antes por sua homossexualidade, a Inglaterra teria ficado sem sua criatividade e engenhosidade para decifrar os códigos alemães e poderia ter perdido a guerra.

Quando ligo o computador e vejo uma maçã mordida na tela, não posso deixar de pensar nesse gênio terrivelmente injustiçado. A Apple nega que seu logotipo seja uma referência ao suicídio de Turing.

10 agosto 2012

Números (não) mentem

Na década cinquenta Darrell Huff lançou um livro que fez muito sucesso: How to lie with Statistics. É um livro pequeno, mas muito interessante (tenho a edição de 1993). Mais recentemente, Paulos também discutiu a ignorância que as pessoas têm com os números (li o interessante A Mathematician Plays the Stock Market)

Seife, em “Os números (não) mentem”, trabalha com a mesma ideia: tenta mostrar como a matemática pode ser enganosa e manipulada. A quantidade de exemplos é bastante interessante. O autor mostra as “falácias matemáticas” em diversas áreas: na pesquisa de opinião, nas eleições, na justiça etc. É um livro muito interessante para o leitor que deseja conhecer melhor os erros que somos submetidos (ou que as pessoas cometem) quando lidam com os números. Algumas discussões são empolgantes. Fatos curiosos são narrados ao longo da obra, como o projeto de lei de um senador de Indiana em que o número PI seria arredonda para 3,2. Ou o discurso que o presidente dos Estados Unidos iria ler quando os astronautas da Apolo 11 estivessem mortos: existia um cálculo de probabilidade onde a chance de sobrevivência dos astronautas, ao tentarem pisar na lua, seria mínima.

Como aspecto negativo eu cito dois. Primeiro, o texto perde um pouco de fôlego no seu final, talvez em decorrência da longa discussão sobre o voto distrital – uma realidade dos EUA que não nos interessa muito. Segundo, é o fato de que outros aspectos onde a matemática tem sido usada de maneira ardilosa. Veja o capítulo 8, Propaganda baseada em Números, onde a discussão sobre o uso da matemática na publicidade e sim o uso de números na política.

26 julho 2012

Collatz

Uma brincadeira matemática interessante:

1. Escolha qualquer número natural
2. Se o número é par, divida por dois. Se for impar, multiplique por 3 e adicione 1
3. Repita quantas vezes for necessário

O resultado final sempre será 1.

17 março 2012

Gauss, Newton e a Maça


Certa vez, Carl Friedrich Gauss, o maior matemático desde a antiguidade e admirador incondicional de Isaac Newton, fez o seguinte comentário sobre a famosa "explicação" da descoberta da lei da gravidade. Ele a descreveu como:

Boba! Um home estúpido e intrometido perguntou a Newton como ele descobrira a lei da gravitação. Vendo que teria que lidar com um intelecto de criança, e querendo se ver livre do chato, Newton respondeu que uma maça caíra sobre seu nariz. O homem foi embora plenamente satisfeito e completamente esclarecido.

Fonte: Men of mathematics


A descoberta da lei da gravidade é tão simples como o Ovo de Colombo.

30 janeiro 2012

Teste 539

Segundo a Folha de S Paulo:
O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), João Rezende, informou nesta sexta-feira que o acréscimo do nono dígito aos números de celulares da região metropolitana de São Paulo vai garantir 53 milhões de novas combinações numéricas.

Segundo a Isto é Dinheiro:
O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, afirmou hoje que a implementação do nono dígito nos números de celulares na região metropolitana de São Paulo colocará 90 milhões de novos códigos de acesso à disposição das operadoras na área de DDD 11

Qual o correto? Ou todos estão errados? Observe que os números atuais receberão um “9” na esquerda.

09 dezembro 2011

Poker para aprender matemática?

Alexa Fisher, do Texas, parece e fala como uma menina normal de oito anos. Entretanto, ela tem uma habilidade pouco comum para alguém da sua idade: joga pôquer muito bem. De fato, Alexa é tão boa que consegue bater oponentes com idade sete vezes maior que a dela.

Ela começou a jogar com seu pai Justin, aos três anos. Ele diz que fez isso para ajuda-lá na matemática.

O pai começou a jogar assistindo programas de TV e jogando nos fundos da casa. Ele também usava as cartas para ensinar a filha a contar e aprender matemática antes de entrar na escola. E pelo jeito seus esforços valeram: Alexa aos poucos começou a entender o jogo e reconhecer a terminologia do pôquer, como um flush, um par e uma trinca.

Com quatro anos, e mãos que quase não aguentam segurar o maço de cartas, Alexa já sabia embaralhar, enfrentar apostas e até as estratégias básicas de blefe. Com cinco, ela já jogava Texas Hold’em como uma profissional. Aos poucos foi também desenvolvendo mais modalidades do jogo, como Badugi, Double Flop Hold’em e outros da Série Mundial de Torneios de Pôquer (WOSP).

Alexa também já jogou em eventos de caridade. Seu primeiro torneio foi em 2009, marcando um recorde para sua idade: venceu mais da metade dos participantes, incluindo seu pai.

Ela diz amar o jogo e a facilidade em aprendê-lo. Ela espera virar profissional quando crescer, e inspirar outras mulheres a fazer o mesmo.

Ao trocar uma viagem da Disney para Las Vegas, no ano passado, Alexa foi a um torneio do WOSP para conhecer seu ídolo, o jogador profissional Greg Raymer. O autógrafo diz: “Te vejo em 2024!”. Essa é data em que ela vai ser legalmente aceita a entrar no campeonato.

Fontes: HyperScience e OddityCentral

23 novembro 2011

Fórmula para mudar o ensino da matemática

Alguém sempre pergunta ao professor de matemática, "Será que que vou usar Cálculo na vida real?" E para a maioria de nós, de acordo Arthur Benjamin, a resposta é não. Ele oferece uma proposta audaciosa sobre como tornar o ensino da matemática relevante na era digital.






26 agosto 2011

Teste 519


Veja a imagem deste anúncio:


“Nos colocamos duas barras em cada pacote. Nos queremos aumentar seu prazer em 200%”. Existe alguma coisa errada?

Resposta do Anterior; Itaipu. Fonte: aqui

16 julho 2011

Esqueça o “pi”. “Tau” vem aí!

Esqueça o “pi”. “Tau” vem aí! Por Isabel Sales


Segundo a Wikipédia, o pi "é uma proporção numérica originada da relação entre as grandezas do perímetro de uma circunferência e seu diâmetro; por outras palavras, se uma circunferência tem perímetro p e diâmetro d, então aquele número é igual a p/d."

Em 2001 o matemático Bob Palais escreveu um ensaio afirmando que o π (pi) está errado e que por milhares de anos os seres humanos focaram a atenção e adulação a constante matemática errada.

2 x π e não o π em si é o verdadeiro número sagrado do círculo.

Palais afirma que nós deveríamos estar celebrando (?) e simbolizando o valor aproximadamente igual a 6,28 (a relação entre a circunferência e o raio do círculo). [Será que daqui a alguns anos os nossos netos/filhos vão questionar estupefatos: “eu não acrediiiito que vocês usavam 3,14 e não 6,28”, nos olhando com um ar de descrença?”].

Ano passado os seguidores de Palais nomearam o 2 π como τ (tau). Desde aí o movimento tem aumentado e no dia 28 de junho desse ano houve uma celebração homenageando o tau em eventos matemáticos mundo afora.

Mas o pi está realmente errado? Caso esteja, por que o tau é melhor?

Na verdade, os matemáticos não querem afirmar que o pi está errado, mas sim que não é o valor mais importante ao se tratar de círculos. Segundo Kevin Houston, um matemático do Reino Unido, o tau é um numero mais naturalmente utilizado nos campos da matemática que envolvem círculos (geometria, trigonometria, cálculo avançado. ademais, tem sido observado uma melhora significativa no aprendizado dos alunos.[Life’sLittleMysteries]