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Mostrando postagens com marcador economia comportamental. Mostrar todas as postagens
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09 fevereiro 2012

Efeito Ramadã


(...)Outro alvo dos estudos neuroeconômicos é o dinheiro. Na teoria econômica tradicional hegemônica, ele não tem valor próprio, a não ser a possibilidade de adquirir bens. Mas o cérebro humano tem uma relação própria com o valor do dinheiro. "Ele é um valor que o cérebro usa como todos os outros valores: comida, sexo, brinquedos, sono, exercício", diz Angela Stanton, que organizou o volume "Neuroeconomics and the Firm", que investiga a relação entre o cérebro e o funcionamento das empresas. "Em outras palavras, o dinheiro é uma ferramenta do prazer", que ativa uma área do cérebro contida no mesencéfalo.

Os neuroeconomistas buscam entender as consequências desse tratamento do dinheiro. Ao descobrir que mesmo em pessoas com perfis muito diferentes o dinheiro acionava os mesmos mecanismos de busca e aversão ao risco, o laboratório de Paul Glimcher, em Nova York, tentou descobrir que tipo de relação uma pessoa manteria com o dinheiro quando estivesse com muita fome. "O mais interessante é que a fome faz com que as pessoas, por mais diferentes que sejam suas atitudes normalmente com relação ao risco, se tornem mais ou menos iguais. Elas convergem para uma aversão moderada ao risco", diz Glimcher. "Pensamos: isso deve ter implicações macroeconômicas! Precisamos encontrar algum mercado em que a variação do nível de fome seja variável para ver o que acontece."

"Um dos membros do laboratório é árabe", relata o pesquisador. "Foi ele quem sugeriu observar o que acontece com as bolsas dos países do Oriente Médio durante o Ramadã." No Ramadã, mês sagrado da religião muçulmana, os fiéis passam todo o dia, do amanhecer até o pôr do sol, sem comer. Ao se debruçar sobre os dados tirados das negociações no período, os neuroeconomistas se depararam com um fenômeno conhecido como "efeito Ramadã".

"De fato, nesse período, a variação dos preços nos mercados árabes quase desaparece. Os preços realmente variam muito pouco", diz Glimcher. "Nenhum dos investidores quer arriscar. Ninguém tinha sido capaz de explicar convincentemente por que isso acontece. Agora podemos dizer que a resposta está no hipotálamo, que regula as atitudes perante o risco", conta o neurocientista. E acrescenta: a partir dessa descoberta, vai ser possível desenvolver um modelo econômico que leve em consideração a fome dos agentes na hora de investir.
Fonte: Valor

09 junho 2011

Aversão à ambiguidade

Postado por Pedro Correia

"Há duas grandes urnas à sua frente. Elas são completamente opacas, e você não pode ver o que contêm. A urna à esquerda contém dez bolas pretas e dez brancas. A urna na direita contém vinte bolas, mas você não sabe a proporção de quais são pretas ou brancas. Agora, o jogo é retirar uma bola preta de uma das urnas. Se você acertar ganha $100. Você tem apenas uma chance. Então, de qual urna irá retirar a bola? Mantenha sua escolha em mente.

Vamos jogar novamente. Agora o jogo é retirar uma bola branca. Novamente, você tem apenas uma chance, qual urna será?

A maioria das pessoas, quando confrontada com estas alternativas, escolhe a urna à esquerda – aquela com as proporções conhecidas de bolas brancas e pretas. E aqui está o paradoxo de Ellsberg. Se você escolhe a urna esquerda quando tenta retirar uma bola preta, isso significa que pensa que as chances são melhores naquela urna. Porém uma vez que há apenas duas cores em ambas as urnas, as chances de retirar uma bola branca devem ser complementares às de retirar uma preta. Logicamente, se você pensou que a urna esquerda era a melhor escolha para uma bola preta, então a urna direita deve ser a melhor escolha para uma bola branca.

O fato de que a maior parte das pessoas evita a urna direita sugere que têm um medo inerente do desconhecido (também conhecido como aversão à ambigüidade)”.[1]

Do livro Iconoclast de Gregory Burns, via BoingBoing. Mais sobre a aversão à ambigüidade e energia nuclear pela dupla de Freakonomics, em português, e sobre o paradoxo de Ellsberg na Wikipedia, em inglês.

Também em inglês, confira um vídeo sobre o
paradoxo e mais sobre Daniel Ellsberg, o economista, que alguns anos depois de chamar atenção ao paradoxo teria um papel importante na história ao expor a má conduta de políticos, sendo um dos que levaram ao processo de impeachment e então à renúncia de Richard Nixon.

Fonte: Texto de Kentaro Mori in 100Nexos

[1] Em verdade, os indivíduos preferem riscos mensuráveis a incertezas imensuráveis. Segundo o economista Frank Knight, a diferença entre risco e incerteza, é que aquele pode ser medido, enquanto esta não.

09 março 2011

O lucro é do mal?

O lucro é do mal?- Postado por Pedro Correia

Existe diferença entre a crença dos leigos e de acadêmicos sobre os efeitos sociais do lucro. Os leigos, muitas vezes parecem relacionar lucro com dano social. Enquanto, que os acadêmicos afirmam que o lucro adiciona valor à sociedade.

No paper "Is Profit Evil? Associations of Profit With Social Harm". Os autores buscaram verificar se existe alguma correlação entre o lucro e o valor social percebido pelos indivíduos em relação as determinadas empresas e indústrias.

No Teste 1a, os sujeitos classificaram a rentabilidade e o valor social de 40 empresas das 500 maiores de acordo com a revista Fortune.

Os indivíduos tinham que indicar, primeiramente, a sua familiaridade com a empresa em uma escala de 3 pontos (1 = Nunca ouvi falar, 3 = Familiar). Em seguida, eles classificaram a empresa sobre o lucro percebido ("Quanto de lucro você acha que este negócio tem feito em média (das empresas em geral) no último ano?", 1 = zero ou menos, 6 = Muito mais do que a média) . Os indivíduos, em seguida, indicaram o valor percebido da empresa para a sociedade ("O que você acha sobre o valor deste negócio para a sociedade, em geral?", 1 = Seria melhor se ele não existisse, 5 = É importante e útil).

Eles encontraram uma forte relação negativa (r =-. 62) entre o lucro e o valor social. Cofira o gráfico de dispersão . Mais surpreendente, eles descobriram que a correlação entre o real lucro das entidades e o valor social percebidos foram corretos(r =-. 57). Na média as suposições dos indivíduos sobre a rentabilidade foram surpreendentemente precisas, apesar de que os palpites sobre o valor social ficaram longe da realidade.

No Teste 1b, os autores substituíram as empresas por indústrias, e mais uma vez verificaram a correlação entre rentabilidade e valor social percebido r =-. 67! . Confira o gráfico de dispersão.

No teste 2, através de um cenário hipotético, chegaram a conclusão de que a mera mudança do objetivo da mesma organização: de sem fins lucrativos para com fins lucrativos gerou uma mudança negativa no valor percebido.

Após diversos testes os autores concluíram que :

As pessoas aparentemente tem pouca fé no poder dos mercados para criar valor para a sociedade. Entre empresas reais (Estudo 1a), indústrias inteiras (Estudo 1b) e organizações hipotéticas (Estudo 2), nossos participantes associaram maiores níveis de lucro com o maior dano e menor valor social. Além disso, eles viram que os grandes lucros eram imerecidos, pois são às custa dos outros. Apesar de as próprias empresas não serem vistas como geralmente más ou desprovidas de valor, o lucro é visto como mal. Aumentar a lucratividade da empresa (ou lucro) muito prejudicaram percepção de valor social ... Estes resultados são bastantes opostos à visão dos mercados defendidas por economistas e estudiosos que a oferta,demanda e concorrência irão recompensar as entidades que buscam o lucro e que forneçam o que a sociedade quer. Assim,mesmo em uma das sociedades mais orientadas para o mercado na história humana, as pessoas não acreditam na "mão invisível" do mercado.

Fonte: Evil of profit

05 março 2011

Economia comportamental e Valuation

Economia comportamental e Valuation - Postado por Pedro Correia

Aswath Damoradan fez breve análise da integração da economia comportamental com a avaliação de ativos. Segundo o professor de finanças da Stern School of Business para ganhar dinheiro com valuation é preciso avaliar o valor dos ativos mas seu preço deve se mover em direção aquele valor. A economia comportamental proporciona diversas dimensões sobre o assunto. Ele formulou três perguntas de modo a mostrar a relevância da integração da economia comportamental com o valuation. São estas:

1º- Por que diferentes analistas chegam a diferentes estimativas de valor para a mesma empresa? Quando você avalia o valor de uma empresa, você é um dos muitos a fazê-lo, muitas vezes com base na mesma informação que os outros investidores, e muitas vezes usando os mesmos modelos. Então, por que diferentes analistas chegam a diferentes estimativas do valor? Ao olhar para a interação entre psicologia e avaliação, a economia comportamental proporciona insights interessantes sobre porque os valores que chegamos são diferentes (e por extensão, por que alguns de nós são os compradores e outros são vendedores) e os erros sistemáticos (superavaliação ou subavaliação) que nós fazemos por conseqüência.

2ª Por que o preço difere do valor? No mundo da economia clássica, o preço pode desviar do valor, porque os investidores cometem erros, ou porque o preço pode refletir informações que o analista não pode ter, ou vice-versa. Com a economia comportamental, estamos aprendendo que, que os investidores podem se comportar de maneiras (por exemplo: se recusar a vender “lossers”, querer fazer parte da multidão, ser bastante confiante e avaliar de forma equivocada as probabilidades) o que faz com que os preços divirjam do valor em quantidades significativas.

3ª Quando o valor e o preço vão convergir? A eco
nomia comportamental pode nos fornecer pistas sobre a rapidez com que a convergência entre preço e valor vai acontecer e por que a velocidade pode variar entre os diferentes ativos. Isso seria extremamente útil para o investidor. Assim, poderemos ser capazes de responder a uma pergunta que, historicamente, nos iludiu: Se eu comprar uma ação barata hoje (e estou certo sobre o preço ser o mais barato), quanto tempo tenho de esperar até que minha “aposta” retorne o que paguei?

Como investidores, nos cabe não só se familiarizar com os achados em finanças comportamentais, mas também devemos reconhecer quando o instinto de seguir pode danificar carteiras. Meir Statman, um dos economistas comportamentais que mais gosto, escreveu um grande livro sobre como os investidores podem vencer os seus impulsos e tomar melhores decisões.
Tradução livre de Pedro Correia

17 abril 2009

Economia e Comportamento 2

Muitos administradores de fundos quantitativos (...) têm incorporado questões comportamentais e feito dinheiro com elas.

Where can asset allocation go from here? - John Authers - 13 April 2009 - Financial Times
Surveys FNM1 - 24

16 abril 2009

Economia experimental e Economia Comportamental

“Eu nunca entendi direito a diferença entre economia experiemental e economia comportamental. Minha impressao é que isto é simplesmente uma questão de atitude diante da teoria dos jogos: experimental a favor, comportamental contra. O viés anti-teoria dos jogos não é dos fundadores Kahneman e Tversky.

Noam Nisan, via Market Designer