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29 agosto 2015

Rir é o melhor remédio

Coisas que você pode fazer no mundo acadêmico que te fariam ser despedido na vida real:

Abandonar cuidados pessoais (ele tem um Prêmio Nobel)
Ser um babaca na apresentação de outras pessoas
Não responder e-mails (você tem 36.043 mensagens não lidas)
Ficar sentada e não fazer nada o dia inteiro (Hey, isso é chamado "escrever")

20 agosto 2015

Depressão na Pós-Graduação e Pós-doutorado

O que fazer com os estudantes e cientistas que não conseguem estudar e pesquisar?

A imagem de nós cientistas no senso comum, como estereotipada por Einstein, é que somos meio loucos. De fato, como revelado recentemente pela revista Nature, parece que realmente não temos uma boa saúde mental, dada a alta ocorrência de depressão entre pós-graduandos e pós-doutorandos.

Os pós-graduandos são os estudantes de mestrado e de doutorado, enquanto os pós-doutorandos são os recém doutores em aperfeiçoamento, que ainda não conseguiram um emprego estável. Os pós-doutorandos são comuns há muito tempo nos laboratórios da Europa e dos Estados Unidos, já no Brasil este é um fenômeno recente.

Segundo o texto, boa parte dos estudantes de pós-graduação que desenvolvem depressão foram ótimos estudantes na graduação. Lauren, doutoranda em química na Universidade do Reino Unido, começou com dificuldade em focar nas atividades acadêmicas, evoluiu com medo de apresentar a própria pesquisa, e terminou sem nem mesmo conseguir sair da cama. Felizmente, Lauren buscou ajuda e agora está terminando o seu doutorado, tendo seu caso relatado no site de ajuda Students Against Depression, cujo objetivo é “desenvolver a consciência de que a depressão não é uma falha pessoal ou uma fraqueza, mas sim uma condição séria que requer tratamento”, segundo a psicóloga Denise Meyer, que ajudou no desenvolvimento do site.

Para os cientistas em início de carreira, a competição no meio acadêmico pode levar a isolamento, ansiedade e insônia, que podem gerar depressão. Esta pode ser acentuada se o estudante de pós-graduação tiver problemas extracurriculares e/ou com seu orientador. Já que a depressão altera significativamente a capacidade de fazer julgamento racional, o deprimido perde a capacidade de se reconhecer como tal. Aqui, na minha opinião, o orientador tem um papel fundamental, mas que na prática não tenho observado muito: não se preocupar apenas com os resultados dos experimentos, mas também com a pessoa do estudante.

De acordo com o texto, os principais sinais de depressão são: a) inabilidade de assistir as aulas e/ou fazer pesquisa, b) dificuldade de concentração, c) diminuição da motivação, d) aumento da irritabilidade, e) mudança no apetite, f) dificuldades de interação social, g) problemas no sono, como dificuldade para dormir, insônia ou sono não restaurativo (a pessoa dorme muito mas acorda cansada e tem sono durante o dia).

Segundo o texto, a maioria das universidades não tem um serviço que possa ajudar os estudantes de pós-graduação. Não obstante, formas alternativas se mostraram relativamente eficazes. Por exemplo, mestrandos e doutorandos poderiam procurar ajuda em serviços oferecidos a alunos de graduação; já os pós-doutorandos poderiam tentar ajuda em serviços oferecidos a professores, sugerem os autores do texto. A maioria dos tratamentos requer apenas uma sessão em que são discutidas as dificuldades dos estudantes, além de sugestões de como manejar melhor a depressão. Uma das principais preocupações é com relação à confidencialidade, que deve ser quebrada apenas se o profissional sentir que o paciente tem chance iminente de ferir a si ou a outrem. Segundo Sharon Milgram, diretora do setor de treinamento e educação do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, “buscar ajuda é um sinal de força, e não de fraqueza”.

Devo admitir que o texto chamou minha atenção por me identificar com o tema, tanto na minha própria experiência, quanto na de vários colegas de pós-graduação que também enfrentaram problemas semelhantes. Acho que o sistema atual de pós-graduação tem falhas que podem aumentar os casos de depressão, como as descritas a seguir:

1- O próprio nome “Defesa” no caso do doutorado
Tem coisa mais agressiva que isso? Defesa pressupõe ataque, é isso mesmo que queremos? Algumas pessoas vão dizer que os ataques são às ideias e não às pessoas. Acho que isso acontece apenas no mundo ideal, porque na prática o limite entre as ideias e as pessoas que tiveram as ideias é muito tênue. Mas pior é nos países de língua espanhola, pois lá a banca é chamada de “tribunal”.

2- Avaliações pouco frequentes
Em vários casos, principalmente no começo do projeto, as avaliações são pouco frequentes, o que faz com que o desespero fique todo para o final. No meu caso, os últimos meses antes da “Defesa” foram os piores da minha vida, pois tive bastante insônia, vontade de desistir de tudo etc. Pior também foi ouvir das pessoas que poderiam me ajudar que aquilo era “normal” e que “fazia parte do processo”… Isso não aconteceu apenas comigo, mas com vários colegas de pós-graduação. Acho que para fazer ciência bem feita, como todo trabalho, tem que ser prazeroso, e acredito que avaliações mais frequentes podem evitar o estresse ao final do trabalho.

3 – Prazos pouco flexíveis
Cada vez mais me é claro que a ciência não é linear, e previsões geralmente são equivocadas. Dessa forma, acredito que não deveria haver nem mestrado nem doutorado com prazo fixo. O pós-graduando deveria ter bolsa por 5 anos para desenvolver sua pesquisa, e a cada ano elaboraria um relatório sobre suas atividades e resultados. Uma comissão deveria julgar esse relatório para ver se o estudante merece continuar. Como cada caso é um caso, em alguns casos, dois anos já seriam suficiente para ter um resultado que possa ser publicado num jornal científico de reputação. Isso daria ao cientista a possiblidade de bolsa por mais 5 anos, por exemplo, para ele continuar sua pesquisa. Em outros casos, 5 anos de trabalho não é suficiente, o que pode ser por causa da própria complexidade da pesquisa, ou outros motivos como atraso na importação de material etc. Nesse caso, acho que o estudante deveria ter pelo menos mais 3 anos de tolerância para poder concluir sua pesquisa, caso os relatórios anuais sejam aprovados, e o estudante comprove que não é por sua culpa que a pesquisa está demorando mais que o previsto.

Senti falta no texto uma discussão com relação ao fato de que para os futuros cientistas que ainda não tem um emprego definitivo, a ausência de estabilidade financeira é também um fator que contribui para o estado de humor dessa classe tão específica e especial de seres humanos.

Sugestão de Leitura
Gewin, V. (2012) Under a cloud: Depression is rife among graduate students and postdocs. Universities are working to get them the help they need. Nature 490, 299-301.

Fonte: Aqui

09 julho 2015

Doutorado: O Que Fazer e Não Fazer

Fonte da Imagem: Aqui

Saiu na Crimson Interactive e o pessoal do Pos-Graduando traduziu:

O doutorado é uma das etapas máximas de formação do ensino superior, e por isso mesmo conseguir concluí-la é um processo árduo. A seguir, veja 20 coisas que você não deve fazer caso deseje otimizar seu trabalho para obter sucesso no doutorado.

1) Isolar-se – Não é isolando-se do mundo até concluir o doutorado que você fará um bom trabalho. O fazer científico é feito de interlocuções, por isso, procure interagir com outros pesquisadores academicamente e amigavelmente para obter uma melhor vivência do curso.

2) Sobrecarregar-se – O doutorado requer dedicação, mas a sobrecarga de trabalho vai apenas torná-lo improdutivo devido à estafa. Administre seu tempo e priorize tarefas para evitar a sobrecarga.

3) Não inovar – Sem inovação a Ciência não avança em nenhum de seus campos. Um bom pesquisador precisa inovar, e essa é inclusive a premissa de uma boa tese de doutorado.

4) Não aceitar os próprios erros – Aceitar seus erros é o caminho mais fácil para superá-los e para transformá-los em novos pontos de partida em sua pesquisa. Lembre-se que os erros são parte essencial do fazer científico e abrem portas a novas descobertas.

5) Sentir-se fracassado – Você não fracassa quando não consegue encontrar as soluções que busca ou comete equívocos em sua pesquisa. Descobertas científicas relevantes precisam de tempo para serem gestadas e desafios fazem parte da vivência todo pesquisador.

6) Sentir vergonha de dizer “Eu não sei” – Não é porque você está chegando ao topo da hierarquia do ensino superior que deve saber tudo. A ignorância é o primeiro passo para novas descobertas, por isso não tenha medo de assumir que não sabe algo e parta para novos aprendizados.

7) Não estar no controle – Só você pode administrar seu tempo. Estabeleça metas e faça os trabalhos aos poucos para não ficar correndo contra o relógio no prazo de entrega da tese.

8) Não ter tempo livre – E já que cabe a você gerenciar seu tempo, lembre-se que o lazer e o descanso são fundamentais para realizar uma boa pesquisa.

9) Fazer apenas o que determina o orientador – As opiniões de seu orientador precisam ser respeitadas, mas cabe a você ter domínio sobre seu tema de pesquisa e inovar quando achar necessário.

10) Fechar-se no mundo acadêmico – A depender de sua área de pesquisa, o doutorado não impede o diálogo com o campo profissional e pode inclusive enriquecer seu trabalho. Se for este o caso, estar aberto às possibilidades do campo prático pode ser salutar.

11) Cobrar-se demais para publicar – Publicar é preciso, porém, o foco do doutorado deve ser desenvolver sua pesquisa. Procure publicar quando sentir que tem resultados relevantes para apresentar.

12) Deixar-se influenciar demais pelas opiniões de terceiros – As trocas em grupos e congressos são importantes, mas você precisa filtrar o que ouve para não perder o foco de sua pesquisa.

13) Apenas “bater ponto” em suas atividades acadêmicas – Não faça só o que lhe é pedido e sugerido por professores ou seu orientador, procure ir além das fontes indicadas e expanda sua pesquisa. Quanto mais conhecimento acumular, mais consistente será sua tese.

14) Frequentar sempre os mesmo círculos – De tempos em tempos mude de ares e frequente novo congressos e grupos de pesquisas, publique em novos periódicos. Novos interlocutores podem enriquecer seu trabalho.

15) Deixar tudo para o final do processo – O trabalho do pesquisador é processual, deixar para ler textos e produzir conteúdo apenas nos últimos meses do doutorado pode comprometer a qualidade de sua tese.

16) Não sair da “zona de conforto” – Quanto mais você se arriscar ao longo do doutorado no campo da pesquisa, maiores a chance de produzir um trabalho inovador e de qualidade. Lembre-se apenas de não perder o foco e de investir em novas linhas alinhadas ao que você faz.

17) Ser pessimista – O cansaço às vezes pode fazer parecer que está tudo dando errado, mas não é verdade. Quando isso acontecer, procure avaliar o processo globalmente e valorize suas conquistas.

18) Nunca dizer NÃO – Saber dizer não é saber priorizar tanto atividades quanto opiniões. Sem filtrar o que você faz e ouve, você facilmente pode perder o foco de sua pesquisa de doutorado.

19) Não procurar ajuda – Se o cansaço, as dúvidas ou até mesmo o desespero se abaterem sobre você, não se envergonhe em compartilhar seus problemas. Desabafar com colegas e com seu orientador pode ser salutar no processo de encontrar soluções para seus problemas.

20) Esquecer o objetivo principal do doutorado – O doutorado é uma etapa de formação e seu objetivo maior é o aprendizado. Por isso, seus erros e inseguranças são absolutamente normais e fazem parte do processo.

17 abril 2015

Mais uma: Doutor é quem fez Doutorado

Em homenagem a defesa da tese de nossa querida amiga e blogueira: Cláudia Cruz. Parabéns, doutora!!!



"Doutor é quem faz Doutorado

No momento em que nós do Ministério Público da União nos preparamos para atuar contra diversas instituições de ensino superior por conta do número mínimo de mestres e doutores, eis que surge (das cinzas) a velha arenga de que o formado em Direito é Doutor.

A história, que, como boa mentira, muda a todo instante seus elementos, volta à moda. Agora não como resultado de ato de Dona Maria, a Pia, mas como consequência do decreto de D. Pedro I.

[...]

Pois bem!

Naquela época, a história que se contava era a seguinte: Dona Maria, a Pia, havia "baixado um alvará" pelo qual os advogados portugueses teriam de ser tratados como doutores nas Cortes Brasileiras. Então, por uma "lógica" das mais obtusas, todos os bacharéis do Brasil, magicamente, passaram a ser Doutores. Não é necessária muita inteligência para perceber os erros desse raciocínio. Mas como muita gente pode pensar como um ex-aluno meu, melhor desenvolver o pensamento (dizia meu jovem aluno: "o senhor é Advogado; pra que fazer Doutorado de novo, professor?").

1) Desde já saibamos que Dona Maria, de Pia nada tinha. Era Louca mesmo! E assim era chamada pelo Povo: Dona Maria, a Louca!

2) Em seguida, tenhamos claro que o tão falado alvará jamais existiu. Em 2000, o Senado Federal presenteou-me com mídias digitais contendo a coleção completa dos atos normativos desde a Colônia (mais de quinhentos anos de história normativa). Não se encontra nada sobre advogados, bacharéis, dona Maria, etc. Para quem quiser, a consulta hoje pode ser feita pela Internet.

3) Mas digamos que o tal alvará existisse e que dona Maria não fosse tão louca assim e que o povo fosse simplesmente maledicente. Prestem atenção no que era divulgado: os advogados portugueses deveriam ser tratados como doutores perante as Cortes Brasileiras. Advogados e não quaisquer bacharéis. Portugueses e não quaisquer nacionais. Nas Cortes Brasileiras e só! Se você, portanto, fosse um advogado português em Portugal não seria tratado assim. Se fosse um bacharel (advogado não inscrito no setor competente), ou fosse um juiz ou membro do Ministério Público você não poderia ser tratado assim. E não seria mesmo. Pois os membros da Magistratura e do Ministério Público tinham e têm o tratamento de Excelência (o que muita gente não consegue aprender de jeito nenhum). Os delegados e advogados públicos e privados têm o tratamento de Senhoria. E bacharel, por seu turno, é bacharel; e ponto final!

4) Continuemos. Leiam a Constituição de 1824 e verão que não há "alvará" como ato normativo. E ainda que houvesse, não teria sentido que alguém, com suas capacidades mentais reduzidas (a Pia Senhora), pudesse editar ato jurídico válido. Para piorar: ainda que existisse, com os limites postos ou não, com o advento da República cairiam todos os modos de tratamento em desacordo com o princípio republicano da vedação do privilégio de casta. Na República vale o mérito. E assim ocorreu com muitos tratamentos de natureza nobiliárquica sem qualquer valor a não ser o valor pessoal (como o brasão de nobreza de minha família italiana que guardo por mero capricho porque nada vale além de um cafezinho e isto se somarmos mais dois reais).

A coisa foi tão longe à época que fiz questão de provocar meus adversários insistentemente até que a Ordem dos Advogados do Brasil se pronunciou diversas vezes sobre o tema e encerrou o assunto.

Agora retorna a historieta com ares de renovação, mas com as velhas mentiras de sempre.

Agora o ato é um "decreto". E o "culpado" é Dom Pedro I (IV em Portugal).

Mas o enredo é idêntico. E as palavras se aplicam a ele com perfeição.

Vamos enterrar tudo isso com um só golpe?!

A Lei de 11 de agosto de 1827, responsável pela criação dos cursos jurídicos no Brasil, em seu nono artigo diz com todas as letras: "Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bachareis formados. Haverá tambem o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos que devem formar-se, e só os que o obtiverem poderão ser escolhidos para Lentes".

Traduzindo o óbvio. A) Conclusão do curso de cinco anos: Bacharel. B) Cumprimento dos requisitos especificados nos Estatutos: Doutor. C) Obtenção do título de Doutor: candidatura a Lente (hoje Livre-Docente, pré-requisito para ser Professor Titular). Entendamos de vez: os Estatutos são das respectivas Faculdades de Direito existentes naqueles tempos (São Paulo, Olinda e Recife). A Ordem dos Advogados do Brasil só veio a existir com seus Estatutos (que não são acadêmicos) nos anos trinta.

Senhores.

Doutor é apenas quem faz Doutorado. E isso vale também para médicos, dentistas, etc, etc.

A tradição faz com que nos chamemos de Doutores. Mas isso não torna Doutor nenhum médico, dentista, veterinário e, mui especialmente, advogados.

Falo com sossego.

Afinal, após o meu mestrado, fui aprovado mais de quatro vezes em concursos no Brasil e na Europa e defendi minha tese de Doutorado em Direito Internacional e Integração Econômica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Aliás, disse eu: tese de Doutorado! Esse nome não se aplica aos trabalhos de graduação, de especialização e de mestrado. E nenhuma peça judicial pode ser chamada de tese, com decência e honestidade.

[...]


Em nossa Procuradoria, Doutor é só quem tem título acadêmico. Lá está estampado na parede para todos verem.

E não teve ninguém que reclamasse; porque, aliás, como disse linhas acima, foi a própria Ordem dos Advogados do Brasil quem assim determinou, conforme as decisões seguintes do Tribunal de Ética e Disciplina: Processos: E-3.652/2008; E-3.221/2005; E-2.573/02; E-2067/99; E-1.815/98.

Em resumo, dizem as decisões acima: não pode e não deve exigir o tratamento de Doutor ou apresentar-se como tal aquele que não possua titulação acadêmica para tanto.

Como eu costumo matar a cobra e matar bem matada, segue endereço oficial na Internet para consulta sobre a Lei Imperial:

www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_63/Lei_1827.htm

Os profissionais, sejam quais forem, têm de ser respeitados pelo que fazem de bom e não arrogar para si tratamento ao qual não façam jus. Isso vale para todos. [...]

PROF. DR. MARCO ANTÔNIO RIBEIRO TURA , 41 anos, jurista. Membro vitalício do Ministério Público da União. Doutor em Direito Internacional e Integração Econômica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Direito Público e Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Visitante da Universidade de São Paulo. Ex-presidente da Associação Americana de Juristas, ex-titular do Instituto dos Advogados Brasileiros e ex-titular da Comissão de Reforma do Poder Judiciário da Ordem dos Advogados do Brasil."



Fonte: Aqui

22 dezembro 2014

Vida Pós-Graduação

Achei a música ótima!

Vida Pós-Graduação




"Preciso dar aula,
a bolsa é uma esmola,
a faculdade é longe
e eu vou de busão.
Eu tô acordando já são cinco horas
e já tô atrasado pra uma reunião.
Quero terminar, quero descansar,
dormir oito horas por dia [EU RI!!!!]
Quero ver TV,
me alimentar bem
e ir para a academia"

Parabéns pela criatividade! O meu ouvido só doeu no fim... ;)

15 novembro 2014

Produtividade dos PHDs em Economia



“IF THE objective of graduate training in top-ranked [economics] departments is to produce successful research economists, then these graduate programmes are largely failing.” That’s the startling message from a recent paper published in the Journal of Economic Perspectives.

How did the authors of this paper reach such a pessimistic conclusion? They look at a 14,300 people who received an economics PhD from 154 American and Canadian institutions. They then find a massive database of academic papers published over a two-decade period. From that, they are able to tell how many papers each PhD graduate has produced in the six years after leaving graduate school. (Six years, by the way, is about the average time it takes for a newly-minted PhD to get tenure).

Of course, quantity is not the only measure of success. One great paper is worth more than three bad ones. So the authors create an index that adjusts the number of publications by the quality of the journal it appears in. The authors end up with what they call the "American Economic Review­-equivalent". To get published in the AER is a dream for any economist and so other journals are indexed in relation to it. An article in the Journal of Political Economy, for instance, is worth 0.67 papers in AER. A paper in Economic Theory is worth a quarter.

Some of the results are not terribly surprising. Graduates from the big-hitting universities can be extremely productive. The graduate in the 99th percentile from Harvard or MIT—that is, right at the very top of the graduating class—produces over 4 AER-equivalent papers over six years.

But the vast majority of PhD students, even at top universities, produce nowhere near that much (see chart). The number of AER-equivalent papers of the median PhD student, six years after graduation, is below 0.2 for all universities. Yes, all—even Harvard, MIT and Chicago. The 50th percentile at almost all universities has a score of 0.1. That’s equivalent to publishing one paper in a second-tier field journal over six years. 

AER-equivalent score, by percentile of graduates, after six years

What are the implications of these results? Even if you have been accepted into a top economics department, there is no guarantee that you will be a successful researcher. In fact top researchers come from a range of institutions, not just the best ones. The researcher in the 99th percentile of the typical “non-top-30” institution—that is, the 124 other universities in the authors’ sample—is better than her equivalent from a range of big-hitting institutions like Penn State and the University of Texas at Austin.

The paper probably says something about how economics PhD programmes are taught. Professors may give a disproportionate amount of time to the students that they think are most naturally gifted, while leaving the majority behind. As a result that lucky student is much more likely to have a successful publication record.

Now: the crucial question is whether economics PhD students want to be successful researchers. The authors see this as self-evident:


Our experience suggests that most students, especially at the better programs, enter graduate school planning to seek academic jobs, or at any rate, jobs that require research.

I'm not so sure: many econ PhDs that I know have no intention of becoming an academic but instead want to work for government or an NGO. And lots of people working in the upper echelons of business and government may produce research, but may not publish it in a peer-reviewed journal. Take economists at the IMF, for example, who produce working papers that may never become "proper" academic articles. The same goes for government employees who produce policy analysis.

For the vast majority of economics PhDs there is little point in being more productive. As we have shown before, there are far more PhDs produced each year than there are job openings. America produced more than 100,000 doctoral degrees between 2005 and 2009; in the same period there were just 16,000 new professorships. What's the point in killing yourself to be a productive researcher when finding an academic job is so hard?

Fonte: aqui

13 agosto 2014

Brasileiro ganha Nobel da Matemática


RIO - Um carioca de 35 anos se tornou o primeiro brasileiro a receber a prestigiada Medalha Fields, considerada o prêmio Nobel da matemática. Artur Avila foi anunciado como merecedor da láurea máxima da União Internacional de Matemática (IMU, na sigla em inglês), durante o Congresso Internacional de Matemáticos, nesta terça-feira, quarta de manhã em Seul, na Coreia do Sul, onde o evento acontece. A medalha é entregue a cada quatro anos, a no mínimo dois e no máximo quatro profissionais com menos de 40 anos cujos trabalhos um comitê secreto julga terem sido fundamentais para o avanço da matemática. Junto com Avila, este ano a Fields foi entregue também ao canadense Manjul Bhargava, ao austríaco Martin Hairer e à iraniana Maryam Mirzakhani.

Artur Avila fez notáveis contribuições no campo dos sistemas dinâmicos, análise e outras áreas, em muitos casos provando resultados decisivos que resolveram problemas há muito tempo em aberto. Quase todo seu trabalho foi feito por meio de colaborações com cerca de 30 matemáticos de todo mundo. Para estas colaborações, Avila traz um formidável poder técnico, a engenhosidade e tenacidade de um mestre em resolver problemas e um profundo senso para questões profundas e significativas. Os feitos de Avila são muitos e abrangem uma ampla gama de tópicos. Com sua combinação de tremendo poder analítico e profunda intuição sobre sistemas dinâmicos, Artur Avila certamente continuará um líder na matemática ainda por muitos anos”, escreveu o comitê da IMU na sua justificativa para o prêmio.

Ex-aluno de duas escolas tradicionais do Rio, os colégios Santo Agostinho e São Bento, o calculista coleciona medalhas desde os 13 anos, quando ganhou um bronze na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) de 1992. De lá até receber a sonhada Fields, Avila conquistou alguns ouros em outras edições da olimpíada e concluiu seu doutorado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), em 2011, aos 21 anos. Hoje, divide seu tempo entre o Impa, onde atua como pesquisador extraordinário, e o trabalho de diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França, em Paris. À diferença do Nobel, cujos vencedores só sabem da premiação após o anúncio oficial na Suécia, os ganhadores da Medalha Fields são informados previamente. O carioca, que já havia sido cogitado para o prêmio em 2010, recebeu a notícia há dois meses, com um certo alívio.

— Há vários anos existia uma expectativa nessa direção, e realmente eu sentia isso como uma pressão sobre mim, também pela sua importância para o Brasil, que de maneira um pouco estranha nunca teve prêmios internacionais desse porte, como um Nobel. Assim, ficava um pouco pesado. A notícia da medalha teve, para mim, um primeiro efeito de alívio — conta Avila.

No Impa, a notícia sobre o prêmio foi recebida com muita festa:

— Essa medalha para o Artur vem primeiro coroar o trabalho individual dele, mas, ao mesmo tempo, é coerente com a situação da matemática brasileira — pondera César Camacho, diretor-geral do Impa. — Não é como um salto quântico. Um feito excepcional, sim, mas não fora da curva. É resultado de um longo trabalho de construção do Impa como centro de excelência da matemática mundial nos últimos 62 anos. Somos uma instituição aberta, com muitos contatos e interação com outras no exterior, e na qual tudo é feito com base no mérito.

Avila e os outros três ganhadores deste ano se juntam às outras 52 pessoas laureadas desde a primeira Medalha Fields, em 1936. O prêmio foi criado pelo canadense John Charles Fields, para “reparar” o erro do sueco Alfred Nobels, que, ao elaborar o Prêmio Nobel, em 1895, desconsiderou a matemática como ciência importante. Hoje, os ganhadores da Medalha Fields recebem 15 mil dólares canadenses (R$ 31 mil). Valor bem menor do que as 8 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,7 milhões) pagos aos premiados com o Nobel. Nas 17 edições anteriores da Fields, os americanos foram os mais premiados (12 vezes). A medalha de Ávila é a primeira de um matemático da América Latina.



Continua aqui


26 fevereiro 2014

O que um economista faz no Facebook?

O economistas do Facebook Michael Bailey responde:


I currently (Feb 2014) manage the economics research group on the Core Data Science team. We are a small group of engineer researchers (all PhDs) who study economics, business, and operations problems. As Eric Mayefsky mentioned, there are various folks with formal economics training spread across the company, usually in quantitative or product management roles.

The economics research group focuses on four research areas:

Core Economics - modeling supply and demand, operations research, pricing, forecasting, macroeconomics, econometrics, structural modeling.

Market Design - ad auctions, algorithmic game theory, mechanism design, simulation modeling, crowdsourcing.

Ads and Monetization - ads product and frontend research, advertiser experimentation, social advertising, new products and data, advertising effectiveness, marketing.

Behavioral Economics - user and advertiser behavior, economic networks, incentives, externalities, and decision making under risk and uncertainty.

I think a more interesting question is “what *could* an economist at Facebook do?” because there is a LOT of opportunity. There are incredibly important problems that only people who think carefully about causal analysis and model selection could tackle. Facebook’s engineer to economist ratio is enormous. Software engineers are great at typical machine learning problems (given a set of parameters and data, make a prediction), but notoriously bad at answering questions out of sample or for which there’s no data. Economists spend a lot of time with observational data since we often don’t have the luxury of running experiments and we’ve honed our tools and techniques for that environment (instrumental variables for example). The most important strategic and business questions often rely on counterfactuals which require some sort of model (structural or otherwise) and that is where the economists step in.

23 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte II

No dia da defesa da dissertação de Ednilto.
Da esquerda para a direita: o membro interno da banca examinadora, Prof. Dr. Rodrigo de Souza Gonçalves seguido pelo membro externo, Prof. Dr. Moisés Ferreira da Cunha; depois o nosso entrevistado, atual professor e mestre, Ednilto Tavares Pereira Júnior; e, à direita, o orientador e professor Dr. César Augusto Tibúrcio Siva.
No outro domingo começamos a conversar com o Ednilto que tem uma história engraçada, interessante e envolvente para contar. Hoje a entrevista no mostra a trajetória dele entre o mestrado e o doutorado.

Blog_CF: Ednilto, você então entrou na 19ª turma de mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Ciências Contábeis da UnB, UFPB e UFRN com o auxílio de um recurso. Claro que sempre haverá alguém para criticar, mas como foi a reação da sua turma? Como era o relacionamento entre vocês?
Ednilto:
Antes de iniciarmos o curso somos convocados para uma reunião na qual nos explicam mais sobre o programa. A minha aconteceu em dezembro de 2009. Antes mesmo dos professores chegarem expliquei para todos que estavam na sala a minha situação. Havia quem nem notou que a lista final apresentou um nome a mais, devida a empolgação com o curso. Fui sincero desde o início e acredito que fui bem recebido. Ninguém mostrou descontentamento. Na reunião os professores também explicaram, mas já estavam todos cientes então acredito não ter havido nenhum tipo de preconceito.

Como comentei antes, Deus sabe o que faz. Cai em uma turma muito especial da qual me orgulho fazer parte. Superamos tudo juntos, nos apoiamos e, assim, íamos compensando as fraquezas individuais. Isso porque em uma turma há quem seja ótimo em contabilidade societária, mas não sabe sobre custos e gerencial, por exemplo. Havia também a questão do inglês que é essencial para o desenvolvimento de trabalhos, apresentações e seminário. Mas a minha turma se tornou um organismo único e fomos enfrentando a batalha com muito fervor. Hoje considero que tenho irmãos. A intensidade de tudo o que vivemos, nos liga por toda a vida.

Blog_CF: Você terminou bem o mestrado. Não precisou de novos prazos, passou em todas as matérias, foi aprovado na defesa da dissertação. Foi esse sucesso que te motivou a ir além e, assim, buscar o doutorado?
Ednilto:
Com o mestrado eu tive a confirmação que a vida acadêmica não era apenas uma obrigação, ou profissão. Eu encontrei a minha paixão. Não achei que seria sequer aprovado em um mestrado e alcancei o meu sonho. Foi algo natural ir além disso, além dos meus sonhos. Foi assustador pensar em passar por todo o processo de rejeição e preparação novamente, independente de como foi o meu mestrado. Mas fui em frente.

Na primeira vez que tentei, não cheguei a conseguir participar do processo por ter enviado uma cópia não autenticada do meu título de eleitor (era uma exigência). Claro que entrei com o famoso recurso, mas infelizmente não deu certo. Mas novamente eu já estava decidido. Eu queria cursar o doutorado ali, no lugar em que me tornei mestre. Eu criei um vínculo de admiração e vontade de crescer junto com a UnB. Era ali que eu queria então, novamente, aguardei mais um ano e procurei ir melhorando o meu currículo naquele meio tempo. Ainda bem que meu sofrimento não durou muito e fui aprovado no último processo seletivo do Programa. Minhas aulas terão início este ano, em 2014. Agora inicio uma nova jornada, ainda por ser escrita.

Blog_CF: O que é o doutorado para você?
Ednilto: Acho que para alguns o doutorado seja relacionado a obtenção de um título. Não digo que a minha nobreza não fará com que eu não me sinta melhor no dia em que for o Doutor Ednilto! Mas a minha motivação, e aqui vou usar o mesmo discurso que prego aos meus alunos, é ser um professor melhor e, assim, conseguir ajudar mais os meus alunos, impactar vida, colaborar para o conhecimento e formação dos meus discentes da melhor forma que eu puder. Quando fui aprovado, comemorei esse sucesso também com os meus alunos e afirmei “se faço isso não é só por mim, mas também por vocês”. Tenho certeza que não sou um ótimo professor, mas quero ser um dia. Por isso busco a autossuperação. Ser melhor que o meu eu de ontem, ser melhor a cada dia.

Blog_CF: Não vou te perguntar como foi ser reprovado em um processo seletivo porque claramente houve frustração e tristeza. Mas como foi o seu processo para seguir em frente e ser admitido? 

Ednilto: Bom... eu sou meio nerd ...se é que existe essa de meio nerd (ou se é ou não), então vai aqui uma resposta geek. 

Hal Jordan, o segundo lanterna verde, ao ser escolhido sofreu bullying da tropa dos lanternas verdes (para eles os terráqueos são seres inferiores). Aí, em um desses universos da DC Comics [Lanterna Verde – Renascimento], Hal vai enfrentar Parallax, uma entidade cósmica que se alimenta do medo que espalha em todos os seres vivos... em resumo... Hal Jordan luta, vence Parallax e fala algo que me marcou. 

Ter medo não nos faz fracos, pois do medo vem a coragem para sermos fortes. O que isso tem a ver com a pergunta sobre a reprovação? Já fui reprovado no processo seletivo para o mestrado e para o doutorado, entre outras reprovações na vida. Ser reprovado nunca me fez ser fraco, mas sim me deu força e coragem para ser forte. 

A propaganda do sabão Omo já dizia, “não há aprendizado sem manchas”. Risos. Sempre penso nisso, independente do que eu esteja fazendo. Ora, se não deu daquela vez, vamos tentar novamente. Se não der na segunda, haverá uma terceira, e se não der na terceira, teremos uma outra vez para tentar. Ou ganharemos sabedoria e maturidade para enxergar uma outra opção e seguir por ali. Em suma, o que aconteceu não foi em vão. Não foi tempo perdido, mas o tempo necessário.

Como você se comporta frente a derrota é o que fará você ser um eterno perdedor ou um próximo vencedor. Acho que o NÃO sempre me incentivou mais do que o SIM, o “você NÃO consegue”, “isso NÃO é para você”, “você NÃO pode fazer isso”. As pessoas e motivam por milhares de incentivos diferentes e sempre brinco que quando ouço palavras negativas, meu subconsciente ativa que aquilo é um desafio e que desafios são feitos e colocados para que possamos vencê-los. Se não fosse assim, que graça teria a vida?

Blog_CF: A sua história é rica e cheia de exemplos motivacionais. Mas que dica você dá para os que pretendem futuramente cursar o mestrado? E quem já foi recusado em processos seletivos, como motivá-los a continuar tentando?
Ednilto: Dica? Difícil dizer porque "cada caso é um caso". Eu arriscaria dizer que a primeira coisa é "saber". Se você decidir fazer algo, no caso o mestrado, tem que ter certeza ser aquilo o que você realmente quer. (Tem quem faça por não ter outra coisa para fazer naquele momento, por pressão da família, pra melhorar o salário, por n razões distintas). Você está fazendo por você e é o que você sinceramente deseja? Se sim, pronto, sua meta e o seu objetivo foram traçados. Agora é só seguir. Não olhe para os lados e nem para trás. Siga em frente. Confie. Não pare porque obstáculos vão surgir - sempre surgem - mas se você tem em mente o que você quer, não deixe nada ser tão grande a ponto de fazer você desistir. Você vai querer desistir! Mas não desista.

Blog_CF: Você pode compartilhar mais uma das suas histórias de - sim - superação?
Ednilto:
 (rindo) Se você diz que são histórias de superação, tudo bem. Vou contar algo que aconteceu comigo.... Mais risos. 


Para fazer o mestrado saí de um cargo concursado. Foi uma escolha que tive que fazer e assumir, já que eu não tinha como conciliar o aquele trabalho com os estudos. Aquilo foi um golpe dolorido já que parei de receber um salário razoável para virar bolsista da Capes. Agradeço eternamente a oportunidade, mas o valor é vergonhoso, sabe? Eu recebia R$ 1.200,00! Como comprar livros (geralmente internacionais), me sustentar e estudar em paz? Tinha quem falasse que com aquilo dava até para pagar prestação de carro, pode? 

Aproveito para me manifestar: Brasil, governantes, responsáveis: a bolsa não é nada. Né? Pagar isso TUDO para a pessoa ficar por conta dos estudar? 

No meu caso, eu era solteiro e ainda tinha os meus pais para me ajudarem, fico pensando como um pai de família renuncia seu emprego para fazer um mestrado com uma bolsa dessas? 

Acho que a primeira dificuldade que eu tive no mestrado foi a financeira. Muitas vezes eu olhava para os meus colegas do antigo concurso, ou para colegas de universidade, que estavam indo “bem” na vida... e eu ali, ganhando R$ 1.200,00 “só para estudar”. Isso me fazia me perguntar todos os dias o por quê deu estar lá. Não foi fácil. O dinheiro não era a minha motivação, mas a falta dele me abalou. Sempre que eu ficava na dúvida, reforçava comigo "já estou aqui mesmo então não vou desistir". 

A segunda dificuldade é quanto ao conteúdo de cada matéria. Nossa, não teve uma disciplina sequer que eu possa falar que foi “de boa”. Até a disciplina de prática de ensino foi pesada! E olha que envolvia apenas “dar aula” e era dar mesmo, porque era um docente voluntário. Na verdade eu recebia os créditos da disciplina, como todos os demais. Mas eu ia de Goiânia para Brasília, lecionava e voltava para casa. Isso acrescentava um peso emocional que complicou, claro, mas fui em frente. Sempre em frente. 


Quando se tratava da dificuldade nas disciplinas, sempre pude contar com meus amigos. Nunca aquela frase fez tanto sentido “ninguém é tão grande que não possa aprender nem tão pequeno que não possa ensinar”. Lembro-me que meus amigos que me ajudaram a superar muitas dificuldades, inúmeras vezes. Fui para a casa deles estudar, nos encontrávamos na biblioteca.  

A dificuldade é inerente ao processo, #nopain #nogain, mas ninguém disse que precisamos suportar essa “dor” sozinhos, então acho que durante essa batalha (mestrado ou doutorado) umas vezes seremos carregados, outra teremos que carregar, o importante é que nenhum soldado fique só no campo de batalha. Seja compreensivo e companheiro, é a dica que deixo. Isso fez toda a diferença na minha vida.

Blog_CF: Ednilto, agradecemos imensamente a sua participação e te desejamos uma ótima jornada no doutorado. Parabéns!


Ednilto:
Obrigado por me convidarem para essa entrevista, não sei se sou a melhor pessoa para isso, mas espero poder incentivar alguém, mais uma vez obrigado e vamos que vamos que o doutorado nos espera.


Para acessar outras entrevistas, clique aqui.

12 março 2013

Novo Doutorado em Controladoria e Contabilidade

O resultado da 143ª Reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), realizada no período de 27 e 28 de fevereiro de 2013, em Brasília, endossou a proposta da USP/RP de criação do curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade.

Este é o sétimo curso de Doutorado em Contabilidade autorizado a funcionar no país e o terceiro autorizado pela Capes desde setembro de 2012, quando recomendou o Doutorado em Ciências Contábeis da UNISINOS seguido do Doutorado em Contabilidade da UFSC, em novembro.

Relação dos cursos autorizados pela Capes na 143ª Reunião disponível aqui.

Fonte: Aqui

16 fevereiro 2013

Contabilidade: 3 mil mestres e 250 doutores

As imagens abaixo estão disponíveis no site da AnpCont:



Em uma rápida análise no site da UnB, da USP e da FURB encontrei atualizações que acrescentam 78 mestres (45 do Programa Multi UnB/UFPB/UFRN, 33 da USP e 12 da FURB) e 53 doutores (13 do Multi, 37 da USP, 3 da FURB sendo que o doutorado é em contabilidade e administração). Isso totaliza aproximadamente 2.693 mestres e 251 doutores formados no Brasil.

Claro, foi uma atualização superficial... mas, independente disso, ... em um país com cerca de três mil cursos de contabilidade (ou mais?) e mais ou menos a mesma quantidade de mestres, o que podemos concluir?

Quem está lecionando???

Acho oportuno destacar trechos da dissertação do Glauber de Castro Barbosa:
“Os achados do trabalho são relevantes por indicar a ocorrência de disfunções no ensino superior das universidades federais, especialmente na sobrecarga de funções para os professores mais titulados e na supervalorização da pesquisa em detrimento do ensino, quando o ideal seria que este e aquela fossem indissociáveis. Professores e alunos devem estar imersos em um ambiente de constante troca, na condução de um processo de ensino aprendizagem em que o professor facilite e estimule o aluno a buscar o conhecimento e não simplesmente faça a transmissão desse conhecimento. Os resultados levam a crer que não basta ser um excelente pesquisador para ser um bom docente.
As conclusões dessa pesquisa ressaltam a importância da accountability, na forma de indicadores de desempenho, no acompanhamento da gestão de uma universidade e do rendimento acadêmico de seus estudantes, uma vez que neste estudo foi demonstrado que em certos casos há associação entre esses dois grupos. Além disso, sinalizam ao Governo Federal situações que podem ser alcançadas e sanadas por novas políticas públicas aplicadas ao ensino superior.”
Em tempo: as conclusões se referem aos cursos brasileiros avaliados pelo ENADE.

09 novembro 2012

O Declínio dos Programas de Doutorado nos EUA


O gráfico abaixo mostra o número quinquenal médio de doutores formados nos programas de contabilidade dos Estados Unidos. 

No final da década de 1980 quase 200 novos doutores eram titulados naquele país. Dez anos depois este número começou a cair, atingindo uma média de 116 novos doutores em 2003. A partir daí um pequeno crescimento, chegando a titular 140 novos doutores em 2008.

É bem verdade que o número ainda é expressivo; fazendo uma comparação, o Brasil deve ter algo em torno de 250 doutores, o que significa dois anos de titulação dos programas dos Estados Unidos. Mas a economia daquele país é sete vezes maior que a nossa. E eles possuem 103 programas, ativos e inativos, de doutorado (nós temos cinco).

O fato é que se observou, no longo prazo, uma redução no número de novos doutores naquele país; é ruim, pois pode comprometer a pesquisa contábil futura. Além disto, a profissão perde status. Fogarty e Holder fizeram uma análise histórica e mostraram que os programas mais conceituados tiveram uma pequena perda, mas que os programas menos conceituados titularam novos doutores. Ou seja, os programas com qualidade mediana foram aqueles que mais perderam durante o período.

No caso brasileiro, provavelmente o número de novos doutores deve aumentar nos próximos anos. Afinal, existe uma grande demanda reprimida de professores que desejam esta titulação e de faculdades que precisam do status de um doutor. Mas no mestrado aparentemente haverá uma redução na demanda nos próximos, uma vez que os atuais programas já conseguem absorver os candidatos. Ou seja, hoje os candidatos ao mestrado são alunos que saíram recentemente da graduação e desejam enveredar pela pesquisa contábil. 


Leia mais em FOGARTY, T; HOLDER, A. Exploring accounting doctoral program decline. Issues in Accounting Education, v. 27, n. 2, p. 373-397. 

10 outubro 2012

Novo Doutor

O blogueiro Orleans Silva Martins é o doutor mais fresco em contabilidade do Brasil. Na segunda-feira (8/10/2012), sua tese, denominada, "Relações entre a Assimetria de Informação e as Características das Empresas no Mercado Acionário Brasileiro" foi aprovada no Programa Multi-institucional e Inter-regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN.

Da esquerda para a direita:
Dr. Fábio Moraes da Costa (membro externo), Dr. Edilson Paulo (orientador), Dr. Orleans Silva Martins, Dr. Wagner Moura Lamounier (membro externo), Dr. Ivan Ricardo Gartner (membro interno) e Dr. Anderson Luiz Rezende Mol (membro interno)




04 outubro 2012

Doutorado em Contabilidade na Unisinos

A 139ª Reunião do Conselho Técnico-Científico do Ensino Superior (CTC/ES) aprovou mais um doutorado em Ciências Contábeis:

Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Rio Grande do Sul.

A Unisinos também recebeu aprovação para o mestrado em gestão educacional, doutorado em engenharia de produção e sistemas e doutorado em psicologia.

Ademais, autorizaram mais um doutorado em administração no Rio de Janeiro (UNIGRANRIO - Universidade do Grande Rio - Prof. José de Souza Herdy).

Veja os demais cursos autorizados aqui.

10 setembro 2012

O que não te ensinaram na pós-graduação III


Sempre repito a afirmação também destacada no livro de Richlin e Upham (
What They Didn’t Teach You in Graduate School – sem edição em português):

Um professor tem a oportunidade de impactar positivamente a vida e carreira de seus estudantes.

Então, continuando com a série de postagens sobre o que não é ensinado na pós-graduação, hoje falaremos sobre PROFESSORES.

- Ensinar é uma grande satisfação pessoal e um bem público importante desempenhado por você. Lembre-se sempre disso.

- Ensinar é uma arte a ser aprendida. Assim, segue uma curva de aprendizado. Seu primeiro esforço não será tão bom quanto o seu segundo, nem o seu segundo quanto o seu terceiro. Entretanto, há um limite de melhoria. Em outras palavras, sua avaliação como docente alcançará um pico e a partir dali se manterá constante. Eventualmente você irá se entediar com o curso e suas notas irão cair. Não se desespere. É um fenômeno natural. Frequentemente é um resultado da idade; professores acima de 40 anos se identificam cada vez menos com alunos calouros de 18 anos – especialmente se não têm filhos. Notas em declínio significam que é hora de você lecionar outra matéria para estudantes de outro nível.

- Encontrar a sua turma é prioridade. Não cancele aulas porque é inconveniente pra você. Se você souber antecipadamente que estará em um congresso, por exemplo, peça que um colega te substitua – mas não exagere. Os alunos querem aulas com você e não com substitutos.

- Aulas a distância são uma benção. Aulas a distância são uma ameaça. Uma benção porque você pode alcançar os seus alunos que outrora não teriam a oportunidade de aprender com você ou saborear as belezas da sua área. É uma ameaça porque um possível cenário é que universidades e faculdades aprendam que é mais barato comprar uma infraestrutura para ensino a distância, que construir novos prédios ou contratar novos professores. Com o ensino a distância você pode ensinar (ou distrair) centenas simultaneamente e não apenas 10 ou 30 alunos em sua classe. Ainda, se você não é um superprofessor em vídeo ou na internet, não haverá um mercado para você mesmo que você seja um ótimo pesquisador.

- O índice de morte de tios e avós de alunos é um fenômeno, além de qualquer mensuração atuarial. E há distorção perto de período de provas. Uma morte na família é a desculpa padrão para perder aulas e avaliações. Embora alguns alunos sejam impressionantemente inventivos ao tramar histórias, a maioria não é. Ao se deparar com tal desculpa, tenha em mente que o aluno pode estar te enrolando.

- Acredite ou não (!!!), colar é comum em algumas instituições. Ao preparar testes, elabore mais de um modelo. Você pode embaralhar a ordem das questões ou a ordem das respostas. Dizem por aí que um professor pedia para a turma inteira virar as cadeiras ao contrário antes de receber a prova. Apesar de ser mais fácil o professor simplesmente se levantar e ficar no fim da sala, há um quesito psicológico bem interessante.

- Ensinar pode ser uma profissão perigosa. Não é frequente, mas um aluno pode ir até a sua sala ou prédio e atirar em todo mundo ou causar danos físicos. Os casos são suficientemente raros, mas lembre-se que, como professor, você é uma figura pública. As suas ações afetam pessoas reais. Os estudantes estão sujeitos aos mesmos distúrbios mentais que a sociedade como um todo. Se você já identificou alunos-problema, tome os devidos cuidados. Evite caminhar sozinho (para o carro ou para a sua sala) após lecionar, por exemplo.

07 setembro 2012

O que não te ensinaram na pós-graduação II


Esta postagem, continuação da anterior, é indicada especialmente a quem pretende ganhar a vida como professor universitário.

- Evite trabalhar na faculdade em que estudou, não importa o tamanho da sua lealdade. Você sempre será visto como um aluno pelos membros mais antigos e será tratado como tal. É diferente, entretanto, se você retorna após alguns anos trabalhando em outra instituição.

- A regra de oferta e demanda se aplica ao mundo acadêmico tanto quanto a outros campos. Você está jogando com o futuro no mercado de trabalho, assim como um ocorre no mercado de capitais, quando escolhe uma área para o seu doutorado. Já que leva de quatro a sete anos [quando mestrado + doutorado] para alcançar o grau, você faz suposições de que seus serviços serão necessários daqui a vários anos. Podem ser – mas, também, podem não ser. Quando uma nova especialização se abre, é um momento empolgante. Várias pessoas migram de campos adjacentes. Há a formação de departamentos ou de áreas de concentração e inicia-se o treinamento de doutores naquela área. Há pouca oferta de quem entenda do assunto, então altos salários são oferecidos. Todavia, o que usualmente acontece é que dentro de um espaço temporal relativamente curto, o mercado do doutorado e, consequentemente, o de trabalho, torna-se saturado. Mais ainda, outras especialidades emergem e a universidade corta a moda passageira. A implicação clara para os estudantes é que áreas com excesso de oferta de candidatos se torna mais difícil de conseguir tanto um emprego inicial quanto de professor titular.

- As universidades têm suas próprias culturas e em grandes instituições, faculdades e departamentos com culturas diferentes. Tente descobrir qual é o clima no local onde decidir trabalhar. Se você está iniciando a carreira, um ambiente hostil será demasiadamente estressante. Procure por departamentos nos quais haja tranquilidade e bom convívio interpessoal.

- Avalie um pós-doutorado com cuidado, especialmente se você for das ciências. Você deve pensar em um pós-doutorado em termos econômicos frios e exigentes. (Consideramos apropriado se você: está em um campo no qual empregos em boas áreas estão escassos e você ainda não conseguiu a sua vaga; se você sente a necessidade de adquirir ferramentas de pesquisa específicas de forma a desenvolver o seu trabalho além do doutorado; se você pretende trabalhar com uma personalidade específica que acrescentará ao seu autodesenvolvimento). Um pós-doutorado não é apropriado se você tem medo de lecionar ou falar em público (você está apenas adiando o inevitável). Também não é apropriado se você viveu quase sem dinheiro por anos e/ou precisa sustentar a sua família.

- Se você quer ainda um desafio maior, mude a sua ocupação ou se mude a cada sete anos. Isso irá alargar a sua perspectiva e seu ponto de vista (um pouco disso vem do efeito Hawthorne*, as pessoas prestarão atenção em você por ser novo. Nos primeiros anos em uma instituição ou departamento você terá a aura de um perito externo. Com o tempo você passa a ser mais um na multidão) e alterar áreas permite que você mude de uma linha de pesquisa madura para uma mais nova e dinâmica (A graça está aí. Mas tenha cuidado, pois uma nova ocupação requer novas ferramentas).

- Quando considerar uma instituição para trabalhar, questione sobre o plano de aposentadoria – mesmo que no momento você sinta que é muito cedo para se preocupar com o assunto.

- Dependendo da universidade, questione sobre vagas no estacionamento. Caso você não tenha direito e as vagas forem pagas, isso pode afetar as suas finanças de forma substancial.

- Lembre-se que salário líquido é diferente de salário bruto. Ao escolher uma instituição lembre-se de considerar: custo de vida; custo de moradia; qualidade das escolas para seus filhos (atuais ou futuros); empregabilidade para o seu parceiro.

- Ao longo do caminho você poderá perceber que não se identifica com a docência ou talvez não consiga um emprego no lugar em que gostaria. Ao tentar lecionar Albert Einstein foi inicialmente recusado e duramente criticado – o que fez com que fosse trabalhar no escritório suíço de patentes. Não tendo que se preocupar com a pressão de encontrar seus alunos ou com a opressão de trabalhos de pesquisa, pode se ocupar em pensar, surgindo com a Teoria da Relatividade, dentre outras. A partir daí foi convidado a ser professor. O ponto é que inovação e criatividade podem ser alcançadas fora de uma carreira acadêmica assim como dentro. Chegar ao título de doutor é um ponto de descontinuidade na sua vida, quando vários caminhos alternativos se abrem para você. O caminho para professor titular é um deles. Afinal, a vida é o que você faz dela, não é mesmo?

*O Efeito Hawthorne se refere a um estudo realizado em fábricas entre 1924 e 1932 que avaliou a produtividade dos trabalhadores quando uma alteração era realizada. A interpretação dos resultados mudou ao longo dos anos. Hoje considera-se que o Efeito Hawthorne significa que prestar atenção nas pessoas muda o comportamento delas, indiferentemente da mudança. O efeito foi nomeado em homenagem a agora extinta fábrica Hawthorne da empresa Wester Eletric localizada em Cícero, Illinois (Para mais leia sobre o Efeito Hawthorne em http://en.wikipedia.org/wiki/Hawthorne_effect).

O que não te ensinaram na pós-graduação I

06 setembro 2012

O que não te ensinaram na pós-graduação

“What they didn’t teach you in graduate school” é um livro sobre dicas de coisas que provavelmente você não aprendeu ao cursar o doutorado, como sugestões de como lidar com a pesquisa ou como interagir em sala de aula. Os autores deixam claro que é uma aplicação bem específica aos Estados Unidos. Como aqui no Brasil é comum lecionar sem especialização ou escrever artigos na graduação, as dicas podem ser absorvidas por um universo maior que o composto por doutores.

Parte I: O Doutorado

- Termine o seu doutorado o quanto antes. Não sinta que você precisa criar o melhor trabalho que o mundo moderno já viu. Daqui a cinco anos a única coisa que importará é ter se formado.

- Seja humilde. Você não precisa ostentar o seu título. (A não ser para fazer reservas em restaurantes. Quando você ligar e pedir uma mesa para quatro pessoas no nome do Doutor Jones, você ganhará mais respeito e provavelmente uma mesa melhor).

- Um doutorado é um certificado de habilidade para pesquisa com uma amostra. O doutorado certifica que você tem capacidade para fazer pesquisa com qualidade. Ao contrário dos médicos, que realizam um trabalho extensivo com pacientes concomitante a anos de internato e residência, o doutorado é baseado em uma simples amostra: a sua tese. As pessoas que a assinam estão fazendo uma grande aposta na sua capacidade de produzir com qualidade várias e várias vezes no futuro.

- Um doutorado é uma licença para reproduzir e uma obrigação de manter a qualidade intelectual de seus descendentes. Uma vez que você se torna um doutor, é possível que você (assumindo-se que você esteja trabalhando em um departamento acadêmico que ofereça doutorado) habilite novos doutores. Mesmo que o seu departamento não ofereça doutorado, você pode ser chamado para participar de um comitê avaliador na sua instituição ou em instituições vizinhas. Essa é uma responsabilidade séria por que você está criando descendentes intelectuais. Reconheça que se você votar em passar alguém que é marginal ou pior, àquele doutorando, em troca, é dado o mesmo privilégio. Se os candidatos não são dignos do reconhecimento, provavelmente alguns dos seus descendentes também não serão. Ao contrário das intergerações humanas de 20 anos, a intergeração acadêmica tem 5 anos ou menos. Mais ainda, um simples indivíduo pode supervisionar 50 ou mais doutores em uma carreira de 30 anos.

- Evite a Síndrome de Watson. Nomeada por R. J. Geller essa síndrome é um eufemismo para procrastinação. Isso envolve fazer tudo possível para evitar completar o seu trabalho. É diferente do bloqueio de escritor porque há a substituição por trabalho real que te distrai do que é necessário para completar a tese ou para avançar na sua carreira acadêmica.

[R. J. Gelles, “Watson’s Syndrome”, inside Higher Education, v. 19, jun. 2006. Disponível em: ]


14 agosto 2012

Lembrete: Teste ANPAD

Para quem participará de processos seletivos que necessitam da Teste ANPAD, segue o lembrete:

Hoje, dia 14/08/2012, é o prazo limite para geração e impressão do boleto referente à taxa de inscrição da prova ANPAD no valor de R$ 235,00 (desconto de R$ 40,00) e com vencimento no dia 15/08/2012. Após o dia 14/08/2012, o valor da inscrição será integral (R$ 275,00), com vencimento em 24/08/2012.

28 julho 2012

Mestrado: tentar ou não tentar?

Geralmente quando eu escrevo uma postagem para vocês estou animada e inspirada. Hoje estou com dor de cabeça. E chata. Os últimos anos foram um tanto difíceis para a minha família e é complicado saber o que fazer quando é hora de um novo ciclo se iniciar.

Então... estado de hoje: dor de cabeça, cansaço e desânimo. Será que vale o desafio? Eu escrever assim, vocês lerem o que o meu alterego está sentindo? Mas como muitos estão me perguntando como é o processo seletivo do mestrado, talvez um pouco do meu lado azedo ajude a deixar a resposta mais real. Ou não.... sinceramente não sei. Mas vamos ver no que dá.

Eu nunca fui membro de banca para avaliar alunos candidatos ao mestrado, então segue a minha experiência como participante examinada e como boa ouvinte.

Para decidir por cursar o mestrado ou o doutorado é necessário que você pese, previamente, os mais diversos aspectos. Qual o nível do seu comprometimento? Tenha garra, força, determinação. Acredito que isso é o que mais pesa.

Quanto as suas motivações: o curso é algo que você quer para inflar o seu ego, ou é um anseio verdadeiro e realista? Esse é o curso e a faculdade adequados para você? Pense antes se você prefere um mestrado profissionalizante ou não, por exemplo. A sua vida pessoal irá te permitir dedicação? Quando for requerido que você escreva um artigo em um fim de semana, a sua família e os seus amigos irão te entender? E se não apoiarem, se te cobrarem, você saberá lidar com isso? Ou cederá? É relativamente fácil encontrar justificativas para curtir outras atividades que não as do mestrado. Mas as consequências são doloridas. E te desviam (ou te tiram) do seu foco.

Você aguenta competição sem se sentir humilhado ou sentir vontade de puxar o tapete dos outros? Ou sem vontade de plagiar, agir de formas desleais? Você sabe trabalhar em equipe? E sozinho? Você sabe o momento de pedir ajuda ou até de ajudar os seus pares? Você vai ser responsável a ponto de cuidar da saúde, se alimentar bem, se exercitar, para evitar adoecer?

Matar aulas afetam a sua nota. Não participar das atividades afeta a sua nota. Trabalhos mal feitos afetam a sua nota. Não ler sobre o assunto que outros grupos irão apresentar, falhando em debater e desenvolver os temas, afeta a sua nota. Espera-se, afinal, que você saia do curso um MESTRE em contabilidade. Ou um DOUTOR. Você será um exemplo. Espera-se que você busque, com garra, a excelência.

Não, não é sempre assim. Sim, às vezes é pior.

Quanto a termos práticos, o primeiro passo é o seu currículo. Se você ainda não cadastrou um na plataforma lattes do CNPQ, este é o momento. Lá você irá preencher informações de um currículo trivial, mais algum feito acadêmico. Não se preocupe tanto (mas sim um pouco) se você não possuir publicações, isso não é um requisito obrigatório - para o mestrado. O que vale é o conjunto. Você fala inglês? Já deu aula? Foi monitor? Já organizou algum evento acadêmico? Etc. Mas preencha com calma e reze um pouquinho para que aquilo seja o suficiente. Não minta! Você vai anexar todos os comprovantes ao se matricular.

Uma fase importante é o teste ANPAD (verifique no site as edições - acredito que são trimestrais). Eu os aconselho a pegar emprestado com alguém ou adquirir a apostila (cara) com as provas anteriores. Assim você saberá o estilo da prova, quais os assuntos, como administrar seu tempo, quaisseus pontos fracos. Não vá para a prova tendo respondido um ou dois exemplares que você conseguiu por aí. Estude!

Seu projeto de pesquisa será muito importante para esclarecer a sua área de interesse, demonstrar a sua capacidade de comunicação escrita e adequação acadêmica. O blog tem várias postagens que ajudam a citar corretamente, escrever de acordo com as normas ABNT, encontrar um tema pertinente.

A entrevista é mais rápida do que você imagina, mesmo porque a banca já destrinchou o seu projeto, seu histórico, seu currículo. Portanto os avaliadores sabem um pouco do seu perfil e querem apenas confirmar algo, esclarecer um pouco ou conhecer um nível diferente, como, por exemplo, sua rotina antes do mestrado, sua programação em fins de semana, como você conciliará estudo e trabalho (se o seu chefe ficar te apurrinhando, isso vai te fazer faltar aulas?). Tenha certeza de tudo o que responder. Aquela não é uma entrevista para passar com as respostas certas, mesmo porque os examinadores pensam de maneiras distintas, desconfiam da verdade mais verdadeira, levam em consideração algo trivial, não se podem controlar as reações que acontecem ali. Portanto seja sempre natural e franco. Seja transparente. Demonstre a sua motivação, seu propósito, seu diferencial.

A prova de contabilidade... é como uma prova qualquer de contabilidade. Estamos em um momento interessante, claro que serão cobradas mudanças na lei, CPCs específicos como, por exemplo, impairment e instrumentos financeiros. Procure no site da instituição se há disponível a prova aplicada à turma anterior.

Eu amei o meu mestrado, mas em alguns momentos era sim um sacrifício. Tinha matéria que iniciava 7h da manhã, outras que às 18h estavam longe de terminar, enquanto algumas ainda desconsideravam a existência do almoço. É isso mesmo que você quer fazer? Você está preparado para lidar com alterações bruscas de horário e de rotina?

Se o que eu falei te assustou apenas de uma forma natural, mesmo que pareça difícil, vá em frente. Pergunte a quem estudo comigo na graduação: nunca achei que entraria num mestrado. Achei menos ainda que seria tão apaixonada pela academia. Fui pega desprevenida. Fui representante de turma, cresci imensamente, encontrei amizades imensuráveis e professores que admirarei eternamente.

Acho essencial admirar o professor. Mais essencial ainda se lembrar que você está nessa caminhada por paixão. Se for um martírio, algo está errado. Quero muito fazer doutorado, não há um momento exatamente perfeito, mas quero que a minha escolha ocorra em uma estação em que eu consiga usufruir a riqueza que é ofertada assim como ocorreu no mestrado.

Vi várias pessoas sucumbirem por aquilo não ser o que queriam, por forçarem a barra e isso mexer muito com o clima familiar e emocional. Alunos que terminaram a dissertação, mas foram reprovados. Outros que, para terminar, fizeram tratamento terapeutico pesado. Alguns reprovaram duas matérias e, assim, há desqualificação automática.

Há de se considerar todos os aspectos, inclusive o tempo investido e o valor que ele terá para você. O mestrado é muito legal. Mas assim como várias outras atividades, não é para qualquer um. O seu perfil tem que se encaixar ao menos um mínimo na parte ultra exigente. Aí a parte tranquila vai sairserenamente, de forma deliciosa, e te marcar e conquistar como ocorreu com tantos por aqui.

Compartilhe com a gente a sua experiência nos comentários. Certamente ajudará a guiar os candidatos indecisos.