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10 março 2024

Comentários adicionais sobre dicas de séries


Anteriormente escrevi esta postagem indicando algumas séries como The Middle e Community. O professor César respondeu com algumas dicas valiosas!

The Office: Já chegando com controvérsias, confesso: nunca consegui sair da primeira temporada. Embora afirmem que é a fase mais fraca e que melhora consideravelmente, ainda não consegui persistir.

Chuck: uma recomendação fantástica. A série gira em torno de um nerd, gente como a gente, que ao receber um e-mail criptografado de um amigo, acaba com segredos do governo implantados em seu cérebro. Dois agentes secretos são designados para protege-lo, mas, surpresa surpresa: ele sempre se mete em apuros. Eu assistia na época em que passava originalmente e adorava.

Em época de tantos cancelamentos, é uma história que se sobressai. Após ser anunciado um possível cancelamento, os fãs se reuniram numa inédita missão de resgate. A coisa ficou tão séria que até rolou um aumento repentino no consumo de sanduíches do Subway, que, veja só, era um dos apoiadores da série. O resultado? A rede reforçou seu apoio, os fãs salvaram o dia e garantiram mais temporadas!

Breaking Bad é uma sensação mundial e, se não me falha a memória, comecei a assistir por causa do Blog. O professor César fez algumas postagens que me deixaram curiosa e, inclusive, fiquei um pouco frustrada ao começar porque achei que teria mais coisas sobre lavagem de dinheiro. Leiam algumas delas: “como reduzir custos em uma série de TV”, “quando a escolha de um software contábil diz muito sobre a empresa”, “quanto dinheiro?”, “preço de uma empresa”, “mulher na contabilidade”.

Better Call Saul: A série derivada de Breaking Bad, Better Call Saul também é excelente e foi mencionada nesta postagem sobre séries de TV e qualidade dos episódios. Ela traz a história de Jimmy McGill e a sua caminhada até se tornar oficialmente o advogado picareta Saul Goodman. Há alguns enredos que não são tão interessantes, mas o Mike, um quebra-galhos, mal-humorado, inventivo, compensa!

Rizolli e Isles: uma série leve sobre uma detetive, a Jane Rizzoli, e sua melhor amiga, Maura Isles, uma legista da divisão de homicídios de Boston. Ela traz a parte de crime e investigação em segundo plano e desenvolve mais a relação entre os personagens. É uma série, na minha avaliação, três estrelas. Leve, gostosinha, com personagens legais, cumprindo o que promete.

Menção honrosa: Mr Robot

Apesar de não ter sido citada no comentário, uma outra série que assisti por causa do blog foi Mr Robot, sobre um engenheiro de TI que é, também, um hacker. Eu inclusive assinei o Prime ainda nos primórdios por causa dela. Ela não é tão leve, tem uma vibe mais melancólica por causa da personalidade do personagem principal, mas as atuações são ótimas e o plot sensacional. Temos uma resenha dela: aqui.

06 março 2024

As matemáticas da vida e morte

O livro "As Matemáticas da Vida e da Morte", de Kit Yates, diz na capa de trás que não é para matemáticos nem sobre matemática. Não há equações, apenas a promessa de uma leitura fácil. Em sua maioria, o autor atinge esse objetivo nos sete capítulos, especialmente no primeiro sobre crescimento exponencial e no quinto sobre sistemas numéricos. Talvez o capítulo cinco devesse estar no início do livro.



No entanto, às vezes o autor torna a explicação de alguns conceitos mais complicada do que deveria ser, como no capítulo sobre a matemática por trás da medicina. Encontrei isso como um problema, pois o livro promete uma compreensão fácil das aplicações da matemática no mundo real. Por isso, acredito que o livro não cumpre completamente essa promessa.

Apesar disso, a obra oferece lições valiosas. Quando Yates explica o uso do problema da contratação, uma regra matemática para fazer escolhas, seus exemplos são interessantes e originais até certo ponto.

É uma leitura interessante para quem deseja entender como a matemática pode ser útil na vida real. Também é indicado para quem gosta do assunto ou para aqueles que têm receio do tema e desejam superar o medo. 


Atualização pela Contabilidade Financeira: O livro está com um link de Associado Amazon. Isso significa que, caso cliquem e adquiram o produto, ganharemos uma comissão que utilizamos para manter e cobrir os custos do blog. Todavia, isso não motivou a indicação do produto.

02 março 2024

Valor Intrínseco do Bitcoin

 (...) O bitcoin tem valor intrínseco. O insight importante é que o valor instrínseco de algo vem não apenas do que você pode fazer com ele, mas também do que você não pode fazer. 


O que você não pode fazer com o bitcoin é confiscar. 

Isso é significativo porque, ao longo da história, o estado e as instituições confiscaram nossa riqueza. Eles fizeram isso de três maneiras: através da inflação monetária, que confisca do valor real de nossa riqueza por furtividade; através do fracasso de bancos e outras instituições financeiras que têm a custódia de nossa riqueza; e através da expropriação total de nossa riqueza, como, por exemplo, foi sofrida pelos judeus europeus na década de 1930. 

Veja o artigo original aqui. Não sei se realmente o Bitcoin consegue evitar o confisco. Mas é um ponto de vista interessante. 

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: aqui

01 março 2024

Economias Hiperinflacionárias

As normas para tratamento das demonstrações para situações de hiperinflação exigem uma definição do que seria hiperinflação. A listagem é longa, mas na prática basicamente é o fato do país ter mais de 100% de inflação em três anos. A cada ano, a listagem de país que se enquadra na regra muda. E isso é divulgado para que as pessoas (preparadores e auditores) estejam preparados para aplicar o famoso IAS 29. A tarefa de identificar os países que se enquadram cabe ao International Practices Task Force (IPTF) do Centro de Qualidade de Auditoria (CAQ) . 

Essa listagem é usualmente feita no final de cada ano. Para 2024, uma reunião em novembro de 2023 do IPTF, identificou os seguintes países: 

Países com taxas de inflação acumuladas de três anos superiores a 100%:

Argentina, Etiópia, Gana, Irã, Líbano, Serra Leoa, Sudão, Suriname, Turquia, Venezuela, Iêmen, Zimbábue


Países com taxas de inflação acumuladas projetadas de três anos superiores a 100%:

Haiti

Países onde as taxas de inflação acumuladas de três anos excederam 100% nos últimos anos:

Sudão do Sul

Países com taxas de inflação acumuladas de três anos recentes superiores a 100% após um aumento na inflação em um período discreto:

Não há países nesta categoria para este período.

Países com taxas de inflação acumuladas projetadas de três anos entre 70% e 100% ou com um aumento significativo (25% ou mais) na inflação durante o período atual:

Angola, Burundi, Egito, República Democrática Popular do Laos, Malawi, Moldávia, Nigéria, Paquistão, São Tomé e Príncipe, Sri Lanka e Ucrânia

O IPTF também observa que pode haver países adicionais com taxas de inflação acumuladas de três anos superiores a 100% ou que devem ser monitorados, os quais não estão incluídos na análise, pois os dados necessários não estão disponíveis. Exemplos citados são Eritreia, Síria e Afeganistão.

Em resumo, são quatro países da América, dez da Ásia, 13 da África, 2 da Europa e 1 da Ásia/Europa. Os dados da inflação são do World Economic Outlook Databases. 

Rir é o melhor remédio

Foco em tudo
 

29 fevereiro 2024

As melhores séries de TV


É interessante observar como o cenário das séries de televisão evolui ao longo dos anos, refletindo tanto as mudanças de gosto do público, quanto o surgimento de novas narrativas. Com a popularização dos streamings, a disponibilidade do conteúdo também tem se tornado um fator relevante.

De vez em quando postamos alguns rankings de séries aqui no blog. A que eu mais gosto foi postada inicialmente em 2011 e traz a versão do IMDb com as séries de TV e minisséries mais bem avaliadas pelos usuários.

Agora, em 2024, esta é a lista atualizada:

1 - Game of Thrones – Nota 9,2 – 2,3 mi votos
2 - Breaking Bad – Nota 9,5 – 2,1 mi votos.
3 - Stranger Things – Nota 8,7 – 1,3 mi votos.
4 - Friends – Nota 8,9 – 1,1 mi votos.
5 - The Walking Dead – Nota 8,1 – 1,1 mi votos
6 - Sherlock – Nota 9,1 – 989 mil votos.
7 - The Big Bang Theory – Nota 8,1 – 861 mil votos.
8 - Chernobyl – Nota 9,3 – 853 mil votos.
9 - Dexter – Nota 8,7 – 759 mil votos.
10 - How I Met Your Mother – Nota 8,3 – 724 mil votos.
11 - The Office – Nota 9,0 – 700 mil votos.
12 - True Detective – 8,9 – 645 mil votos.
13 - Peaky Blinders – Nota 8,8 – 638 mil votos.
14 - Better Call Saul – Nota 9,0 – 637 mil votos.
15 - The Boys – Nota 8,7 – 635 mil votos.

Lost impressionantemente apareceu na 18ª colocação, seguida por The Mandalorian, em 19ª. Band of Brothers caiu para a 28ª.

Em 2011, a mais assistida era Planeta Terra, enquanto "Game of Thrones" estava apenas começando sua jornada e ocupava a 4ª posição. Breaking Bad, na época em sua quarta temporada, ficou em 6º lugar.

Em 2014, "Band of Brothers", uma série de 2001, conquistou o primeiro lugar, seguida por "Breaking Bad", recém-encerrada. "Planeta Terra" caiu para o 4º lugar e "Game of Thrones", então em sua quarta temporada, ficou em 5º.

Já em 2019, Chernobyl", lançada naquele ano, liderou as visualizações. "Planeta Terra" caiu para a 5ª posição, enquanto "Planeta Terra 2" conquistou o 2º lugar. "Band of Brothers" apareceu em 3º, seguido por "Breaking Bad". "Game of Thrones" caiu para a sexta posição.

Hoje em dia Breaking Bad tem a melhor nota, mas Game of Thrones possui mais votos.

Conflito de Interesses na Auditoria

Governo ordenou uma auditoria forense às demonstrações financeiras da Santa Casa Global (SCG), uma empresa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) criada em setembro de 2020 para internacionalizar os jogos sociais.  A ordem partiu do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) em junho deste ano por haver indícios de irregularidades na contabilidade da empresa, tendo ordenado, ao mesmo tempo, que após a dita auditoria forense, se “reavaliasse”, com detalhe, as contas da própria SCML, a empresa-mãe, relativas a 2021 e 2022, por carecerem ainda de homologação ministerial, também por  dúvidas contabilísticas. A SCML cumpriu a ordem e, em agosto, contratou a BDO – entidade Revisor Oficial de Contas (ROC) – para avançar com a tal auditoria forense. Acontece que a BDO foi o ROC que em 2021 certificou as contas da SCG, ainda que com algumas reservas, mas atestando que “não foram identificadas incorreções materiais”.

Levanta-se agora a questão: Poderá a mesma entidade proceder a uma auditoria forense numa empresa da qual tenha sido antes responsável pela revisão legal das contas e sobre a qual até tenha atestado que possuía uma gestão “preparada de acordo com os requisitos legais e regulamentares aplicáveis”?

Estranho, não? Fonte: O Jornal Económico - Tomás Gonçalves Pereira - 23 de dez de 2023

Ex-banqueiro suíço ajudou contribuintes ricos a esconder ativos

Um ex-executivo de uma empresa suíça de serviços financeiros se declarou culpado de acusações de que ele ajudou contribuintes americanos ricos a esconder milhões de dólares em contas bancárias no exterior.

Rolf Schnellmann, uma das seis pessoas acusadas em setembro de 2021 de ajudar um gerente de fundos de hedge não identificado e dois outros contribuintes dos EUA a proteger cerca de US $ 60 milhões em ativos admitido Thursday that he participated in a tax fraud conspiracy, federal prosecutors in Manhattan said. He faces as much as five years in prison at sentencing, which is scheduled for July.

Schnellmann, 61 anos, é o ex-chefe da Allied Finance Trust AG, uma unidade com sede em Zurique do Allied Finance Group no Liechtenstein. Os promotores disseram que ele e seus co-conspiradores fraudaram o Internal Revenue Service, ocultando os ativos dos clientes em contas bancárias não declaradas no Privatbank IHAG Zurich AG de 2008 a 2014.

Os EUA iniciaram um programa de anistia há mais de uma década para permitir que os contribuintes evitassem a acusação declarando ativos ocultos e pagando impostos finos e atrasados. Dezenas de milhares de americanos se aproveitaram do programa, mas uma pequena fração - apelidada de "desistentes" pelas autoridades - transferiu dinheiro das contas suíças para locais mais opacos, incluindo Cingapura e Hong Kong.


Os promotores disseram que os banqueiros usaram um esquema chamado "Solução de Cingapura", no qual os fundos foram transferidos por meio de contas em outras jurisdições e depois enviados para a Suíça em contas recém-abertas, nominalmente mantidas por um gerente de ativos com sede em Cingapura.

Mais tarde, eles mudaram os fundos de volta para Cingapura quando temiam que o plano corresse o risco de ser descoberto, segundo o governo. Os promotores disseram que os clientes pagaram "grandes taxas" ao IHAG e outros para ajudá-los a esconder seus fundos e ativos e evitar o pagamento de impostos.

A maioria dos ativos ocultos no caso pertencia a um gerente de fundos de hedge de Manhattan identificado na acusação como "Cliente-1."A conta foi realmente criada pelo pai do cliente-1 na década de 1960, mas passou para o cliente-1 após a morte do pai. Depois disso, a família do Cliente-1 acessou os fundos por meio de viagens semestrais a Zurique, onde retiraria centenas de milhares de dólares em dinheiro e o levaria ou enviaria de volta aos EUA.

Fonte: Accounting Today

Rir é o melhor remédio


 Quem nunca?

28 fevereiro 2024

Mais da metade do conteúdo da internet foi gerado por IA

Eis o abstract: 

We show that content on the web is often translated into many languages, and the low quality of these multi-way translations indicates they were likely created using Machine Translation (MT). Multi-way parallel, machine generated content not only dominates the translations in lower resource languages; it also constitutes a large fraction of the total web content in those languages. We also find evidence of a selection bias in the type of content which is translated into many languages, consistent with low quality English content being translated en masse into many lower resource languages, via MT. Our work raises serious concerns about training models such as multilingual large language models on both monolingual and bilingual data scraped from the web.

O artigo é proveniente de funcionários da Amazon e pode ser encontrado aqui. O gráfico a seguir mostra o resultado por língua (português, pt, na parte esquerda)


O impressionante é que das frases analisadas, 57,1% foram traduzidas para dois ou mais idiomas. A cada tradução, a qualidade piora. Os pesquisadores acreditam que um texto básico de inglês é usado para outros idiomas e este material é traduzido cada vez mais. E como a IA depende de material de boa qualidade para treinamento, o que temos hoje talvez seja ruim para os algoritmos mais avançados. 


Rir é o melhor remédio

 

Reclamão

27 fevereiro 2024

Explorando a Complexa Relação entre Renda e Crime

É bem conhecido que pessoas com renda mais baixa cometem mais crimes. Chame isso de resultado transversal. Mas por quê? Um conjunto de explicações sugere que é precisamente a falta de recursos financeiros que causa crime. De forma simplificada, talvez pessoas mais pobres cometam crimes para obter dinheiro. Ou, pessoas mais pobres enfrentam maiores pressões - raiva, frustração, ressentimento - o que as leva a agir ou pessoas mais pobres vivem em comunidades menos integradas e bem policiadas ou pessoas mais pobres têm acesso a piores cuidados médicos ou educação e assim por diante, o que leva a mais crime. Essas teorias implicam todas que dar dinheiro às pessoas reduzirá sua taxa de criminalidade.

Um conjunto diferente de teorias sugere que a correlação negativa entre renda e crime (mais renda, menos crime) não é causal, mas é causada por uma terceira variável correlacionada tanto com renda quanto com crime. Por exemplo, um QI mais alto ou maior conscienciosidade poderia aumentar a renda enquanto reduz o crime. Essas teorias implicam que dar dinheiro às pessoas não reduzirá sua taxa de criminalidade.

As duas teorias podem ser distinguidas por um experimento que aloca dinheiro aleatoriamente. Em um artigo notável, Cesarini, Lindqvist, Ostling e Schroder relatam os resultados de um experimento desses na Suécia.

Cesarini et al. observam suecos que ganham na loteria e comparam suas taxas subsequentes de criminalidade com não-ganhadores semelhantes. O resultado básico é que, se alguma coisa, há um leve aumento na criminalidade ao ganhar na loteria, mas, mais importante ainda, os autores podem rejeitar estatisticamente que a maior parte do resultado transversal seja causal. Em outras palavras, como aumentar aleatoriamente a renda de uma pessoa não reduz sua taxa de criminalidade, o primeiro conjunto de teorias é falsificado.

Algumas observações. Primeiro, você pode objetar que os jogadores de loteria não são uma amostra aleatória. No entanto, uma parte substancial dos dados de loteria de Cesarini et al. vem de contas de poupança vinculadas a prêmios, contas de poupança que pagam grandes prêmios em troca de pagamentos de juros mais baixos. As contas de poupança vinculadas a prêmios são comuns na Suécia e cerca de 50% dos suecos têm uma conta PLS. Assim, os jogadores de loteria na Suécia parecem bastante representativos da população. Em segundo lugar, Cesarini et al. têm dados sobre cerca de 280 mil ganhadores da loteria e têm o universo de condenações criminais; isto é, qualquer condenação de um indivíduo com 15 anos ou mais de idade de 1975 a 2017. Uau! Em terceiro lugar, algumas pessoas podem objetar que a correlação que observamos é entre condenações e renda e talvez as condenações não reflitam o crime real. Não acho que isso seja plausível por várias razões, mas os autores também não encontram evidências estatisticamente significativas de que a riqueza reduza a probabilidade de alguém ser suspeito em uma investigação criminal (Deus abençoe os suecos pela coleta de dados extremos). Em quarto lugar, a análise foi pré-registrada e correções são feitas para testes de hipóteses múltiplas. Preocupo-me um pouco com o fato de que os ganhos na loteria, na sua maioria, são da ordem de 20 mil ou menos e gostaria que os autores tivessem falado mais sobre o seu tamanho em relação às diferenças transversais. No entanto, no geral, este parece ser um artigo muito credível.

Em seu resultado mais importante, mostrado abaixo, Cesarini et al. convertem ganhos na loteria em choques de renda permanente equivalentes (usando uma taxa de juros de 2% ao longo de 20 anos) para estimar causalmente o efeito de choques de renda permanente sobre o crime (quadrados sólidos abaixo) e eles comparam com os resultados transversais para jogadores de loteria em sua amostra (círculo) ou pessoas similares na Suécia (triângulo). Os resultados transversais são todos negativos e diferentes de zero. Os resultados causais da loteria são na maioria positivos, mas nenhum rejeita zero. Em outras palavras, aumentar aleatoriamente a renda das pessoas não reduz sua taxa de criminalidade. Assim, a correlação negativa entre renda e crime deve-se a uma terceira variável. Como os autores resumem de forma bastante modesta:

Embora nossos resultados não devam ser extrapolados casualmente para outros países ou segmentos da população, a Suécia não se destaca por taxas de criminalidade particularmente baixas em relação a países comparáveis, e a taxa de criminalidade em nossa amostra de jogadores de loteria é apenas ligeiramente menor do que na população sueca em geral. Além disso, há uma forte relação negativa transversal entre crime e renda, tanto em nossa amostra de jogadores de loteria suecos quanto em nossa amostra representativa. Nossos resultados, portanto, desafiam a visão de que a relação entre crime e status econômico reflete um efeito causal de recursos financeiros sobre a delinquência adulta.


Fonte: Marginal Revolution (negrito meu). 

26 fevereiro 2024

Como Decidir

Comecei a ler o livro Como Decidir e inicialmente não gostei. O estilo de deixar espaços em branco para que o leitor faça “exercícios” pareceu meio bobo. E realmente quase não fiz as tarefas que Anne Duke sugere ao leitor. Mas gostei muito do que li e recomendo a obra. E o principal motivo é que Duke apresenta conselhos que parecem óbvios, mas você fica pergunta, depois de ler um monte de livros, qual a razão de nunca ter pensado sobre o assunto. 


 Eis um pequeno exemplo. Duke mostra, logo na página 3, que qualidade de decisão e qualidade de resultado são coisas similares, mas não são iguais. Nós temos a tendência a achar que uma decisão foi boa em razão do seu resultado e isso não é verdade. Imaginei um exemplo aqui: você comprou um bilhete de loteria. Se você analisar sob a ótica da probabilidade a sua decisão foi péssima. Mas eis que você foi sorteado. O resultado foi ótimo, mas sua decisão não. As vezes tomamos decisões ruins e tudo acaba bem. Isso é pura sorte, como ela deixa claro no livro. 

Há também a possibilidade de tomar uma boa decisão e o resultado ser ruim, o que é um azar. Você recusou a entrar no bolão da loteria dos colegas e o número foi sorteado; seus colegas ganharam o prêmio, você não. É o azar. Outro ensinamento muito valioso do livro: nós sabemos coisas antes da decisão e sabemos coisas depois do resultado. 

A decisão do jogador Alex Sandro que avançar ao ataque, no jogo da Copa do Mundo de 2022 contra a Croácia, teve consequências que hoje sabemos. Mas sabemos porque temos o resultado do jogo. Há muito o que aprender no livro. Logo após ter completado a leitura deste livro, tomei a coragem de ler Pensar em Apostas, também de Duke. Eu gostei muito mais desta obra. Assim, se tiver que escolher um livro para ler, opte por este.

Livro: Mindshift

Eis que abro o livro Mindshift com grandes expectativas. Várias semanas depois de terminar sua leitura, volto ao texto e lembro que marquei o conceito da palavra: transformação intensa de vida que ocorre graças ao aprendizado. Isso parece realmente interessante e importante. Barbara Oakley é professora e já trabalhou com psicologia, bioengenharia e outros conteúdos. Segundo a orelha do livro, seus dois cursos abertos, um deles Mindshift, possui um grande alcance. A autora realmente usa sua experiência de ministrar sobre o assunto no livro e traz experiências que vivenciou sobre o assunto. 


O texto passa pela técnica pomodoro, pelo incentivo a uma vida ativa, pela mudança cultural, o uso de jogos para treinamento cerebral e por aí vai. Eu percebo claramente quando gosto de um livro ao folhear depois de ler e verificar se há muitas marcações. Meu exemplar tem duas marcações somente e isso me faz perguntar o que aconteceu de errado. Afinal, o assunto é interessante, a autora tem capacidade para escrever sobre o assunto e li com relativa atenção. 

Uma possível explicação talvez esteja na produção gráfica da BestSeller, algo que um leigo como eu não saberia compreender. Mas há a insistência da autora em vender os MOOCs (Massive Online Open Courses) como sendo a grande solução para os problemas do mundo. O capítulo 11 tem o título “A vantagem dos MOOCs e do aprendizado virtual”. Como leitor atento notei a ausência de uma capítulo com “a desvantagem dos MOOCs”. Talvez que a insistência em vender o currículo e não o conteúdo: em diversos locais é Dra. Barbara Oakley ou Barbara Oakley, phD. Ou quem sabe seja o fato de que livros de divulgação científica devem ter bons casos, contados de forma atraente.

Falsidade

De um longo artigo de Tim Harford sobre falsificação:

Considere uma nova análise no Journal of Experimental Psychology dos psicólogos Ariana Modirrousta-Galian e Philip Higham. Eles examinam jogos como Bad News e Go Viral!, desenvolvidos por pesquisadores da Universidade de Cambridge para ajudar a "inocular" as pessoas contra notícias falsas. E funcionam, até certo ponto. Após jogar esses jogos, os sujeitos experimentais são de fato mais propensos a identificar notícias falsas como falsas. Infelizmente, eles também são mais propensos a identificar histórias de notícias genuínas como falsas. Sua capacidade de discriminar entre verdadeiro e falso não melhora. Em vez disso, eles se tornam mais cínicos sobre tudo.


O texto é sobre o falsificador Eric Hebborn, mas este trecho achei bem interessante. 

25 fevereiro 2024

Rir é o melhor remédio


 

Longo Sono dos Cães de Guarda do Capitalismo

Do pluralistic:

(...) Um dos aspectos mais estranhos do capitalismo em estágio final é o colapso da auditoria, o pilar do investimento. Auditores - profissionais independentes que atestam as finanças de uma empresa - são a única maneira pela qual os investidores podem ter certeza de que não estão entregando seu dinheiro a empresas falidas dirigidas por vigaristas.

Não é viável para os investidores conversarem com parceiros de cadeia de suprimentos e varejistas e verificar se os pedidos e custos de uma empresa são reais. Investidores não podem entrar no banco de uma empresa e exigir ver seus históricos de conta. Auditores - que são pagos pelas empresas, mas trabalham para si mesmos - são como os investidores evitam despejar dinheiro em buracos de Ponzi.


Leitores atentos terão notado que há uma tensão intrínseca em um arranjo onde alguém é pago por uma empresa para certificar sua honestidade. A empresa decide quem são seus auditores, e esses auditores dependem da empresa para futuros negócios. Para gerenciar esse conflito de interesses, os auditores juram lealdade a um código de ética profissional e são supervisionados por conselhos profissionais com o poder de emitir multas e banir trapaceiros.

(...) Cada uma das quatro grandes empresas de contabilidade também é uma consultoria corporativa. Alguns desses serviços de consultoria são o trabalho normal de consultores corporativos - conselhos padrão para demitir trabalhadores e reduzir a qualidade do produto, além de fornecer software empresarial perigosamente defeituoso. Mas você pode obter isso dos facilitadores superpagos da McKinsey ou da BCG. A vantagem de contratar uma grande empresa de contabilidade para consultoria é que elas podem ajudá-lo a cometer fraude financeira.

(...) Ao comprar seus conselhos de trapaça da mesma empresa que é paga para certificar que você não está trapaceando, você melhora muito suas chances de evitar detecção até ter fugido da cidade.

Isso me leva à ideia do "bezzle". Este é o termo de John Kenneth Galbraith para "as semanas, meses ou anos que transcorrem entre a comissão do crime e sua descoberta". Este é o período em que tanto o criminoso quanto a vítima sentem que estão melhorando. O trapaceiro tem o dinheiro da vítima, e a vítima não sabe disso. O Bezzle é esse intervalo em que você ainda está assumindo que a FTX não está mentindo para você sobre os retornos loucos que estão gerando para sua criptomoeda. É o período entre você receber a caixa selada com um PS5 com desconto de 90% de um cara em um beco e chegar em casa e descobrir que está cheia de tijolos e isopor.

A contabilidade de grande porte é uma fábrica para produzir bezzles em escala. O jogo é viciado, e eles são os viciadores. 

(...) Então: em vez de cultivar um relacionamento adversário com as Quatro Grandes, a PCAOB efetivamente se fundiu com elas. Dois de seus assentos no conselho são reservados para contadores, e esses dois assentos foram ocupados por veteranos das Quatro Grandes quase sem exceção

(...) Esse arranjo corrupto atingiu um clímax em 2019, com a nomeação de William Duhnke - anteriormente do gabinete do senador Richard Shelby [R-AL] - que assumiu como Contador-Chefe. Sob a liderança de Duhnke, o cão de guarda já sem dentes foi primeiro castrado, depois eutanasiado. Duhnke demitiu todos os quatro chefes da principal divisão da PCAOB e depois deixou seus assentos vagos por 18 meses. Ele cortou o orçamento da agência, "enfraqueceu os requisitos de inspeção e as políticas de independência do auditor e ignorou as obrigações de realizar reuniões do Conselho e divulgar sua agenda".

Tudo isso acabou em 2021, quando o presidente da SEC, Gary Gensler, demitiu Duhnke e o substituiu por Erica Williams, a pedido de Bernie Sanders e Elizabeth Warren. Em menos de um ano, Williams emitiu 42 ações de execução, o maior número desde 2017, impondo mais de US$ 11 milhões em sanções.

(Tradução ChatGPT. Foto: Unsplash+

Rir é o melhor remédio


 Vida imita a arte