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12 outubro 2021

Alternativas Contábeis para Criptomoedas


As criptomoedas são recentes no mercado, mas provocam uma discussão interessante na contabilidade. E esta discussão refere-se a duas posições "possíveis" do seu tratamento contábil. 

Como é um assunto novo, os preparadores e os reguladores fazem uma escolha sobre qual a melhor forma de resolver o problema. A primeira solução é considerar que a criptomoeda seria um ativo financeiro. A segunda solução consideraria um investimento, a exemplo do intangível. 

Mas é importante observar que a questão não é de classificação, mas de mensuração (1). A determinação da criptomoeda como um ativo parece ser uma questão superada, mas a classificação traz, como consequência,  escolha de mensuração distinta.

No primeiro caso, a criptomoeda seria mensurada pelo valor justo. Isto significa dizer que quando existir uma valorização no seu preço, este acréscimo seria expresso no ativo, com um aumento no lucro. Mas existindo  uma redução no preço, isto provocaria um redução no valor, com reflexo negativo no resultado. Este tem sido o medo dos críticos desta opção, expresso no aumento da volatilidade da principal medida contábil de desempenho. 

A segunda alternativa é conservadora. Regularmente é confrontado o valor que está registrado na contabilidade com o valor de mercado. Caso seja inferior, é feita uma alteração no valor, para menos, com reflexos no resultado. Mas se o valor for positivo, o preparador não faz nenhuma alteração. Esta opção é criticada pelo conservadorismo e, portanto, por afastar do que o regulador decidiu chamar de "representação ficticia" (2). Não existindo a reavaliação, é o mesmo que ocorre com máquinas, equipamentos e outros ativos. Assim, esta opção não é nada de nova, mas tem sido criticada por mostrar somente um lado da história. 

A segunda alternativa é a opção adotada atualmente. Muitas empresas entendem que a atual opção é como não usufruir dos benefícios de uma valorização do ativo, mas colhe os ônus de uma desvalorização. É bem verdade que os bônus de um aumento nos preços da criptomoedas pode ser levado a resultado quando de sua venda, ou seja, este argumento parece não ser muito consistente. 

Para o mercado de criptomoedas o uso de valor justo ou valor histórico pode encorajar algumas empresas a aventurar neste tipo de aplicação, o que pode impulsionar os preços. Oferta e demanda aplicada pode ser um incentivo para ficar solicitando uma mudança nas regras. Para as empresas, a mudança nas regras contábeis não deveria alterar substancialmente sua capacidade de gerar riqueza. O valor de uma empresa não deveria estar na forma de apresentação dos montantes de ativos. Mas isto é o que aprendemos nos livros; a realidade parece indicar que a mensagem pode afetar o valor percebido pelo mercado. Isto pode ser um incentivo mais que suficiente para solicitar e pressionar 

Nota: Algumas destas questões são discutidas na quarta edição do livro de Teoria da Contabilidade. O fato das criptomoedas serem ativos encontra-se no capítulo 7 do livro. A adoção de mais de um tipo de medida tem uma discussão no capítulo 6. 

Nota 2: obviamente que é representação fidedigna ou representação fiel. Mas não resisti em fazer um trocadilho. 

Rir é o melhor remédio

 

Contador que é contador usa e-mail, não chat. Evidências...

11 outubro 2021

Licenciamento ocupacional não afeta a qualidade do mercado de trabalho


A exigência para exercício de profissão geralmente é defendida como um critério relevante para melhorar a qualidade dos serviços prestados. Um exemplo, no Brasil, é o exame do Conselho Federal. Mas algumas pesquisas insistem em negar isto. 

 I examine the effects of occupational licensing on the quality of Certified Public Accountants (CPAs). I exploit the staggered adoption of the 150-hour rule, which increases the educational requirements for a CPA license. The analysis shows that the rule decreases the number of entrants into the profession, reducing both low- and high-quality candidates. Labor market proxies for quality find no difference between 150-hour rule CPAs and the rest. Moreover, rule CPAs exit public accounting at similar rates and have comparable writing quality to their non-rule counterparts. Overall, these findings are consistent with the theoretical argument that increases in licensing requirements restrict the supply of entrants and do little to improve quality in the labor market.

A última frase é relevante. A pesquisa está no NBER, o que é uma garantia de qualidade.

Atraso nos padrões ESG

Os profissionais financeiros estão enfrentando grandes obstáculos quando se trata de relatórios ambientais, sociais e de governança, de acordo com uma nova pesquisa, incluindo estruturas de divulgação concorrentes e às vezes conflitantes, metodologias de relatórios e demandas das partes interessadas.

O relatório, divulgado na quinta-feira [isto é, 23 de setembro] pela Financial Executives International's Financial Education & Research Foundation, entrevistou 53 diretores de contabilidade e controladores de algumas das maiores empresas dos Estados Unidos, e descobriu que 53% dos entrevistados indicaram que ainda não haviam começado a integrar relatórios ESG com seus relatórios financeiros, enquanto 43% disseram que apenas começaram a fazê-lo. (...) A abundância de padrões e estruturas concorrentes também é um grande desafio, com 85% das empresas usando várias estruturas de relatórios ESG. Os profissionais de finanças relataram que tiveram dificuldade em ouvir em meio a todo o barulho e fornecer métricas ESG concisas e relevantes ao contar a história ESG de sua organização. (...)

Fonte: aqui

Links


A torcida parece que não afeta os resultados nos esportes (mas parece influenciar na arbitragem) - a pesquisa é para NFL

Efeito da narrativa ESG: redução dos investimentos no setor de petróleo, perigo de aumento nos preços dos combustíveis. É isto que o mundo deseja? (aqui também)

Duflo e Banerjee: transferência direta em dinheiro e o combate à pobreza

Mapa Viking da América do Norte é do século XX - E foi comprado pela Universidade de Yale em 1965 (foto)

Bezos e o Erro Tipo I e o Erro Tipo II

Evergrande


Sobre a crise da empresa chinesa Evergrande, com componentes contábeis:

Apesar de carregar diversas dívidas, a gigante imobiliária Evergrande crescia a um ritmo vertiginoso, o que dificultava o entendimento da situação financeira da empresa por estranhos. Uma combinação de reguladores financeiros, governos locais chineses, investidores ávidos por rendimentos e especialistas manteve os críticos afastados, mas foi à pressão de Pequim que a Evergrande não conseguiu resistir.

Segundo uma revisão dos registros financeiros, havia mais de US$ 300 bilhões em passivos totais, incluindo US$ 89 bilhões em dívidas. A incorporadora obscureceu seus passivos financeiros com arranjos de financiamento complexos e fez extensas recompras de ações, apesar dos níveis de dívida. Com isso, conseguiu impulsionar o preço das ações, tornando arriscado apostar contra elas.

A Evergrande poderia evitar o calote de sua dívida com vendas de ativos, injeções de capital ou um resgate do governo, embora o último pareça improvável. "Eu sabia dos sinais de alerta, é uma das empresas mais alavancadas que existem", disse um investidor de Hong Kong. "Mas era um dos títulos de maior rendimento do mercado."

Mesmo com os alertas vermelhos, a Moodys - assim como a S&P Global e a Fitch - só começou a rebaixar o rating da dívida da Evergrande neste verão, conforme piorava rapidamente a situação financeira da empresa.

De acordo com um relatório de 2016 de Nigel Stevenson, analista da GMT Research, a Evergrande utilizou métodos de contabilidade incomuns para exagerar o valor dos seus ativos. "Muitos dos problemas aumentaram desde que escrevemos o relatório inicial", avalia ele sobre a situação atual da incorporadora.

Outra visão aqui

Rir é o melhor remédio

 

Trabalho vantajoso

10 outubro 2021

Valor do Capital Natural


Do Jornal de Negócios, por Sónia Santos Dias:

Em março de 2021, a Organização das Nações Unidas (ONU) deu um passo decisivo no sentido de valorizar o capital natural existente no mundo: adotou uma nova forma de medir índices sobre economia e ambiente. "Um passo histórico e transformador na forma como vemos e valorizamos a natureza", descreveu na altura António Guterres, secretário-geral da ONU.

Com este novo parâmetro, denominado Sistema de Contabilidade Económica - Contabilidade do Ecossistema (SEEA EA, sigla em inglês), pretende-se assegurar o reconhecimento do capital natural, como florestas, rios, oceanos, desertos, pantanais e outros ecossistemas, como valor económico de um país, fazendo assim "concorrência" ao tradicional PIB, que tem servido para medir a riqueza nas últimas décadas. Com isto, já não será possível contabilizar uma determinada destruição ambiental como progresso económico, além de que o novo quadro ajudará a reformular decisões e políticas para o desenvolvimento sustentável dos países. Os novos parâmetros deverão estar em cima da mesa para a tomada de decisões na Conferência Internacional sobre Mudança Climática, COP-26, a ter lugar em Glasgow, na Escócia, em novembro deste ano.

Quanto vale então o capital natural do mundo? Para além do índice contabilístico, na prática, são precisas ferramentas que façam essa contagem à volta do planeta. Nada que, em pleno século XXI, a tecnologia não resolva. Uma dessas ferramentas foi lançada pela ONU em abril deste ano, no seguimento do novo SEEA EA, e é sustentada em inteligência artificial. A nova ferramenta digital de código aberto permite, pela primeira vez, uma contabilidade de ecossistemas rápida, padronizada e personalizável em qualquer lugar da Terra, segundo informa a ONU.

"O ARIES para SEEA Explorer representa uma mudança de jogo para os governos que desejam implementar o padrão SEEA EA recentemente adotado", enfatizou Stefan Schweinfest, diretor da Divisão de Estatística da ONU. "Esta aplicação permite que os países deem início à compilação de contas a partir de fontes de dados globais, que eles podem refinar com dados nacionais." As contas sobre o ecossistema produzidas pelos países rastrearão a extensão, condição e serviços fornecidos pelos ecossistemas em forma de contas e indicadores físicos e monetários.

Recuperar um mundo naturalmente descapitalizado

Cerca de 30% das árvores de todo o mundo estão em risco de extinção, segundo a última estimativa da Botanic Gardens Conservation International, divulgada neste mês de setembro. No universo dos peixes de água doce, uma em cada três espécies também está ameaçada de extinção, de acordo com o relatório "Peixes Esquecidos do Mundo", publicado em fevereiro deste ano por 16 organizações internacionais de conservação. Apenas dois exemplos das grandes perdas de capital natural que estão a ocorrer em todo o planeta a uma velocidade estonteante. Por isso, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2021-2030 como a Década para a Recuperação dos Ecossistemas.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), a degradação dos ecossistemas marinhos e terrestres afeta de modo relevante o bem-estar de 3,3 mil milhões de pessoas em todo o mundo, e tem associado um custo anual de cerca de 10% do produto bruto do planeta em termos de perda de espécies e de serviços dos ecossistemas essenciais para a alimentação, agricultura, gestão de água, etc. A emergência de ações de restauro é, portanto, global. Assim, a nível planetário, perspetiva-se a recuperação de 350 milhões de hectares de ecossistemas e solos degradados até 2030, o que poderá gerar 9 triliões de dólares em serviços dos ecossistemas, incluindo a dissipação de 13 a 26 gigatoneladas de gases com efeito de estufa.

No espaço europeu, o Pacto Ecológico Europeu põe a preservação e a recuperação do capital natural no centro da agenda política europeia e destaca a urgência da transição para um novo paradigma de desenvolvimento. A Estratégia de Biodiversidade para 2030, parte integrante do pacto, é o braço que assume os compromissos e ações específicas para recuperar a biodiversidade do espaço europeu até 2030. Por exemplo, alargar as zonas Natura 2000 atuais, bem como restaurar os ecossistemas degradados e geri-los de forma sustentável. No âmbito deste plano, a Comissão proporá objetivos de restauração da natureza vinculativos até ao final de 2021.

Fonte: Aqui. Outra leitura sobre o tema aqui

Intangíveis


Recentemente, Baruch Lev criticou os reguladores contábeis por perderem tempo com normas de baixa relevância (citava a norma sobre seguros - que tem um interesse específico e não muda substancialmente o que está sendo feito) em lugar de discutir seriamente a questão do intangível.

Mas como resolver um problema tão difícil. Um fórum recente de reguladores apontou três possíveis abordagens, não necessariamente excludentes: 

a) reconhecer e mensurar diretamente nas demonstrações financeiras - talvez seja a opção que resolva o problema, mas certamente irá aumentar a subjetividade dos números contábeis e será um problema para àqueles envolvidos na linha de frente da contabilidade financeira, os preparadores e os auditores.

b) informações nas notas explicativas das demonstrações ou nos relatórios da administração sobre intangíveis específicos - isto poderia permitir maior flexibilidade na apresentação das análises, incluindo a possibilidade de utilização de narrativa textual. Mas seria a melhor solução?

c) informações sobre despesas que possam ter alguma influência sobre o desempenho futuro da entidade, seja nas notas explicativas ou no relatório da administração.

Foto: João Tzanno

Links


"Qualquer empresa de alocação de recursos focada em ESG deveria pensar se o Facebook atende aos parâmetros éticos de investimento" - Compara o Facebook a indústria de cigarro, com o câncer digital (via aqui)


As cidades que mais chovem em cada país - no mundo é Buenaventura, Colômbia, com 258 dias no ano. No Brasil é ...

Rir é o melhor remédio

 


09 outubro 2021

Porta Giratória

Eis uma história "curiosa" narrada pelo New York Times (via aqui)


O funcionário deixa sua empresa para trabalhar no governo. Lá ele ajuda a aprovar normas de interesse do seu antigo empregador. Passado um tempo, o funcionário sai do governo, é recontratado pela sua antiga empresa, e usa seu conhecimento nos serviços prestados pela empresa.

O caso é mais escandaloso ainda: os exemplos são de profissionais tributários, funcionário de uma Big Four, que vão ocupar um cargo na área tributária do governo. Ao serem recontratados, os funcionários são promovidos; em muitos casos, ganhando o dobro do salário.

As maiores empresas de contabilidade dos EUA aperfeiçoaram um sistema de bastidores notavelmente eficaz para promover seus interesses em Washington. Seus advogados tributários assumem cargos seniores no Departamento do Tesouro, onde escrevem políticas frequentemente favoráveis aos seus ex-clientes corporativos, geralmente com a expectativa de que em breve retornarem aos seus antigos empregadores. As empresas os recebem de volta com títulos mais altos e salários mais altos, de acordo com registros públicos revisados pelo The New York Times e entrevistas com atuais e antigos funcionários do governo e da indústria.

Depois de fazer lobby pela PwC, um ex-parceiro da PwC no Departamento do Tesouro Trump ajudou a escrever regulamentos que permitiam às grandes empresas multinacionais evitar dezenas de bilhões de dólares em impostos; ele então voltou para a PwC. Um executivo sênior de outra grande empresa de contabilidade, RSM, assumiu um cargo no Tesouro, onde seu escritório expandiu uma redução de impostos de maneira procurada pelo RSM; ele então voltou para a empresa.

Foto: McGill Library

Marcas odiadas

 

Baseado nas menções negativas, o gráfico mostra as marcas mais odiadas por país. No Brasil, o primeiro lugar foi para a RedBull. Em muitos países prevaleceu marcas vinculadas com a tecnologia (Youtube, PayPal, Uber, Tesla, entre outras marcas). Em número de países a Sony (Playstation?) foi primeira colocada em dez países, seguida da Tesla (7 países), Paypal e Uber (cinco, cada).

Este tipo de pesquisa, do lado positivo, tem sido um fraco argumento defendendo a mensuração de marcas. E agora do lado negativo? Seriam estas marcas um "badwill"?

Nobel de Física e a contabilidade


Parece maluquice deste blogueiro, mas eis o que encontrei na justificativa que a Acadêmica Sueca escreveu para dar o Nobel de Física deste ano: 

Claramente, os laureados deste ano (Giorgio Parisi e a dupla Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann) fizeram contribuições inovadoras para nossa compreensão de sistemas físicos complexos em seu sentido mais amplo, do microscópico ao global. Eles mostraram que, sem uma contabilidade adequada da desordem, do ruído e da variabilidade, o determinismo é apenas uma ilusão. De fato, o trabalho reconhecido aqui reflete em parte o comentário atribuído a Richard Feynman (Nobel de 1965), em que ele “acreditava na primazia da dúvida, não como um defeito em nossa capacidade de saber, mas como a essência do conhecimento."

[grifo do blog]

Rir é o melhor remédio

 


08 outubro 2021

Veículos Elétricos e a batalha entre empresas tradicionais e startups


A questão dos veículos elétricos é bem estratégica para as montadoras tradicionais (Ford, GM, Volks, Stellantis, BMW, Mercedes, japoneses, coreanas ...). Por este motivo, estão anunciando bilhões de dólares em investimento para criação dos modelos de carro elétrico. Somente Volks e Toyota pretendem investir 86 bilhões nos próximos cinco anos.

As montadoras tradicionais estão fazendo isto para não serem atropeladas pela Tesla e muitas outras montadoras de diversas partes do mundo. Mas a luta é desigual e favorece, a princípio, as novas montadoras. Isto parece surpreendente e a resposta está na contabilidade e finanças das empresas.

Enquanto as empresas tradicionais precisam apresentar uma demonstração de resultado com um valor positivo na última linha, as empresas do grupo da Tesla são startups. Este grupo não precisa ser lucrativo agora e podem queimar dinheiro nos próximos anos. E mesmo queimando dinheiro, haverá investidores interessados em participar da grande queima. 

Além disto, as novas empresas estão pressionando os preços dos automóveis. E forçando o investimento por parte das montadoras tradicionais. 

O principal ponto tem sido a evolução da bateria. Os carros elétricos são mais simples de serem fabricados, desde que seja solucionado a tecnologia da bateria. 

E a contabilidade? 

À medida que a concorrência no segmento EV aumenta, os lucros podem ser escassos. O volume total de vendas de veículos elétricos e veículos ICE [tradicional] combinados ficará estagnado a longo prazo, na melhor das hipóteses, um jogo de soma zero. Um VE vendido provavelmente significa um veículo ICE que não foi vendido. Para as montadoras, isso pode significar canibalizar vendas muito lucrativas de veículos ICE com veículos menos lucrativos. E é isso que eles ganham por investir centenas de bilhões de dólares nesse segmento. 

Outras questões interessantes aqui. A eletricidade tem uma grande capacidade ociosa no período noturno. As empresas de energia elétrica podem aproveitar isto para vender voltagem por um preço bem atrativo em relação a outro tipo de combustível. 

Numerosidade


A contabilidade depende dos números. É óbvio. E o desenvolvimento dos algarismos está vinculado a adoção da mensuração do patrimônio por parte do ser humano. 

Entretanto, as pessoas possuem uma grande dificuldade em usar adequadamente os números, fenônemo chamado de Innumerancy, por John Paulos. Mas associado a esta dificuldade há outro aspecto: a grande utilização dos números na nossa vida diária. Eis um relato importante: 

Brian Butterworth decidiu descobrir quantos números a pessoa média encontra em um dia. (...) Ele passou o dia como sempre, mas acompanhou a frequência com que via ou ouvia um número, fosse um símbolo, como 4 ou 5, ou uma palavra como "quatro" ou "cinco". Ele folheou o jornal, ouviu o rádio, saiu para fazer compras (tomando nota de etiquetas de preço e placas de carros) e, finalmente, sentou-se para calcular um total geral. 

“Gostaria de adivinhar?” Ele me pergunta quando falamos via Zoom algumas semanas depois. Perigo que seja bem para as centenas, mas admito que nunca pensei nisso antes. Ele diz: “Eu acho que experimentei cerca de mil números por hora. Mil números por hora são dezesseis mil números por dia, cerca de cinco ou seis milhões por ano. . . . São muitos números." 

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Fluxo de caixa deveria ser o balizador da evidenciação ambiental

Quais as informações que os reguladores devem exigir das empresas sobre a questão climática? Alguns acreditam que você deve estabelecer uma entidade que irá determinar o que fazer, como a nova entidade proposta pela Fundação IFRS para tratar do tema. Outros acreditam que as normas atuais já permitem uma boa divulgação sobre o assunto - esta era a posição de uma membro da própria IFRS antes da questão ser moda no meio empresarial. Isto deveria incluir não somente a empresa, mas também os parceiros que fazem parte da cadeia de valor? A resposta afirmativa nesta última questão pode mudar a maneira como as pessoas enxergam empresas como Google, por exemplo. 

Um conjunto de economistas fez uma proposta aparentemente objetiva: a evidenciação deveria estar restrita as questões que afetem o fluxo de caixa da empresa.  

Este grupo de cinquenta profissionais, fundado em 1993 e com sede nos Estados Unidos, entende que a entidade que regula o mercado de capitais do país, insiste que não se deve ceder à pressão para aumentar a divulgação obrigatória.  

Em discursos nos últimos meses, o presidente da SEC, Gary Gensler, disse que a SEC pode exigir que as empresas relatem tudo, desde como uma empresa gerencia o risco climático nas operações diárias até o relato de análises de cenários sobre como as mudanças climáticas podem afetar o futuro do negócio.  

Para o grupo, a empresa deve decidir o que divulgar, quando e como. Isto colocaria em segundo plano os esforços de novas normas ou relatórios ESG, a exemplo do esforço da Fundação IFRS. Existiria "centenas" de métricas possíveis para escolher e o que é relevante pode variar conforme o setor de atuação, a região e o tamanho da empresa. De certa forma, um termo fundamental nesta discussão é a materialidade.

Entidades profissionais e a mudança climática


Um grupo de entidades, de diferentes países, consideram que o contador tem influência e responsabilidade no esforço mundial para resolver o problema do clima. São 13 entidades, englobando 2,5 milhões de profissionais e estudantes, comprometeu ajudar "o setor a atingir zero emissões líquidas o mais rápido possível". 

Em termos globais, o objetivo seria a emissão global pela metade até 2030 e a zero até meados do século.

As entidades são as seguintes: Association for Accounting Technicians, Association for Chartered Certified Accountants, Chartered Accountants Australia and New Zealand, Chartered Accountants Ireland, Consiglio Nazionale dei Dottori commecialisti e degli Esperti Contabili, Chartered Professional Accountants Australia, Chartered Professional Accountants Canada, Institute for Chartered Accountants in England and Wales, Institute of Chartered Accountants of Scotland, Institut der Wirtschaftsprüfer in Deutschland e.V., Regnskap Norge, the Association of International Certified Professional Accountants, the Japanese Institute of Certified Public Accountants.