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27 abril 2021

Previdência e Imprevidência


Já está no ar o Episódio #28 – Ciclo de Vida e as Escolhas de Aposentadoria – da Série Ciência Aberta! 

Neste episódio, conversamos sobre a pesquisa de dissertação de mestrado do PPGCont/UnB - A Imprevidência da Previdência: como o Ciclo de Vida afeta as Escolhas de Aposentadoria – da Pesquisadora Eduarda Augusta Sales Rodrigues Gomes da Silva (UnB), orientado pelo Prof. Dr. César Augusto Tibúrcio Silva (PPGCont/UnB) e com apresentação da discente de graduação em Ciências Contábeis, Luana Jennifer Pereira de Oliveira (UnB). 

Sorteio: Estrutura, Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis

Estamos realizando um sorteio do livro "Estrutura, Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis" do professor Alexandre Alcantara da Silva, lá no Instagram. Para participar é so seguir as regras da postagem.

Novo Currículo

 No meio do ano, o AICPA e o NASBA estarão lançando um novo currículo para o curso de contabilidade. 


O desenho simplificado encontra na figura acima. Este currículo terá validade para o exame de CPA dos Estados Unidos. 

Não seria o caso de propor uma alteração nos currículos de contabilidade do Brasil? 

Felicidade

 

Uma pesquisa, realizada desde 1972, pergunta: "levando em consideração todo o conjunto, como você diz que estão as coisas nos dias de hoje. Você está muito feliz, feliz ou não muito feliz?". A evolução não mudou muito, desde o início da pesquisa. Exceto 2020. Via aqui

Rir é o melhor remédio

 

Ebitda e Lucro

26 abril 2021

Números do Oscar

 

Os números do Oscar não são bons. Desde 2014 há uma queda na audiência (isto é normal nos tempos atuais, onde temos a economia da atenção), mas 2021 foi desastroso. A ausência do cinemão foi o responsável?

Computador e profissão

Embora os mainframes fossem muito úteis na pesquisa científica e no trabalho de engenharia, além de ter permitido que grandes empresas automatizassem muitas funções de folha de pagamento e de contabilidade, a disseminação de aplicações comerciais e científicas aceleraram com a introdução de microcomputadores durante os anos 70. A introdução do computador pessoal da IBM, em 1982, produziu uma rápida disseminação na aplicação de computadores e de softwares nas tarefas existentes, tais como o processamento de texto, a folha de pagamento e a contabilidade, para além de grandes organizações, nas pequenas empresas e nas residências. A escala e o escopo da informatização foi vastamente reforçada pelo desenvolvimento paralelo da Internet

Sobre a influência do computador no mercado de trabalho. 



Rir é o melhor remédio

 

Para evitar conversa sobre o seu trabalho, diga que é contador... Afinal, ninguém quer conversar sobre trabalho com o contador. No contexto, a atriz é uma legista e o ator é ginecologista. Do seriado Bones

22 abril 2021

Marca de um país

Anteriormente mostramos que um país pode, através de uma boa política e sorte, administrar sua marca. Esta marca pode ajudar no turismo, nos investimentos e nos produtos nacionais que são consumidos no mundo. Além disto, uma boa marca, pode atrair talentos ou impedir que talentos saiam do país. 

As empresas sabem disto. Veja o caso da Ikea. Com cores amarelo e azul, a Ikea é uma empresa sueca. Este país tem uma bandeira com as cores amarelo e azul. 

Tem um erro aqui. A Ikea tem sede na Holanda, embora procure fazer uma associação com a Suécia. Veja o caso da Apple. Esta empresa fabrica seus produtos na China e outros países da Ásia. Assim, não pode indicar que seu produto é Made in US. Em lugar disto, a Apple diz que o produto foi "projetado na Califórnia". Sútil, mas indica como a marca do país é relevante. Ou então o caso da Tag, uma empresa de relógio, com o seguinte logo:


Com base nisto, a Brand Finance decidiu, há anos, mensurar o valor da marca dos países do mundo. O relatório de 2020 mostra o efeito da pandemia. Segundo a Brand, a marca país perdeu US$13 trilhões de valor. Os Estados Unidos continua sendo a marca de nação mais valiosa - o tamanho do país ajuda nisto. Mas a China continua chegando próximo. E entre os principais países, em 2020 somente a Irlanda teve uma variação positiva. E nossos irmãos, a Argentina, perdeu 57% da marca. 

A relação das maiores marcas é a seguinte:


O Brasil melhorou em relação ao ano anterior. É a marca país em 16o. lugar no mundo. Mas chegou a ser 11o. em 2015, provavelmente reflexo das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Mas a recessão e a instabilidade política reduziu a posição do país para 18o. em 2016. 

Metodologia - Assim como no caso da mensuração de marcas das empresas, a Brand apresenta um panorama geral de como mensura a marca de cada país, sem revelar detalhes. É um misto de tamanho da economia, taxa de desconto do mercado e reputação. Sobre a reputação, a Brand calcula o índice de Poder Soft. Esta é a parte mais interessante da metodologia, na minha visão. Segundo a Brand, este índice é a capacidade do país em influenciar os atores internacionais. Isto inclui estados, corporações e pessoas. Em outras palavras, o Soft Power não é o tanque, mas a música que o país faz. 

Este poder é importante por reter/atrair talentos, por incentivar o turismo, atrair investimentos ou exercer influencia política. Isto afeta a marca. A Rússia é um país com um imenso poder político e militar. Mas seu Soft Power é menor. O Canadá não tem uma presença militar expressiva, mas seu Soft Power é grande. Isto está expresso no gráfico a seguir:



Imposto sobre riqueza falha na Argentina



O governo da Argentina criou um imposto sobre fortuna. Jogadores de futebol do país vizinho estão entrando na justiça para evitar o pagamento deste novo imposto. A família de Diego Maradona e Carlos Tevez entraram na justiça para impedir a cobrança do imposto. O tributo deve afetar cerca de 13 mil pessoas na Argentina, segundo estimativa, já que somente quem tem mais de US$2,2 milhões de ativos devem pagar. 

Ironicamente, Maradona havia expressado apoio ao imposto antes de sua morte, escrevendo em seu Instagram no ano passado que “neste momento de crise, é necessária a ajuda de quem mais tem”. 

A expectativa, no momento da criação do tributo, seria uma arrecadação de 3,2 bilhões, mas o valor estimado agora seria de 2% deste valor. Parte da frustração deve-se a contestação na justiça.

21 abril 2021

Localização é um Ativo

 Resumo:

The location of individuals determines their job and schooling opportunities, amenities, and housing costs. We conceptualize the location choice of individuals as a decision to invest in a ‘location asset’. This asset has a current cost equal to the location’s rent, and a future payoff through better job and schooling opportunities. As with any asset, savers in the location asset transfer resources into the future by going to expensive locations with high future returns. In contrast, borrowers transfer resources to the present by going to cheap locations that offer few other advantages. Holdings of the location asset depend on its comparison to other assets, with the distinction that the location asset is not subject to borrowing constraints. We propose a dynamic location model and derive an agent’s mobility choices after experiencing income shocks. We document the investment dimension of location and confirm the core predictions of our theory using French individual panel data from tax returns. 


Bilal, Adrien and Rossi-Hansberg, Esteban Alejandro, Location as an Asset (July 2018). NBER Working Paper No. w24867,



19 abril 2021

Nova Estrutura Conceitual do Fasb


O Fasb (Financial Accounting Standards Board) é a entidade responsável pelas normas contábeis nos Estados Unidos. Apesar do Brasil não adotar essas normas, é importante salientar que boa parte do conjunto de normas do Iasb possui uma grande influência do Fasb. Assim, acompanhar o que está ocorrendo no Fasb é importante, seja por seu aspecto inovador ou pelo fato de que a entidade ainda influencia os rumos das normas contábeis internacionais que são adotadas pelo Brasil. Acompanhar a agenda de trabalho do Fasb é também útil para refletir sobre as limitações das atuais normas contábeis que o Brasil adota. 

Em 2004 ambas entidades, o Fasb e o Iasb, fizeram um acordo para tentar trabalhar em conjunto em alguns dos maiores desafios contábeis mundiais. Isso resultou em algumas normas razoavelmente próximas em diversos assuntos e também provocou o desenvolvimento de parte da atual estrutura conceitual do Iasb, que o Brasil adotou um ano mais tarde.

Entretanto, divergências entre as duas entidades esfriaram as relações e hoje cada um segue seu caminho. Neste momento, entre os diversos projetos que o Fasb está trabalhando, encontra-se uma revisão da Estrutura Conceitual. Isto é surpreendente, pois afinal ambas entidades trabalharam em um projeto conjunto até recentemente. Todavia, parece que o Fasb está indo um pouco além disso. 

Basicamente a proposta do Fasb é melhorar os conceitos dos principais elementos das demonstrações financeiras das empresas. Isso inclui os conceitos de dez elementos: ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas, despesas, ganhos, perdas, investimentos dos acionistas, distribuições para os acionista e lucro abrangente. Veja que o número de itens é bem maior que o que há na nossa estrutura conceitual. E inclui, ou melhor reinclui, os termos ganhos e perdas. 

Além disto, a alteração de estrutura conceitual deixa bem claro que todos os conceitos são válidos para as empresas e para as entidades sem fins lucrativos. Isso faz com que a estrutura conceitual analise estas entidades e como os conceitos são aplicados. Também é algo que não está presente na nossa estrutura conceitual. 

Como qualquer mudança de estrutura conceitual, é importante estar atento a como isso pode afetar o enquadramento dos atuais itens. Ou seja, se o Fasb muda o conceito de ativo, alguns itens que antes eram considerados como ativos podem deixar de ser e outros itens que não eram poderão ser classificados como tal. Isto também ocorre com os outros elementos. A audiência pública pode ajudar na identificação destas situações e o Fasb pode esclarecer estes casos. 

Nesse sentido, a questão dos ativos intangíveis gerados internamente desperta interesse. Há um grande número de críticas à contabilidade moderna no que diz respeito a esta questão. Baruch Lev e Feng Gu, em The End of Accounting and the Path Forward for Investors and Managers (2016) criticam a contabilidade por perder sua relevância no que diz respeito ao não reconhecimento do intangível. Haskel e Westlake, em Capitalism without Capital, também focam críticas ao mundo moderno, no qual o intangível é cada vez mais importante. 

Para resolver o problema do intangível gerado internamente é necessário que a definição seja compatível e sua mensuração seja adequada. Somente depois de resolvidos os problemas de definição e mensuração é que poderemos pensar no seu reconhecimento. O Fasb adota uma posição na sua definição de ativo diferente da IFRS. No seu conceito, não está incluso o termo controle. Esta é uma discussão antiga no que se refere a definição de ativo. Assim, ativo, segundo o Fasb, seria “um direito presente de uma entidade a um benefício econômico”.  Em uma empresa, o benefício econômico estaria associado a geração de fluxo de caixa. Como a definição também inclui as entidades do terceiro setor, o benefício econômico é usado para fornecer bens ou serviços desejados a alguém. 

O conceito de passivo seria “obrigação atual de uma entidade em transferir um benefício econômico”. Aqui é também possível incluir obrigações dentro do sistema jurídico, assim como aquelas que são decorrentes dos costumes. Entre as discussões que podem surgir com este conceito está os instrumentos híbridos (ações que podem ser passivos) e alguns passivos como riscos comerciais e passivos contingentes. 

Como sempre, o conceito do patrimônio líquido não “existe”. É aquilo que resta quando retiramos o passivo do ativo de uma entidade. Para as entidades sem fins lucrativos, o patrimônio líquido não corresponde a um direito dos acionistas. E a norma separa do patrimônio líquido em dois tipos: doação com e sem restrição. 

Mas a mensuração do patrimônio líquido é importante na determinação do lucro abrangente. Este é obtido a partir das diferenças do patrimônio líquido entre duas datas, com exceção do aporte de capital ou da distribuição do capital. Assim, lucro abrangente depende da definição de ativo, de passivo, de aporte de capital e distribuição de capital. Neste momento fica parcialmente claro a razão da estrutura conceitual do Fasb definir dez elementos. 

Veja que usei o termo “parcialmente” no parágrafo anterior. A razão disto está na distinção de receita de ganhos e de despesa de perdas. Neste sentido, surge um novo conceito de receita e despesa. Vamos começar com a receita. Para o Fasb, as receitas são “entradas ou outras melhorias de ativos ou liquidações de seus passivos (ou uma combinação de ambos) provenientes da entrega ou produção de bens, da prestação de serviços ou da execução de outras atividades”. Os ganhos são os aumentos no patrimônio líquido, exceto as receitas ou os investimentos dos proprietários. 

As despesas são decorrentes do uso de ativos ou de aumento de passivos ou ambos na entrega ou produção de bens, prestação de serviços ou execução de outras atividades. As perdas são as reduções do patrimônio líquido, exceto as despesas ou as distribuições aos donos. Confusão, não? O Fasb apresenta quatro circunstâncias de onde surgem os ganhos e as perdas: (a) transações ou eventos não-recíprocos, como catástrofes naturais; (b) ajustes nas estimativas dos ativos e passivos informados; (c) transações de troca (câmbio); e (d) ganhos e perdas por ter algo. 

Finalmente, no texto do Fasb há uma discussão, no apêndice, sobre os procedimentos da contabilidade por competência. Isto inclui uma discussão sobre diferimento, alocação, amortização e confrontação. 

Rir é o melhor remédio

 

Reduzindo o medo

18 abril 2021

Mercado de carbono voluntário tem um problema a resolver

O uso do crédito de carbono  tem um problema sério para resolver:

O padrão ouro para alcançar emissões líquidas zero é assim: uma empresa identifica e relata todas as emissões que é responsável por criar, reduz o máximo possível e, então - se ainda tiver emissões, que não pode reduzir - investe em projetos que evitam emissões em outros lugares ou puxam o carbono do ar para alcançar um equilíbrio “líquido zero” no papel.

O processo é complexo e ainda em grande parte não regulamentado e mal definido . Como resultado, as empresas têm bastante poder discricionário sobre como relatam suas emissões. Por exemplo, uma empresa mineradora multinacional pode contar as emissões da extração e processamento do minério, mas não as emissões produzidas pelo transporte.

As empresas também podem decidir quanto confiar no que é conhecido como compensação - os projetos que podem financiar para reduzir as emissões. A gigante do petróleo Shell , por exemplo, projeta que alcançará emissões líquidas zero até 2050 e continuará a produzir altos níveis de combustível fóssil durante esse ano e depois. Como? Ela se propõe a compensar a maior parte de suas emissões relacionadas aos combustíveis fósseis por meio de grandes projetos baseados na natureza que capturam e armazenam carbono, como a restauração de florestas e oceanos. Na verdade, a Shell sozinha planeja implantar mais dessas compensações até 2030 do que estavam disponíveis globalmente em 2019.

Os ambientalistas podem saudar a nova agenda conservacionista da Shell, mas e se outras empresas de petróleo, as indústrias de aviação, os setores de transporte marítimo e o governo dos EUA propusessem uma solução semelhante? Há terra e oceano disponíveis de forma realista para compensações, e a simples restauração de ambientes sem mudar fundamentalmente o paradigma de business-as-usual é realmente uma solução para as mudanças climáticas?

Fora dos mercados de emissões de conformidade , que se concentram principalmente na regulamentação governamental no setor de energia , os mercados voluntários criam a maioria das compensações que são usadas para atingir o valor líquido zero.

Os mercados voluntários são organizados e operados por uma ampla gama de grupos dos quais qualquer pessoa pode participar. Você já viu a opção de compensar seu voo? Essa compensação provavelmente acontece por meio de um mercado voluntário de carbono. As atividades que produzem as compensações incluem projetos como gestão florestal e oceânica , gestão de resíduos, práticas agrícolas, troca de combustível e energia renovável. Como o nome indica, eles são voluntários e, portanto, em grande parte não regulamentados.

Por causa da onda de promessas e subsequente demanda por compensações, os mercados voluntários de carbono estão sob pressão para se expandir rapidamente. Uma força-tarefa lançada pelo Enviado Especial das Nações Unidas para Ação Climática, Mark Carney, e envolvendo várias grandes empresas, divulgou um plano abrangente em Davos 2021 que prevê que os mercados voluntários de carbono precisam crescer quinze vezes na próxima década. Isso sugere que o aumento líquido de zero representa uma das maiores oportunidades comerciais de nosso tempo - despertando grande interesse de investidores e grandes negócios . Ele também identifica e propõe soluções para alguns desafios persistentes e críticas aos mercados voluntários de compensação de carbono.

(...) existem preocupações reais sobre a capacidade dos mercados voluntários de cumprir legitimamente o que prometem. As preocupações comuns incluem questões sobre a permanência dos projetos para armazenamento de carbono a longo prazo, verificando se as compensações realmente reduzem as emissões além de um cenário usual e confirmando que os créditos não estão sendo usados ​​mais de uma vez. Esses e outros desafios expõem os mercados voluntários de carbono à manipulação potencial, lavagem verde, consequências não intencionais e, lamentavelmente, ao fracasso em atingir seu propósito.

(...) Os mercados voluntários de carbono podem melhorar as paisagens e ajudar a compensar as emissões inevitáveis. No entanto, eles não podem acomodar todas as metas líquidas de zero do mundo desenvolvido.

A maioria dessas iniciativas ainda não começou, mas emissores de países desenvolvidos já estão buscando compensações fora de suas fronteiras. Isso está aumentando a preocupação de que as empresas mais ricas possam estar colocando o peso de suas emissões nos países mais pobres, que podem produzir compensações a preços baixos, implorando pela noção de um colonialismo climático [grifo do blog] recém-descoberto.

(...) Além da ética, em termos estatísticos, simplesmente não há capacidade ecológica suficiente para compensar as emissões mundiais. (...)

As compensações realisticamente não podem fazer muito para atingir as metas climáticas. É por isso que o foco deve se voltar para a redução, em vez de compensar as emissões globais. Os mercados voluntários de carbono desempenham um papel crítico como caixas de areia de inovação para soluções criativas de compensação e estão mobilizando o setor privado para agir; no entanto, eles devem ser limitados.



Reforma contábil na Alemanha perde força


Quando ocorreu o escândalo da Wirecard na Alemanha, parecia que as autoridades germânicas teriam uma grande oportunidade para fazer uma reforma no setor contábil do país. Na Inglaterra, os escândalos contábeis diversos levou a uma proposta de extinção do regulador, o FRC, e uma lei, que se for aprovada, irá ser mais pesada com as empresas de auditoria.

O problema da Wirecard realmente foi grotesco. A empresa fez desaparecer 2 bilhões de euros da sua conta caixa sem que o auditor notasse. Um jornal que levantou dúvidas sobre o que estava ocorrendo na empresa foi investigado pelo regulador alemão; o razoável seria o regulador investigar a empresa para tentar entender as denúncias. Eis que temos um ambiente propício para uma reforma do sistema. 

Mas depois de vários meses, o Accounting Today acredita que o momento passou e provavelmente o escândalo não deve ajudar no sentido de promover melhorias no sistema regulatório. Um parlamentar alemão responsável pela investigação afirmou claramente que o objetivo não é mudar o sistema e que os auditores fazem um bom trabalho. O parlamentar é do mesmo partido de Angela Merkel. 

E observe que as medidas não são tão radicais assim. Envolve reduzir o tempo para fazer o rodízio, de 20 para 10 anos. E penalidades para os auditores . O problema é que alterar o sistema de auditoria também irá demandar a alteração no regulador, envolvido no escândalo. Mas mesmo os opositores não estão motivados em mudar as regras. 

Um dos argumentos usados é que alterar as normas, punindo os auditores, poderá ser ruim para as empresas de pequeno e médio porte, que seriam expulsas do mercado, diante do risco mais elevado. 

Outro texto, do Financial Times, informa que o problema da Wirecard na verdade é mais antigo do que se pensava. Uma bela pizza alemã. 

Concentração em quem faz dinheiro na internet

 A internet é um lugar que promete fortuna para muitas pessoas. Mas somente poucos são escolhidos, conforme a previsão de Chris Anderson, em A Cauda Longa. O livro de Anderson é de 2006, na sua versão em língua portuguesa, mas já alertava para o fato de que o mercado moderno, mesmo fragmentado, será de alguns poucos. 

O site OnlyFans surgiu em 2011 para que qualquer pessoa pudesse postar conteúdo próprio, como vídeo ou foto. São mais de 85 milhões de usuários e 1 milhão de produtores de conteúdo. O site fica com 20% do valor arrecadado e 80% vai para o dono do perfil. 

O OnlyFans tem feito sucesso com os interessados naquilo que chamaríamos de "diversão adulta". Mas veja uma informação interessante, divulgada por uma produtora de conteúdo adulto chamada Aella:


A típica cauda longa. Aella recebeu 103 mil dólares em seu mês de melhor desempenho em 2020. Parece muito, a Aella está entre as melhores contas do OnlyFans. O que ocorreu com Aella no OnlyFans também aconteceu com o mercado de capitais dos Estados Unidos e as ações as grandes empresas de tecnologia (Facebook, Apple, Netflix, Amazon, Microsoft e Google), que responderam pela maior parte do crescimento da bolsa. Assim, enquanto o comércio local está fechando, a Amazon cresceu 84% em 2020. 

Rir é o melhor remédio

 

Ebitda Ajustado

17 abril 2021

Uma assembleia muito esperada

O Value Walk chama a atenção para a assembleia da empresa Exxon Mobil, no dia 26 de maio. A razão é uma luta pelos votos e quatro assentos no conselho. Com 4,2 bilhões de ações e uma capitalização de 242 bilhões, os votos dos acionistas irão determinar se os novos conselheiros terão uma tendência ambientalista ou não.

Como nem todo acionista irá participar da assembleia, as procurações estão sendo disputadas. A própria gestão entrou na briga, combatendo a busca de procurações com a tendência ambientalista. 

16 abril 2021

O que o Fasb está fazendo agora...


Richard Jones (foto), sete meses depois de assumir o Fasb, concedeu uma entrevista para o CFO. Ele comentou sobre diversos assuntos. Eis um resumo da entrevista

Sobre mudanças contábeis na sua gestão

Vinte, trinta ou quarenta anos atrás, tínhamos metade do volume ou um terço do volume de normas contábeis que temos hoje. Também temos um conjunto de padrões muito mais desenvolvido. Isso não significa que não existam problemas emergentes ou diferentes maneiras de fazer as coisas que possam fornecer melhores informações ou reduzir custos e complexidade desnecessários.

Sobre as mudanças nos últimos anos

(...) quando cheguei aqui (...) tínhamos acabado de passar por um período significativo de mudança contábil - os três grandes projetos [arrendamento, reconhecimento de receita e perdas de crédito esperadas atuais] que foram adotados ou estão em processo de adoção pelos preparadores

Sobre um provável bolha no mercado e a pressão sobre a contabilidade

Uma das coisas que tentei entender quando cheguei aqui foi a rapidez com que poderíamos agir quando surgissem problemas. Tivemos um exemplo disso no quarto trimestre, quando surgiu uma questão relacionada à reforma da taxa de referência. Fomos capazes de adicionar um item à nossa agenda e  emitir um padrão  muito rapidamente

Sobre a divulgação de riscos climáticos 

Temos normas, por exemplo, que exigem que as entidades façam suposições sobre fluxos de caixa futuros. Às vezes, são premissas específicas da entidade e, às vezes, são premissas dos participantes do mercado. O que não fazemos é dizer que essas suposições têm que fazer X ou Y. Elas deveriam ser suposições objetivas, e deveriam ser imparciais.

Sobre Criptografia

Recebemos alguns pedidos de agenda para adicionar um projeto sobre contabilidade para moedas digitais. Há alguns meses, em outubro de 2020, o conselho decidiu não incluí-lo na pauta. Quando olhamos para um projeto, observamos sua abrangência: para quantas empresas ele é realmente relevante?