Translate

05 junho 2018

Café para não dormir

Uma pesquisa, publicada em um periódico de sono, mostrou que é possível construir um algoritmo para determinar a quantidade ideal de cafeína a ser ingerida por uma pessoa para mantê-lo em alerta. A pesquisa foi realizada pelo exército dos Estados Unidos, que tem interesse que os soldados fiquem em um grau máximo de alerta em situações de combate.

A tecnologia não está disponível, embora parece existir interesse do exércio em licenciar. Aqui tem um site sobre o assunto.

Golpe do artigo a ser publicado

O site Retraction Watch revela uma série de golpes contra pesquisadores interessados em publicar suas pesquisas. Os pesquisadores geralmente recebem um e-mail fraudulento de alguém anunciando serviços para aqueles que estão com problemas. Um dos e-mails era de alguém que se dizia amigo do editor. Outro, cobrando uma taxa de submissão e publicação. Em outro, comentários de revisores falsos e em seguida um e-mail de aceitação com um contato.

Os problemas são agravados pelo fato dos pesquisadores não revelarem que caíram no golpe: vergonha ou medo de uma retaliação de um comitê de ética. Muitos dos problemas ocorreram no Irã, China, Rússia ou Ucrânia. A solução para o problema, segundo o site, é “os editores forem mais explícitos sobre o que acontecerá durante o processo de submissão e revisão por pares, os autores terão uma melhor compreensão de quando as promessas são boas demais para ser verdade.

04 junho 2018

Jensen e o milagre da multiplicação

O economista Michael Jensen, um dos grande nomes de finanças e fundador do SSRN, foi acusado de usar o mesmo artigo três vezes em diferentes periódicos. A publicação ocorreu em 2001 e 2002, com “more or less simultaneously vetting versions of the Jensen article.” Segundo o denunciante

In my view, duplicate publications harm researchers by creating inefficiencies. Time is wasted when researchers wade through various iterations of the same work. Duplicate publications also take valuable space in journals, displacing original work by others that might otherwise have been published. This practice can create an illusion of productivity for authors, distort future meta-analyses, and violate copyright, in addition to wasting the time of manuscript reviewers and resources of publishers. When editors of journals issue retractions or EOCs for duplicate publications, they correct the scholarly record and let readers know that undisclosed duplicate publication is professionally unacceptable.


Jensen tem trabalhos conhecidos sobre remuneração com opções e a teoria da agência. Seus artigos possuem mais de 37 mil citações, sendo que “Theory of firm – managerial behavior, agency costs and ownership structure,” foi citado mais de 14 mil vezes.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

03 junho 2018

Discriminação alfabética na ciência

A ordem dos autores de um artigo pode ser relevante. Em alguns casos, a decisão é por ordem alfabética. Mas segundo Matthias Weber existe evidências que esta decisão é ruim, pois discrimina os autores com letras no final do alfabeto, com implicações para as futuras pesquisas.

No geral, uma variedade de estudos mostra de forma convincente que a discriminação alfabética existe. As magnitudes encontradas são bastante importantes. Por exemplo, estima-se que a probabilidade de ganhar mandato em um dos dez departamentos de economia seja cerca de 26 pontos percentuais maior para professores com um sobrenome A do que com um sobrenome Z.

A conclusão que pode ser tirada é simples: os autores das peças escritas não devem ser listados alfabeticamente, mas de acordo com sua contribuição para o trabalho.

02 junho 2018

Orçamento público e preço do petróleo na Nigéria

O processo de elaboração do orçamento público parte de algumas premissas. Muitas vezes, a definição destas premissas pode fazer com que o orçamento esteja muito acima ou muito abaixo do seu valor real. Aqui no Brasil tivemos / temos esta experiência com, por exemplo, as projeções de inflação usada para elaboração da proposta orçamentária. O governo pode jogar com esta estimativa, para, por exemplo, reduzir as despesas e aumentar as receitas.

Um exemplo interessante ocorre na Nigéria. Lá o principal ponto de estimativa é o preço do principal produto do país, o petróleo. Mais especificamente, o preço do barril de petróleo no mercado mundial. Recentemente, o orçamento apresentado pelo governo, de 8,6 trilhões de nairas (nome da moeda local), quando voltou do legislativo apresentou um acréscimo de 500 bilhões, para 9,12 trilhões de nairas. O preço base do barril de petróleo foi de 45 dólares; usando como justificativa a mudança recente no preço do barril, o legislativo passou a trabalhar com um valor de 51 dólares. (Atualmente está entre 65 a 70 dólares o barril) ]

Ao mudar o parâmetro, o legislativo da Nigéria permitiu o aumento da despesa pública. Conforme uma reportagem da Quartz, esta manipulação não é recente e existem interesses nebulosos nesta manipulação.

Brazil

O gráfico mostra o interesse dos internautas pela palavra Brazil. Os recentes acontecimentos, a crise política ou a recessão não despertaram a atenção das pessoas no exterior. Os dois picos onde a pesquisa do termo Brazil ocorreram em meados de 2014 e meados de 2016. Ou seja, durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas. (O gráfico acima vale para os Estados Unidos, mas o resultado para todo o mundo não é muito diferente)

01 junho 2018

O escândalo financeiro que ninguém fala

Um texto essencial publicado no The Guardian, de Richard Brooks, sobre as Big Four. Um resumo a seguir:

Depois da queda do Lehman Brothers, que fez as economias se ajoelharem em 2008, ficou aparente que as auditorias da Ernst Young àquele banco tinham sido praticamente inúteis. Fracassos semelhantes no outro lado do Atlântico provaram que balanços em todos os lugares estavam cheios de escória assinada como ouro. (...)

Apesar dos riscos econômicos apresentados pela contabilidade enganosa, os contadores cumprem suas obrigações com relativa impunidade. As grandes empresas persuadiram os governos de que o litígio contra elas é uma ameaça existencial à economia. As vantagens incomparáveis ​​de um mercado garantido (...) são os pilares sobre os quais as empresas big four, de bilhões de dólares, são construídas. Eles são livres para lucrar sem temerem graves consequências de seus abusos, seja a exploração das leis tributárias, conselhos enviesados de consultoria ou a negligência do crime financeiro.

Conscientes de sua extrema sorte e desesperados para protegê-lo, os contadores às vezes gostam de protestar contra a dureza de suas condições de negócios. “O ambiente com o qual estamos lidando hoje é desafiador - seja a economia global, as questões geopolíticas ou a forte concorrência”, afirmou o presidente global da PwC, Dennis Nally, em 2015, ao revelar o que era a receita mais alta de todos os tempos da empresa de contabilidade: US $ 35 bilhões. No ano seguinte, o número subiu - como nas outras três grandes firmas, apesar da forte concorrência - para US $ 36 bilhões. Embora sejam muito tímidos para dizer quanto lucro sua receita mundial significa, os números dos países onde são obrigados a divulgá-la sugerem que a PwC estaria se aproximando de US $ 10 bilhões.

(...) Como profissionais, os contadores geralmente são confiáveis ​​para se autorregularem - com resultados previsivelmente auto-indulgentes. (...) Quando se trata de definir as próprias regras críticas da contabilidade - como a indústria e as finanças são auditadas - as quatro grandes são igualmente dominantes. Seus ex-alunos controlam os padrões internacionais e nacionais, assegurando que as regras do jogo sejam adequadas às principais firmas de contabilidade e seus clientes.

As principais firmas de contabilidade também evitam o nível de escrutínio público que sua importância justifica. Grandes escândalos em que eles estão implicados invariavelmente vêm com vilões mais coloridos para a mídia se destacar. Quando, por exemplo, os Paradise Papers chegaram às manchetes em novembro de 2017, a grande novidade foi que o piloto Lewis Hamilton (...) O fato mais importante de que uma das maiores firmas de contabilidade do mundo e um suposto vigilante do capitalismo, EY, havia projetado o esquema para ele e outros, incluindo vários oligarcas, passou em grande parte despercebida. Além disso, abrangendo todas as áreas de negócios e serviços públicos, as quatro grandes empresas tornaram-se as amigas do repórter.

31 maio 2018

País pobre patrocinando um clube de futebol

Um caso curioso (?): um dos países mais pobres do mundo, Ruanda, resolveu pagar 39 milhões de dólares por um patrocínio do Arsenal, um dos clubes de futebol mais ricos do mundo. Durante três anos, o Arsenal irá exibir o anúncio "Visit Ruanda". Ruanda ficou conhecida por um brutal genocídio ocorrido em 1994. 

O que ajuda a explicar a escolha: o presidente Kagame (este é o nome mesmo) é fã do Arsenal. Apesar do turismo ser uma importante fonte de renda para o país, o assunto não foi discutido com sua equipe e o valor não constava do orçamento público.

A questão de um time de futebol sendo patrocinado por um país não é algo novo. Anteriormente o Barcelona aceitou o patrocínio do Catar e o Atlético de Madrid do Azerbaijão.

30 maio 2018

Diferença nas normas ainda faz diferença

Eis um caso onde a diferença na forma de tratamento dado pelas normas contábeis pode influenciar o resultado de uma empresa. No caso, trata-se da fabricante de automóveis de luxo Aston Martin. Durante o ano de 2017 a empresa alocou 224 milhões de libras em Pesquisa e Desenvolvimento. Isto corresponde a um quarto das vendas. Somente 11 milhões foram para resultado. O restante foi considerado ativo, sendo capitalizado no balanço da empresa.

Se a empresa seguisse as normas do Fasb, os valores de P & D seriam consideradas no resultados, o que faria com que o resultado fosse negativo. Mas tendo sede na Inglaterra, a Aston Martin usa as IFRS, que permite capitalizar parte do valor, como a empresa fez. Entretanto, conforme nota a Bloomberg, este valor parece ser muito alto.

29 maio 2018

Lucro de 30 bilhões da Oi

Segundo notícia do G1, a Oi teve um lucro líquido de 30,5 bilhões de reais no primeiro trimestre. Em janeiro de 2018, a empresa teve o plano de recuperação homologado, o que permitiu a redução da dívida da empresa.  A dívida líquida reduziu de 47,6 bilhões para 7,3 bilhões entre final de dezembro e final de março. Com o ajuste da dívida, o receita financeira foi superior a 27 bilhões de reais.

O balanço não foi auditado.