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05 fevereiro 2013

Rir é o melhor remédio


Notícias e preços dos ativos


Uma das máximas da teoria de finanças é que os preços dos ativos reagem às informações importantes não esperadas. Em 1968, dois pesquisadores mostraram como o mercado reagia aos anúncios de resultado das empresas. Posteriormente, diversas pesquisas revelaram que informações como dividendos, aquisições, entre outras, refletem nos preços.

Podemos dizer então que existe uma intensa busca pela associação entre informação e preço dos ativos. O grande problema deste tipo de pesquisa é identificar um evento que seja importante (como o anúncio de uma operação de aquisição) e verificar como o mercado reagiu a esta notícia. Nos dias de hoje o número de notícias que são divulgadas sobre as empresas é enorme. Calcula-se que somente o Dow Jones Newswire produziu, em dez anos, 2 milhões de estórias. Obviamente que muitos textos irão passar despercebidos do mercado, sendo considerados irrelevantes.

Uma pesquisa recentemente divulgada avançou um pouco mais neste assunto. Como a grande maioria das notícias são textos, quatro pesquisadores, dois deles israelenses e dois estadunidenses, construíram uma metodologia que permitia separar os textos assuntos. Além disto, a ferramenta consegue separar as notícias irrelevantes da informação. Usando este instrumento, os pesquisadores melhoraram substancialmente o modelo que associa informação com preços dos ativos.

Outro aspecto interessante é a possibilidade de classificar os textos em positivo ou negativo. Os pesquisadores encontraram que textos sobre parcerias são muito positivos, enquanto acordos legais são negativos. Assim, os diferentes assuntos podem refletir de forma diferenciada no preço dos ativos.

Este texto é um tipo de pesquisa que vai além das análises simples de séries temporais. Ele busca um instrumento moderno, que contemple também as palavras que são usadas nos textos, em lugar de focar somente nos números dos mercados. Pouco a pouco começamos a conhecer um pouco mais o que move o mercado acionário.

Leia mais em: BOUDOUKH, Jacob; FELDMAN, Ronen; KOGAN, Shimon; RICHARDSON, Matthew. Which news moves stock prices? NBER Working Paper 18725, jan. 2012.

Segregação das funções de chairman e CEO

Órgão máximo de tomada de decisões nas companhias abertas, o conselho de administração vem, aos poucos, sendo aprimorado em sua estrutura — tendência confirmada em diferentes edições deste anuário. No deste ano, pode-se observar avanços em pelo menos dois pontos: mais empresas nomearam profissionais diferentes para a posição de presidente do conselho e CEO e passaram a avaliar a atuação do conselho e seus comitês.

De 2011 para 2012, a segregação dessas funções cresceu de 81,8% para 86% dentre as companhias pesquisadas. A explicação está relacionada à reforma nos regulamentos de listagem dos níveis diferenciados de governança corporativa da BM&FBovespa (níveis 1 e 2 e no Novo Mercado), que proibiu o acúmulo das funções de presidente do conselho e diretor-presidente pela mesma pessoa. As empresas têm até maio de 2013 para se adequar à exigência, mas muitas estão se antecipando. A prática é considerada saudável, já que um dos papéis do conselho é o de supervisionar a diretoria executiva — tarefa que perde isenção se o presidente do órgão também é o principal executivo.

Uma minoria das companhias, contudo, tem como presidente do conselho de administração um membro independente (4% este ano, contra 7% no ano passado). Sandra Guerra, presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), observa que a presença de um chairman independente é desejável, principalmente, em organizações sem controle definido. Neste caso, a gestão da companhia passa a ter um papel predominante, que deve ser contrabalançado pela maior presença de independentes no conselho.

O percentual de empresas que dizem avaliar formal e periodicamente o desempenho dos conselhos subiu de 25,2% em 2010 para 37% em 2011. "A consciência sobre a necessidade de avaliar os conselhos de administração vem aumentando. Mas o copo ainda está muito vazio", afirma Sandra. Ela considera esse percentual baixo, especialmente porque o anuário trata das cem empresas cujas ações têm os maiores índices de liquidez da Bolsa.  


Antes de se tornar obrigatória, segregação das funções de chairman e CEO é adotada por 86% das companhias por Luciana Del Caro Lachini, Revista Capital Aberto.

Leituras recomendados

O blog Money & Markets, da Amazon, convidou cinco escritores badalados de livros sobre o mercado de ações em 2012 para recomendar leituras a quem quer entender melhor a situação atual.

Tim Richards, autor do comentado The Zeitgeist Investor indicou o livro Backstage WallStreet, de Josh Brown, que revela alguns podres do mundo dos investimentos. "É difícil saber se é uma autobiografia, uma parábola, um livro sobre como investir ou uma história de terror. Mas se você quer saber por que a confiança é importante para o mercado, deve ler", afirmou Richards. O próprio Josh Brown participou da postagem, recomendando um clássico sobre a história do pensamento econômico.

Comportamento: amizades e redes sociais

Estudo da Universidade de Denver revela que 40% das pessoas evitaria alguém que as tivesse largado na rede social


Você já deve ter desfeito alguma amizade no Facebook, seja após um comentário bobo ou pelo fato pessoa compartilhar muitas imagens genéricas no seu feed. Pode parecer simples: apertar um botão determina que uma pessoa que já foi seu amigo agora não é mais, ao menos no status da rede social. Mas as repercussões disso podem ir muito além da internet.


Um estudo realizado pela Universidade de Denver, no Colorado, constatou que quase metade dos usuários evitaria na vida real uma pessoa que deixasse de ser seu amigo no Facebook.

“As pessoas pensam que mídias sociais são só para diversão”, disse em comunicado Christopher Sibona, doutorando e chefe do estudo. “Mas, na verdade, o que você faz nesses sites tem consequências reais”, afirmou ele.

A pesquisa, parte do programa de Ciência da Computação e Sistemas de Informação da universidade, revelou que metade das pessoas não se importaria tanto se alguém as tivesse deixado na rede social; mas 40% afirmaram o contrário, que evitariam essas pessoas na vida real, e 10% se manifestaram incertos quanto à questão. Dentre os que evitariam os “ex-amigos”, a maioria são mulheres.


O estudo foi realizado com base em 582 respostas reunidas pelo Twitter. A partir daí, Christopher Sibona descobriu seis fatores pelas quais uma pessoa evitaria ao máximo o contato pessoal com alguém que a largou no Facebook. Veja se você concorda com alguma delas:
• Se a pessoa discutiu sobre um evento depois de ele ter acontecido
• Se a reação emocional da pessoa que perdeu o amigo online foi muito forte e negativa
• Se a pessoa deixada para trás acredita que isso aconteceu por causa de algum comportamento offline
• A distância física entre os dois
• Se o relacionamento problemático foi discutido antes de a amizade virtual ser desfeita no site
• Se a pessoa valorizava demais o relacionamento antes de a amizade virtual ser desfeita no site

Em 2010, Sibona já havia liderado um estudo para pesquisar por que as pessoas cancelam a amizade com alguém na rede social. As quatro principais razões foram:
• Publicações frequentes e irrelevantes
• Posicionamento muito extremo sobre assuntos como política ou religião
• Publicações inapropriadas com conotações sexistas ou racistas
• Posts chatos sobre o dia a dia, falando de filhos, comida, cônjuge, entre outros

O estudo destaca o quanto os relacionamentos estão mudando à medida que ficamos mais conectados e dependentes da internet. “O custo de manter um relacionamento pela internet é muito baixo e, no mundo real, os custos são maiores”, afirmou Sibona. “Na vida real, você tem de falar com as pessoas, vê-las e manter um relacionamento cara a cara. Nos relacionamentos online, não é assim”, disse.

Ele destaca que a principal razão para trazer a desfeita da amizade do online para o offline é quando a pessoa comenta sobre o término da amizade com outra. “Falar para alguém é uma declaração pública de que aquela amizade acabou”, disse Sibona.


Para o doutorando, ainda estamos tentando assimilar como sociedade a etiqueta na internet, que é diferente do dia a dia e pode por vezes pode ser até bem rígida. Você concorda?


Fonte: Aqui

Mercado de Urânio


Mesmo depois do acidente de Fukushima, a demanda por energia elétrica nuclear continua a crescer. Essa commodity está num ponto crítico de inflexão para preços mais elevados. Até mesmo o Japão está mudando sua postura sobre a energia nuclear devido aos maiores custos da geração elétrica substituta. O recém-eleito primeiro-ministro, Shinzo Abe, declarou que o novo governo está disposto a construir novas usinas - mudança radical com respeito à promessa do governo anterior de fechar todas as 50 usinas do país até 2040.
O impacto mais significativo vem, porém, do mundo em desenvolvimento, especialmente da China. Ela que poderá adicionar mais de 100 usinas ao longo das próximas duas décadas. Outras nações, como a Rússia, Índia, Coreia do Sul e os Emirados Árabes Unidos têm também grandes programas de construção, aumentando significativamente as 435 usinas que hoje fornecem eletricidade na base de carga dos sistemas elétricos de 31 países.
2013 começa com 65 usinas nucleares em construção (1 no Brasil), outras 160 em fase de planejamento (4 no Brasil) e mais 340 propostas (4 no Brasil). A demanda por urânio será, portanto, cada vez mais elevada, o que apresenta um problema, pois existe hoje um déficit de produção. De acordo com a World Nuclear Association (WNA), o consumo total em 2011 foi de 80 milhões de quilos, enquanto a produção foi de 68 milhões - déficit de 12 milhões de quilos.
Se contarmos somente essas 65 usinas que estão hoje em construção, o consumo anual crescerá para 100 milhões de quilos. Nesse contexto, com a oferta não conseguindo mais acompanhar a demanda, naturalmente os preços do urânio começarão a subir.
O uso do urânio altamente enriquecido reciclado, o re-enriquecimento de urânio empobrecido (rejeito do processo de enriquecimento) e a redução dos estoques das empresas geradoras tem suprido esse déficit, mas o futuro dessas fontes de suprimento é incerto, particularmente com o final do programa chamado "Megatons por Megawatts". Criado com o final da guerra fria, os programa é um acordo entre os EUA e a Rússia para converter o urânio altamente enriquecido, disponibilizado pelo desmantelamento de armas nucleares russas, em urânio de baixo enriquecimento para combustível nuclear.
A existência desse programa sozinho preenche a maior parte do déficit anual mundial, oferecendo 10 milhões de quilos de urânio. Eles são consumidos exclusivamente pelos EUA, onde está cerca de 25% do parque nuclear mundial. Paradoxalmente, nos últimos anos 10% da eletricidade produzida nos EUA tem como fonte o urânio das armas nucleares russas desmontadas - espadas se tranformando em arados.
Entretanto, ele expira no final de 2013. Se os russos decidirem não renovar o acordo, o que parece bastante provável, o re-enriquecimento e os estoques não serão suficientes para suprir o deficit. Se contarmos somente com as usinas em construção, o consumo anual crescerá para 100 milhões de quilos. Nesse contexto, com a oferta não conseguindo mais acompanhar a demanda, os preços do urânio começarão a subir.
Quando se considera os prazos necessário para abertura de novos complexos industriais de produção e ampliação dos existentes, temos um complicador: até 2020 a produção anual somente poderia aumentar no máximo até 90 milhões de quilos. Mas para isso acontecer, os preços também teriam que se estabilizar num patamar de US$ 40 por quilo para que a indústria estivesse disposta a realizar os investimentos necessários. Hoje o preço é de US$ 20/kg. O mercado está assim dando pouco incentivo para implantação de novos projetos. Os preços terão que mover-se para cima de forma importante e sustentada para que haja produção adicional.
Quando o Japão prometeu fechar suas 50 usinas, reduziu a demanda mundial por combustível em cerca de 10 milhões de quilos e, além disso, agravando a situação, as empresas japonesas venderam cerca de 7,5 milhões de quilos de seus estoques. Isso levou à atual baixa de preços no mercado spot. O sistema elétrico do Japão sem a energia nuclear tem experimentado apagões, as importações de gás natural subiram 17% e as importações de carvão 21%. Com a vitória do Partido Liberal Democrático, espera-se que as vendas de urânio cessem e a demanda seja retomada.
Considerando as usinas em construção, a capacidade instalada da China subirá para 40 milhões de quilowatts até 2015, em comparação com 12,54 milhões no final de 2011. As empresas chinesas terão que aumentar seus estoques, adquirindo muito mais urânio. Isso elas já vem fazendo, aproveitando os preços baixos decorrentes do "efeito Fukushima".
Esses dois fatos, somados ao encerramento do acordo "Megatons para Megawatts", indicam que o preço do urânio poderá voltar aos US$ 40/kg ou mais já em 2014. Antecipando isso, as empresas do setor já começaram a fazer movimentos estratégicos. A estatal russa vem adquirindo empresas menores, fortalecendo sua posição no mercado. O conflito no Mali deriva, em parte, desse contexto.
Sendo uma das maiores reservas de urânio do mundo, produção brasileira é modesta e exclusiva para o mercado nacional. Nos últimos anos tem declinado, não sendo suficiente para atender Angra 1 e 2 - ficará pior com Angra 3. Esses movimentos do mercado internacional não têm tido eco no Brasil. Perderemos a oportunidade?
Doutor em Engenharia Naval e mestre em Engenharia Nuclear.
Assessor da presidência da Eletrobrás Eletronuclear e
membro do grupo permanente de assessoria da Agência Internacional de Energia Atômica



Mudança no GPA

O Grupo Pão de Açúcar é uma fonte inesgotável para discussão do princípio da entidade. Eis mais um exemplo

O empresário Abilio Diniz indicou os administradores Claudio Galeazzi e Luiz Fernando Figueiredo para compor o Conselho de Administração do grupo Pão de Açúcar, em lugar da mulher e do filho dele. Galleazi, que já foi presidente da maior varejista do país, e Figueiredo, sócio fundador da Gávea Investimentos, vão entrar no lugar de Geyze Marchesi Diniz e Pedro Paulo Falleiros dos Santos Diniz.

Diniz, presidente do conselho da maior varejista do país, decidiu indicá-los por seu “compromisso de agir no melhor interesse da companhia, reafirmando a opção por uma gestão profissionalizada e de alto nível para o grupo”.

Os novos conselheiros deverão ser eleitos para um mandato até 2014 em assembleia geral de acionistas marcada para 20 de fevereiro.
“Os novos conselheiros apresentam expertises complementares em varejo, economia e mercado de capitais, que contribuirão para a performance e a governança corporativa do Pão de Açúcar”, segundo comunicado divulgado à imprensa.A decisão de Diniz foi comunicada por carta ao presidente do francês Casino, Jean-Charles Naouri, que é presidente da Wilkes, holding controladora do Grupo Pão de Açúcar.


Fonte: O Globo (grifo do blog)

Para escrever: leia


Leia, leia, leia. Leia tudo – bobagem, clássicos, bom e ruim, e veja como são feitos. Assim como um carpinteiro que trabalha como um aprendiz e estuda o mestre. Leia! Você irá absorver. Então escreva. Se for bom, você descobrirá. Senão, jogue pela janela.

William Faulkner

04 fevereiro 2013

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

1986: O ano do Plano Cruzado

No ano de 1986 ocorreu o Plano Cruzado. Naquele momento o Brasil era governado por um dos piores presidentes da nossa história. A inflação elevada foi combatida com o congelamento de preço e a fiscalização por parte da Sunab. Em 21 de março de 1986, uma sexta-feira, o jornal Estado de S Paulo anunciava que a empresa Bic, fabricante de canetas, tinha sido autuada por enganar o consumidor:
No mesmo dia, um anúncio do computador Itautec, empresa do grupo Itaú. No anúncio é possível perceber o tamanho da CPU e o espaço para os disquetes 5 1/4.
Logo abaixo deste anúncio, o Laboratórios Lepetit informa sobre o "desaparecimento" dos seus produtos - um dos efeitos colaterais da política econômica do governo. A empresa Embraer era do governo e as pessoas podiam investir em suas ações e ter dedução do Imposto de Renda. 

Em termos contábeis, um fato interessante é a presença, nas demonstrações contábeis publicadas, de empresas de auditoria de pequeno porte. Na edição do jornal daquele dia, a empresa Antártida, fabricante da cerveja do mesmo nome, foi auditada por auditores dos locais da fábrica, Minas e Rio Grande do Sul. Esta é uma prática que desapareceu com o tempo: hoje quase todas as grandes empresas são auditas por uma das Big Four.


As demonstrações contábeis das empresas ainda apresentam a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), que desapareceu sem deixar saudade, e a conta de correção monetária, usada para atualizar as demonstrações contábeis:
O Plano Cruzado trouxe alterações na contabilidade do período. O principal deles foi o aumento de trabalho para os profissionais, que tiveram aumentada a carga de trabalho com balanços extras e demonstrações adicionais para adaptar-se a nova moeda:
A formatação obedecia a Lei 6404, com as extintas contas de Resultados dos Exercícios Futuros.

Póquer ou Bridge

Pesquisadores italianos analisaram o comportamento dos jogadores de pôquer e de bridge. Usando um jogo, denominado "jogo de confiança" as conclusões foram as seguintes:

Eles descobriram que jogadores de bridge eram significativamente mais propensos a confiar em seu parceiro no "jogo de confiança' do que os jogadores de poker. (...)

Esta diferença não foi porque jogadores de bridge são mais altruístas ou com risco de tolerância; de fato, os pesquisadores mostram que eles são menos. Em vez disso, ele reflete o fato de que jogadores de bridge pensam mais em "nós" do que os jogadores de poker, e eles são mais inclinados a confiar nos outros, na crença de que a confiança vale a pena.

Controle de Capital

O controle de capital tem sido usado como uma política pública quando os países estão em situações financeiras ruins. O governo institui impostos ou barreiras para que o dinheiro não flua de maneira natural, do exterior para o país e vice-versa.

Estudando o caso brasileiro durante a crise financeira, três pesquisadores chegaram a seguinte conclusão:

Nós não achamos que estes controles tenha muito impacto, apesar de as razões para o seu uso pretendido e o apoio que eles têm recebido de muitos lugares. As razões para instituir essas políticas, é claro, pode ser de natureza política e eleitoral.