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28 agosto 2012

Armadilha da mente 3



Alguns especialistas acreditam que armadilhas que soam comuns aos investidores de mercados mais desenvolvidos devem ser vistas com cautela quando o assunto são os maus hábitos dos brasileiros. A avaliação é que, em matéria de investimentos, nossos pecados - assim como nossos mercados - estariam um passo atrás dos americanos e europeus. Eduardo Glitz, diretor de operações da XP Investimentos, avalia que alguns dos embustes que o investidor impõe a ele mesmo no momento de tomar uma decisão atingem mais as pessoas já acostumadas a operar, por exemplo, via 'home broker' - parcela ínfima no mercado local.

A maior parte da população, diz ele, ainda não sabe o que fazer com o próprio dinheiro, teme a indústria de investimentos e não se sente à vontade em lidar com isso. "Por conta disso tudo, essas pessoas acabam delegando suas decisões ao gerente do banco, que têm que bater metas e está longe de ter seus interesses alinhados ao cliente."

Segundo Glitz, ao investidor local faltam características mais prosaicas, como disciplina para abdicar dos apelos fáceis do consumo e disposição para comparar produtos e rentabilidades, da mesma forma que ele se dispõe a comparar carros, casas ou marcas de sabão em pó. "A pessoa coloca dinheiro em qualquer produto e não dá atenção a custos e rentabilidades. O que parece ser uma bobagem, como uma economia de 0,1% ao mês, durante 20 anos equivale a 100% a mais."

Gilberto Poso, superintendente-executivo de gestão de patrimônio do HSBC, também acha que em alguns pontos ainda estamos um tanto distantes das questões que preocupam investidores de mercados mais avançados. Como exemplo, ele diz que não vê como um problema a informação em excesso. "Uma minoria sofre desse mal. Na verdade, o investidor brasileiro é movido por um nível de informação superficial", diz. "Todo mundo sabe discutir sobre Petrobras e Vale, mas quando a questão são empresas sobre as quais é preciso cavar mais para obter informações é difícil encontrar alguém que se disponha a isso", complementa.
Para Poso, o que mais afeta o investidor local é a angústia de não saber lidar com objetivos e prazos, o que acaba tendo impacto sobre as operações mais arriscadas e levando as pessoas a tomar decisões equivocadas. "O fato é que a instabilidade traz um desconforto gigante."

Para aquele que está começando no mundo dos investimentos, Philipe Biolchini, sócio da First Value, recomenda paciência e humildade. Ter um julgamento isento do que são erros e acertos só é possível com a vivência. Enquanto ela não vem, a dica é diversificar as aplicações e investir em empresas pouco endividadas e com lucro. "O investidor deve montar uma estratégia para não perder, depois ele pensa em como ganhar", diz.

Jurandir Macedo, professor e consultor do Itaú Unibanco, destaca que é preciso investir sempre e com um horizonte maior de tempo. "Na bolsa, em especial, só há criação de valor no longo prazo, porque a companhia vai ter dinheiro e tempo para produzir."

O cenário de juro mais baixo, porém, deve levar os investidores a agir de modo diferente - e com mais sofisticação tanto nos acertos quanto nos erros. Logo, prestar atenção ao problema desde já pode ser um atalho para o sucesso. 

Brasileiro tem de evitar outros 'maus hábitos' - Por De São Paulo - Valor Econômico - 27 de Agosto de 2012

Discordo bastante do texto acima. Acredito que o que foi considerado característica do investidor brasileiro é mais um juízo de valor, que pode - em vários dos casos apresentados - ser considerado válido para qualquer tipo de investidor. As pesquisas têm mostrado que o investidor brasileiro não difere muito de outros países.

Armadilha da Mente 2

Além do apego às projeções e ao acúmulo de informações, a crença exacerbada no que dizem os executivos das empresas também faz parte da lista de armadilhas sedutoras com grande potencial de induzir o investidor ao erro. 

Na visão de um dos principais estrategistas da atualidade a usar as finanças comportamentais em suas teses de investimento, o gestor James Montier, muitos investidores profissionais acham que o acesso a pessoas que ocupam posições importantes nas companhias é uma vantagem competitiva, mas se esquecem de que esses executivos sofrem dos mesmos vieses de comportamento: excesso de otimismo e autoconfiança. Além disso, lembra Philipe Biolchini, sócio da First Value Capital, as pessoas tendem a ouvir apenas o que combina com a sua própria tese de investimento, um fenômeno chamado de viés de confirmação. 

 Outra armadilha em que o investidor acaba se enredando sem refletir a respeito é a sua disposição para acreditar. "A sedução por histórias bem contadas, que capturem corações e mentes, é muito forte. Isso ocorre principalmente nas aberturas de capital na bolsa", diz o superintendente-executivo de gestão de patrimônio do HSBC, Gilberto Poso. Para ele, é legítimo, por parte da empresa interessada em achar um sócio, buscar contar uma boa história. Separar o joio do trigo é que é a grande questão e, para isso, diz Poso, o investidor deve buscar saber se a empresa tem um passado concreto, com vendas reais, ou se tudo é feito com base em expectativas. 

 Na bolha da internet, no início de 2000, lembra Poso, "vendiam-se expectativas aos montes e deu no que deu". Para evitar erros como esse, o investidor precisa ter cuidado com modismos e, conforme destaca Biolchini, sair da comodidade e fazer sua própria análise. 

 Tomar decisões em grupo, inclusive, é outro erro apontado por Montier no seu estudo. Para ele, os grupos amplificam, em vez de minimizar, os problemas na tomada de decisão. Poso, do HSBC, destaca que as pessoas têm sempre a necessidade de seguir o outro. "Isso reflete o medo de ter uma opinião isolada porque, até que ela se prove correta, você vai ser questionado mil vezes e pode ser ridicularizado." Mas, Biolchini, da First Value, lembra que muitos dos ganhos vêm justamente de apostas contrárias. 

 Humildade é outra característica fundamental para evitar tropeços. Quem acha que é mais inteligente que os outros, que vai bater o mercado, sofre do que Montier qualifica de 'inveja' e, mais uma vez, de excesso de otimismo e autoconfiança. Mas isso é bastante comum. Jurandir Sell Macedo, consultor do Itaú Unibanco, elenca vários exemplos de golpes no mercado, da pirâmide financeira montada pelo ex-presidente da Nasdaq, Bernard Madoff, nos Estados Unidos, aos investimentos em boi gordo e avestruz, no Brasil. 

 Por último, mas não menos importante, o investidor tem de superar o olhar de curto prazo para não ficar sujeito ao excesso de operações. Para Montier, isso não é investimento, mas pura especulação, além de onerar o bolso.

Otimismo, credulidade e efeito manada machucam o bolso - 27 de Agosto de 2012 - Valor Econômico - Flavia Lima e Alessandra Bellotto | De São Paulo

Armadilha da mente

No cenário atual de juro mais baixo, o investidor disposto a se arriscar um pouco mais em busca de retornos diferenciados, principalmente na bolsa, deve ficar atento para não cair em armadilhas pregadas pelo seu pior inimigo: ele mesmo, conforme já disse o influente investidor americano Benjamin Graham. Afinal, há evidências de que os indivíduos agem de forma irracional com certa frequência quando o assunto é dinheiro. E se os novos tempos levam esse aplicador a correr um pouco mais de risco, o cuidado merece ser dobrado.

Conforme evidenciaram trabalhos acadêmicos ainda das décadas de 70 e 80 de dois psicólogos experimentais, Amos Tversky (morto em 1996) e Daniel Kahneman - ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002 -, as pessoas usam "regras de bolso" para simplificar a tomada de decisões em situações de incerteza, o que acaba gerando vieses de comportamento que levam a erros sistemáticos e previsíveis.

Para os adeptos das finanças comportamentais, contudo, se o investidor conseguir reconhecer algumas armadilhas da mente poderá adotar estratégias para lidar com elas e, assim, aumentar suas chances de sucesso. "Não há um antídoto para os vieses de comportamento, mas dá para criar um processo de investimento que busque blindar tais armadilhas", afirma Philipe Biolchini, um dos sócios-fundadores da First Value Capital, gestora que adota conceitos de psicologia na hora de escolher ativos.

Jurandir Sell Macedo, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e consultor do Itaú Unibanco, lembra que a mente humana trabalha com dois sistemas, conforme modelo apresentado no livro "Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar", mais recente obra de Kahneman. Para que a racionalidade prevaleça, o sistema 2 - que é devagar, porém mais lógico e deliberativo - precisa agir. Contudo, mostrou Kahneman, o indivíduo está sempre exposto a influências que podem minar sua capacidade de julgar e agir com clareza. É aí que entra em ação o sistema 1, rápido e intuitivo, porém mais suscetível a erros.

James Montier, que integra a safra jovem de gestores notórios que exploram os vieses de comportamento em suas análises nos Estados Unidos, elencou os sete pecados mais comuns verificados no processo de investimento em relatório de estratégia de ações quando ainda estava na Dresdner Kleinwort Wasserstein, em 2005. Hoje, com pouco mais de 40 anos, é membro do comitê de alocação de ativos da GMO - gestora adepta do investimento em valor com mais de US$ 100 bilhões em ativos -, e sua paixão pelas finanças comportamentais continua.

Trazer as projeções de ativos para o centro da estratégia de investimento aparece entre os primeiros erros identificados por Montier. Para ele, elas são pouco confiáveis e, em geral, carregadas de otimismo e autoconfiança. A crença nas projeções, segundo especialistas, pode ser explicada por um fenômeno conhecido como 'ancoragem', caracterizado pela necessidade do indivíduo de se agarrar a um número diante da incerteza. Para Macedo, do Itaú Unibanco, a projeção vale apenas como uma ferramenta para imaginar situações extremas e traçar um plano de ação.

Biolchini, da First Value, acredita que não há porque gastar tempo tentando prever o futuro, que é incerto por natureza. "O bom investidor faz análise, mas isso não tem nada a ver com projeção." Esse é um pecado que pode custar caro, como tem acontecido com investidores de empresas pré-operacionais do setor de petróleo, diz. "Muitos estão frustrados porque colocaram o foco nas projeções." A dica dele é buscar dados concretos, como o desempenho da empresa nos últimos anos, do setor em que atua e de concorrentes.

Outra armadilha que Montier chamou de 'ilusão do conhecimento' é a disposição do investidor em acreditar que, quanto mais informação, melhor será a performance do investimento. Essa crença, segundo ele, funcionaria se os mercados fossem eficientes, o que não é verdade. E a psicologia já mostrou que há limites cognitivos na capacidade de lidar com informações.

Quem tem gula não necessariamente sente o prazer do alimento, brinca Macedo. E qualidade, em investimento, não está associada à quantidade de informações, acrescenta Biolchini. O investidor, apontam os especialistas, deve se concentrar em dados que realmente são relevantes, como resultados das empresa, endividamento e preço.


Armadilhas da mente - 27 de Agosto de 2012 - Valor Econômico - Alessandra Bellotto e Flavia Lima | De São Paulo

Cartão x Dinheiro


Avanço de cartões esbarra em apreço por dinheiro vivo
Autor: Por Felipe Marques De São Paulo
Valor Econômico - 22/08/2012

A missão de garantir que o dinheiro chegue aos bolsos dos brasileiros sem nenhuma imperfeição está sob os olhos treinados de 63 mulheres. Elas formam a seção de crítica da Casa da Moeda do Brasil e passam 24 horas dedicadas ao escrutínio minucioso das cédulas, em busca das mais diminutas falhas. "As mulheres têm um poder de concentração maior e mais acuidade visual", diz Edmundo Viana da Cruz, superintendente-adjunto do departamento de cédulas, da Casa da Moeda. Os defeitos mais comuns são borrões, erros de enquadramento e outras falhas de impressão.

A seção de crítica atesta que, por mais que avance a tecnologia, na linha de produção do dinheiro brasileiro ainda há espaço para uma etapa quase artesanal. Não é só na fabricação das cédulas, porém, que a tradição se mescla a elementos de ponta. Uma combinação semelhante compõe a dinâmica dos meios de pagamento.

Enquanto os cartões de crédito ou débito ocupam hoje o espaço que já pertenceu aos cheques na carteira do brasileiro, o dinheiro "em espécie" segue bem à frente do dinheiro de plástico como preferência nacional na hora de pagar as compras. Hoje, circulam no Brasil cerca de 4,6 bilhões de notas e 19,6 bilhões de moedas.

Isso não quer dizer que os cartões não venham ganhando espaço nos últimos anos. Em dezembro de 2011, 29,8% das vendas do comércio foram pagas com cartões. Em janeiro de 2004, a fatia era de 16,5%. Os cálculos foram feitos pela Tendências Consultoria, em estudo encomendado pela bandeira Visa, e mostram a relação entre as vendas feitas em cartões com as vendas totais do comércio.

Um levantamento feito pelo Banco Central no ano passado, com base em dados de 2010, confirma o avanço dos cartões nos últimos anos, mas mostra ainda a liderança folgada do dinheiro. O BC calcula que, em 2010, o gasto médio mensal da população com pagamentos de contas e compras de produtos ficou em R$ 807,93. Dessa cifra, 59% foi pago em dinheiro, 36% em cartões e 2% em cheque. Em 2007, o gasto médio de R$ 577 era pago 77% em dinheiro, 19% com cartões e 2% com cheque.



"A participação absoluta de cartões é muito pequena, ainda há espaço para migração para cartões", diz Ruben Osta, diretor-geral da Visa. Segundo ele, indicadores semelhantes de uso dos plásticos nos Estados Unidos e Canadá estão próximos de 60%. "Nosso concorrente principal é o dinheiro."

Mesmo com o ganho progressivo de participação dos cartões como forma de pagamento, em termos absolutos o dinheiro "vivo" em circulação deve crescer nos próximos anos. Antes de 1994, a proporção do meio circulante (moedas e cédulas) em relação ao PIB era 0,8%. Hoje, o percentual está em 4%. O Banco Central espera que a relação chegue a 6% nos próximos dez anos e depois se estabilize, patamar semelhante ao dos Estados Unidos, diz João Sidney de Figueiredo Filho, chefe do departamento do meio circulante do BC.

Dado curioso é que na Europa essa proporção é de 9%, depois de ter avançado em ritmo acelerado nos últimos anos. Isso estaria relacionado à crise econômica do continente, que fortalece a percepção de que cédulas e moedas são uma espécie de porto seguro, avalia Figueiredo.

"Na medida em que as gerações passam, muda o hábito de usar dinheiro", afirma João Pedro Paro, vice-presidente da Mastercard. O avanço dos cartões agora está relacionado à busca de nichos em que possam substituir as formas tradicionais de pagamento, acredita. "Na pessoa jurídica, há espaço para crescer no lugar de pagamentos com boleto", exemplifica.

"A transação eletrônica é mais barata que a manual. Uma migração para cartões pode representar uma economia para o BC", defende Claudio Yamaguti, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Em 2011, a autoridade monetária gastou R$ 790 milhões em manutenção de notas e moedas, para manter um total de R$ 163 bilhões em circulação. Os gastos somam produção, seguro e distribuição do meio circulante.

Se ao gasto do BC forem acrescidos os custos do Banco do Brasil como único custodiante do papel moeda e uma estimativa de gastos dos bancos com distribuição e armazenamento, o custo anual do dinheiro fica em torno de R$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 14,30 por brasileiro). "É barato", diz Figueiredo. "A relação entre o custo de manutenção e o meio circulante tem se mantido estável."

Os defensores dos meios eletrônicos apontam para uma correlação entre o maior uso de cartões e um aumento no tíquete médio de vendas. O estudo feito pela Tendências e pela Visa afirma que, se houver um aumento de 10% na participação dos cartões como meio de pagamento nas vendas do comércio, haverá elevação de 2,8% no valor total das vendas. "É um impacto forte nos tíquetes médios de vendas, que traz um "efeito dominó" no aumento da formalização e da atividade econômica", afirma Andrea Curi, economista da Tendências que conduziu o estudo.

Outra conclusão um tanto óbvia da pesquisa é que os pagamentos com cartões reduzem a sonegação de impostos, pois diminuem a informalidade. Com um avanço de 10% na fatia das vendas pagas com cartões, seriam arrecadados R$ 700 milhões a mais em tributos (PIS/Cofins e ICMS do setor terciário, considerando 2010 como ano-base) do que se os mesmos pagamentos fossem feitos em dinheiro.

Se os cartões custam a avançar sobre o dinheiro, passaram como um rolo compressor sobre o cheque, em especial nas transações de pessoas físicas. Segundo Yamaguti, da Abecs, em 2000, do total de pagamentos não feitos em dinheiro, 71,4% usavam cheque e 28,6% cartões. Uma década depois, o cenário se inverteu, com apenas 14,3% dos pagamentos feitos em cheque e 85,7% em cartões.

27 agosto 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Schahin

Um ano depois da venda do banco Schahin para o BMG, começa a vir à tona mais um escândalo no sistema financeiro. O Schahin tinha um rombo de aproximadamente R$ 1,1 bilhão, resultado de fraudes e outras irregularidades semelhantes às do Panamericano e do Cruzeiro do Sul. O caso está sendo investigado pelo Banco Central, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

O banco pertencia à família Schahin, dona de um tradicional grupo empresarial brasileiro, com atuação em várias áreas e contratos bilionários com a Petrobrás. Era uma instituição de pequeno porte, desconhecida do grande público, com foco em crédito consignado e no financiamento de veículos usados.

Segundo a apuração do BC, a instituição mentia sobre seus números. Inflava os balanços com créditos duvidosos para esconder suas dificuldades e fingir que era saudável. Além disso, concedia empréstimos a empresas do mesmo grupo, o que é proibido.

O balanço fechado em julho de 2011, já após a venda para o BMG, apontou um patrimônio líquido negativo de R$ 1,3 bilhão. Muito diferente dos R$ 229 milhões positivos apresentados ao público em março do mesmo ano, quando a instituição ainda pertencia ao grupo Schahin.

Com esse roteiro, tornou-se a quinta instituição financeira de pequeno e médio porte a quebrar em menos de dois anos no País. As apurações do BC mostraram que ao menos quatro delas eram ninhos de fraudes e outras irregularidades: Panamericano, Morada, Cruzeiro do Sul e o próprio Schahin.

O BC abriu um processo administrativo para apurar as responsabilidades. Os ex-controladores do Schahin apresentaram defesa. Ainda não houve conclusão, mas o BC já fez ao menos duas comunicações ao Ministério Público Federal em São Paulo.

A primeira é de maio. No documento, o BC comunica que seu departamento de supervisão verificou a existência de irregularidades no Schahin. O BC aponta "consistente elevação de resultados mediante operações simuladas, registros de ativos insubsistentes, demonstrações contábeis não fidedignas, abstenção de providência no interesse da instituição financeira e concessão de empréstimo vedado". A documentação foi remetida pelo MP à Polícia Federal.

A segunda comunicação chegou ao MP em 13 de agosto e trata especificamente dos auditores responsáveis pelos balanços do Schahin. Essa mesma correspondência foi enviada pelo BC ao Conselho Federal de Contabilidade, que está apurando o caso.
Os ex-controladores do banco Schahin não quiseram se manifestar. Enviaram uma nota, na qual afirmam que têm divergências "quanto ao entendimento do Banco Central" sobre as operações sob suspeita e desconhecem qualquer apuração do Ministério Público e da PF. Procurados, o BC e o Ministério Público não se pronunciaram.

Por David Friedlander e Leandro Modé - BC e MP investigam fraudes no banco Schahin

Crime e Crise

"Uma série recente de escândalos financeiros revelaram a existência de estreitas conexões entre os maiores institutos bancários mundiais e esse mundo aparentemente subterrâneo feito de criminosos, traficantes de drogas e de armas", escreveu o italiano [Roberto Saviano, de Gomorra, foto ao lado]

Segundo o escritor, "os maiores bancos americanos nos últimos anos foram cada vez com maior frequência avalistas ocultos dos cartéis sul-americanos, lavando dinheiro proveniente do narcotráfico, enquanto na outra parte do globo as organizações comiam literalmente a Grécia e a Espanha."


Crise mundial foi uma benção para os criminosos, diz autor de "Gomorra" - DA ANSA

O reforço dos aeroportos privatizados


O reforço dos aeroportos privatizados
Cristiano Romero
Valor Econômico - 22/08/2012

Os grupos que vão administrar os três aeroportos privatizados reforçaram suas estruturas com empresas de renome internacional e experiência na gestão de grandes aeroportos. As parcerias podem eliminar o temor de setores do governo quanto à capacidade e competência dos consórcios de gerir os terminais de Juscelino Kubitschek (Brasília), Viracopos (Campinas) e Cumbica (Guarulhos). Em tese, com as mudanças, não há por que duvidar da eficácia do modelo de concessão, que vem sendo atacado em Brasília pelas viúvas do estatismo.

Os consórcios que venceram os leilões de privatização, realizados em fevereiro, só divulgarão os nomes dos parceiros contratados no fim do mês, quando efetivamente começarão a administrar os aeroportos. As associações já foram reveladas ao governo, que vinha exigindo, desde o leilão, o reforço dos grupos. "Não se pode fazer um projeto de concessão e depois ir à praia", justifica um assessor com trânsito no Palácio do Planalto.

(...)O resultado dos leilões de concessão frustrou autoridades, entre elas, a presidente Dilma Rousseff, porque entre os grupos ganhadores da disputa não havia projetistas de grande porte nem operadores renomados. Havia, ainda, a desconfiança de que eles não teriam capacidade financeira para assumir os compromissos firmados - um investimento total, durante o prazo de concessão, de R$ 16,1 bilhões nos três aeroportos.

Logo se descobriu que não haveria restrição financeira porque os grupos depositaram as garantias exigidas e, portanto, estavam aptos a participar da empreitada. Como quaisquer empresas que atuam no país, elas têm acesso, a juros favorecidos, aos financiamentos do BNDES. Ademais, por decisão do próprio governo, a Infraero terá participação de 49% no capital das três unidades, sendo responsável, portanto, por quase metade dos recursos a serem investidos.

Boa parte das queixas contra os consórcios vencedores dos leilões foi alimentada por grandes empreiteiras, derrotadas na disputa. A reclamação não deveria repercutir, afinal, o ágio pago pelos ganhadores ficou bem salgado - 348% acima do preço mínimo. Uma crítica possível é a de que o edital não fixou cláusula de barreira que, na prática, impedisse a vitória dos pequenos operadores.

O problema é que a ideia de que o processo foi um fracasso alimentou, nos últimos meses, a fúria de setores importantes do governo contra privatizações e que tais. Desde então, eles vêm atuando nos bastidores para convencer a presidente Dilma a desistir de conceder ao setor privado aeroportos como os do Galeão, no Rio, e de Confins, em Belo Horizonte.

De forma legítima - os editais e leis existentes permitem isso -, entidades oficiais vinham pressionando os consórcios vencedores, desde o resultado dos leilões, a reforçarem suas estruturas de operação e engenharia. O governo cogitou obrigar os grupos, o que foi evitado para evitar contestação judicial. As empresas acabaram reagindo favoravelmente às reivindicações e, hoje, pode-se dizer que estão prontas para ampliar e administrar, com o apoio de firmas de renome mundial, os terminais de JK, Viracopos e Cumbica.

HSBC

O HSBC está sendo investigado nos EUA por lavagem de dinheiro. O gigante bancário é acusado de ajudar pessoas do Irã e Sudão.

O HSBC é considerada a maior instituição bancária mundial. O problema referente a lavagem de dinheiro pode prejudicar as operações em países desenvolvidos; por esta razão, a entidade tem muito interesse em resolver o problema, informou a Bloomberg. Para isto, em julho o HSBC fez uma provisão de 700 milhões de dólares para uma eventual multa por parte do comitê do Senado, mas o valor pode aumentar. Este valor corresponderia a maior multa, superando os 619 milhões pagos pelo ING em junho.

O HSBC parece que já sofre as consequências da acusação: sua classificação de crédito foi cortada pela Standard and Poors. 

Além do HSBC, o Standard Chartered também está sendo acusado do mesmo crime. Outros bancos, como ABN Amro, Barclays, ING, Deutsche e RBS estão cooperando com os reguladores em investigações similares.

Congresso de Contabilidade

Está sendo realizado em Belém o 19o. Congresso Brasileiro de Contabilidade. O tema do congresso é "A Contabilidade para o Desenvolvimento Sustentável".

Além da apresentação de trabalhos técnicos, o congresso contará com palestras. A presença mais marcante é do ex-presidente Clinton, dos Estados Unidos. A presença de Clinton mostra o poder financeiro do Conselho Federal de Contabilidade e do Congresso, com capacidade para bancar o cachê do ex-presidente. Baseado numa reportagem da EFE, a remuneração de uma palestra de Clinton deve chegar a mais de 300 mil reais líquidos.

Outra presença é de Marcos Pontes. Pontes detém o recorde da mais cara viagem paga pelo contribuinte brasileiro. Não satisfeito, logo após o turismo espacial, Pontes decidiu aposentar para cobrar palestras de autoajuda.

Na programação cultural do Congresso, Fafá de Belém, Calypso e Diogo Nogueira.

Histórias Contábeis

A mestre em Contabilidade Polyana B. Silva está inaugurando um novo blog: histórias contábeis.

26 agosto 2012

Rir é o melhor remédio

Eu sou seu pai (na ordem: Star Wars, telefone, batatas, explorer e leite)
Fonte: Aqui

Efeito Primazia

The Economist
First is best
Aug 24th 2012, 10:00 by M.S.L.J.


Is this the first article you read today? If so, there’s a good chance you’ll enjoy it. The order in which people experience things affects their opinion of them: they tend to like the first option best.

This is the result of a
new study by Dana Carney of Berkeley’s Haas School of Business and Mahzarin Banaji of Harvard University. To test their hypothesis, the researchers conducted a series of experiments. In one volunteers were shown pictures of two violent criminals and then asked which one deserved parole. Most felt more merciful towards the first mugshot they were shown (different volunteers saw different villains first).

This bias affects commercial decisions, too. Asked which type of chewing gum they preferred, 68% of respondents at a railway station in Boston picked the first stick they were offered. In another experiment, volunteers more often wanted to buy a car from the first salesperson they met rather than the second.

In their paper, entitled “First is Best”, the authors contend that the first option in a series will be “consistently preferred” if the chooser is under time pressure or slightly distracted. Thanks to mobiles, meetings and toddlers that pretty much describes modern life for many people.

Clever companies have noticed, and compete to bump whatever they are selling to the front of the queue. That is why the first slot in an advertisement break on television costs more than the second; it’s roughly 10-15% pricier, according to Jonathan Allan, sales director at Channel 4, a British broadcaster. It is also why an ad that introduces a rival’s product first, even in order to disparage it, may well backfire. Advertising firms themselves like to go first when pitching for an account. “It sets the benchmark for everybody else,” says Bridget Angear of AMV BBDO, an advertising agency.

Being first matters even more online. People are lazy and few bother to scroll through dozens of pages of search results, says Kate Devine of mysinglefriend.com, a dating website. The site uses this observation to reward its most avid customers. When a belle enters search criteria for her beau, possible matches appear in an order determined by the last time these logged on to the site. This is good for traffic, but the keenest suitors may not prove the most suitable.

Badoo, another dating service, locates other users nearby so as to encourage spontaneous meetings. People can pay Badoo £8.49 ($13.46) per month for the privilege of appearing top in a list of users in the area, but rankings will drop as others pay too.

The most important place to be first is on Google’s rankings, which explains why it is under increasing pressure to make its search algorithm more open. The online giant recently started punishing websites that infringe copyright by listing them further down. This may not blast the pirates out of the water, but it will force them to work harder for their booty.

Efeito Primazia II

Haas Newsroom
July 2, 2012
The Advantages of Being First


UNIVERSITY OF CALIFORNIA, BERKELEY’S HAAS SCHOOL OF BUSINESS – How people make choices depends on many factors, but a new study finds people consistently prefer the options that come first: first in line, first college to offer acceptance, first salad on the menu – first is considered best.

The paper, “First is Best,” recently published in PLoS ONE by Dana R. Carney, assistant professor of management, University of California, Berkeley’s Haas School of Business, and co-author Mahzarin R. Banaji, professor of psychology, Harvard University.

In three experiments, when making quick choices, participants consistently preferred people (salespersons, teams, criminals on parole) or consumer goods presented first as opposed to similar offerings in second and sequential positions. The authors say their findings may have practical applications in a variety of settings including in consumer marketing.

“The order of individuals performing on talent shows like American Idol. The order of potential companies recommended by a stockbroker. The order of college acceptance letters received by an applicant. All of these firsts have privileged status,” says Carney. “Our research shows that managers, for example in management or marketing, may want to develop their business strategies knowing that first encounters are preferable to their clients or consumers.”

The study found that especially in circumstances under which decisions must be made quickly or without much deliberation, preferences are unconsciously and immediately guided to those options presented first. While there are sometimes rational reasons to prefer firsts, e.g. the first resume is designated on the top of the pile because that person wanted the job the most, Carney says the “first is best” effect suggests that firsts are preferred even when completely unwarranted and irrational.

The study’s first experiment asked 123 participants to evaluate three groups: (a) two teams, (b) two male salespersons, and (c) two female salespersons. First, participants were asked to join one of the two teams and were introduced to the Hadleys and the Rodsons. Immediately following the introduction, they decided which team to join. Next, participants were told they were buying a car and introduced to two male salespersons: Jim and Jon. Immediately following the introduction, they selected the salesperson from whom they preferred to buy a car. Finally, participants were told they needed to re-make their car-buying decision and that they would be introduced to two new salespersons; this time, female: Lisa and Lori. After sequential introduction they, again, decided which person they’d like to buy a car from.

When asking participants about their choices, the researchers asked about choice in two ways: conscious/deliberate choice, which was self-reported (i.e.., “I prefer Lisa to Lori”), or they completed a reaction-time task adapted from cognitive psychology in which participants’ automatic, unconscious preference for each option was assessed (i.e. “good,” “better,” “superior”). Regardless of whom people said they preferred, on the unconscious, cognitive measure of preference, participants always preferred the first team or person to whom they were introduced.

To test the choice preferences of consumer goods, the researchers asked 207 passengers at a train station to select one of two pieces of similar bubble gum in a “rapid decision task” or choosing within a second of seeing the choices (using psychologist Daniel Kahneman’s theory on ‘thinking, fast and slow’). Once again, the result was the same: when thinking fast, the bubble gum presented first was the preferable choice in most cases.

Researchers considered the salespeople and the gum relatively positive stimuli, without controversy. In order to test their theory with negatively charged options, Carney and Banaji asked another group of 31 participants to choose between pairs of convicted criminals and decide which one was more worthy of parole instead of prison. After viewing mug shots of two 29 year-old criminals known to have committed the same violent crimes with similar features and facial expressions, again, when “thinking fast,” participants judged the first criminal presented as more worthy of parole.

If order matters, why? Carney contends the proven “primacy has power” theory may provide the best answers. The paper cites, “a preference for firsts has its origins in an evolutionary adaptation favoring firsts …” For example, in most cases, humans tend to innately prefer the first people they meet: a mother, family members. In addition, those preferences are associated with what’s safe. Carney says the historic concept of the established “pecking order” also supports their findings that people find “first is best.”

Efeito Primazia III

Why First is Best
Roger Dooley
Forbes
22/08/2012



If you sell products or services, you probably have a product that you’d like to sell more of. Maybe it’s the one the produces the highest level of customer satisfaction or the fewest returns. Maybe it’s more profitable than other items in the line. Maybe it represents a great value for your customers but they overlook it. Here’s one key to selling more of that item: be sure your customer sees it FIRST!

New research from Berkeley and Harvard scientists underscores what we know from past research: humans have an inherent preference for the first choice they see. This phenomenon is called the primacy effect.

It’s fascinating that this effect occurs across many different domains. The first experiment in the latest batch had subjects evaluate photos of “salespeople” – pairs of males, females, and teams. When the subjects were asked about their preferences in a questionnaire, they showed no difference in their evaluation of each pair. But, using an implicit association test, a technique to measure subconscious preferences, there was a significant difference in favor of the first-viewed person or team. (For more on implicit association, see The Secret Voter in Your Brain.)

The second experiment showed subjects two similar brands of bubble gum. When given a chance to think about their choice, the subjects chose each brand about half the time. But, when instructed to choose quickly, 62% chose the first-viewed item and only 38% chose the second.

Both experiments indicate a bias toward the first item seen. This bias doesn’t overwhelm all other considerations, and the more a person thinks about a choice the less significant it will be. Still, to use my pet terminology, it’s a NeuroNudge that could help a customer finalize a choice.

As I described in Order Effect Affects Orders, primacy has been shown to be important in comparing similar products. Austrian researchers studied “recommender systems,” i.e., systems that help consumers choose the best product for their needs. Subjects were shown images and descriptions of tents that had various differences in configuration, closures, waterproofing, etc. The tents were displayed in random order. What they found was startling: the subjects did indeed prefer one tent over the rest, by a factor of 2.5 times. The surprise was that this preference wasn’t for one particular tent design; rather, the subjects greatly preferred whichever tent they saw first.

Brainy Takeaway

The lesson from all of this research is that leading with your most attractive product will help nudge customers toward purchasing that product. You can accomplish that with showing the products sequentially, by placing the desired product first on a multi-product display, or by drawing visual attention to that product so that it is viewed first.

Note that this is a nudge, not a big shove. The more the customer deliberates, the weaker the effect will be. And, sometimes, other strategies may work better – showing a customer an expensive product first to produce a price anchor, then a product that is similar but less expensive that will seem more of a bargain and be the likely choice. There’s also the recency effect, which can cause a preference for the last item seen if there’s a delay between viewing the items and the choice is made immediately after seeing the last one.

Still, purchase decisions often come down to small differences and subconscious leanings – in most cases, you should lead with your best option.

25 agosto 2012

Neil Armstrong

Faleceu Armstrong. O leitor do blog deve lembrar do seguinte teste:

Neil Armstrong é um ilustre que tem evitado, durante muitos anos, dar entrevista. Recentemente quebrou a regra, concedendo uma entrevista para uma publicação contábil da Austrália. A razão: seu pai foi auditor. Armstrong é ilustre pela seguinte razão:

a) é um famoso músico, que canta What a Wonderful World
b) foi um conhecido jogador e técnico de futebol americano
c) foi o primeiro astronauta que pisou na Lua.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Estadão, 23 de Agosto de 2012

Teste da Semana


Para o leitor atento do nosso blog, eis um pequeno teste para medir seus conhecimentos sobre os principais fatos relacionados com a contabilidade. Após responder, olhe as respostas no comentários e faça a conversão: de 9 a 10 certas = medalha de ouro; 7 e 8 certas = prata; 5 e 6 = bronze. Abaixo disto, ...

1 - A última edição da Revista Brasileira de Contabilidade traz como destaque de capa uma entrevista com um não contador. Trata-se de
Bill Clinton, ex-presidente dos EUA
Hans Hoogervorst, presidente do Iasb
Marcos Cesar Pontes, primeiro astronauta brasileiro

2 – Segundo um levantamento, este país é o que mais exporta cérebros no mundo:
Brasil
Índia
Japão

3 – Esta modelo brasileira já acumulou 250 milhões de dólares ao longo da carreira, estando em segundo lugar no ranking:
Adriana Lima
Alessandra Ambrosio
Gisele Bundchen

4 – Um estudo da KPMG mostrou que o número de empresas em dificuldades no Brasil aumentou em
10%
20%
50%

5 – Segundo um levantamento nas cooperativas de crédito no país, um quarto dos empresários
Acreditam que a taxa de juros irá reduzir no futuro próximo
Estão em atrasos com o pagamento do principal e juros
Pegam recursos como pessoa física para financiar suas empresas

6 – Uma extensa reportagem publicada na revista Exame mostrou que a redução na taxa de juros poderá trazer um sério problema para:
As instituições financeiras
Os fundos de pensão
Os municípios nordestinos

7 – Esta instituição bancária estatal está apurando um desvio de recursos acima de R$2 bilhões. Em razão disto, um lucro menor em razão do aumento das “contingências”.
Banco da Amazônia
Banco de Brasília
BNB

8 – 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região tomou uma decisão importante: os Conselhos Regionais de Contabilidade ...
Deve evidenciar todas suas transações com o governo
Podem cobrar judicialmente as contribuições dos associados em atraso
Tem poder de polícia para requisitar informações dos contadores

9 – O investidor Soros adquiriu 7,85% das ações:
Da equipe de futebol Manchester United
Do fundo private equity GP Investimentos
Do Carrefour

10 – Nesta semana esta empresa bateu o recorde de valorização no mercado acionário mundial
Apple
Exxon
Microsoft

Fato da Semana


Fato da Semana: A entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos, o PCAOB, soltou um relatório sobre a fiscalização de 23 trabalhos realizados pelas empresas. O índice de qualidade obtido foi muito baixo.

Qual a importância disto?  Existe um debate antigo sobre quem deveria pagar pela auditoria. Aqueles contrários ao modelo atual defendem que a entidade do mercado (a CVM, por exemplo) deveria remunerar o auditor, para melhorar a qualidade dos relatórios de auditoria. Outras medidas também são defendidas, como o incentivo a concorrência no setor, a proibição de serviços adicionais pelas empresas, o aumento na responsabilidade dos auditores, entre outros. Os diversos escândalos contábeis recentes arranham a credibilidade das empresas de auditoria. O relatório do PCAOB é mais um capítulo na história recente de problemas com o atual modelo das empresas de auditoria. Isto pode ser mais uma arma a favor da reforma no setor nos países desenvolvidos, que irá afetar o modelo do setor em países como o Brasil.

Positivo ou negativo?  - Negativo. A figura do auditor perde credibilidade.

Desdobramentos – Por enquanto, nenhum. Mas o relatório do PCAOB será mais um argumento a favor da reforma do setor. 

Paulo Freire


Viva Paulo Freire!
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 19 de abril de 2012

Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido.

As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em parte alguma. Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta.

Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade. Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire:

“Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.)

“Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.)

“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.)

“A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.)

“Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.)

“A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Association em Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.)

“Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.)

“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.)

Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I).

Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia.

Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”. Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.