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27 junho 2012

Honestidade 2

Com respeito a questão da honestidade, discutida na entrevista de Ariely, participei como co-autor de uma pesquisa com profissionais e estudantes de contabilidade, através de um experimento, onde foi simulado um processo de contratação. [A pesquisa possui como co-autoria os professores Erivan Borges, da UFRN, e Eduardo Vieira, da UnB.] Eis um trecho relevante do artigo:

De modo geral, essas constatações evidenciam que para estudantes e profissionais de contabilidade, no contexto estudado, a decisão e o  ato moral sofrem influência direta dos incentivos financeiros, alterando-se a percepção das conseqüências do comportamento mais digno, mais elevado moralmente, uma vez que os indivíduos estariam dispostos, em níveis de intensidade calculados a partir indicador desenvolvido para o trabalho, a desobedecer regras e preceitos de natureza ética e fiscal, contrariando, de certa forma, o referencial utilizado. Estes achados também evidenciam três situações preocupantes: a) as atitudes profissionais têm impacto direto na sociedade, independentemente do nível de decisão tomada na sua atuação, além de refletir imagem, estereótipos negativos em relação  à classe e aos demais colegas, desobedecendo às exigências do código de ética da profissão; b) a maior representatividade dos indivíduos é de estudantes, o que presume a ausência de fundamento ético e social na formação desses indivíduos durante a realização do curso, seja pela ausência dos temas nas estruturas curriculares, seja pela falta de associação ou aprofundamento desses temas nas discussões de natureza técnica; e, c) o baixo nível de preparação técnica dos respondentes, pela eventual falta de entendimento das questões de varreduras propostas.   


O artigo completo está aqui

Sem auditoria

Há pouco mais que quatro anos, a legislação determina a obrigatoriedade da auditoria externa para empresas que têm capital aberto, atividades reguladas ou faturamento acima de R$ 300 milhões ou patrimônio maior que R$ 240 milhões. Mas um universo de companhias—notadamente do último grupo, as que são enquadradas na lei por faturamento ou patrimônio — não segue a norma. Parte delas, por desconhecimento. Outras tantas, porque não se sentem coagidas, já que a legislação não prevê punições.

Na ponta das que cumprem as determinações da lei, estão as empresas que têm papéis negociados na bolsa de valores ou que desejam se financiar por meio da emissão de debêntures ou notas promissórias. Também são muito cobradas as que têm atividades reguladas por Banco Central,Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (Susep) ou Secretaria de Previdência Complementar (SPC).

As regras sobre auditoria externa levamo número de empresas obrigadas a se submeter ao serviço a algo entre 3.000 e 4.000, sem contar as 500 que são monitoradas pela CVM, diz Eduardo Augusto Rocha Pocetti, presidente do Instituto dos AuditoresIndependentes do Brasil (Ibracon). Além disso, diz, há muitas companhias que, surfando no crescimento econômico, estão passando a marca d’água da exigência legal e nem sabem que precisarão contratar auditores. Assim, esse mercado tem potencial de crescimento de até 20% ao ano no Brasil.

A exigência legal, contudo, não é o único motivador de uma auditoria externa, frisa Pocetti. “Ela também serve para ajustar a contabilidade a padrões internacionais, que o Brasil segue, hoje emdia. Isso é essencial para atrair parceiros e participar de projetos de investimento.”

Edmar Facco, sócio da Deloitte, concorda: “Hoje, todos entendem que a auditoria aumenta a credibilidade junto a bancos e fornecedores, sem falar nas concorrências públicas e nas oportunidades de compra por empresas maiores.”

A auditoria também favorece o negócio por agregar uma visão externa sobre o setor, o modelo de gestão e a exposição ao risco da companhia, seja em virtude da estrutura de capital e da alavancagem, seja devido ao perfil dos executivos gestores. “Ao fim do trabalho, é apresentada uma carta de gerência, também chamada de carta de recomendações, que é para controle interno e tem o valor de uma consultoria, com um olhar independente, que ajuda a companhia a se tornar mais eficiente e a mitigar riscos”, diz Sérgio Romani, sócio-líder de auditoria da Ernst & Young Terco.

Para ter essa performance, os auditores tratam de conhecer a fundo a mercado em que a empresa auditada está inserida e seu negócio, concordam os auditores ouvidos pela reportagem.

Sem fins lucrativos

Entidades filantrópicas que arrecadam mais do que R$ 2,4 milhões também estão obrigadas a a contratar auditoria externa, lembra Márcio Iavelberg, sócio da consultoria Blue Numbers. “E outras tantas organizações não-governamentais se submetem ao escrutínio porque recebem verbas de exterior e precisam comprovar a aplicação e a adequação das contas.”

Além disso, afirma Iavelberg, fundações e sociedades que fazem rodízio de seus dirigentes contratam auditorias para evitar problemas com a avaliação que os gestores subsequentes farão de suas gestões.

Custos

As empresas de auditoria ficam tímidas quando se fala no custo de seus serviços. “A auditoria é cobrada por hora e seu preço depende do porte da empresa, e do seu histórico”, explica Pocetti. “Os 120 filiados do Ibracon cobram valores são muito parecidos.”

Iavelberg afirma que nas grandes firmas de auditoria, o serviço custa algo entre R$ 40 mil e R$ 60 mil para empresas que estão no piso da obrigatoriedade (faturamento acima de R$ 300 milhões ou patrimônio acima de R$ 240 milhões). Pode ser interessante para companhias que têm negócios nos Estados Unidos e França, onde as grandes firmas são reconhecidas.

Em firmas menores, como a própria Blue Numbers, o serviço pode sair por um terço ou até metade. “E o serviço é igualmente bom, pois seguimos as melhores práticas e temos pessoas oriundas das maiores firmas”, explica.



Empresas ignoram lei sobre auditoria externa - 13 de Junho de 2012 - Brasil Econômico - Juliana Garçon

Cortina de Burrice


Eis um trecho do texto " A má educação isola o país", mais conhecido como Cortina de Burrice, de autoria do economista Cláudio de Moura e Castro:


Revolução Russa propôs-se a criar o "paraíso socialista", cujo cardápio foi parido por intelectuais europeus. Na teoria, todos tinham direito a habitação, emprego, comida, escola e ópera. Mas a dieta era parca e o povão queria consumir mais. Daí a necessidade do que Churchill chamou de Cortina de Ferro, para não deixar que os russos bisbilhotassem o que consumia o mundo capitalista decadente. Para os xeretas, punições ferozes. Mas os seus líderes cometeram um erro, criaram também um estupendo sistema educativo para todos. Foi uma besteira, pois não houve maneiras de impedir um povo educado de ver o que acontecia do lado de fora. O resultado foi a estrepitosa queda do Muro de Berlim.


Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos. A garantia de isolamento do país está em uma educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo. Os que se aventuram ao exterior vão à Disneylândia, um mero parque de diversões, ou a Miami, uma sucursal do Brasil.


A garantia de nosso isolamento do resto do mundo está na educação de péssima qualidade. Há pouco, em uma universidade de elite, pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto das mãos do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação! Na Europa, a mesma pergunta levantaria todas as mãos. Os europeus passaram do bilingüismo para o trilinguismo, Na Islândia, são quatro idiomas. E o nosso controlador de vôo que não sabia inglês!


Nossas universidades estão fora das listas das melhores, resultado da Cortina de Bilinguitice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas europeias, muitos cursos são oferecidos em inglês. Conheci um sueco que fez seu doutorado em Estocolmo, há quatro décadas. Quando entregou o primeiro trabalho, no seu idioma, foi interpelado pelo professor: "O senhor não terá futuro acadêmico, se continuar a escrever nesta língua!". Visitei a fábrica Seiko (japonesa) na China. A língua oficial era o inglês. O mesmo em Toulouse, na fábrica do Airbus.(...)


O que pode aprender um jovem que vai ao Primeiro Mundo, a fim de conviver com o povo, não com o guia nem com o motorista do ônibus do pacote turístico? Vejamos:


O valor do futuro, de pensar no amanhã, ao invés do hoje (a essência da sustentabilidade do meio ambiente).O sentido de economia, de não esbanjar, de não se exibir, à custa do magro orçamento.(...)

PMEs

O International Accounting Standards Board (IASB) está abrindo para discussão a possibilidade de fazer alterações na norma para pequena e média empresa. Até 30 de novembro deste ano as opiniões podem ser feitas.

Quando emitiu a norma, em meados de 2009, o Iasb já imaginava um período de avaliação nos dois primeiros anos de existência da mesa.

O bom senso indica que norma contábil para pequena e média empresa não pode ter 300 páginas, como é o caso da atual norma.

Stricto Sensu em contabilidade: formação de professores

Programas de pós-graduação Stricto Sensu em contabilidade: sua contribuição na formação de professores e pesquisadores

Os estudos sobre a formação de professores e pesquisadores em Contabilidade importam no processo de desenvolvimento do ensino. Com o aumento da demanda destes profissionais e da oferta de cursos de graduações, o docente e o pesquisador devem estar preparados para enfrentar novos desafios. Nesse sentido, o presente estudo foi desenvolvido com objetivo de verificar a contribuição dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Contabilidade em nível de mestrado quanto à formação de professores e pesquisadores. A pesquisa foi desenvolvida sob as formas qualitativa e quantitativa, utilizando-se de dados secundários e de análise de conteúdo para atingir o objetivo proposto. A análise de dados pautou-se em 6 PPGs, contemplando 115 mestres em Contabilidade que concluíram o curso no ano de 2004. Foram analisadas as suas publicações e atuação profissional nos cinco anos subsequentes, ou seja, até 2009. Os resultados apontam que os PPGs no período em estudo estavam voltados basicamente para a formação de professores, pois 104 mestres atuam na docência. Ainda, demonstrou que o destino destes professores eram as instituições de ensino superior privadas e para o curso de Ciências Contábeis. No processo de formação pedagógica, todos os programas possuíam a disciplina de Metodologia do Ensino Superior, sendo alguns de forma obrigatória e outros, optativa. No entanto, os dados da pesquisa mostraram que no período estudado, os programas não contribuíram significativamente para a formação de pesquisadores, pois estes estavam centrados na formação de docentes, evidenciada pela baixa publicação dos egressos dos programas e pela concentração em determinados egressos.

André Luis Comunelo, Márcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, Simone Bernardes Voese, Emanoel Marcos Lima

Enfoque: Reflexão Contábil, v. 31, n. 1, 2012.

26 junho 2012

Rir é o melhor remédio

Adaptado: Daqui

Como fazer uma tabela


Como apresentar uma tabela

Esta postagem trata de algumas dicas para apresentar uma tabela mais legível para o leitor. Obviamente se sua intenção é evitar que o leitor preste atenção nos seus números, siga o conselho oposto.

O primeiro conselho é bastante óbvio: use sempre algarismos hindu-arábicos. Nunca utilize os algarismos romanos. A figura 1 ilustra isto:

Quanto tempo você levou para entender esta demonstração?

O segundo conselho é colocar os números do lado direito. Veja a figura 2:


A forma que torna a leitura mais fácil é a da primeira coluna. Centralizar os números ou alinhá-los à esquerda dificulta a leitura. O alinhamento à direita permite que o leitor rapidamente possa enxergar quais as contas mais relevantes.

A figura 3 exemplifica o tratamento da unidade de medida.

Na primeira coluna coloca a unidade de medida (real) somente na primeira linha e na linha do total. A segunda coluna apresenta a unidade de medida em cada linha. A terceira coluna não indica que os valores estão em reais. O mais correto seria a segunda coluna. Mas observe que a coluna está poluída com o símbolo do real em cada linha. A alternativa que torna a informação mais “limpa” é a terceira. A ausência da unidade de medida não é tão grave se existir, em algum lugar da tabela, uma informação para a unidade de medida. Na terceira coluna, com uma rápida olhada, podemos distinguir quais as linhas mais relevantes pelo valor apresentado.

O quarto conselho é aquele mais difícil de ser seguido. E o mais fácil de ser encontrado em apresentações tediosas e trabalhos acadêmicos com baixo nível de apresentação didática. Veja a figura a seguir e escolha a melhor apresentação para a informação:

Qual você escolheu? Se você achou que a primeira opção é a melhor forma de apresentar as informações, você realmente precisa repensar sua posição. É muito tedioso imaginar alguém preocupado em informar que a receita da empresa em 2009 foi de quatrocentos e cinquenta e três mil, oitocentos e quarenta e seis reais e trinta e cinco centavos. Observe a relevância dos centavos. (O leitor atento também que na última coluna a planilha fez um arredondamento errado.) Apesar da exatidão dos valores, uma quantidade excessiva de números numa tabela realmente desestimula qualquer leitor. A terceira tabela, em reais mil, é muito mais informativa das variações do lucro.

Uma variação nesta apresentação encontra-se na figura a seguir:

Trata-se de uma saída da planilha Excel para uma regressão. Observe que o R-Quadrado é de 0,056168098, com 9 casas decimais. A figura está muito poluída de números. Compare agora com uma nova figura:

A nova figura possui menos números, permitindo o leitor identificar rapidamente a relevância dos números. Além disto, para uma pessoa que terá que ler mais de dez páginas de um trabalho, menos números significa leitura menos cansativa. 

Sri Lanka

Anteriormente postamos que o futuro da contabilidade depende do Sri Lanka, uma ilha ao lado da Índia (também conhecido no passado como Ceilão). Agora, outra notícia interessante deste país, que adotou as IFRS (normas internacionais de contabilidade) este ano. Entretanto, sua adoção criou muita confusão nos negócios, em razão do atraso do governo em adequar as divergências da legislação fiscal com algumas das normas do Iasb (o instituto internacional responsável pela emissão das normas internacionais).

A questão do uso do valor justo para ativos financeiros, que sob as normas internacionais aproxima-se do valor de mercado, é uma das divergências. Pelos padrões de contabilidade do Sri Lanka utilizava-se o custo histórico. A solução adotada pode ser preparar duas demonstrações: uma conforme as normas internacionais e outra para o fisco do país.

Sem noção

Aos 63 anos, Gene Morphis, CFO da rede de roupas Francesca Collections, foi demitido por causa do Twitter. Poucos dias antes de a empresa entregar seu relatório anual de resultados àSEC, ele postou na rede social: "Reunião do conselho. Bons números = conselho feliz". A atitude é uma violação das regras de disclosure, por divulgar informações relevantes para um número limitado de pessoas antes de elas serem públicas.


Bruna Maia - CFO sem noção - 8 de Junho de 2012 - Revista Capital Aberto

MF Global

A MF Global é uma empresa de negociação de derivativos. Era a principal negociante de títulos do tesouro dos Estados Unidos.

No final do mês de outubro de 2011 uma unidade da corretora informa um déficit de centenas de milhões de dólares. Logo após, a empresa apresenta um pedido de falência (oitava maior dos Estados Unidos). A empresa fez uso de acordos de recompra, muitos deles fora do balanço.

Onde se tem problemas de falência é quase certo encontrar problemas contábeis. Este é o caso da MF Global. A empresa usava os acordos de recompra – denominados “repos” para encontrar seus problemas financeiros. Uma repo é um empréstimo, com garantia de títulos, existindo um pacto de recompra destes títulos. Se o acordo de recompra é um empréstimo, deveria ser contabilizados como um passivo. Entretanto, algumas entidades registram como vendas, que são os “acordos de recompra para maturidade”, onde o repo não expira até o vencimento do título.

Eis o que diz a Wikipedia:

Some commentators have suggested the failure of MF Global highlights the difficulty in regulating complex global financial firms, the dangers of off-balance-sheet accounting as well touching on the European sovereign debt crisis

Efeito espectador

O efeito espectador refere-se à atitude passiva que as pessoas têm diante de certas situações. Em lugar de agir, as pessoas tendem a assistir as determinadas cenas urbanas.

Um estudo realizado na Universidade de Amsterdã mostrou que este efeito pode ser alterado diante da presença de câmeras de vigilância. Quando existe uma câmera por perto, as pessoas são mais propensas a ajudar estranhos que precisam de ajuda.

Este estudo é interessante já que algumas pesquisas mostraram que instalar câmeras de vigilância nas cidades não diminui a criminalidade. Mas parece ajudar a reduzir o efeito espectador.

Tarefas

Adaptado daqui