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03 outubro 2008

Brasil ganha o Ignobel: Estudo sobre tatus e sítios arqueológicos

Elo entre tatu e arqueologia dá IgNobel ao Brasil

Prêmio antecede Nobel e é concedido a estudos, como o de dupla paulista, ?que 1.º fazem rir e, depois, pensar?

Carlos Orsi

Um estudo sobre os danos provocados por tatus a sítios arqueológicos rendeu aos brasileiros Astolfo Mello Araujo e José Carlos Marcelino um prêmio IgNobel, uma paródia do Nobel concedida anualmente pela revista americana Annals of Improbable Research (Anais da Pesquisa Improvável) a trabalhos científicos "que primeiro fazem rir e, depois, pensar". "Creio que se trata do primeiro IgNobel do Brasil (o prêmio está na 18ª edição)", disse Marc Abrahams, editor da Annals e mestre-de-cerimônias da festa de premiação, realizada na noite de ontem na cidade de Cambridge, nos Estados Unidos. "Toda a nação vai sair às ruas em desfiles e festas por causa disso, certo?"

Abrahams provavelmente vai se decepcionar com a reação do povo brasileiro, mas Araujo, ao menos, gostaria de estar presente para receber o prêmio. "Pelo que me falaram é muito divertido. Você pode até mesmo dar uma curta palestra sobre o seu trabalho no MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), o que, convenhamos, não é pouca coisa", afirma. "Infelizmente, já gastei todo o meu financiamento acadêmico deste ano indo para a Espanha e a Irlanda."

Em nota encaminhada à organização do IgNobel, os dois autores agradecem: "Já que não existe um Nobel para arqueologia, o IgNobel sempre é bem-vindo!", dizem.

Publicado em março de 2003 pela revista especializada Geoarchaeology, o estudo dos brasileiros foi realizado com tatus no Zoológico de São Paulo, quando Araujo era funcionário da Prefeitura. Lá, foi criado um falso sítio arqueológico. "Qualquer arqueólogo minimamente observador percebe, ao longo de sua carreira, que tatus são um problema real", diz Araujo. "Eu percebi isso ao trabalhar em várias partes do Brasil. Lembro-me especialmente de ter visto belos e grandes fragmentos de cerâmica indígena serem ejetados de um buraco de tatu, quando trabalhei no Xingu."

Entre outras coisas, os animais podem misturar artefatos, carregando peças de um nível do sítio para outro. "Não há números a respeito e, na verdade, nosso trabalho é único, por incrível que pareça", diz o arqueólogo, que atualmente trabalha em escavações em Minas e dá aulas na Universidade de São Paulo (USP). "Nenhum arqueólogo tinha se debruçado sobre o tema."

Araujo diz ter recebido a notícia de que ganhara um IgNobel com tranqüilidade: "O Marc Abrahams, que é o coordenador do prêmio, entrou em contato. Parecem ser pessoas bem legais. Sondam primeiro para ver se o laureado não vai se ofender. O processo é todo bem amigável." Ele não espera um impacto do IgNobel em sua carreira. "O prêmio foi uma coisa divertida. Achei uma pena não poder ter ido à festa, mas realmente não muda nada. Se ainda eles premiassem com dinheiro, como o Nobel", lamenta.

Previsão para o Nobel de Economia

A THONSOM Reuters fez uma pesquisa para saber quais os favoritos ao Nobel de Economia deste ano. Esperava o nome de Paul Krugman (pelos acertos em suas previsões) mas a preferência é a seguinte:
Em Econometria, Lars Hansen (Chicago), Sargent (NY University) e C. Sims (Princeton)
Em economia pública, Martin Feldstein, da Harvard.
Em direito de propriedade e teoria da firma, A. Alchian e Demsetz (Califórnia)
Outros citados em anos anteriores e que estariam no páreo:
ROBERT J. BARRO; EUGENE F. FAMA; KENNETH R. FRENCH; PAUL MICHEAL ROMER; RICHARD H. THALER; JAGDISH N. BHAGWATI; AVINASH K. DIXIT ; PAUL KRUGMAN; DALE W. JORGENSON; OLIVER D. HART; BENGT R. HOLMSTROM; OLIVER E. WILLIAMSON; ELHANAN HELPMAN; GENE M. GROSSMAN; JEAN TIROLE; ROBERT B. WILSON e PAUL R. MILGROM

Fonte: Aqui

Percepção da corrupção


O gráfico mostra a percepção de corrupção em diversos países do mundo. Países pequenos e ricos são menos corruptos, sendo a Transparência Internacional. O índice melhorou para Geórgia, Nigéria, Coréia do Sul e Turquia. Mas o Brasil continua na 80ª. posição.

Fonte: aqui

Previsão pelo Mercado

Atualmente o assunto de previsão através de mercado tem sido de meu interesse. Em Manipulation in Political Prediction Markets, JUSTIN WOLFERS comenta a notícia de que o mercado de previsão tem sido manipulado no que diz respeito a projeção do próximo presidente dos Estados Unidos. Mesmo com a manipulação, o uso do mercado, como instrumento de previsão, tem apresentado resultados surpreendentes, conforme Wolfers.

Gráfico Fantastico

O gráfico a seguir parece gráfico de torneio de tênis (clique na figura para visualizar melhor), onde os jogadores são eliminados a cada disputa, até sobrar os dois jogadores que irão fazer a final. Entretanto, em lugar de jogadores o gráfico mostra instituições financeiras que foram compradas por outras. Quem sobrará?


Fonte: Aqui

Pechincha

Um comentário do blog BigPicture (Quote of the Day: Fair Value Accounting, 1/10/2008) lembra a equação contábil para a compra do Wachovia pelo Citigroup: o valor foi de 2,16 bilhões de dólares mais dívidas. Este total é muito barato para uma entidade que possuía um valor contábil de 75,1 bilhões (aqui, ativo menos passivo). Ou seja, foi uma pechincha.

P.S. Quando foi postada, esta notícia indicava que o Citigroup iria comprar o Wachovia, o que terminou não ocorrendo. Mas vale o exemplo.

02 outubro 2008

Rir é o melhor remédio

Professor da USP quer Timão bi da B
Por ARIOVALDO DOS SANTOS

Bem, tive uma idéia maluca de promover o Timão.

A coisa é simples, mas pode ter diversos e bons desdobramentos e isso deverá contar com a cumplicidade de outros corintianos.

A idéia: a diretoria convoca a imprensa e informa que tem uma notícia bomba.

Muitos imaginarão a contratação do Cristiano Ronaldo, do Ronaldinho, Kaká ou a construção de um estádio na Praça da Sé.

Não, a diretoria informa que o Corinthians abdicará de participar da série "A" no próximo ano. (anuncia isso quando estiver matematicamente classificado).

Conseqüências possíveis e imagináveis (somente algumas delas):

· Haverá uma grande grita dos times grandes por perda de arrecadação

· Haverá apoio dos times pequenos por ganho de arrecadação

· O Timão poderá ser o único time do PLANETA a se consagrar "BICAMPEÃO" da série "B" (em dois anos consecutivos).

Óbvio nenhum time até hoje fez esse tipo de loucura

· Os contratos com a TV poderão ser reformulados

· A torcida deverá ser consultada e trabalhada para defender esse projeto

· A divulgação dessa decisão (ou plano) deverá ser feita com estardalhaço na imprensa nacional e internacional

· Mesmo que seja divulgado apenas como plano de consulta à torcida ou a própria CBF a exposição do Timão já será bastante grande.

Ariovaldo dos Santos, além de corintiano, é professor-doutor da Faculdade de Economia e Administração da USP, com mestrado, doutorado e livre docência em Controladoria e Contabilidade.

Fonte: Aqui

Acharam o culpado

Suspensão do "valor justo" pela SEC é retrocesso, diz sócio da KPMG
Valor + News - 1/10/2008

SÃO PAULO - A possível suspensão das regras de marcação a mercado do valor dos ativos nos balanços de empresas e bancos pela Securities and Exchange Commission (SEC) é duramente criticada por Ricardo Anhesini, sócio-líder de Financial Services da KPMG no Brasil. A autorização para a suspensão da obrigação está prevista no artigo (seção) 132 do pacote de resgate ao sistema financeiro que deve ser votado ainda nesta semana no Congresso dos EUA, conforme havia divulgado o Valor Online na segunda-feira.

"Seria um retrocesso acabar com a informação do 'fair value' (valor justo). Acho que isso, muito francamente, é uma simplificação do problema", afirma Anhesini, que faz uma defesa veemente do princípio contábil. "Eu acredito em contabilidade por valor justo. É o jeito mais preciso e transparente para o investidor saber as informações sobre o banco, a seguradora, o fundo ou qualquer outra entidade", diz.

Mas, antes mesmo desta aprovação no Congresso, a SEC já baixou ontem uma série de orientações sobre o cumprimento das regras de 'fair value', em que de alguma forma flexibiliza o modo atual de se cumprir o pronunciamento 157 emitido pelo Financial Accounting Standards Board (Fasb - comitê de padrões contábeis dos EUA). A SEC disse ainda que até o fim desta semana deve apresentar, em conjunto com o Fasb, novas interpretações sobre a norma.

Entre as orientações fornecidas ontem, a SEC diz que a expectativa de fluxo de caixa poderá ser usada para determinar o preço de um ativo, quando não existir "um mercado ativo" para aquele título mobiliário. Isso valerá inclusive quando corretores estiverem dispostos a dar preço para os ativos, mas quando não houver liquidez suficiente no mercado. A contabilização do valor pelo fluxo de caixa esperado poderá substituir também o valor de um negócio realmente realizado no mercado com os mesmo papéis, se a transação for considerada "desordenada", ou ocorrer em um mercado inativo, ou com um spread muito grande entre o preço de compra e venda, em um ambiente com poucos compradores.

A contabilidade dos ativos pelo valor justo tem sido apontada por alguns analistas como um fator de agravamento da crise financeira, já que haveria uma antecipação dos prejuízos. Na visão de Anhesini, da KPMG, no entanto, "não se pode colocar nem um pedaço razoável" da culpa pelas perdas bilionárias dos bancos no modelo contábil. "Os prejuízos são originários dos produtos primários, com grau de risco alto, cujos fluxos de caixa não se materializaram. Poderia acontecer com qualquer produto", afirma, lembrando que, na raiz do problema, está a queda no preço dos imóveis dos EUA, que são a garantia de última instância desses papéis.

De acordo com o sócio da KPMG no Brasil, o que se deve fazer é aumentar a transparência e a clareza sobre os critérios usados para a obtenção do valor justo apresentado no balanço. Para ele, manter a informação do 'fair value' deve contribuir, inclusive, para que se reduza a quantidade de títulos estruturados em circulação. "Converso com alguns diretores financeiros de bancos e a impressão que eu tenho é de que esse mundo dos ativos estruturados tende a diminuir substancialmente, se não deixar de existir", afirma. Ele avalia que a existência de um estoque grande de papéis como esses nos balanços de bancos poderá acabar criando uma resistência do investidor em relação àquela organização.

Neste caso, esses papéis acabariam migrando para veículos específicos para ativos estruturados ou para hedge funds.

(Fernando Torres | Valor Online)

Sustentabilidade

Lei 11.638/07 e a sustentabilidade
Roberto Gonzalez
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro -2/10/2008

A contabilidade tem algo a ver com a sustentabilidade? Sim, tem. Afinal, não só todo e qualquer numerário transacionado pela companhia deve ser retratado na contabilidade, como também várias questões atreladas a gestão, incluindo nota explicativa sobre passivos contingentes, onde é corriqueiro tratar da política adotada pela empresa em relação às questões trabalhistas, fiscais e civis e, em alguns casos, ambientais. Lembrando que é unânime que as questões relacionadas com o tratamento dos profissionais no ambiente de trabalho e com o meio ambiente são vinculadas com a responsabilidade social e sustentabilidade, bem como as questões econômico-financeiras.

Os movimentos que anseiam que a temática da responsabilidade social e sustentabilidade empresarial não fiquem apenas na seara da questão social e ambiental, deveriam refletir, com muita seriedade, a vinculação desses temas nas demonstrações contábeis (DCs), já que o “econômico-financeiro” passa por elas. Então, por que não ter o mesmo tratamento do “socioambiental”? Afinal, as DCs são balizadores para tomadas de decisão, seja interno como na assembléia geral, no conselho de administração, no conselho fiscal e na diretória executiva. Ou seja, tudo que está presente nas DCs, de uma forma ou de outra, também está na agenda da estrutura de poder das companhias; e, do lado externo, pelos analistas de crédito e investimento, entre outros públicos.

Quando foi efetivado o Índice de Sustentabilidade Empresarial, ampliou-se o debate da relevância das DCs demonstrarem a presença da sustentabilidade nas companhias, inclusive com ampliação de questionamentos pela comunidade financeira sobre alguns indicadores.

E também que debatesse esta questão internacionalmente e verificasse a migração do Brasil para a harmonização com o padrão contábil IFRS (International Financial Reporting Standard), visto que as notas explicativas ampliarão seu escopo nas DCs e tem recomendações claras em relação a contabilização, por exemplo, dos benefícios aos profissionais da companhia e dos ativos intangíveis. Isso deixa um recado forte: o de refletir o mais fielmente possível a realidade da gestão da companhia, o que não ocorre há muito tempo, devido a novas realidades mercadológicas, implementação de novas técnicas de gestão e, principalmente, a demora do debate da definição de novos procedimentos contábeis para uma nova realidade. Podemos citar como exemplo da demora, os ativos intangíveis que já foram primordiais no nascimento e desenvolvimento de empresas como Microsoft, há mais de 30 anos, e somente recentemente foi tratado com a devida seriedade na seara contábil.

Se a sustentabilidade empresarial está presente na gestão da companhia, uma das formas pragmáticas de demonstrá-la é nas DCs. O momento é neste período de transição para o IFRS, onde controllers, auditores e outros profissionais da área contábil estão em forte estudo da nova realidade.

Dentro desse debate, é altamente salutar e bem-vinda a Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que contribuiu para o fortalecimento da expressão da sustentabilidade nas DCs com a exigibilidade para que todas as companhias S/A listadas publiquem a DVA (Demonstração do Valor Adicionado).

Há um certo tempo já é um consenso nos grupos que militam na responsabilidade social a relevância da DVA, tanto que ela está presente na DBSI (Demonstração do Balanço Social Ibase), nas diretrizes do GRI (Global Reporting Initiative), e mais recentemente no manual de elaboração do relatório de responsabilidade social do setor de energia elétrica, por exigência do órgão regulador, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Portanto, passos estão sendo dados. Agora, é batalhar para que o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) estude e faça uma audiência pública sobre a demonstração de informações de natureza socioambiental. Iniciar o debate pela NBC T 15 (Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica), que trata justamente sobre esta questão, será mais um caminho para que a sustentabilidade esteja na contabilidade e para que as companhias possam comprovar, de forma pragmática, a gestão focada na sustentabilidade.

No Brasil

CVM quer mais transparência nos dados das companhias
Ana Paula Ribeiro
O Estado de São Paulo -2/10/2008

A presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, disse ontem que a autarquia vai regulamentar a norma que prevê maior detalhamento da utilização de instrumentos financeiros pelas companhias abertas. Para que isso aconteça, a autarquia espera a manifestação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

De acordo com a presidente, esse formato de divulgação das operações feitas pelas empresas dará aos investidores maior clareza sobre a situação financeira das companhias abertas. No entanto, ela ponderou que o maior volume de informação não evitará mudanças de cenários financeiros nas empresas.

As mudanças de regras na divulgação de instrumentos estão previstas na convergência para o padrão internacional de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês). Esse tema será discutido em duas partes, e a primeira deve entrar em audiência pública, segundo informação de Haroldo Levy Neto, vice-coordenador de relações institucionais do CPC(...)

A presidente da CVM não quis comentar os questionamentos da autarquia em relação às empresas que fizeram operações no mercado de derivativos e apresentaram grande exposição a riscos, como ocorreu com a Sadia e a Aracruz.

Sobre alterações na instrução 202 da CVM, que trata das informações que as empresas devem atualizar na autarquia, Maria Helena disse que essa operação entrará em audiência pública em, no máximo, um mês. Segundo ela, o objetivo é deixar os registros das companhias mais próximos das informações dos prospectos de IPOs no lançamento das ações.

FAS 157

SEC facilita norma para que bancos declarem suas perdas no balanço
2/10/2008 - Gazeta Mercantil

2 de Outubro de 2008 - Sob pressão dos bancos e dos legisladores, a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana) emitiu a interpretação de uma norma de contabilidade que pode facilitar para os bancos relatar perdas menores, ou talvez mesmo lucros, quando anunciarem os resultados do terceiro trimestre, encerrado na terça-feira passada.

A iniciativa mereceu elogios da Associação Americana de Banqueiros, que havia reclamado com a SEC de que os auditores estavam forçando os bancos a avaliar os ativos a preços irrealisticamente baixos de "queima de vendas", em vez de pelos valores mais altos que os bancos acreditam que os ativos devem valer num mercado ordenado.

Alguns congressistas pressionaram para ordenar a suspensão da regra do valor justo, conhecida como Demonstrativo de Normas de Contabilidade Financeira (SFAS) 157, como parte do projeto de lei de resgate que a Câmara dos Representantes derrotou na segunda-feira, que pode ser ressuscitado nesta semana. O projeto de lei chegou perto disso, mas requeria um estudo da regra e autorizava a SEC a suspendê-la.

No entanto, o elogio imediato dos banqueiros pode reduzir a pressão para retirar a regra e facilitar para alguns legisladores a mudança de seus votos.

A instrução foi emitida conjuntamente pelo contador-chefe da SEC e pela equipe da Junta de Normas de Contabilidade Financeira. Embora a regra tenha sido criticada por muitos bancos, outros têm argumentado que o problema foi causado pela compra de ativos arriscados por parte dos bancos.

Num relatório lançado previamente neste ano, Dane Mott e Sarah Deans, analistas do JP Morgan, argumentaram que "culpar a contabilidade de valor justo pela crise de crédito é como uma pessoa ir ao médico para obter um diagnóstico e culpá-lo por dizer que está doente".

Na terça-feira, eles disseram que não havia "nenhuma novidade" na instrução da SEC mas, para alguns outros analistas, a interpretação pode ser importante. Há muito as empresas são solicitadas a marcar muitos ativos financeiros pelo seu valor justo, mas a norma 157 esclarecia como deveria ser medido, informando que os valores de mercado devem ser usados se estiverem disponíveis.

Muitos títulos lastreados por hipotecas perderam valor, forçando as instituições financeiras a fazerem vastas baixas contábeis desses títulos. Os banqueiros defendem que os preços de mercado vigentes estão bem abaixo dos preços que deveriam ter os títulos, e dizem que eles não devem ser forçados a anexar baixas contábeis que certamente serão revertidas mais tarde.

A regra tinha exceções, informando que "as vendas difíceis" têm de ser usadas como base para o relatório, mas não estava claro com que liberdade isso pode ser interpretado. Alguns auditores argumentaram que mais de uma ou duas vendas a um nível ofereciam um preço de mercado verdadeiro, e assim devem ser usadas para avaliar esse e outros títulos similares.

"Cresce o número de nossos membros que nas últimas semanas levantaram dúvidas de que uma série de escritórios de contabilidade estavam interpretando de modo equivocado a SFAS 157, de uma forma que requeria marcar os ativos para valores de queima de vendas", disse Edward L. Yingling, presidente da Associação Americana de Bancos, enquanto elogiava a SEC pela interpretação. "Essa orientação ajudará os auditores a precificar com mais exatidão os ativos que são difíceis de avaliar pelas presentes condições de mercado."

Pela regra 157, há uma hierarquia de técnicas de avaliação. A primeira é quando há um mercado ativo para um título, que sempre deve ser usado. Se não houver esse mercado, o nível dois se baseia nos preços de títulos similares. Só quando esses não estiverem disponíveis é que se deve usar o nível três, que depende do modelo de valor da empresa na ausência de um preço de mercado utilizável.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Floyd Norris/ The New York Times)

O guru

Para tentar compreender o colapso financeiro atual, os parlamentares americanos estão recorrendo a um veterano de crises bancárias: William Isaac, ex-presidente da Corporação Garantidora de Depósitos Federais (FDIC, na sigla em inglês) nos anos 80, responsável pelo resgate do Continental Illinois National Bank and Trust, nos anos 90. Segundo o “Wall Street Journal”, ele foi contrário à proposta de um pacote de resgate do sistema financeiro e defendeu algumas idéias para combater a crise, durante a maratona de reuniões do Capitólio, no domingo passado.

Isaac propôs, por exemplo, reviver o programa do FDIC dos anos 80, que socorreu as associações de poupança e crédito (agências captadoras de poupança para concessão de empréstimos), emitindo promissórias para sustentar seu capital e permitir que voltassem a emprestar.

Segundo o “Journal”, muitos parlamentares que votaram contra o pacote na segunda-feira creditaram sua posição às visões de Isaac, que hoje trabalha em uma consultoria, e alguns até estão preparando projetos de lei incorporando suas sugestões. Mas ele também tem críticos, sobretudo entre advogados de direitos dos consumidores, que temem flexibilização das regras de contabilidade.

O guru dos parlamentares - O Globo -2/10/2008 - 32


Coincidência ou não, Isaac apareceu aqui ontem, nesta postagem.