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15 maio 2008

Fusão e fator humano

As transações entre empresas, como temos visto ultimamente, se parecem muito mais com namoros e casamentos. O sucesso em forjar uma parceria está relacionado tanto ao momento adequado e à atracão mútua quanto está relacionado à negociação — e ainda assim, é difícil prever o resultado da parceria.

(...) Pelo menos 50% dos acordos não conseguem criar valor para os acionistas em um período de três a cinco anos, segundo diversos estudos acadêmicos. “Mas”, diz Rouse, “é muito difícil para uma companhia crescer substancialmente e permanecer competitiva, a menos que faça acordos.”

(...) Executivos que não fazem uma “due diligence humana”, ou seja, uma avaliação para saber da compatibilidade das equipes, antes de completar uma aquisição sofrem dura resistência no longo prazo, diz Jeffrey Krug, professor de gestão estratégica da Universidade de Virgínia Commonwealth, nos Estados Unidos. Pesquisa realizada pelo professor com 23.000 executivos de 1.000 companhias revelou que empresas alvo perdem 21% de seus gerentes por ano — mais do que o dobro da rotatividade de companhias que não foram adquiridas — por pelo menos dez anos após a aquisição.

Muitas aquisições malsucedidas derivam de problemas que inicialmente vieram à tona na mesa de negociação. A fusão que criou a operadora de celular Sprint-Nextel foi celebrada como uma maneira inteligente de a Sprint rapidamente ganhar o tamanho necessário para competir contra rivais maiores e se tornar a terceira maior telefônica de celular dos Estados Unidos. Entretanto, a cultura vagarosa e burocrática da Sprint bateu de frente com o estilo empreendedor da Nextel.

A Sprint registrou prejuízo de US$ 29,5 bilhões no quarto trimestre por conta de uma baixa contábil relacionada à Nextel, e agora a companhia está considerando vender ou separar o negócio que supostamente a tornaria mais forte.

Não há duas companhias que administrem sua operações e funcionários da mesma maneira, mas quanto maior a similaridade dos valores e do estilo de decisão, maiores as chances de colher os benefícios da fusão. A fabricante de chocolates Mars, que tem capital fechado, e a de confeitos Wrigley, que é aberta, vendem produtos similares e, diferentemente da pobre combinação entre Sprint e Nextel, têm culturas parecidas. Ambas são empresas familiares, “e isso deve ajudá-las a respeitar uma à outra”, diz Rouse, o consultor da Bain.


O fator humano nas uniões de empresas
12 May 2008
The Wall Street Journal Americas

Brasil: vantagens e desvantagens

O texto Commodities e moeda forte criam um novo milagre brasileiro, de Matt Moffett, do The Wall Street Journal (13/05/2008) aponta problemas e aspectos positivos do Brasil. A seguir boa parte do texto, separado em pontos positivos e negativos:

Vantagens:

* Devagar e sem alvoroço, no entanto, a economia brasileira vem superando barreiras. Já uma potência mundial em recursos naturais e agricultura, o Brasil acrescentou um ingrediente-chave que durante muito tempo não teve: uma moeda forte. Isso tem ajudado a deflagrar a maior onda de prosperidade que o país experimentou em três décadas, atraindo um enxame de investidores estrangeiros e dando um motor de crescimento para uma economia global enfraquecida.

* Pelo segundo ano consecutivo, a economia brasileira está crescendo cerca de 5%. Ainda é pouco se comparado ao crescimento da China. Mas a expansão tem possibilitado ao Brasil, que em 2002 mais parecia à beira de uma grande moratória, amealhar dólares o bastante para cobrir toda a sua dívida externa e se tornar um credor líquido pela primeira vez em sua história. O real se tornou tão confiável que até mesmo o seletivo investidor americano Warren Buffet tem comprado a moeda.

* O Brasil tem tanto dinheiro em reservas que ontem anunciou que seguiria o exemplo de outros países emergentes como a China e os países ricos em petróleo do Golfo Pérsico e constituíra um fundo soberano com valor entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões para investir o dinheiro que tem em excesso. Além do fundo, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, lançou uma política industrial de US$ 125 bilhões para estimular novas exportações e a indústria de tecnologia por meio de isenções tributárias e outros incentivos.

* A recém-conquistada estabilidade tem elevado milhões de brasileiros pobres à classe média, que está se tornando a faixa mais numerosa da população em um país que foi durante muito tempo conhecido pela disparidade entre classes. Jogando combustível na fogueira de otimismo, novas descobertas de petróleo no litoral do país podem colocar o Brasil entre os maiores exportadores mundiais de petróleo.

* O Brasil está se sentindo tão confiante sobre o lugar que deve ocupar na economia mundial que recentemente o presidente Luis Inácio Lula da Silva brincou com uma platéia de empresários latino-americanos dizendo ter dado um puxão de orelhas no presidente americano George Bush. “Bush, meu filho”, Lula disse que falou a Bush. “Nós passamos 26 anos sem crescer, e agora que estamos crescendo, você vem e complica as coisas? Resolva sua crise!” Representantes da Casa Branca disseram que os dois presidentes discutiram a economia, mas não com essas palavras.

* Dia 30 de abril, outra notícia caiu como uma luva para o Brasil, quando a agência de classificação de risco Standard & Poors elevou a classificação de risco do país para “grau de investimento” — fazendo do Brasil a última das nações do Bric a receber o selo de aprovação com relação à capacidade do país de honrar suas dívidas. Os brasileiros celebraram, salientando que tinham reformado sua economia mesmo enquanto sua democracia de apenas 23 anos firmava raízes. A Índia é o único país cuja democracia funciona no mesmo nível entre os países do Bric.
* Mas Lula tem se provado um importante interlocutor, capaz de se sentir em casa em um churrasco com o presidente Bush ou tomando um café cubano com Raúl Castro. “O Brasil realmente não tem nenhum inimigo”, diz o economista Claudio Haddad, presidente da escola de Administração Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais.

*Isso é bom para investidores que vêem o Brasil como um paraíso na Terra, um país democrático, rico em recursos naturais e cuja economia cresce de forma estável, num canto tranqüilo do mundo. Brad Edson, presidente da NutraCea, fabricantes de produtos à base de arroz com sede em Fênix, no Arizona, estava procurando um lugar para construir sua nova fábrica. “As áreas para o cultivo do arroz estão marcadas por instabilidade política, econômica ou social e você tende a preferir ambientes mais estáveis”, ele disse. O Brasil foi uma escolha óbvia para o investimento em torno de US$ 30 milhões da companhia.
* Mesmo antes de ter alcançado o grau de investimento, o Brasil estava nadando em capital estrangeiro, sendo que a maioria era direcionado para a construção civil. Este ano, o volume tem superior o ano passado, quando o país alcançou o recorde de US$ 34,6 bilhões em investimento estrangeiro, mais dinheiro do que foi enviado à Índia, cuja população é quase seis vezes maior.

* “O Brasil é um dos melhores lugares do mundo para fazer negócios em se tratando de recursos naturais”, diz Daniel Titcomb, presidente da Jaguar Mining Inc, empresa americana de mineração de ouro que está investindo US$ 550 milhões em Minas Gerais. “Eles suportam o que dizem com leis”. As instituições democráticas com que investidores contam para proteger seus direitos aumenta os atrativos do Brasil ao capital.

Desvantagens

* Em contraste com o frio e calculista primeiro-ministro russo Vladimir Putin, Lula parece um personagem inusitado para um país de economia crescente. Ele é conhecido por suas gafes, como por exemplo quando se descreveu como o filho “de uma mãe que nasceu analfabeta”. Mais importante, críticos dizem que Lula não tem feito o bastante para enxugar o setor público, o que aumenta o peso tributário para cerca de 36% da produção, coisa de duas vezes o nível da China ou da Índia.
* Mas a caótica versão de democracia no país é uma faca de dois gumes. O Congresso brasileiro não tem a disciplina interna que tem o Partido Comunista da China — e às vezes, parece não ter disciplina alguma: cerca de 15% de seus membros estão sob investigação formal por supostos crimes que vão de tentativas de homicídio a lavagem de dinheiro.

* Franklin Feder, o presidente da Alcoa para a América Latina, diz que sob o ponto de vista da segurança do investidor o Brasil é de longe preferível a “um regime autocrático que pode mudar radicalmente de um dia para outro”. A Alcoa Inc. está investindo US$ 2 bilhões em projetos para a construção de uma hidrelétrica, uma mineradora e uma refinaria, o programa de investimento mais ambicioso da empresa. Isso dito, a democracia ao estilo brasileiro “nos dá muitas frustrações diárias por conta da sua velocidade na tomada de decisão”, diz Feder. Devido à papelada necessária, o processo de licenciamento e formação de uma joint-venture para a construção da hidrelétrica da Alcoa na Amazônia já leva uma década e o projeto só vai ser concluído lá por 2010 ou 2011.

* Nada se move rápido no Brasil. No Congresso, tomado por corrupção e um grande número de partidos pequenos e fracos, as mudanças ocorrem em velocidade glacial. Uma das maiores vitórias legislativas de Lula, a aprovação de um projeto que reduz o volume de processos na Suprema Corte, estava em andamento desde os anos 60.

* Do ponto de vista da eficiência econômica, “há algo que tem de ser dito sobre comando e controle”, diz Stelleo Tolda, diretor das operações brasileiras do Mercado Livre, a maior plataforma de comércio eletrônico da América Latina. Ele observa que os líderes chineses podem dizer “nós vamos colocar abaixo 15 quarteirões no centro de Pequim e nós não nos importamos com quem mora lá, nós precisamos fazer isso para construir arranha-céus e criar empregos”. Em contraste, na efervescente democracia brasileira, grupos de sem-terra e sem-teto estão organizados em grupos que exercem pressão bloqueando trens carregados de minerais e conduzem passeatas em fazendas.

* O Brasil não exibe as taxas de poupança e investimento da China e da Índia. Mas já atingiu um estágio mais maduro de desenvolvimento que a China e a Índia — com uma parcela mais da da população na zona urbana e uma riqueza per capita mais alta —, de modo que é menos provável que dê passos gigantes agora.

* Ainda há céticos de sobra quanto ao renascimento brasileiro. O economista Aldo Mussachio, da Faculdade de Administração Harvard, dos EUA, escreveu recentemente um paper cujo título sugeria que o Brasil estava fora do ritmo dos Bric. Mussachio diz que o Brasil está se beneficiando de uma bolha nos preços das commodities e que há todas as chances de que a economia acabe voltando ao chão.

* Os contribuintes brasileiros não obtêm muito retorno de seus impostos em áreas como educação, onde adolescentes de 15 anos tiveram notas 20% menores que seus pares na Rússia num teste padronizado de Ciências.

Por que não tem franquia em Contabilidade?

Essa é uma pergunta interessante. Algumas possíveis explicações:

a) Os escritórios trabalham com clientes com baixo faturamento o que faz com que a receita por cliente seja relativamente baixa;
b) Existem as peculiaridades locais de legislação e contatos
c) O principal goodwill está no gerente/proprietário
d) É muito difícil estabelecer reputação, mas fácil de perdê-la

A seguir, trecho de uma entrevista para o Vida Económica de Portugal (dia 9/5/2008, Contabilidade tem de evoluir para a consultoria às empresas, JOÃO LUIS DE SOUSA E PATRÍCIA FLORES) com António Azevedo, director de marketing da Finnacount

Vida Económica – Considera que o franchising é um bom modelo na área da contabilidade?

António Azevedo – É um bom modelo, porque consegue criar sinergias entre os diversos franchisados. A criação de um grupo mais forte no mercado vai permitir a captação de novos clientes. Um modelo, quando está bem estruturado em novas tecnologias, permite um acesso mais fácil à informação, a novos métodos de trabalho e a serviços que um gabinete tradicional não consegue desenvolver. Em regime de franchising, um gabinete consegue propor soluções de valor acrescentado para o cliente. E isso vai-se refl ectir num crescimento futuro.

VE – Também permite uma padronização de serviços e uma politica uniforme de preços?

AA – O modelo de franchising facilita a padronização de serviços, embora a nossa política seja desenvolver serviços adequados à realidade de cada cliente. Quanto aos preços, com o modelo de franchising há tabelas para os serviços prestados. Agora não nos podemos esquecer que cada realidade local tem as suas possibilidades. Cada franchisado tem margem de manobra para se ajustar à realidade onde está inserido, o que é fundamental. Caso contrário, não é competitivo no mercado.
(...)
VE – Actualmente, existe uma maior debilidade no tecido empresarial especialmente ao nível das pequenas empresas que se reflecte sobre os gabinetes de contabilidade?
AA – Acho que há duas realidades. Há as empresas que apostaram em desenvolver novos produtos e em procurar novos mercados, estando hoje numa situação favorável. Aquelas que se centraram na sua actividade tradicional, não apostaram na inovação nem acrescentaram valor ao produto ou serviço passam por algumas difi culdades.

14 maio 2008

Fotografia


Fractal

Avanço da lei

Em 1913 o Internal Revenue Code dos Estados Unidos possuía 14 páginas. Em 2003, 10 mil, além de decisões judiciais, boletins, análises etc (Fonte: KING, Thomas. More Than a Numbers Game, p.27)

Traduzir


Veja a notícia do "Jornal de Notícias" de Portugal e observe os trechos em negritos (meus):

Padre obrigado a restituir cinco mil euros
Teresa Cardoso
Jornal de Notícias - 12/5/2008

O ex-pároco de Aguiar da Beira, Carlos Sousa, terá de devolver à comissão fabriqueira local, até ao final deste mês, cerca de 4500 euros. Dinheiro que corresponde à diferença apurada nas contas dos últimos seis anos à frente daquela paróquia.
O sacerdote terá ainda de restituir alguns objectos, nomeadamente móveis e electrodomésticos, que retirou da casa paroquial de Aguiar da Beira quando, em Setembro do ano passado, foi suspenso das funções paroquiais que ali desempenhava.

A decisão da reposição de fundos e bens na paróquia de Aguiar da Beira foi revelada pelo bispo da diocese de Viseu, D. Ilídio Leandro, que há cerca de dois meses foi chamado a esclarecer denúncias de alegados desvios atribuídos ao sacerdote.

Após passar todos os livros da contabilidade a pente fino e de falar com várias pessoas e entidades de Aguiar da Beira, o prelado concluiu que havia algumas diferenças, na sua maioria relativas a pagamentos pela prestação de serviços religiosos correntes (missas, baptizados e casamentos(, embora o seu montante fique muito aquém dos milhares de euros alegadamente em falta.

Em Janeiro, quando chegou a Aguiar da Beira o novo pároco, a comissão fabriqueira, que se queixava de não ter acesso à maioria das operações financeiras por estarem "concentradas" nas mãos do padre Carlos Sousa, denunciou um desfasamento contabilístico que poderia atingir alguns milhares de euros. O inquérito confirmou apenas uma diferença residual.

O bispo da diocese admitiu já que o sacerdote terá cometido alguns erros nas contas, mas não o terá feito com maldade ou intuito de se apoderar dos bens de forma ilícita, disse, ontem, à Rádio Noar. Mesmo assim, D. Ilídio Leandro determinou a devolução dos valores apurados. Uma deliberação que o visado se comprometeu a respeitar.

O JN tentou ontem, sem sucesso, falar com o padre Carlos Sousa, a residir em Moselos, nos arredores de Viseu, que desde o início do processo garantiu não ter agido com intenção dolosa.

Durante a averiguação, e para que o ex-pároco pudesse viver um período de reflexão, D. Ilídio Leandro decidiu também suspender toda a sua actividade paroquial em Mões, Castro Daire. Esta decisão vigora até Setembro próximo.


Foto: Armação de Pêra - Algarve - Portugal

Padrões e crise


"O Conselho de Padrões de Contabilidade Internacional (IASB, na sigla em inglês) e outros importantes órgãos de padronização deveria adotar medidas urgentes para melhorar a contabilidade e os padrões de transparência"

Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet.
Trichet/BCE: Bancos Devem Revelar Riscos Em Balanços De 1º Semestre
Dow Jones - 12/05/2008

Foto: Flickr

Sobre o orçamento autorizativo


Sobre o artigo do Pederiva sobre o orçamento público autorizativo (aqui), uma opinião de um especialista no assunto, o prof. Matias-Pereira, direcionada ao autor:


1. Parabéns pela qualidade do seu artigo: A falácia do orçamento autorizativo, publicado recentemente no Estadão.

2. A sua observação de que "O respeito ao devido processo orçamentário consiste numa demonstração inequívoca do respeito à pluralidade, por parte de representantes e representados políticos" é bastante oportuna.

3. Como temos procurado ressaltar, o Orçamento da União, depois da Constituição é a peça/lei mais importante de qualquer país. Ele deve ser um balizador para reduzir desigualdades socioeconômicas e ambientais, gerar oportunidades e promover a cidadania, por meio da definição de políticas públicas consistentes.




Fonte da foto (Diretoria do Orçamento Público): Aqui

Indenização e estratégia de marketing

O presidente da TAM, David Barioni, afirmou ontem que a proposta do governo de indenizar o passageiro em caso de atrasos não afetará os custos da companhia. Na semana passada, o ministro Nelson Jobim (Defesa) e representantes das companhias aéreas discutiram a possibilidade de indenização por milhas ou dinheiro.

"Estamos aguardando a proposta do governo em relação às multas. Não haverá grande impacto por conta do índice de regularidade, que hoje já é bom e no decorrer do tempo tende a melhorar . O impacto é praticamente desprezível nos nossos resultados, mas ainda não temos certeza se a compensação será em espécie ou em milhas do plano de fidelidade", disse.


Indenização para passageiros não afetará custos, diz empresa
Folha de São Paulo - 14/5/2008

É óbvio que para a empresa é mais interessante a indenização em milhas do plano de fidelidade: isso promove o plano da empresa (a concorrente não possui um programa de fidelidade tão avançado) e reduz o impacto financeiro da indenização (nem todos usam as milhas dos programas de fidelidade (vide p. 171 do livro de Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva, Atlas, 2008)

Intangíveis: Reportagem ou divulgação


Veja esse texto da Gazeta Mercantil sobre uma metodologia para avaliar intangíveis. É interessante como o assunto é apresentado. Mas leia de forma crítica:

Metodologia avalia ativos intangíveis
Gazeta Mercantil - 14/5/2008
Finanças & Mercados - Pág. 4)(Lucia Rebouças)

Construir uma reputação não é uma coisa simples. Quem consegue fazê-lo sabe muito bem quanto uma boa reputação é importante para proteger o valor da companhia, quando não até para gerar valor. Recentemente, a reputação de empresa sustentável evitou que uma importante fabricante de cosméticos fosse bombardeada pela mídia, quando foi acusada de apropriação indébita de conhecimento. A reputação é um dos chamados intangíveis, ativos que constituem o valor econômico de uma companhia e que não entra no valor contábil (patrimônio, receitas, lucro).

Os intangíveis terão que ser incluídos nas demonstrações contábeis das companhias que precisam adequar-se ao padrão internacional, IFRS (International Financial Reporting Standards) ou adaptar-se às normas de convergência da contabilidade brasileira determinada pela Lei 11.638, sancionada em dezembro do ano passado. Até 2010 todas as companhias abertas terão que adequar suas demonstrações contábeis ao padrão internacional IFRS. Já as empresas de capital fechado de grande porte (com ativos acima de R$ 240 milhões ou receita bruta superior a R$ 300 milhões) terão que se adptar ao padrão previsto pela lei de convergência .Consultores e auditores acreditam, no entanto, que a tendência é que as companhias de grande porte acabem optando por adotar o padrão IFRS.


Até aqui o texto foca a necessidade de avaliar o intangível. Observe que usa a lei para defender esse ponto de vista. Agora um "especialista" apresenta seu ponto de vista:

Em ambos os casos, as companhias terão que adotar metodologias para identificar seus ativos intangíveis, afirma Daniel Domeneghetti, principal executivo da consultoria Dom Strategy Partners. "Os valores tangíveis são facilmente copiáveis, enquanto que os intangíveis, como por exemplo a abordagem de marca (branding) e a gestão de talentos, fazem diferença no valor econômico da empresa. O intangível gera valor e não resultado", conta.


Mas o texto não identifica quem é essa empresa de consultoria. A continuação é interessante:

Embora o IFRS adote outra terminologia, na prática eqüivale a metodologia IAM (Intangible Assets Management) utilizada pela Dom, para a identificação, a medição e gestão de intangíveis. "Com a metodologia identificamos 83 ativos intangíveis possíveis, a partir de três tipos de análises: setor de atuação, estratégia e conjuntura da empresa."


Ou seja, a parte inicial do texto agora faz sentido pois o método do IAM, usado pela empresa, pode mensurar esse intangível. Note que o especialista faz questão de apresentar 83 (um número exato, para mostra a precisão do método) intangíveis possíveis. As conseqüências da não utilização da avaliação são terríveis:

Na avaliação de Domeneghetti essa situação cria uma efeito nefasto. "A empresa acaba se tornando refém da gestão de resultados de curto prazo, aniquilando importantes investimentos naqueles projetos ligados a ativos relevantes à sua competitividade de médio e longo prazos, tais como inovação, conhecimento, branding, sustentabilidade, qualidade, treinamento", afirma.


Agora é o momento de apresentar a experiência da empresa nesse tipo de avaliação:

A metodologia IAM, diz o consultor Domeneghetti, foi intensamente debatida nos âmbitos acadêmicos e atualmente encontra-se em implementação em 17 das 500 maiores companhias do país. Ela permite que se construam com os intangíveis verdadeiros "software corporativo".


A parte melhor da consultoria é que a mesma é individualizada. Ou seja, é necessário adaptar para cada empresa (e isso significa que você precisa contratar a empresa):

Esses softwares são adaptáveis e mudam conforme as necessidades das empresas para avaliar qual o intangível em que precisa focar mais os seus esforços. Os exemplos são vários. No setor de telecomunicações, comenta o consultor, a inteligência jurídica é atualmente um importante intangível. "O setor é muito regulamentado; é ameaçado pelo movimento de convergência entre as empresas de tecnologia da informação e internet. É muito importante saber quem pode fazer o que e onde há brechas que permitiram a atuação da empresa".


Agora, mais um exemplo de como a abordagem é importante (ou fundamental, conforme o texto):

No setor de supermercados, abordagem da marca é fundamental. Num setor maduro como o de metalurgia, o ativo barganha com fornecedores e muito importante. No de papel e celulose, a sustentabilidade é o ativo um intangível de grande relevância; no de bancos é o de relacionamento com clientes, enquanto no farmacêutico a inovação tem grande importância, afirma o consultor.



Para finalizar

A Dom é a primeira consultoria focada em estratégia corporativa 100% nacional. Pertencente à Holding ECC, também proprietária da E-Consulting Corp. A consultoria oferece serviços como planejamento estratégico, gestão de ativos intangíveis, gestão do conhecimento.

IFRS no Brasil

As empresas brasileiras de capital aberto estão bem preparadas para a adaptação ao IFRS (International Financial Reporting Standards), novo modelo contábil a que terão de aderir até 2010. A avaliação é de Nelson Carvalho, presidente do conselho consultivo do IASB (International Accouting Standards Board), órgão que publica e atualiza as normas de contabilidade mundiais. "Fazendo uma comparação, podemos dizer que temos um novo avião, com novos passageiros e um novo aeroporto onde ele chegará. O ambiente dessa recepção é favorável, mesmo que possam aparecer algumas daquelas bandeirinhas da pista com sinalizações de alerta", brincou ontem, durante palestra em evento organizado pela Febraban para discutir auditoria.

Carvalho enumerou os principais desafios a que estão sendo submetidas as companhias e profissionais envolvidos no processo de transição às normas.

O primeiro, segundo o executivo, refere-se à capacidade de fazer projeções mais seguras sobre o desempenho das companhias. "O primeiro choque das empresas foi esse. Afinal, estávamos acostumados à verdade imprópria de acreditar que o correto era que os balanços trouxessem um retrato do passado", exemplificou.

Outro desafio relacionado à implementação do IFRS no País, segundo Carvalho, está ligado à sua estrutura conceitual, que consagra a adoção de princípios. "Advogados, acostumados ao direito codificado e formal, já estão percebendo isso", diz. "Contadores e profissionais de auditoria, também por natureza conservadores, também terão de adaptar-se. O IFRS decretará a morte definitiva da expressão meramente contábil", citou o membro do IASB.

IFRS puro

O principal desafio de CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) -- órgãos que têm centralizado a divulgação de documentos para regular as novas normas no Brasil - é fazer com que a adoção do IFRS aconteça sem que o modelo sofra muitas modificações do original. "Esse tipo de adaptação, que poderia descaracterizar o documento do IASB, criaria o pior dos mundos. Seria o equivalente a aderir o esperanto, um idioma mundial que ninguém fala", criticou Carvalho.

Alguns outros países latino-americanos também estão em pleno processo de conversão contábil e têm intenção de preservar o conteúdo original das normas publicadas pelo IASB. É o caso do Chile, cujas empresas listadas em bolsa terão de divulgar os balanços consolidados formatados em IFRS já em 2009. "O processo é o desfecho natural de uma economia é completamente aberta e integrada à globalização. Fusões e aquisições serão cada vez mais comuns. O IFRS melhora esse ambiente", exemplificou o sócio da Deloitte no Chile, Oscar Bize.

Para Carvalho, País está pronto para aderir ao IFRS
Gazeta Mercantil - 14/5/2008

Você entendeu?

Governo argumenta que derrota tem impacto em todo o sistema tributário
Valor Econômico - 14/5/2008

Para a Advocacia-Geral da União (AGU), o julgamento que discute a exclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins no Supremo Tribunal Federal (STF) é importante não apenas pelo valor da causa, mas pelo impacto desta forma de cobrança sobre o sistema tributário como um todo. Segundo o advogado-geral da União, ministro José Antonio Dias Toffoli, hoje, o ICMS é calculado "por dentro" da Cofins. E, se esta sistemática for alterada e a cobrança passar a ser realizada "por fora", haverá um recálculo das tarifas.(...)

"É da cultura tributária nacional a cobrança 'por dentro' dos impostos porque, no Brasil, não há no caixa das empresas uma divisão entre o valor do produto e a contabilidade dos impostos", afirmou o advogado-geral. Segundo ele, as empresas alegam que o ICMS não faz parte do faturamento delas, mas sim do poder público. Só que este valor do ICMS, completou Toffoli, não chega aos cofres públicos. "Ele fica retido no caixa das empresas." O advogado-geral adverte que, se a forma de cobrança for alterada, as empresas não deverão usar a economia que terão com tributos a menos a pagar para reduzir os preços dos produtos. "Se o governo sofrer decisão contrária, não haverá redução no custo dos produtos, mas aumento no lucro dos empresários", diz Toffoli.