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26 maio 2010

Auditores e a Crise

Auditores entram na mira das autoridades europeias
Autor(es): Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres
Valor Econômico - 26/05/2010

Michel Barnier, o novo comissário de Mercado Interno da Comissão Europeia, recentemente colocou as firmas de auditoria em alerta vermelho no Reino Unido.

Os bancos, fundos hedge e agências de avaliação de crédito foram apontados como alguns dos responsáveis pelo desencadeamento da crise financeira, mas Barnier agora está "convencido" de que é a vez das firmas de auditoria serem colocadas sob o microscópio das autoridades reguladoras europeias. "Essa convicção é reforçada pelas dúvidas levantadas recentemente no contexto da auditoria do banco americano Lehman Brothers", disse.

Até a publicação do relatório do promotor público americano Anton Valukas sobre o colapso do Lehman, alguns auditores vinham dizendo que comparado às turbulências pós-Enron, os dois últimos anos foram uma "crise boa".

Mas desde a publicação do relatório de Valukas em março, que criticou os auditores do Lehman Brothers, a Ernst & Young, as atenções reguladoras e políticas sobre o setor de auditoria no Reino Unido e outros países se intensificaram. Os auditores agora enfrentam investigações da Comissão Europeia, do Comitê de Informações Financeiras britânico e da nova coalizão entre os conservadores e os liberais no Reino Unido. Uma investigação desencadeada por críticas do comitê legislativo do Tesouro do governo britânico anterior também está chegando ao fim.

Além disso, num caso não relacionado à crise financeira, mas que provavelmente vai intensificar as atenções sobre a profissão, o Joint Disciplinary Scheme do Reino Unido deverá apresentar em breve seu esperado veredito sobre uma das mais contenciosas e duradouras sagas empresariais já registradas no país: o colapso da Equitable Life uma década atrás e o papel desempenhado por seus auditores, mais uma vez a Ernst & Young.

Como resultado, executivos graduados dos quatro maiores grupos de contabilidade do mundo - PwC, Deloitte, KPMG e Ernst & Young -, que juntos auditam mais de 90% das maiores empresas do mundo, dizem estar esperando uma atenção maior sobre suas atividades nos próximos meses do que em qualquer outro período desde os escândalos contábeis da Enron, WorldCom e Parmalat.

Jeremy Newman, presidente da BDO International, um dos seis maiores grupos de contabilidade do mundo, diz que esse "escrutínio renovado" também deverá reviver as discussões anteriores sobre o que os usuários podem esperar de uma auditoria e a chamada "lacuna de expectativa" que existe entre os auditores e muitos investidores. "Precisamos reconhecer que a natureza do negócio mudou. Ele está mais rápido, mais conectado e mais globalizado, e muito diferente da natureza que tinha no século passado, e sendo assim é correto perguntar se a auditoria vem acompanhando essa mudança. A resposta pode ser 'sim' ou 'não', mas é uma pergunta válida a ser feita."

A questão mais ampla a ser debatida hoje é parecida com a da era pós-Enron. Será que os auditores, assim como as agências de avaliação de crédito, sofrem de um potencial conflito de interesses pelo fato de serem pagos por aqueles que julgam, que podem lhes conceder outros trabalhos?

Essa questão foi levantada pelo relatório do examinador do Lehman Brothers, que revelou o agora infame truque contábil chamado Repo 105, que permitiu ao Lehman maquiar suas contas. A E&Y, que ganhou US$ 31 milhões do Lehman, nega qualquer irregularidade e parece ter seguido as normas contábeis dos Estados Unidos.

Com honorários desse porte disponíveis, políticos e autoridades reguladoras estão avaliando se esses auditores são tentados a partir para práticas que atendem as regras, mas podem apresentar um quadro enganoso sobre a saúde financeira de um cliente.

A falha da profissão em mostrar problemas no setor bancário vêm levantando dúvidas sobre qual é a real utilidade das auditorias, e se todo o parecer de auditoria não exigiria uma reorganização para ser mais prospectivo.

Os auditores respondem afirmando que fazem o que é exigido deles pelas leis que governam sua profissão e a discussão surgiu de um mal-entendido fundamental sobre o que uma auditoria envolve. Segundo afirmam eles, não se trata de uma previsão detalhada do futuro.

Michael Izz, executivo-chefe do Instituto dos Auditores Independentes da Inglaterra e País de Gales, diz: "Acho que há coisas que podemos fazer melhor. O valor da auditoria nos mercados de capitais modernos ainda é muito importante, mas se há algo que podemos discutir para tornar os serviços de auditoria mais úteis, então o diálogo precisa ser aberto".

Os contadores também estão cientes de que se ficar provado que o setor não está sendo eficiente, desta vez ele poderá enfrentar por uma regulamentação internacional ou pan-regional mais rígida, uma medida que a Comissão Europeia vê com bons olhos.

Especialistas não descartam isso, mas afirmam que o resultado mais provável é que nos auditores acabarão fornecendo mais informações aos investidores, em troca de algum relaxamento nas leis de responsabilidade.

Guy Jubb, da Standard Life Investment, que gerencia 138,7 bilhões em ativos, diz que se as forças do mercado não conseguirem uma mudança, "então o caso da intervenção reguladora para resolver o problema da estrutura do mercado de auditoria se tornará ainda mais premente".


Enviado por Caio Tibúrcio

23 abril 2010

Convergência no momento da verdade

No ápice da crise financeira mundial em 2008, o sossegado presidente do Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), Bob Herz, viu-se no centro dos holofotes, com furgões das equipes de TV se amontoando do lado de fora da sede do órgão responsável pelas regras contábeis nos Estados Unidos, na normalmente sonolenta cidade de Norwalk, Connecticut.
De uma hora para outra, as atenções haviam se voltado para o tratamento contábil misterioso dado a alguns ativos obscuros em mãos de bancos de investimento de Wall Street, papéis que estavam sendo cada vez mais considerados culpados de exacerbar a crise.
Desde então, a questão ainda não se esgotou. No início de maio, Herz deverá voltar ao tema quando apresentar as propostas do Fasb sobre o grau de uso que o controverso parâmetro do "valor justo" - também conhecido como "marcação a mercado" - deveria ter para a determinação do preço de derivativos e outros instrumentos nos livros dos bancos.
Seu pronunciamento atenderá a um pedido do Grupo dos 20 principais países industrializados e em desenvolvimento, que em setembro colocou a contabilidade entre os itens de sua agenda. O grupo pediu ao Fasb e ao Conselho de Padrões de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês), com sede em Londres, para preparar um padrão contábil mundial de alta qualidade - uma forma única de medir todas as companhias do mundo.
A questão é tensa - e precede, há um longo tempo, a recente crise. Desde o século XVI, quando Luca Paciola, monge franciscano itinerante amigo de Leonardo da Vinci, inventou [1] a contabilidade moderna nas montanhas da Toscana, há discussões sobre seu significado e propósito.A contabilidade é uma construção social, apenas uma entre várias formas de ver o mundo, ou praticamente uma ciência, baseada em fatos precisos? [2]
Nos tempos modernos, a capacidade de comparar [3] contas em diferentes fronteiras tornou-se o santo graal dos contadores do mundo, assim como de muitos investidores e analistas financeiros. Eles argumentam que essa uniformidade [3] significa que o capital poderia ser alocado de uma forma mais eficiente, que haveria menos facilidade para as companhias provocarem os reguladores e serem processadas e até que escândalos contábeis com os de Enron, WorldCom e Parmalat ocorreriam com menos frequência.
As turbulências financeiras mundiais, no entanto, centraram as atenções em uma questão fundamental: como calcular quanto vale um ativo. O motivo é que durante o pânico do mercado, os preços dos produtos financeiros mais complexos, como os derivativos, despencaram enquanto os mercados se congelavam [4] - um declínio praticamente independente da qualidade de créditos dos ativos que estavam por trás, sustentando esses derivativos. Para alguns, a situação proporcionou pechinchas, compradas rapidamente. Para a maioria dos bancos e fundos hedge, no entanto, levou a buracos devastadores em seus balanços patrimoniais, por causa da prática de marcar os ativos pelos preços atuais de mercado.
As baixas contábeis criaram um círculo vicioso no qual a queda dos valores levou as instituições de crédito a pedir mais garantias para conceder empréstimos, o que por sua vez obrigou grupos demasiado alavancados a vender ativos, empurrando os preços ainda mais para baixo. [5] Como resultado, as autoridades monetárias começaram a ver procedimentos alternativos com interesse renovado: permitir que administradores julgassem os valores ou os contabilizassem pelo que custaram originalmente e pelo dinheiro que supostamente gerarão antes de sua venda.
A opinião de que a contabilidade de "valor justo" enfraquece a estabilidade financeira e econômica persiste entre muitos políticos e autoridades reguladoras, especialmente na Europa, mas também na Ásia. Alguns investidores, contudo, mais notavelmente nos EUA, continuam convictos na defesa do valor justo, pois o consideram mais transparente. Daí a vontade do G-20 em ver um padrão único até junho de 2011.
Dependendo de como as investigações dos responsáveis por determinar as regras prosseguirem, a Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) pretende decidir até este mês se todas as companhias americanas deveriam deixar de usar o padrão contábil americano (US Gaap), atual sistema em vigência no país, e aderir aos padrões internacionais de contabilidade (IFRS), do Iasb, usado na maior parte do mundo.
Os investidores, em sua maioria [6], são a favor da convergência, mas alguns temem que, na pressa para cumprir o prazo do G-20, possam ser cometidos erros que criariam problemas futuros para a contabilidade das empresas. "A coisa mais importante para os investidores é que sejam padrões de alta qualidade e que atendam as demandas dos acionistas e da comunidade de investimentos em geral - e é um equívoco sugerir que a convergência é mais importante do que isso", diz Michael McKersie, da Associação de Seguradoras Britânicas (ABI, na sigla em inglês), um poderoso grupo de investidores do Reino Unido.
A decisão da SEC será crucial, já que sem o apoio do maior mercado de capitais do mundo, qualquer padrão global seria assim apenas no nome. Com a aproximação do fim do prazo, as inevitáveis diferenças culturais, divergências e rivalidades que acabam surgindo com uma tarefa global desse tamanho - e que afetam os debates contábeis há séculos - ameaçam interromper o processo. Apesar de meses de negociações, há sinais de que o Fasb e o Iasb não conseguirão chegar a um consenso sobre até que ponto o valor justo dever ser usado para determinar o valor dos instrumentos financeiros. De acordo com um encarregado de determinar os padrões, o sonho do G-20 de harmonia contábil mundial depara-se com a real possibilidade de "explodir".
A história de como a contabilidade se tornou um viveiro de ressentimentos que confrontam autoridades reguladoras, contadores, investidores e executivos tem suas raízes nas semanas anteriores ao desmoronamento do Lehman Brothers, em setembro de 2008. No fim de agosto daquele ano, o projeto para criar um padrão único mundial, congregando EUA e resto do mundo, chegou ao que ainda é seu ponto mais alto até hoje.
Christopher Cox, então presidente da SEC, anunciou um acordo tentativo segundo o qual, até 2014, todas as empresas americanas estariam cumprindo o IFRS. O raciocínio de Cox, bem recebido por contadores [6], foi o de que a "crescente aceitação em todo o mundo - e o cada vez maior controle de companhias estrangeiras por investidores americanos - deixam claro que se nada fizermos, e simplesmente deixarmos essas tendências se desenvolverem, a comparabilidade e a transparência diminuirão para investidores e emissores americanos".
Tornando cada vez mais viável a implementação da visão de contadores - a prática de "uma norma única" -, naquele ano mais de cem outros países adotaram ou concordaram em adotar o IFRS [7]. Mas após a implosão do Lehman muitos governos voltaram a procurar garantir a sua "soberania contábil". [8]
Poucas semanas depois do colapso do Lehman, Cox foi substituído por Mary Schapiro [9], nome pertencente ao novo governo do presidente Barack Obama. Durante as audiências de confirmação no cargo, Schapiro disse que "não estaria disposta a delegar a definição de padrões ou responsabilidade pela supervisão ao Iasb".
Enquanto o afável Herz, no Fasb, enfrentava as equipes de televisão à frente de seu escritório, David Tweedie, o combativo escocês e ex-sócio da KPMG que comanda o Iasb, tinha de lidar com seus próprios problemas no outro lado do Atlântico. Em outubro de 2008, pressões da UE forçaram a publicação de uma regra que foi amplamente considerada como uma diminuição na qualidade de informação - mas que pode ter poupado alguns bancos europeus do colapso. As mudanças permitiram que os bancos reclassificassem carteiras inteiras, inclusive produtos estruturados complexos, e avaliassem de forma mais favorável com base no custo dos empréstimos e títulos que lastreavam os papéis. Tweedie, cujo desejo de precisão contábil por vezes conflitava com a visão tradicional dos formuladores de normas contábeis da Europa Continental como elaboração social e instrumento de estabilidade econômica, mais tarde disse quase ter se demitido devido ao incidente.
Então, em julho, o Fasb e o Iasb anunciaram não ter conseguido chegar a uma abordagem comum sobre como valorar instrumentos financeiros. Por isso, foi preciso a intervenção do G-20 para aumentar as esperanças de que a convergência estava de novo no bom caminho. Mas, exatamente quando os EUA pareciam mais próximos, a Europa divergiu. Em novembro, a UE recusou-se a considerar a adoção da primeira fase do IFRS 9, norma do Iasb relacionada à valoração de instrumentos financeiros, alegando que ela defende o uso excessivo de valor justo.
Tweedie seguiu em frente e publicou o IFRS 9 para uso em mais de 110 países que haviam adotado ou estavam em vias de adotar o IFRS, mas sem o apoio de seu principal patrocinador [10]. A convergência foi avançando a partir de então, mas com crescente intervenções por parte de agências reguladoras e de formuladores de políticas, particularmente na Europa.
Michel Barnier, novo comissário para mercado interno da UE, pareceu, recentemente, ter criado um novo conflito, ao sugerir que verbas futuras para manutenção do Iasb dependeriam de a organização ceder a pressões de Bruxelas no sentido de admitir mais quadros de agências reguladoras em seu conselho diretor. A SEC disse que a independência do Iasb é necessária para que avalie submeter as empresas americanas aos IFRS. No entanto, dizem especialistas, duas coisas podem contribuir para impedir o que recentemente parecia um desfecho mais provável: a criação de blocos contábeis regionais, ou seja, EUA, Europa e Ásia.
Um fator em jogo é o apoio ao Iasb na Ásia. Embora a Europa pareça estar se distanciando, o Japão, segundo maior mercado de capitais no mundo, convergiu um pouco mais. Noriaki Shimazaki, da Sumitomo Corporation e curador do Iasb, diz acreditar que o Japão está a caminho de tornar o IFRS obrigatório para as empresas japonesas já a partir de 2016. À medida que os fluxos de capital deslocam-se para a Ásia, o peso dos países asiáticos deve influenciar mais o processo de normatização, diz Mohandas Pai, da Infosys, segunda maior exportadora indiana de serviços de tecnologia. Entretanto, China, Índia e Japão estão apoiando o desenvolvimento dos IFRS entre si para promover o comércio intrarregional.
O segundo fator envolve o Lehman. O evento, que fez descarrilhar a convergência, ainda poderá levá-la a se concretizar.
Quando Anton Valukas, procurador de Chicago, publicou no mês passado seu relatório condenando as práticas que resultaram na maior falência empresarial na história, uma das revelações foi a "arbitragem regulatória" utilizada pelo banco para tratar as operações de uma maneira que "embelezavam" temporariamente seu balanço. As hoje infames operações Repo 105, que permitiram ao Lehman lançar US$ 49 bilhões fora de seus livros em um trimestre, eram permitidas nos termos do padrão americano US Gaap. Mas se a contabilidade obedecesse ao IFRS, acabariam permanecendo no balanço e bem à vista dos investidores.
Estando as audiências do Congresso que discutirão o relatório sobre o Lehman previstas para o início desta semana, os contabilistas esperam que a convergência receba um impulso favorável em função dessas revelações. "É a melhor razão que até agora já vi para que a convergência progrida", diz um alto executivo de uma das maiores firmas de contabilidade americanas.
Se isso não ocorrer, a uma próxima geração de contabilistas, em meio a uma futura crise, poderá ser legada a tarefa de prosseguir o debate.

Fonte: Valor Econômico, via Análise de Balanços - IFRS: Ainda sobre o valor "justo" - Contabilidade: Paralisada pela crise, convergência global está em risco.
Padrão global de balanços enfrenta sua hora da verdade - Por Rachel Sanderson e Jennifer Hughes, Financial Times, de Londres - 22/04/2010

[1] Um erro comum considerar Pacioli o "inventor". Na realidade foi o divulgador.

[2] A ciência não significa necessariamente que seja baseada em fatos precisos. Talvez o melhor fosse fazer a contraposição entre ciência exata e ciência social.

[3] Aqui faltou um pouco de precisão técnica. Na contabilidade uniformidade é diferente de comparabilidade.

[4] Ou seja, faltou liquidez.

[5] Mas conduziu a ganhos com a perda de valor dos passivos.

[6] Há controvérsias...

[7] Na realidade a adoção da IFRS não garante uma "norma única"

[8] A normatização é uma atividade política. Isto foi refletido nesta atitude.

[9] O fato de Cox ter sido um burocrata com um trabalho ruim na SEC não ajudou.

[10] Talvez o termo correto seja "apoiador". O principal patrocinador do Iasb é o grupo das maiores empresas de auditoria.

24 novembro 2009

Auditoria da Parmalat

Auditorias indenizam investidor da Parmalat
Por David Glovin, Bloomberg, de Nova York - Valor Econômico - 23/11/2009

As empresas de auditoria e consultoria Grant Thornton e Deloitte & Touche vão pagar um total de US$ 15 milhões para resolver um processo no qual investidores da Parmalat Finanziaria, da Itália, acusam as firmas de contabilidade de ajudar a fraudá-los, segundo consta em documentos que deram entrada na Justiça na sexta-feira.

A Deloitte, com sede em Nova York, vai pagar US$ 8,5 milhões, e a Grant Thornton, de Chicago, US$ 6,5 milhões, segundo os documentos que pedem ao juiz distrital de Nova York, Lewis Kaplan, que aprove o acordo preliminar firmado entre as partes. "O acordo encerra o litígio com a Parmalat", diz James Sabella, um advogado dos investidores que processaram as duas firmas de contabilidade.

O advogado, que trabalha para a Grant & Eisenhofer, de Nova York, chamou o acordo de um bom resultado. Decisões recentes de Kaplan "reduziriam dramaticamente os danos máximos recuperáveis" se o caso fosse a julgamento, disse ele anteriormente.

Os investidores recuperaram cerca de US$ 91 milhões no caso, disse Sabella. Antes disso, o Credit Suisse First Boston e o Banca Nazionale del Lavoro já haviam pago um total de US$ 50 milhões, e a Parmalat (após a reorganização realizada pela companhia), US$ 26 milhões.

As reivindicações dos investidores contra o Citigroup e o Bank of America (BofA) foram negadas. Sabella disse que o acordo é notável porque quem está pagando são "as organizações guarda-chuva, ou de coordenação internacional", das duas firmas de contabilidade, e não as entidades que fizeram o trabalho de auditoria. Essas organizações guarda-chuva tentaram escapar da responsabilidade legal. [1]

A Parmalat Finanziaria pediu concordata em dezembro de 2003, depois que investidores alegaram uma enorme fraude. A companhia sucessora abreviou seu nome para Parmalat SpA e voltou a ser negociada no mercado de ações em 2005.

Os investidores processaram a Parmalat, seus bancos e auditores por causa da implosão da companhia. Os investidores da ação coletiva alegaram que os auditores da Parmalat deveriam ser responsabilizados pela fraude supostamente contábil.

O problema na Parmalat aconteceu logo depois dos escândalos contábeis das empresas Enron e WorldCom, que levaram a uma profunda mudança de regulação no mercado de capitais americano.

Com o colapso dessas companhias, foi criada, em 2002, a Lei Sarbanes-Oxley (SOX) [2]. A nova legislação tornou a rotina das auditorias mais rigorosa, exigiu que a administração das empresas atestasse a veracidade dos demonstrativos financeiros e impôs que determinados comitês dos conselhos de administração tivessem uma maioria de membros independentes.


[1] Isto é uma novidade. No caso da empresa hindu Samtyam a PwC alegou que não possuía responsabilidade na auditoria.
[2] O texto foi infeliz, já que o escândalo da Parmalat é de 2003.

23 novembro 2009

Madoff e Auditores

El caso 'Madoff' y los auditores
Expansión - 23/11/2009 - Lupicinio Rodríguez

El 2 de diciembre de 2001 se presentó en el estado de Texas la mayor suspensión de pagos de la historia de Estados Unidos hasta entonces. Estas quiebras y las que siguieron provocaron pérdidas multimillonarias para miles de accionistas, despidos masivos de la plantilla de trabajadores y quiebras en cascada de multitud de filiales de las compañías en el resto del mundo. Se demostró, además, en algunas de las investigaciones judiciales, la involucración fraudulenta de administradores y auditores en la presentación de una información financiera manipulada y desvirtuada.

Dos años después -en 2003- se promulgó la Ley Sarbanes-Oxley con el propósito de prohibir a los auditores la realización de numerosos servicios complementarios, extremar las reglas de conflictos de interés y reforzar las relaciones entre auditores y el comité de auditoría. A pesar de esta ley, hemos sufrido nuevas catástrofes financieras -Madoff, Lehman, Gescartera, Forum Filatélico- que han sumido a la comunidad de negocios en la gran incertidumbre y la frustración. Los auditores: Enron, Ibercorp, Parmalat, Gescartera, Forum Filatélico, no detectaron en origen, las falsedades mercantiles, la manipulación fraudulenta de valores y precios o, de manera general, la existencia de irregularidades o fraudes o los riegos latentes.

Las cifras de los últimos tsunamis son galácticas. Han trastornado el sistema financiero mundial y han abierto un proceso de progresiva intervención e incluso publicitación de la actividad financiera en la región anglosajona.

¿No pudieron los auditores -desde su marco normativo- conocer la pésima calidad de los activos subyacentes, la creditworthiness de las hipotecas subprime o de los instrumentos financieros derivados de tales hipotecas? Si no pudieron, ¿para qué sirven los auditores? Si debieron y no lo hicieron, ¿qué hacer con los auditores? Si no debieron ¿qué hacer con los reguladores?

Parece que los reguladores no fueron capaces de edificar un marco normativo que obligara a conocer el verdadero valor intrínseco de los activos y de los instrumentos financieros y, con ello, la confianza pública en los mercados y en sus reguladores/supervisores ha desaparecido.

El modelo teórico de la profesión auditora implica grandes riesgos para su independencia, honestidad y eficiencia.

Señalaré dos riesgos fundamentales: primero, la ineficacia. Los papeles de auditores son en general afirmaciones subjetivas basadas en el examen con escaso contraste real de los registros de contabilidad de la entidad auditada. A partir de estos registros y de un documento firmado por los responsables de los estados financieros de la compañía, el auditor emite una carta, dirigida al universo de stakeholders, expresando su posición.

El segundo talón de Aquiles de la función auditora atañe a sus riesgos de independencia. La incompatibilidad de auditores con otras profesiones fue ya objeto de un enérgico pronunciamiento del Consejo General de la Abogacía Española en 1997. La práctica totalidad de los informes que han atacado esta cuestión (Hempel, Winter, Cadbury o Le Portz) alertan sobre los riesgos de dependencia y subjetividad de los auditores. De la lectura de los diferentes informes y del análisis de las grandes catástrofes financieras debiera concluirse (por el legislador) que los servicios de auditoría de cuentas son incompatibles con numerosas actividades o disciplinas que realizan en la actualidad los auditores, como la asesoría jurídica, fiscal o la secretaría de sociedades.

En realidad, si se desea evitar nuevas catástrofes financieras de gran repercusión y daños a los consumidores. Debieran los auditores verificar la certeza de los papeles de trabajo sometidos a su consideración, al menos, mediante muestreos razonables. Sin una modificación radical de las normas técnicas y una fijación estricta del cuadro de actividades incompatibles, seguirán produciéndose desastres. Probablemente, la auditoría no será un servicio eficaz para la comunidad financiera si no se modifica el propio estatus de los auditores que debieran, poseer prerrogativas y disciplina similar (mutatis-mutandis) a los fedatarios o, in extremis, a los inspectores de tributos.

15 setembro 2009

Parmalat

Começa Julgamento Do Bofa Sobre Transação Da Parmalat No Brasil
DJ em Portuguese - 14/9/2009

Nova York, 14 - O processo aberto por duas empresas das Ilhas Cayman contra o Bank of America, relacionado a uma transação realizada com a subsidiária da Parmalat Finanziaria no Brasil, entrou em julgamento hoje nos EUA. As duas empresas das Ilhas Cayman, ambas em processo de liquidação, estão pedindo mais de US$ 500 milhões em danos. Um juiz distrital de Manhattan está conduzindo um julgamento de uma semana sobre o assunto.

O Bank of America sabia que as ações da unidade brasileira da Parmalat Finanziaria valiam bem menos que US$ 300 milhões quando estruturou uma transação financeira em 1999 usando duas empresas das Ilhas Cayman, afirmou J. Gregory Taylor, advogado dos dois veículos de propósito especial - a Food Holdings e a Dairy Holdings.

Em um comunicado aberto, Taylor afirmou que o banco norte-americano tinha informações que mostravam que as ações da subsidiária da Parmalat no Brasil valiam cerca de US$ 4 milhões antes de a transação ser fechada. Segundo Taylor, o banco não atualizou o valor depois de propor uma transação, em 1998, e que vários membros seniores de seu departamento de crédito rejeitaram o acordo inicial. O advogado afirmou também que o acordo foi estimulado por um ex-executivo do banco na Itália, que lucrou US$ 3,75 milhões pessoalmente com a transação.

No entanto, Joseph B, Thompkins Jr., advogado do Bank of America, afirmou que o banco foi uma das maiores vítimas da fraude da Parmalat e que a transação proposta em 1998 e a realizada em 1999 foram acordos completamente diferentes. Thompkins disse que o executivo desviou dinheiro ilegalmente, sem o conhecimento do banco.

Sob o acordo de 1999, os veículos de propósito especial venderiam notes para investidores e usariam o rendimento para comprar ações da unidade brasileira da Parmalat. As notes seriam reembolsadas após uma oferta primária de ações (IPO) da subsidiária brasileira. Nenhuma oferta pública foi realizada e a Parmalat Finanziaria, que garantiu as notes, entrou em colapso em 2003, após um escândalo de contabilidade. A companhia de laticínios foi listada novamente na Bolsa de Milão em 2005, como Parmalat SpA.

Em julho, o Bank of America aceitou pagar US$ 100 milhões para encerrar um processo judicial de 2004, aberto pela nova diretoria da Parmalat, sobre a concordata da companhia italiana. As informações são da Dow Jones. (Danielle Chaves) [ 14-09-09 1839GMT ]

29 julho 2009

Parmalat

Bank of America pagará 100 mln dlr a Parmalat por acuerdo legal
Reuters - Noticias Latinoamericanas - 28/7/2009

Bank of America Corp acordó pagar 100 millones de dólares a Parmalat SpA para resolver una demanda, que se presentó hace cinco años y en la que se acusa al banco estadounidense de ayudar a que la empresa láctea italiana escondiera sus deudas, lo que provocó su colapso en el 2003.

El pago incluye una parte en efectivo y otra que no lo es, dijo el martes el banco.

Parmalat ha presentado demandas en Estados Unidos buscando 10.000 millones de dólares de compensaciones de Bank of America , Citigroup Inc y los auditores Deloitte Touche Tohmatsu y Grant Thornton LLP.

Los detalles del acuerdo estarán disponibles una vez que se presente en la corte estadounidense de distrito del Distrito sur de Nueva York, dijo el banco en un comunicado.

Como parte del acuerdo, Bank of America retiró reclamos contra de Parmalat en Estados Unidos, y los que presentó en una corte de bancarrota de Parma, en Italia, donde tiene su sede central Parmalat.

Parmalat colapsó bajo el peso de una deuda de 14.000 millones de euros (19.900 millones de dólares), después de descubrir una hoyo de 4.000 millones de euros en su contabilidad. La empresa se reestructuró y volvió a cotizar en la bolsa de Milán en el 2005.

Enrico Bondi, presidente ejecutivo de Parmalat, recuperó varios cientos de millones de dólares de empresas a través de litigios tras el colapso.

08 junho 2009

Gol


Legislação & Tributos
Decisão do Supremo pode livrar Gol de assumir passivo da Varig
29 Maio 2009
Valor Econômico


Apesar de não ter julgado a responsabilidade da Gol Linhas Aéreas pelas dívidas trabalhistas cobradas na Justiça por ex-trabalhadores da antiga Varig, adquirida pela companhia em 2007, a decisão tomada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deverá, na prática, livrar a empresa aérea de responder por aproximadamente quatro mil processos trabalhistas. O Supremo definiu que cabe à 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde tramita o processo de recuperação judicial da antiga Varig, decidir se há ou não sucessão na venda de seus ativos à Gol. Os ministros também decidiram que é o juiz dessa vara o responsável pela habilitação dos créditos trabalhistas dos ex-funcionários da velha Varig no processo de recuperação judicial da empresa. Como a opinião do juiz Luiz Roberto Ayoub, titular da 1ª Vara Empresarial do Rio, já é conhecida no sentido de que não há sucessão no caso Varig/Gol, na prática o rumo dessas cobranças trabalhistas já fica, de antemão, conhecido.

(...) O entendimento do Supremo, para advogados especializados em falências e recuperações, foi considerado mais do que acertado. Para o advogado Julio Mandel, do escritório Mandel Advocacia, a decisão deve acabar ou ao menos reduzir a infinidade de conflitos de competência que cercam os processos de recuperação judicial atualmente - e, com isso, as diferentes decisões que poderiam ser dadas para cada trabalhador que entrasse na Justiça. "É necessário centralizar a habilitação desses créditos em um único juiz (no caso o da recuperação) para evitar que o comprador de boa-fé seja considerado sucessor por um juiz que não é do processo principal", afirma. Mandel, como advogado da Parmalat Alimentos, em processo de recuperação judicial, espera que as duas decisões do Supremo tomadas na quarta-feira e ontem (veja quadro ao lado) tenham reflexos sobre os processos que pedem a sucessão de dívidas sofridos pelas empresas que compram ativos das companhias em recuperação movidos por seus credores. (...)

O medo de empresas que adquiriram ativos de recuperandas era justamente o de que a questão da sucessão pudesse ser julgada pela Justiça do trabalho. Isso porque já é consolidado o entendimento dos juízes trabalhistas de que ocorre a sucessão quando há compra de uma empresa pela outra.

Apesar de o Supremo ter julgado os principais pontos de controvérsia da nova lei, ainda ficou em aberto a definição do que seria uma "unidade isolada produtiva". A questão, para alguns juristas, seria a única saída para que as empresas que adquirissem ativos fora desse perfil pudessem ser responsabilizadas pelos débitos trabalhistas.


(Gráfico, cotação da ação da Gol)

27 maio 2009

Falências

STF analisa hoje sucessão em nova Lei de Falências
Valor Econômico - 27/5/2009

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode definir hoje um dos pontos mais controversos da nova lei de falências. Na prática, ao julgar a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo PDT, a corte decidirá se há sucessão trabalhista na compra de ativos de empresas em recuperação judicial ou falida. O resultado da decisão, se for favorável à transmissão das obrigações trabalhistas, atingirá diretamente as empresas e negócios envolvidos em processos de recuperação judicial ou falência e as aquisições dessa natureza - como nos casos da Varig e da Parmalat, primeiras empresas a entrarem em recuperação no país. Além da Adin, também está previsto para ser julgado hoje um recurso extraordinário de uma ex-trabalhadora da Varig contra a VRG, ou a "nova Varig", adquirida pela Gol.

Nesse caso, o que o Supremo decidirá é se os processos que pedem à VRG o pagamento de dívidas trabalhistas devem ser julgados pela Justiça do trabalho ou concentrar-se na vara de falências da Justiça estadual, no caso a 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, responsável pela recuperação judicial da velha Varig e sob o comando do juiz Luiz Roberto Ayoub. (...)

25 maio 2009

Teste #78

O teste a seguir apresenta um exemplo de aplicação da análise custo-volume-lucro numa situação diária:

Você pegou um taxi no aeroporto numa cidade que você não conhece. Você deseja ir para o seu hotel. Tem-se aqui um caso de informação assimétrica. A remuneração do taxista depende inclui uma parte mais fixa e uma parte variável. O taxista pode fazer um caminho mais longo ou um caminho mais curto, para fazer mais viagens no dia. Considere que a distância entre o aeroporto e o hotel seja de 5 quilômetros, se o taxista tomar o caminho mais curto, ou 10 quilômetros, se tomar o caminho mais longo. Caso o taxista opte por fazer o caminho mais longo ele terá 15 clientes no dia; se a opção for o caminho mais curto, serão 27 clientes. Suponha também que a parte variável seja R$6,00 por quilômetro. Desconsidere os custos na sua resposta.

a) Admita que não exista uma parte fixa. Qual a decisão do taxista?
b) Suponha que em cada corrida exista uma parte fixa de R$10. Qual a decisão do taxista?
c) Qual o problema associado a questão do taxista? Qual o contrato que reduziria este problema?
d) Existe um ponto de indiferença na cobrança da parte fixa?

Resposta do Anterior: Enron Corporation – 2001; Artur Andersen – 2002; Lehman Brothers – 2008; Chrysler – 2009; Parmalat – 2003; Barings Bank – 1995. Fonte: aqui

22 maio 2009

Teste #77

As grandes falências. Associe a data com a empresa:

Falências e Concordatas:
Artur Andersen
Barings Bank
Chrysler
Enron Corporation;
Lehman Brothers
Parmalat

Ano
1995
2001
2002
2003
2008
2009

Resposta do Anterior: Fonte: Aqui, exceto o simpático Professor Larry, físico de Numb3rs.

28 abril 2009

Teste #62

Na Enciclopédia Britânica de 1911, no verbete Accountants, encontra-se a seguinte frase (tradução nossa):

Na América do Sul, contadores têm adquirido certo status na ______, ______ e ______.

Você saberia adivinhar quais são os países? Uma dica: não existe nenhum país de língua portuguesa na lista.

Resposta do Anterior: Nugan Hand Bank – Austrália; Cendant – Estados Unidos; Global Crossing – Bermuda; Ahold – Holanda; Parmalat – Itália

27 abril 2009

Teste #61

Os escândalos contábeis podem ocorrer em qualquer país. A seguir estão empresas que foram notícias sobre fraudes contábeis:

Ahold - Cendant - Global Crossing - Nugan Hand Bank - Parmalat

E aqui estão os países de origem.

Austrália – Bermuda - Estados Unidos – Holanda - Itália

Ligue uma lista a outra.

Resposta do Anterior: Contabilità – Italiano; Számvitel – Magiar; Contabilidad – Espanhol; Comptabilité – Francês; Kontado – Esperanto; Boekhouding – Holandês; Rechnungswesen – Alemão. Fonte: Wikipedia

17 março 2009

Teste #38

Grau de Dificuldade: **
Um guru foi consultado por um administrador que estava em apuros. Usando sua sapiência, o guru enviou o seguinte torpedo (SMS) pelo seu celular:

6 22492 3´ 6 734.

Resposta do Anterior: 1. Sim, Lay, executivo envolvido no escândalo da Enron, nasceu em 1942 e o handebal foi inventado na Alemanha em 1915; 2. Sim. Dennis, executivo vinculado ao escândalo contábil da Tyco, nasceu em 1946 e o autorama foi inventado em 1912; 3. Não. Tanzi, ex-executivo da Parmalat nasceu em 1938 e Valentino, ator, sex-simbol e italiano de nascimento, morreu em 1926.

08 março 2009

Uma alerta importante

(...) Existe uma visão idealizada da web como uma espécie de armazém geral do conhecimento humano, e no sentido da amplitude daquilo que se pode descobrir com uma busca aleatória no Google, isso é verdade. Mas apesar de toda essa abertura, a rede provou ser um receptáculo ineficiente para a preservação histórica, e boa parte do que ela abriga fica perdido em um labirinto de páginas alteradas, links quebrados e sites eliminados.

O diretor da British Library recentemente alertou em artigo para o jornal Observer que, se essa memória digital não for reparada, corremos o risco de "criar um buraco negro para os futuros historiadores e escritores".

(...) À medida que proporção cada vez maior de nossa memória coletiva ganha abrigo on-line, cresce o perigo de que percamos o conteúdo e contexto de eventos acontecidos até mesmo há poucos dias, quanto mais há semanas, meses ou décadas. Tente recuperar links de escândalos antigos ou imagens inconvenientes na web, por exemplo Enron, Parmalat ou outros nomes corporativos que entraram em colapso. A maior parte deles desapareceu, apesar dos esforços de sites como a Wikipedia ou Smoking Gun ou combinação de forças da blogosfera para a preservação.

O modo como a World Wide Web evoluiu ao longo dos últimos anos tornou possível deixar obscuro ou mesmo apagar fatos inconvenientes. Isso não era a intenção do inventor da web, Tim Berners-Lee, cujo objetivo era fazer com que cada endereço apontasse para uma página de dados. Em vez disso, os projetistas da rede acharam conveniente criar endereços dinâmicos que podem tornar impossível encontrar informações em uma segunda visita a um mesmo site. Vivemos em uma época em que a capacidade de registrar e preservar o que fazemos em nossas vidas nunca foi tão grande. Mas usar a web para preservar essas memórias torna mais e mais provável que as gerações futuras vejam os primeiros anos da Internet como décadas perdidas

Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8 – Reuters - Conteúdo da imprensa corre risco na web - 2/3/2009


Isto é relevante pois temos a mania de citar e usar a internet. Mas, e se um dia os computadores do Google apagarem os arquivos existentes?

15 fevereiro 2009

Auditoria e Reputação

No livro Teoria da Contabilidade afirma-se que as empresas de auditoria possuem interesse em realizar um bom trabalho para defender sua reputação. Neste sentido, preservar o “nome” da empresa de auditoria seria um motivo suficiente para a busca por um bom trabalho. Entretanto, este aspecto talvez não seja suficientemente forte num ambiente de oligopólio. Um texto a revista Business Week (For Accounting Giants, nowhere to Hide?, Nanette Byrnes & Michael Orey, 16/2/2009, 56, Volume 4119) mostra que o arranjo realizado por estas empresas pode estar com os dias contados.

Apesar das grandes empresas de auditoria (PricewaterhouseCoopers, KPMG International, a Deloitte Touche Tohmatsu e Ernst & Young) possuírem receitas de mais de 100 bilhões de dólares no ano passado, sua exposição ao risco é limitada devido ao fato de estarem constituídas como uma rede de empresas independentes. Ou seja, ações judiciais são limitadas.

Agora, dois casos podem ameaçar esta situação. Em janeiro o juiz do distrito de Nova Iorque decidiu que um júri irá analisar “se Deloitte é responsável por alegada negligência contabilidade italiano pela sua operação em 2003 o colapso do produtor de leite Parmalat”. Na terça-feira dia 17 de fevereiro, “um tribunal estadual júri, em Miami está agendado para considerar se a [empresa] baseada em Bruxelas BDO International deve ajudar a pagar de US $ 521 milhões do veredicto.”

Estes problemas acontecem num instante em que as empresas de auditoria podem enfrentar a possibilidade de assumir responsabilidade por casos como o da empresa indiana Satyam e os fundos Madoff. As empresas de auditoria estão se defendendo afirmando que são independentes.

15 janeiro 2009

Escândalo Contábil e a Contabilidade

Um novo escândalo e novamente a discussão sobre o papel da contabilidade, mais especificamente da auditoria.

O que não enxerga é o Mizaru. O que não escuta é o Kikazaru. E o que não fala é o Iwazaru. Estes são os Três Macacos Sábios esculpidos na porta do Estábulo Sagrado do templo xintoísta do século 17 que está na cidade de Nikko, Japão.

Pois já passou da hora para que as empresas de auditoria adotem os três macacos como símbolos da corporação. São tantos os casos de fraude contábil e de desastres relacionados a elas que um dia alguém precisa se perguntar para que mesmo servem os auditores.

(...) Esta é uma lambança velha de guerra. Aqui no Brasil, eles não enxergaram a megafraude que até agora não se sabe se foi de R$ 10 bilhões ou de R$ 15 bilhões, no antigo Banco Nacional que quebrou em 1986. Em 2007, o auditor Marco Aurélio Diniz, que assinou os balanços em nome da KPMG, foi condenado por omissão. No naufrágio do Banco Econômico, o auditor que até a véspera avisava que tudo ia bem a bordo era a Ernest & Young.

Atrás do escândalo Enron, em 2001, nos Estados Unidos, estava a Arthur Andersen. E foi este caso que levou o Congresso americano a aprovar novas normas contábeis, muito mais severas, que ficaram conhecidas com a Lei Sarbanes Oxley. Duas outras gigantes do ramo, a Grant Thornton e a Deloitte & Touche deixaram acontecer outra fraude e tanto, desta vez na Parmalat italiana, caso também conhecido como o Enron da Europa.

Para todos os fins, uma auditoria serve para atestar a confiabilidade dos balanços das empresas. Qualquer condomínio tem quem se encarregue da conferência das contas de responsabilidade do síndico. Se essa exigência é necessária até mesmo para organizações simples, imagine o que não seria das complexas se não houvesse gente capacitada para aferir essa numerália toda.

Nesta crise foram inúmeros os casos em que os dados constantes nos balanços de tantos bancos, seguradoras, sociedades de crédito imobiliário, fundos de investimento, etc. foram escrutinados por auditores e que depois se revelaram nem um pouco confiáveis. Eles não enxergaram nem relataram, por exemplo, que os bancões e outras instituições dos Estados Unidos e do resto do mundo estavam excessivamente alavancados e que, por isso, trilhões de dólares corriam risco de virar pó, como depois viraram.

Os cartolas da contabilidade vão recitar o mantra de sempre: que todas as normas e procedimentos da profissão foram religiosamente cumpridos.

Mas, se é assim, para que servem eles se os atestados que assinam não valem nada? Os três macacos pelo menos são mais sinceros. Dizem que enxergar, ouvir e falar não é com eles.

Mizaru, Kikazaru e Iwazaru
O Estado de São Paulo - 15/01/2009

13 janeiro 2009

Caso Parmalat

Deloitte entra em acordo com CVM sobre caso Parmalat
Valor Online
08/01/2009 20:41

A auditoria independente Deloitte e seus sócios Wanderley Olivetti e Michael John Morrel firmaram um acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e vão pagar um total de R$ 400 mil para encerrar um processo administrativo em função do caso Parmalat. Desse total, R$ 300 mil são relativos à Deloitte e R$ 50 mil à cada executivo.

De acordo com comunicado divulgado pela autarquia, a auditoria, que prestava serviços de auditoria independente para a Parmalat, era acusada no processo de não ter emitido, no período de 2000 a 2003, os pareceres e os relatórios de revisão especial de acordo com as normas contábeis vigentes. Os dois sócios também tinham sido acusados no processo porque eram os responsáveis pela emissão dos pareceres de auditoria e relatórios de revisão especial em questão.

Como a diretoria colegiada da CVM aceitou a proposta de termo de compromisso, os processos e as acusações ficam suspensos em relação aos que firmaram o acordo. Após o cumprimento dos termos do acordo, o processo é extinto. A Parmalat Alimentos (que era a empresa operacional) e a Deloitte eram partes do mesmo processo administrativo, aberto pela CVM em 2005, após um inquérito que apurou irregularidades no processo de reestruturação da Parmalat Brasil S/A, iniciado em 2000. Em 2003, ocorreu o pedido de concordata da companhia.

A Deloitte já tinha feito uma proposta anterior, de pagar um total de R$ 50 mil para fechar o termo, porém os diretores da autarquia rejeitaram, em outubro do ano passado. A auditoria alegou à CVM que a empresa auditada, a Parmalat, já havia feito um acordo com a autarquia, no valor de R$ 70 mil. Depois da rejeição da primeira proposta, o comitê de termos de compromisso da CVM iniciou um processo de negociação com a Deloitte e o valor final foi acertado em R$ 400 mil.
(...)
(Catherine Vieira | Valor Econômico, para o Valor Online)

09 janeiro 2009

Partes relacionadas

Transparência para contratos
06/01/2009 - Valor Econômico

A relação é direta: quanto pior a governança de uma companhia, maior a chance de existirem mais e maiores transações com empresas do mesmo grupo ou ligadas ao controlador, ou ainda com seus administradores. A conclusão é de um estudo recente realizado por professores da Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), a primeira pesquisa acadêmica brasileira sobre a questão.

Essas operações, os chamados contratos com partes relacionadas, podem até ser mais eficientes do ponto de vista econômico - afinal, parece mais seguro fechar um negócio com quem se conhece. No entanto, elas embutem grandes tentações e podem representar uma fonte de desvio de riqueza da companhia para a outra parte envolvida nessas transações, seja o controlador, sócio relevante ou um administrador.

"Diversos escândalos [empresariais] desta década destacaram a importância dessas transações", diz o estudo do professor Alexandre Di Miceli, da Faculdade de Economia da USP e coordenador do Centro de Estudos em Governança (CEG), da Fipecafi. Esses contratos foram, pelo menos de alguma forma, responsáveis por casos como Enron, Worldcom, Parmalat e, no Brasil, Agrenco. Por isso, o assunto é polêmico no mundo inteiro.

"Não dá para dizer que é uma pesquisa conclusiva, mas os dados quantitativos apontam que as operações são mais comuns e maiores nas companhias com menos governança", afirmou Di Miceli. "Além disso, quem usa mais têm múltiplos [indicadores de preço de ação] menores", completou, explicando que isso pode indicar que o mercado atribui um desconto para as companhias que se utilizam demais desses contratos. (...)


Um grande problema com as pesquisas nesta área refere-se a mensuração da governança corporativa. Isto, obviamente, não invalida o estudo. Pelo contrário.

19 dezembro 2008

Executivo da Parmalat condenado

Tanzi, ex-Parmalat, é condenado à prisão
Gazeta Mercantil - 19/12/2008

Calisto Tanzi, ex-dono do grupo italiano Parmalat, cuja quebra no fim de 2003 e deixou um rombo de mais de 14 bilhões de euros, foi condenado ontem a dez anos de prisão por um tribunal de Milão, anunciou a imprensa local. Na segunda-feira, a promotoria havia pedido 13 anos de prisão para Tanzi, alegando que não deveria se beneficiar de circunstâncias atenuantes. O fundador da Parmalat era processado por manipulação de cotações na Bolsa, cumplicidade na falsificação de balanços com auditores de contas e obstrução às auditorias.

Escândalo financeiro

Esse é o primeiro julgamento no caso da bancarrota do gigante do setor de alimentos, um dos maiores escândalos financeiros dos últimos anos na Europa.

No Natal de 2003, a Parmalat admitiu ter um rombo de 3,95 bilhões de euros em sua contabilidade e pouco tempo depois a empresa entrou com um pedido de concordata. Após este pedido, foram descobertos os rombos.

O escândalo pela quebra da Parmalat bateu recordes em perdas e passou a ser considerado o "Enron europeu", numa comparação com o caso relacionado ao maior desfalque financeiro ocorrido nos Estados Unidos.

O valor do "rombo" descoberto em dezembro de 2003 após uma série de fraudes contábeis foi de 14,27 bilhões euros. O escândalo financeiro fez com que 135 mil investidores italianos perdessem suas aplicações em ações da Parmalat.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(AFP)

07 outubro 2008

Prisão na Parmalat


Promotores pedem 13 anos de prisão para ex-presidente
Reuters - 7/10/2008
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro

Promotores italianos pediram pena de prisão por 13 anos para o antigo presidente da companhia de alimentos Parmalat ontem, depois do colapso da companhia em 2003, em um dos maiores escândalos financeiros da Europa.

O executivo Calisto Tanzi está entre oito antigos executivos e banqueiros envolvidos no processo em Milão. A promotoria afirmou que Tanzi era "o centro, que cobriu a todos" no caso.

Os promotores pedem penas que vão de três anos e seis meses a seis anos de detenção para os outros acusados, incluindo três antigos executivos do Bank of America. Eles pedem multa de 300 mil euros (408 mil dólares) e o confisco de 600 mil euros da auditoria Italaudit, cujo nome anterior era Grant Thornton. Esta é a primeira vez que os promotores desse processo recomendam a prisão de Tanzi. Veredito ao caso não é esperado em meses. A Parmalat sucumbiu em 2003 com rombo de 14 bilhões de euros em sua contabilidade.