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12 agosto 2025

AGI e o ensino superior

Eis uma consequência não prevista da AGI (Inteligência Artificial Geral):

Outros estudantes têm medo da AGI não pela possibilidade de destruição da humanidade, mas por representar uma ameaça às suas carreiras antes mesmo que elas comecem. Metade dos 326 alunos de Harvard entrevistados por uma pesquisa da associação estudantil e do clube de segurança em IA da universidade disseram estar preocupados com o impacto da IA no mercado de trabalho.

“Se sua carreira pode ser automatizada até o fim dessa década, cada ano na faculdade é um ano a menos de uma carreira já curta”, afirmou Nikola Jurković, que se formou em Harvard em maio e liderava a área de preparação para inteligência artificial geral no grupo estudantil. “Acredito pessoalmente que a AGI pode surgir em cerca de quatro anos e que a automação total da economia pode acontecer em cinco ou seis.”

Não creio que isto seja aplicável ao Brasil, muito embora o número de alunos que estão entrando parece ter reduzido, mas por outros motivos.  

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: aqui

11 agosto 2025

Como o escopo 3 afetou as empresas


O resumo é promissor, mas o artigo completo só comprando. 

Examinamos se a ameaça de exigir a divulgação das emissões do Escopo 3 aumenta a preferência das empresas afetadas por um maior controle sobre a produção e as emissões de GEE, tornando menos desejável a terceirização para países estrangeiros. Usando o pedido de comentários da SEC, em março de 2021, sobre divulgações relacionadas ao clima como um choque na probabilidade de que as divulgações do Escopo 3 fossem exigidas, constatamos que as empresas afetadas reduzem as importações em relação às não afetadas. A redução é concentrada nas empresas para as quais a divulgação do Escopo 3 provavelmente é mais onerosa e naquelas com maior capacidade de reduzir a terceirização no exterior. Além disso, a redução é mais acentuada entre empresas que enfrentam pressões de divulgação do Escopo 3 por parte da UE e da Califórnia. Por fim, encontramos algumas evidências de que as empresas afetadas aumentam a produção interna e melhoram seus esforços ambientais. Coletivamente, nossos resultados sugerem que a ameaça de divulgações do Escopo 3 induz mudanças reais nas decisões corporativas.

Há uma versão anterior aqui . Imagem criada pelo GPT

 

Automação inteligente de processos


A automação inteligente de processos (IPA) representa uma abordagem transformadora que combina automação robótica de processos (RPA), inteligência artificial (IA) e outras tecnologias avançadas para otimizar processos de negócios complexos.

A IPA significa um grande avanço para as tecnologias de automação. Por exemplo, um sistema de IPA pode analisar constatações históricas de auditoria, orientações regulatórias atuais e fatores de risco específicos de um cliente para sugerir abordagens de teste adequadas a um trabalho de auditoria — um nível de assistência que vai muito além do que a RPA pode oferecer. Essa capacidade de apoiar o julgamento profissional representa uma mudança fundamental na forma como as tecnologias de automação podem atender aos profissionais de contabilidade.

A integração da IA generativa dentro do framework de IPA diferencia ainda mais essa abordagem das anteriores. Enquanto a automação tradicional executa processos existentes, a IPA com recursos generativos pode ajudar a projetar novos processos, redigir comunicações profissionais, gerar estruturas analíticas e criar modelos de documentação adaptados a situações específicas de clientes. Essa dimensão criativa permite que a IPA atue tanto como ferramenta de implementação quanto como parceira criativa na prestação de serviços profissionais.

Imagem aqui . Resumo do artigo publicado no Journal of Accountancy

IA e a contabilidade: um estudo nas práticas contábeis da Arábia Saudita

A inteligência artificial (IA) está transformando a contabilidade por meio da automação de processos, do aumento da eficiência operacional e da maior precisão na elaboração de relatórios financeiros, na prevenção de fraudes e na execução da conformidade regulatória. Este artigo explora as oportunidades e os desafios da adoção da IA nas práticas contábeis da Arábia Saudita, alinhadas aos objetivos tecnológicos da Visão 2030. Utilizando questionários estruturados e modelagem de equações estruturais baseada em compósitos (SEM) com a abordagem ADANCO, a pesquisa avalia o conhecimento, as atitudes e as práticas (KAP) de acadêmicos de contabilidade em relação à IA. O estudo mostra o potencial da IA para otimizar operações, executar tarefas que exigem alto nível de conhecimento e combater atividades fraudulentas. O sucesso da implementação depende de programas educacionais direcionados, de regulamentações robustas e de avaliações éticas para lidar com riscos como vieses algorítmicos, deslocamento da força de trabalho e questões de integridade. A pesquisa revela uma ligação direta entre as perspectivas educacionais sobre IA e sua aplicação prática, enfatizando o papel de profissionais capacitados na promoção de avanços industriais positivos. Recomenda-se fomentar a alfabetização em IA, promover a igualdade socioeconômica na adoção e criar ambientes de aprendizagem sustentáveis. Essas percepções oferecem orientações práticas para acadêmicos, profissionais, organizações e formuladores de políticas enfrentarem o papel em evolução da IA, mantendo padrões éticos. A integração ampliada da IA na contabilidade permitirá que a Arábia Saudita cumpra as metas da Visão 2030 e se torne uma referência em desenvolvimento tecnológico sustentável e centrado no ser humano na área.

O artigo pode ser baixado aqui . O artigo parece ser interessante, mas o mapa de caminhos parece gerado por uma IA:


 

IA e Big Four

Não há dúvida de que a chegada da Inteligência Artificial (IA) afetará a contabilidade. Uma tecnologia como essa tende a alterar o mercado, fazendo surgir novos concorrentes — inovadores e ágeis — e desafiando empresas já estabelecidas.

Veja o caso das empresas de auditoria. Se, no início, predominavam firmas de pequeno porte, a concentração do setor criou, inicialmente, as Big Eight. Com as fusões e a falência da Andersen, restaram apenas quatro grandes empresas. E então surge a IA.

Será que essas gigantes conseguirão ganhar terreno nessa tecnologia? O site Going Concern considera que, por serem grandes, burocráticas e lentas, podem enfrentar desvantagens. Empresas menores de auditoria poderiam se adaptar mais rápido e encontrar, com maior agilidade, alternativas tecnológicas. A “solução Google” pode estar à vista: quando não se é suficientemente ágil, adquirem-se as ameaças potenciais.

Apesar da posição do Going Concern, creio que ainda não será desta vez que veremos a destruição do oligopólio.

 

10 agosto 2025

História da contabilidade: Tesoureiro


Obviamente, não queremos aqui dizer que a ocupação de tesoureiro seja igual ao que conhecemos hoje como contador. Na verdade, o termo thesoureiro corresponde ao mesmo tesoureiro de nossa época, ao contrário dos termos “guarda-livros” ou “contador”. Mas, em torno do tesoureiro, havia alguns outros termos similares ou próximos, que os dicionários de antigamente procuravam especificar.

Um deles é “guarda-mor”, que, segundo Figueiredo (p. 983), corresponde a um empregado superior de algumas repartições públicas e tribunais. Fica a dúvida, para pesquisa futura, se “guarda-mor” poderia ser uma espécie de tesoureiro.

Outra palavra que parece ter relação com “tesoureiro” é “fiel” ou “fiel do armazém”. O mais antigo dicionário, Moraes (p. 638), indica ser um oficial que vigia sobre a exatidão dos pesos e, ao mesmo tempo, uma pessoa de confiança, “de quem se fia”. Já Aulete (p. 795) define como oficial público que tem a seu cargo algum depósito de gêneros ou de dinheiro, complementando como “ajudante de tesoureiro”. Finalmente, Figueiredo (p. 876) registra: empregado que tem a seu cargo a guarda de gêneros, papéis ou dinheiro, também com a indicação de que pode ser ajudante de tesoureiro.

Chegamos então ao termo “tesoureiro”. Segundo Moraes (p. 458), é o “guarda do tesouro”. Ele também indica “thesourado”, que seria o ofício do tesoureiro. E “tesouro” seria a área onde se guardam dinheiro, joias e preciosidades, bem como “multidão de dinheiro” ou “burra”.

Aulete (p. 1753) define “tesouraria” como escritório de bancos, companhias etc., onde se operam transações monetárias, e também como o cargo ocupado pelo tesoureiro. Este seria a pessoa “que guarda o tesouro ou cofre de uma associação; o indivíduo que tem a seu cargo fazer todas as operações monetárias de um banco, de uma companhia etc. [há também tesoureiro pagador]”.

Figueiredo (p. 1943) detalha um pouco mais. “Tesouraria” seria:

Casa ou lugar onde se guarda ou administra o tesouro público. Repartição onde funciona o tesoureiro. Escritório de companhia ou casa bancária, em que se realizam transações monetárias.

E “tesoureiro” é:

Empregado superior da administração do tesouro público. Aquele que é encarregado das operações monetárias numa casa bancária, companhia, associação etc.

É interessante notar que o mesmo Figueiredo, na página 1942, apresenta o termo “tesoiraria”:

f. O mesmo que tesoirado. Casa ou lugar onde se guarda ou administra o tesoiro público. Repartição onde funciona o tesoireiro. Escritório de companhia ou casa bancária, em que se realizam transacções monetárias.

Da mesma forma, há “tesoireiro”:

m. Guarda de tesoiro. Empregado superior da administração do tesoiro público. Aquele que é encarregado das operações monetárias numa casa bancária, companhia, associação etc. (Do lat. thesaurarius)

Citando aqui o grande Machado de Assis:

Assim, pois, esta irmandade tem um tesoureiro para recolher o dinheiro, um procurador para ir cobrá-lo e um meirinho para compelir os remissos.
(Balas de Estalo — Texto-fonte: Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Vol. III, 1994. Publicado originalmente na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, de 02/07/1883 a 04/01/1886.)


Referências

Aulete, F. J. C. (1881). Diccionario contemporaneo da lingua portugueza. Lisboa: Imprensa Nacional.

Figueiredo, C. de. (1913). Novo diccionario da língua portugueza (10ª ed.). Lisboa: Livraria Editora.

Moraes Silva, A. de. (1789). Diccionario da lingua portugueza (2ª ed.). Lisboa: Typographia Lacerdina.

Assis, M. de. (1994). Balas de Estalo. In Obra completa (Vol. III). Rio de Janeiro: Nova Aguilar. (Publicado originalmente na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, de 02/07/1883 a 04/01/1886).

(Para fins desta postagem, adaptei a ortografia da época para facilitar a compreensão do leitor.)