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25 julho 2025

Emprego e uso da tecnologia


Isso é especialmente verdadeiro para os empregos que exigem o uso rudimentar de tecnologia. Até bem recentemente, muitas pessoas só conseguiam aprender a lidar com um computador frequentando uma universidade. Agora, todos têm um smartphone, o que significa que os não graduados também são hábeis com tecnologia. As consequências são claras. Em quase todos os setores da economia, os requisitos educacionais estão se tornando menos rigorosos, segundo o site de empregos Indeed. A indústria de serviços profissionais e empresariais dos Estados Unidos emprega hoje mais pessoas sem formação universitária do que há 15 anos, mesmo havendo menos pessoas desse perfil disponíveis.

Isso é da The Economist (via aqui). Mas há ainda uma qualidade diferenciada entre o verdadeiro profissional e o amador com um telefone e um app. Mas o "olho" tem dificuldade em diferenciar um de outro. Ah, isso inclui produzir textos jornalísticos, como da The Economist. Foto: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Vai piorar. Fonte: aqui

24 julho 2025

Risco da natureza é risco financeiro


Esses investidores, ao contrário dos fundos de hedge ou das firmas de private equity, adotam uma visão geracional sobre os ativos que administram. Eles não podem se dar ao luxo de ignorar o vínculo inextricável entre a estabilidade financeira global e a estabilidade ambiental, uma consciência refletida em novas iniciativas como a Debt Suspension Clause Alliance e o Global Hub for Debt Swaps for Development. Embora alguns afirmem que considerar as mudanças climáticas representa um “desvio de missão” (mission creep) para gestores financeiros globais como o Fundo Monetário Internacional, investidores de referência reconhecem que os riscos relacionados à natureza e ao clima se materializarão em choques de curto e médio prazo, afetando todos os aspectos da economia global.

Continue lendo aqui 

Tema de pesquisa e influência de fatores ambientais: o caso do gênero

Em um artigo publicado na American Economic Review, as autoras Francesca Truffa e Ashley Wong argumentam que fatores ambientais amplos influenciam significativamente a escolha dos cientistas sobre quais tópicos pesquisar. Elas demonstram que, à medida que as mulheres passaram a representar uma parcela maior dos corpos estudantis de graduação nos Estados Unidos ao longo do século XX, as pesquisas sobre temas relacionados a gênero aumentaram nas ciências — uma tendência impulsionada principalmente por pesquisadores homens já estabelecidos.

O gráfico mostra a proporção de diplomas de bacharel concedidos a mulheres (linha amarela, eixo direito) e a média de artigos relacionados a gênero publicados em cada universidade (linha azul, eixo esquerdo).

No início do século XX, as mulheres recebiam apenas 20% dos diplomas de bacharelado, enquanto as pesquisas relacionadas a gênero eram praticamente inexistentes. Entre 1900 e 1940, ambas as tendências cresceram de forma constante, mas caíram significativamente logo após a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1960, ambas passaram a aumentar de forma acentuada e, em 2015, as mulheres conquistavam 57% dos diplomas de bacharel, enquanto as pesquisas relacionadas a gênero representavam mais de 8% de todas as publicações universitárias.

A forte correlação — que as autoras reforçam com métodos estatísticos mais robustos — indica que, à medida que as universidades se tornaram mais diversas em termos de gênero, as questões estudadas pelos cientistas tornaram-se mais sensíveis a temas relacionados a gênero. Embora parte do aumento se explique pela maior presença de pesquisadoras na academia, as autoras argumentam que pesquisadores homens já estabelecidos foram os principais responsáveis, em razão de sua maior exposição à diversidade.

As conclusões sugerem que iniciativas de diversidade não apenas promovem equidade, mas também criam ambientes onde interações com estudantes e colegas mais diversos geram dividendos científicos.

 Fonte: aqui.

Acho possível fazer uma revisão das pesquisas na área contábil e ter a mesma constatação: com o aumento das mulheres na pós-graduação (e também na graduação) nas últimas décadas, aumentou também o tema gênero na pesquisa.  

Google encerra serviço de encurtamento de URLs


Eis a notícia que li no Boing Boing

O Google anunciou que encerrará seu serviço de encurtamento de URLs goo.gl em agosto de 2025, alegando que gerenciar ferramentas perfeitamente funcionais é “entediante”. Empresas e usuários que dependem desses links precisarão encontrar alternativas antes que o serviço seja completamente desativado.

Essa é mais uma jogada no histórico do Google de lançar serviços, fazer com que as pessoas integrem esses produtos, e depois encerrá-los abruptamente — como fez com o Google Reader em 2013. 

O mais engraçado é que ao ChatGPT que fizesse a tradução do texto para postar no blog, além de fazer o serviço, o GPT disse:

Se quiser, posso sugerir ferramentas alternativas para substituir o goo.gl. Quer que eu inclua isso? 

Amo a concorrência.  

Greenpace


A notícia é de março, mas o efeito será a longo prazo. Um júri de nove pessoas em Mandan, Dakota do Norte, condenou o Greenpeace a pagar mais de US$ 660 milhões em danos à empresa Energy Transfer, responsável pelo gasoduto Dakota Access Pipeline. As acusações incluíram difamação, invasão de propriedade, incômodo e conspiração civil relacionadas às protestos realizados entre 2016 e 2017 junto à reserva Sioux de Standing Rock

A maior parte da multa — cerca de US$ 404 milhões — recai sobre o Greenpeace USA, enquanto Greenpeace International e Greenpeace Fund têm de pagar US$ 131 milhões cada. A organização planeja recorrer, denunciando o processo como uma manobra legal para silenciar ativismo e alertando sobre precedentes perigosos que podem atingir o direito à livre expressão

Tenho a impressão que a chance de redução da multa ou seu cancelamento é real. Mas é algo que pode afetar as operações do Greenpeace nos EUA. O caso pode ser acompanhado no site da organização.

Princípio da piranha


Quando você pesquisa na Wikipedia a lista de heurísticas e vieses, o número existente é enorme. Vide, por exemplo, esta lista aqui. O estudo do comportamento humano é bastante complexo, e já sabemos que entendê-lo será sempre uma tarefa árdua. Um único viés não explica tudo o que sabemos sobre o conservadorismo, por exemplo. É certo que ajuda a compreender, mas nem sempre esses efeitos são significativos.

Há muito tempo existe uma crítica aos grandes efeitos e à sua consistência. Os “empurrões” (nudges) são contestados exatamente por prometerem soluções — inclusive para políticas públicas — que podem não ser relevantes no longo prazo.

Alguns acreditam, antes de tudo, no chamado princípio da piranha (foto). A explicação é a seguinte: em pesquisa social, há numerosos efeitos grandes e consistentes, mas muitos atuam de forma independente. Isso pode significar que, na prática, poucos efeitos realmente funcionam. E o mais relevante: as interações podem cancelar esses efeitos.

O nome vem do mito popular segundo o qual, em um tanque de piranhas, os animais se devorariam, sendo uma analogia ao autocancelamento dos efeitos. Em síntese, o princípio demonstra que, nas ciências sociais, não se pode simplesmente acumular explicações fragmentadas com grandes efeitos sem considerar interações ou contextualizações — criticando o modelo de “botão de reação” presente em muitas disciplinas.