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13 abril 2025

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Mautz

Mautz, Robert Kuhn (1915-2002) Robert K. Mautz contribuiu significativamente para a educação contábil e para o fortalecimento da interação entre essa área e a profissão de auditoria. Ele obteve seu bacharelado pela University of North Dakota em 1937, e seu mestrado e doutorado em contabilidade pela University of Illinois em 1938 e 1942, respectivamente. O programa de doutorado em contabilidade da universidade havia sido criado recentemente [vide Littleton] e foi o primeiro do mundo. Mautz elevou muito a reputação do programa, tanto como aluno quanto posteriormente, por seu papel de liderança no ensino de cursos e na orientação de dissertações.

Mautz atuou no escritório de Chicago da firma Haskins and Sells, antes e depois de seu serviço militar. Ele também teve dois anos de experiência em auditoria com a Alexander Grant and Company, também em Chicago. Em 1948, aceitou o convite para retornar ao Departamento de Contabilidade da University of Illinois, onde permaneceu até 1972, aposentando-se como professor titular. De 1972 a 1978, foi sócio da Ernst and Ernst. Em 1979, tornou-se diretor do Paton Accounting Center e professor de contabilidade na University of Michigan, cargo que ocupou até sua aposentadoria em 1985.

Durante toda sua carreira produtiva, Mautz manteve e desenvolveu estreitos vínculos com a profissão de auditoria. Participou ativamente de associações profissionais de contabilidade, como o American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), o Financial Executive Institute e o U.S. General Accounting Office. Foi escolhido por seus colegas como editor da revista Accounting Review entre 1958 e 1961. Atuou em diversas comissões e conselhos relevantes de entidades acadêmicas e profissionais, incluindo o Conselho Diretor do AICPA, o Cost Accounting Standards Board, o Financial Accounting Standards Advisory Committee e a SEC Practice Section do Public Oversight Board.


Mautz fez inúmeras contribuições à literatura contábil, especialmente nas áreas de contabilidade financeira e auditoria. Seus escritos vão desde a busca por postulados e princípios contábeis (1965) até o tema de relatórios diversificados (1968). Um de seus trabalhos pioneiros, em coautoria com Hussein A. Sharaf, da Universidade do Cairo, foi a monografia The Philosophy of Auditing, publicada em 1961 pela American Accounting Association, considerada uma das principais análises filosóficas da auditoria. Outros de seus trabalhos importantes abordaram temas como comitês de auditoria corporativa (Corporate Audit Committees, 1970) e controle interno (Internal Control in U.S. Corporations: The State of the Art, 1980). Seus textos são notáveis pela clareza e concisão. Aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar com ele destacam sua dedicação, franqueza e disposição em ajudar colegas mais jovens, especialmente em suas primeiras experiências de pesquisa.

Por suas inúmeras contribuições à educação e à profissão contábil, Mautz recebeu diversos dos mais altos reconhecimentos, como a Medalha de Ouro do AICPA por Serviços à Profissão, em 1979, sua inclusão no Accounting Hall of Fame em 1978, e a presidência da American Accounting Association em 1965.

Verbete escrito por Vernon K. Zimmerman para The History of Accounting. Ver mais aqui e aqui

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Littleton

A.C. Littleton (1886–1974) [Ananias Charles Littleton] deixou o cargo de jovem telegrafista ferroviário para ingressar na área da educação contábil e se tornou um dos principais protagonistas no desenvolvimento da contabilidade e do ensino contábil nos Estados Unidos e no cenário internacional. Formou-se na Universidade de Illinois em 1912 com um diploma em administração de empresas, com ênfase em contabilidade -na época ainda não existia um curso específico na área. Após um curto período atuando como auditor em Chicago, na empresa Deloitte, Plender, Griffiths and Company, retornou ao seu antigo campus em 1915 como instrutor de contabilidade. Encontrou na docência uma experiência estimulante e tornou-se um dos professores pioneiros de contabilidade nos EUA entre 1915 e 1952.

Sua influência no ensino da contabilidade se evidencia principalmente por sua atuação pioneira e criativa na educação de pós-graduação. Littleton preparou o primeiro curso de contabilidade em nível de pós-graduação da instituição, nos anos 1920. O curso teve sucesso acadêmico. A disciplina original de teoria contábil foi subdividida em teoria e história contábil, e essa divisão continuou com o surgimento de novos temas. Até sua aposentadoria, em 1952, a marca de Littleton esteve presente em todos os cursos de pós-graduação em contabilidade da universidade.

Obteve um mestrado em economia em 1918, também pela Universidade de Illinois, algo incomum, na época, para membros do corpo docente. Conclui em 1934 o doutorado em economia. Sua tese, Accounting Evolution to 1900, publicada em 1933, foi amplamente aclamada e continua sendo uma das principais obras da história da contabilidade.

Littleton dominou a orientação de teses na Universidade de Illinois. Das 225 teses de pós-graduação concluídas entre 1913 e 1952, orientou 76 delas (34%). No caso das teses de doutorado, sua influência foi ainda maior: orientou 24 das 26 concluídas durante sua permanência no departamento. Foi também provavelmente o principal responsável por conceber e promover, até sua aceitação acadêmica, o primeiro programa de doutorado em contabilidade do mundo. O primeiro aluno concluiu o curso em 1938.

Seus hábitos de leitura ampla e reflexão constante o levaram naturalmente à valorização da publicação científica, em um momento em que a contabilidade ainda tinha poucos veículos de divulgação. Atuou como editor da Accounting Review por vários anos e publicou numerosos artigos ao longo de sua carreira. Foi autor ou coautor de seis livros sobre teoria contábil. Sua obra conjunta com o professor da Universidade de Michigan, William Andrew Paton, An Introduction to Corporate Accounting Standards (1940), continua sendo uma referência essencial na teoria contábil moderna. Escreveu também a monografia Structure of Accounting Theory (1953), publicada pela American Accounting Association (Monografia nº 5). No total, publicou mais de 100 artigos em periódicos contábeis e empresariais.


Ao longo de sua carreira como educador, Littleton defendeu ideias que considerava fundamentais para que a contabilidade se tornasse um instrumento mais eficaz para os negócios. Foi um defensor do conceito de custo histórico, embora nem todos concordassem com ele. Por ter vivido tanto os anos de euforia dos anos 1920 quanto a crise dos anos 1930, compreendia - talvez mais do que os contadores contemporâneos - os impactos da inflação e da deflação sobre a economia e os demonstrativos contábeis. O conceito de custo histórico permanece como base da contabilidade contemporânea, ainda que tenha passado por modificações e propostas de expansão, visando refletir melhor as mudanças no poder de compra.

Além disso, em seus textos e palestras, Littleton defendia o papel central da determinação do resultado na teoria contábil. Acreditava fortemente nos procedimentos de alocação de custos, o que o levou, junto a Paton, à formulação do conceito de matching — ou seja, a correspondência entre custos e receitas —, que continua sendo um dos pilares da contabilidade. Para ele, a estrutura da teoria contábil deveria se basear em princípios derivados de forma indutiva, a partir da experiência e da prática, o que também permanece como uma ideia relevante nos debates atuais da área.

Littleton foi um dos primeiros a entrar no Accounting Hall of Fame (Galeria da Fama da Contabilidade. às suas ideias. Poucos contribuíram tanto para a educação contábil quanto ele.

Adaptado do verbete escrito por Vernon K. Zimmerman, The History of Accounting

Leia aqui

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Fonte: aqui.

Mestrado e Doutorado em Educação na UnB - 2025


Estão abertas as inscrições para a seleção de candidatos aos cursos de Mestrado Acadêmico e Doutorado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Universidade de Brasília (UnB), com ingresso no segundo período letivo de 2025.


NÚMERO DE VAGAS

Mestrado: 33 vagas

Doutorado: 40 vagas


LINHAS DE PESQUISA

Políticas públicas e gestão da educação – POGE

Educação e Diversidade na Infância, Juventude e Vida Adulta - EDIJA

Pedagogia, Formação Docente, Currículo e Avaliação – PDCA

Educação Matemática - EDUMAT

Educação, Tecnologias e Comunicação - ETEC

Educação Ambiental, do Campo, Indígena, Quilombola e das Relações Étnico-Raciais – EACQREs



INSCRIÇÕES

De 07 de abril de 2025 (a partir das 18h) até 07 de maio de 2025 (até as 22h).
As inscrições devem ser realizadas exclusivamente pelo sistema eletrônico da UnB:  

Edital completo: aqui.

12 abril 2025

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Kohler

Eric Louis Kohler (1892–1976) - Quando o governo dos Estados Unidos decidiu distribuir recursos para os países europeus após a segunda guerra mundial, o gestor do que ficou conhecido como Plano Marshall, Paul Hoffman, escolheu Kohler para ser o controlador dos recursos. Kohler já era considerado “a consciência da profissão contábil americana” e conseguiu manter o plano longe dos escândalos. Foram mais de 20 bilhões de dólares, uma quantia enorme para época, durante anos e para vários países. 

Kohler foi o único presidente da American Accounting Association (AAA) eleito por duas vezes (1936 e 1946) e editor do Accounting Review por mais tempo do que qualquer outra pessoa (1928–1942). Por meio de suas ações e escritos, ele impactou profundamente não apenas o pensamento e a prática contábil, mas também as instituições da área, especialmente durante as décadas de 1930 e 1940. Nesse tempo, seu principal interesse era a necessidade de uma declaração autoritativa de princípios e normas fundamentais de contabilidade que sustentassem os relatórios financeiros corporativos.

Esse interesse foi vigorosamente expressado em seu editorial polêmico de 1934 no Accounting Review, intitulado “A Nervous Profession, Standards Must Come” (“Uma Profissão Nervosa: Normas Devem Surgir”), no qual Kohler demonstrou sua falta de confiança no American Institute of Accountants (AIA, atualmente AICPA — American Institute of Certified Public Accountants) e conclamou a American Association of University Instructors in Accounting (atualmente AAA) a liderar a formulação de um corpo de princípios e normas contábeis. 


Esse movimento se materializou, por exemplo, com a publicação no Accounting Review de junho de 1936 do documento “Tentative Statement of Accounting Principles Affecting Corporate Reports” (“Declaração Provisória de Princípios Contábeis que Afetam os Relatórios Corporativos”), redigido pelo recém-criado Comitê Executivo da AAA. Tal documento representava uma tentativa de criar uma declaração unificada (embora compacta) de princípios contábeis.

O monumental Dictionary for Accountants de Kohler também foi concebido nesse mesmo espírito de definição de padrões. O esforço subsequente de Kohler para definir termos contábeis se estendeu por muitos anos e passou a ser influenciado pela torrente de avanços científicos, tecnológicos e metodológicos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial. 

Os efeitos desse trabalho continuam presentes nos períodos seguintes. Há extensas citações a esse dicionário como fonte das definições utilizadas no Statement of Accounting Standards No. 1.

Kohler enxergava a contabilidade e a divulgação contábil como instrumentos relevantes de controle social (ou autocontrole). Isso o levou a enfatizar o uso de termos e conceitos contábeis relativamente simples, mas abrangentes e claramente expressos, assim como sua defesa do custo histórico como base para as divulgações contábeis.

Baseado no texto de W.W. Cooper para o The History of Accounting

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Gantt

Henry Laurence Gantt (1861–1919) - O engenheiro industrial americano Henry Laurence Gantt fez contribuições notáveis para a análise contábil durante seu período formativo. Colega e discípulo de Frederick Winslow Taylor, Gantt via o orçamento como um meio de atribuir responsabilidades e medir o desempenho, e não apenas como uma forma de limitar os gastos. Ele foi pioneiro no uso de recursos visuais para planejar e controlar operações. O Gráfico de Gantt, precursor da Técnica de Avaliação e Revisão de Programas (PERT), era uma representação gráfica que permitia aos gestores visualizar o andamento do trabalho e tomar ações corretivas para manter os projetos dentro do cronograma e do orçamento.


Somente após Taylor, Gantt e outros especialistas em eficiência realizarem estudos de tempos e movimentos e testes de cada operação nas fábricas é que os padrões de custo puderam ser calculados cientificamente.

Em 1915, Gantt analisou problemas da contabilidade de custos relacionados ao tempo ocioso, à alocação de custos indiretos e à definição de custos padrão. Ele popularizou a ideia de que o tempo ocioso representava uma perda, e não um custo legítimo de produção. Gantt defendia a alocação proporcional dos custos indiretos com base na capacidade normal e considerava os custos históricos dos produtos irrelevantes. Segundo ele, os contadores deveriam calcular quanto um item "deveria custar, caso fossem utilizados os métodos corretos de manufatura e a fábrica operasse em plena capacidade. Isso poderia ser chamado de custo ideal, e todos os esforços deveriam ser direcionados à sua obtenção."

Do verbete escrito por Michael Chatfield, The History of Accounting. Foto aqui

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: F Donaldson Brown

F. Donaldson Brown (1885–1965) foi um grande nome da contabilidade gerencial do século XX. Formado em engenharia, entrou na empresa DuPont Powder Co em 1909 e três anos depois já ocupava o cargo de gerente assistente do departamento de vendas. Nessa posição e em 1912, Brown criou a fórmula de cálculo do Retorno sobre o Investimento, o ROI, ou como é muitas vezes conhecida, a fórmula da DuPont. 


O chefão da empresa gostou da expressão e promoveu Brown. Quando a General Motors estava em dificuldade, os DuPonts assumiram o controle da empresa. E Brown foi deslocado para a fabricante de automóveis, sendo nomeado vice-presidente de Finanças em 1921. 

O ROI também foi aplicado na General Motors e permitia que os grandes grupos corporativos analisassem setores distintos baseado em uma mesma métrica. Brown trouxe o conceito que a rotatividade do capital era um fator importante na mensuração da lucratividade. Até hoje a fórmula é usada em livros de análise de balanços e faz parte de modelos empíricos de pesquisa. 

Os críticos do ROI argumentam que a expressão enfatiza os resultados de curto prazo, mas o próprio Brown já sabia disso e em 1924 afirmou que:

“É evidente que o objetivo da gestão não é necessariamente a maior taxa de retorno possível sobre o capital, mas sim o maior retorno compatível com o volume alcançável, cuidando para garantir que o lucro de cada incremento de volume seja ao menos igual ao custo econômico do capital adicional exigido.”

Além da criação do ROI, Brown desenvolveu a solução do preço de transferência para a General Motors. Isso significava que as divisões da empresa competiam com os fornecedores externos através da medida. Ele afirmava: 

“A questão do preço do produto de uma divisão para outra é de grande importância. A menos que uma situação competitiva verdadeira seja preservada, no que se refere aos preços, não há base sobre a qual o desempenho das divisões possa ser avaliado.”

Brown também utilizou, tanto na DuPont, quanto na General Motors, dos custos padrões. Nessa época, o sistema permitiu que a GM implantasse uma política de remuneração dos seus executivos baseada no preço da ação. Assim, o sucesso da empresa melhorava a vida dos executivos. 

Assim, Brown teve grandes contribuições para a área contábil: ROI, preços de transferência, padrões e remuneração. 

(Adaptado do verbete de Stephen Young, The Dictionary of Accounting)