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Mostrando postagens com marcador história da contabilidade. Mostrar todas as postagens
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23 janeiro 2022

Rir é o melhor remédio

 Nem sempre é fácil encontrar piadas sobre contabilidade. É um assunto muito sério? Bom, eis uma piada do jornal Atualidades, de Santa Catarina, edição 6, de 1948:

16 janeiro 2022

História da Contabilidade: dois anúncios

No jornal O Puritano, órgão oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, em 10 de março de 1949, encontrei dois anúncios. Eis o primeiro:

O guarda-livros Jonathas Aguiar Pereira dos Santos anuncia seus serviços. Veja o número de instrição do CRC: 615. O Conselho Federal, e também o Conselho Regional, tinham sido criados recentemente. Entre os serviços, contabilidade mecanizada, estatística (que deve ser o simples levantamento de dados) e contratos. 

O segundo anúncio, do mesmo número e mesma página (5): 
No curso de Obreiros Leigos, com sede em Barueri, estava destinado a "crentes e que desejarem estudar com finalidades evangélicas" (edição 1912, p. 2, 1948)

(Para fins de comparação sobre a questão do primeiro anúncio - do registro no Conselho, encontrei outro anúncio, de 1945, no jornal O Momento, de Caxias do Sul, edição 628, p. 2:



História da contabilidade: lei da dinâmica patrimonial


No "A Divulgação" de 1943 (ano II, n. 24 e 25, p. 36), um artigo que discute se a contabilidade é uma ciência e se é uma ciência positiva. Um trecho comenta sobre a lei da dinâmica patrimonial (?)

Citamos, a seguir, a lei da dinâmica patrimonial, conforme nos ensina a TEORIA DAS TRÊS SÉRIES DE CONTAS, teoria esta que para Pomaskoff representa a mais bela vitória do pensamento contabilístico contemporâneo.

Segundo esta teoria, existem três gêneros de Balanço, definidos pelas seguintes equações:

A = P + S

A = P

A + Sp = P

(A = Ativo, P = Passivo, Sa = Situação L. Ativo e Sp = Situação Líquida Passiva)

Deduzindo-se daí a seguinte lei absoluta, geral e constante:

“Todas as contas, cujas variações entrarem na equação do Balanço precedidas do sinal de + (mais), são debitadas; e todas a contas, cujas variações entrarem na equação do Balanço precedidas do sinal – (menos), são creditadas.” Ou: “As contas do Ativo debitam-se, quando as suas variações forem aumentativas, e creditam-se, quando as suas variações forem diminuitivas; e, pelo contrário, as contas do Passivo e da Situação Líquida debitam-se, quando as suas variações forem diminuitivas, e creditam-se, quando as suas variações forem aumentativas.”

No mesmo número, encontro a propaganda do escritório de Flávio Leite:

(Observe que os advogados usam o termo "Dr."


12 janeiro 2022

Contabilidade e sua criação - 2

Postei recentemente uma página do jornal Mirim de 1942: 


Comentei:

Luca di Borgio era também conhecido como Luca Pacioli. O livro Summa foi impresso em 1494 (e não 1495). O tratado escrito por Luca não era sobre o sistema por partida dobrada, mas sim sobre aritmética.

O Jailton Fernandes trouxe mais um detalhe que deixei passar: Luca di Borgio não era veneziano.  Grato Jailton pela correção. 

Outra impropriedade do texto é chamar Pacioli de veneziano. Isso, inclusive, contrasta com o di "Borgio" - uma provável referência ao local de nascimento - o "Borgo San Seplocro", na região da Toscana. Pacioli teria se mudado para Veneza em 1464, por volta dos 19 anos de idade. Abaixo, trechos do capítulo 2 do livro Double Entry: How the Merchants of Venice Created Modern Finance, de Jane Gleeson-White.

09 janeiro 2022

Contabilidade e sua criação

 O jornal Mírim, que era publicado no Rio de Janeiro, apresentou em 1942, edição 673, p. 20, uma curiosidade sobre a "história" da contabilidade. Eis o trecho:

Vamos lá para alguns comentários: Luca di Borgio era também conhecido como Luca Pacioli. O livro Summa foi impresso em 1494 (e não 1495). O tratado escrito por Luca não era sobre o sistema por partida dobrada, mas sim sobre aritmética. 

História da contabilidade: máquina Foremost

Em 1949 apareceu a nova máquina de contabilidade Foremost, da empresa Remington Rand. A máquina era elétrica e "automática" (?) e o anúncio, publicado no Alterosa, de 1949 (ed. 116, p. 189) permitia fazer diário, conta corrente e razão escriturados simultaneamente, faturamento com análise de vendas, confecção de folha de pagamento, envelope, cheque e ficha individual do empregado de cada vez, escrituração de quantidade e valores dos estoques e outras aplicação. Isto era o anunciado. 


Confesso que não conheço/conheci tal máquina. 

02 janeiro 2022

História da contabilidade: Mensário Brasileiro de Contabilidade

 

Eis a página do Mensário Brasileiro de Contabilidade, editado pelo então Instituto Brasileiro de Contabilidade. Na comissão redatora, Francisco D'Auria. O sumário consta assuntos relacionados com cálculo de frações (mais matemática que contabilidade), imposto de renda sobre juros, dissolução de sociedade e contabilidade mecânica. Achei esta página na hemeroteca digital, junto com a publicação Jornal da Mulher (talvez um engano aqui ?). Somente três página sobre o mensário, mas a terceira tem uma propaganda bem interessante:

Já tínhamos postado sobre a máquina e sobre o grande Valentim Bouças. Espero voltar a comentar sobre o Mensário brevemente. Aproveitando, a fotografia de Valentim na publicação "Homem Livre" de 1943:


01 janeiro 2022

Poeta da Fortuna Alheia

De tanto ler sobre o assunto, passamos sem perceber por textos interessantes. Mas nem sempre. Lendo no Correio de Juazeiro, ed. 14 de 1949, de 17 de abril, p. 5, encontrei em um texto de Esc. Geraldo Barbosa, intitulado Contabilidade-Fatôr Social (grafia da época) o seguinte:

Estendendo a vastidão do seus dominios a Contabilidade vai atingir até a Psicologia, além de outras matérias importantes como é a Técnica Comercial e que todas as Escolas Superiôres dos Estados Unidos mantêm cadeiras. (grafia da época)

Veja que antecipa o estudo da psicologia e de outros assuntos na contabilidade. Mas o que achei interessante, e dá origem a postagem, foi o seguinte trecho, onde o autor lamenta os salários do profissional:

"é de lamentar a condição do "poéta da fortuna alheia", no dizer de Galeão Coutinho. Mal remunerado, o guarda-livros, contadôr ou contabilista, ganhando o suficiente para "vegetar" 

Chama a atenção o termo. Realmente, muitas vezes somos "poeta da fortuna alheia". 

P.S. Primeira postagem de 2022. Que seja a primeira de centenas. 

11 novembro 2021

Surgimento das partidas dobradas e o poder da Itália

Uma das questões importante da história contábil é o surgimento das partidas dobradas. O gráfico acima é um trecho de um gráfico maior, de abrange o início das civilizações e chega até o século XX. O gráfico destaca o período entre 1250 a 1600 e cada cor representa uma "civilização". Em destaque, no alto, a "Itália". Veja que a Itália não era uma civilização forte, apesar dos pintores e da criação das partidas dobradas. No momento que a contabilidade "surgiu", em torno de 1300 depois de Cristo, os Mongóis dominavam o mundo (amarelo) e esta é a história de Marco Polo. Os otomanos turcos começam um fase de aumento de prestígio (azul claro), mas na Europa a principal "nação" era o território oriundo do Santo Império Romano (Áustria e arredores). 

14 outubro 2021

Contabilidade e a história da planilha eletrônica


Eis que Tim Harford conta que o surgimento da planilha eletrônica ocorreu em uma aula de contabilidade. 

Quase quinhentos anos depois, em 1978, um estudante chamado Dan Bricklin estava sentado em uma sala de aula na Harvard Business School. Enquanto observava seu professor de contabilidade preenchendo linhas e colunas no quadro-negro, uma idéia surgiu sobre ele. Cada vez que o professor fazia uma mudança, ele precisava trabalhar de um lado para o outro da grade, apagando e reescrevendo outros números para fazer tudo somar. Bricklin sabia que essa exclusão e reescrita acontecia todos os dias, milhões de vezes por dia, em todo o mundo, quando os funcionários da contabilidade ajustavam as entradas no que chamavam de planilhas: grandes folhas de papel se espalhavam por duas páginas de um livro contábil.

Bricklin era um nerd e ex-programador que imediatamente pensou: “Eu posso fazer isso em um computador." Como Steven Levy descreveu em um clássico longa-metragem dos anos 80, o resto era história. Bricklin e um amigo chamaram seu programa de planilha de VisiCalc. Foi colocado à venda em 17 de outubro de 1979. Foi um sucesso, logo seguido pelo Lotus 1-2-3 e depois, no devido tempo, pelo Excel.

Para os contadores, as planilhas digitais foram revolucionárias, substituindo horas de trabalho meticuloso por algumas no teclado. Mas algumas coisas não mudaram. Os contadores ainda tinham treinamento profissional e o sistema de dupla entrada. O resto de nós não, mas isso não impediu o Excel de se tornar onipresente. Afinal, era facilmente acessível e flexível, uma ferramenta como um canivete suíço para números, sentado no bolso de trás digital. Qualquer idiota poderia usá-lo. E Deus, nós fizemos.

Foto: Mika Baumeister

07 julho 2021

RBC faz 50 anos


Um painel realizado no final de maio comemorou os 50 anos da Revista Brasileira de Contabilidade. A revista é o periódico de contabilidade mais antigo, ainda em edição. Eis um breve relato histórico da revista:

A Revista Brasileira de Contabilidade (RBC) é um patrimônio da classe contábil do País. A sociedade anônima responsável pela edição da revista foi fundada em 16 de dezembro de 1911, sendo que o primeiro número foi publicado em janeiro de 1912. 

Nas suas primeiras décadas, porém, a RBC teve a sua edição interrompida por duas vezes: de 1920 a 1929 e de 1932 a 1971. Naquele início da década de 1970, o CFC assumiu a edição do periódico e a revista não parou mais de ser editada.

Em outro link um breve resumo da história do Conselho. Vale a pena um leitura. 

01 março 2021

História da Contabilidade: um resumo da Alvares Penteado quando fez 50 anos


Ainda no O Observatório, desta vez na edição 197, de 1952. Um pequeno trecho trata da Alvares Penteado:

Em dois de julho corrente a Escola de Comércio "Alvares Penteado" comemorou o cinquentenário de sua fundação. Desde o início de sua atividade tem-se ela constituído num centro de ensino de que se orgulha a civilização paulista. A Escola de Comércio "Alvares Penteado", pioneira de estudos comerciais no Brasil, começou com a denominação de Escola Prática de Comércio, instalando-se modestamente a dois de julho de 1902, no prédio no. 36 da Rua Libero Badaró, esquina da Rua Direita, cedida gentilmente pelo Conde de Prates. Organizado o corpo docente, selecionado em nossas escolas superiores e nos centros econômico-financeiros, a 15 de julho tiveram início as aulas, regularmente matriculados, quantidade considerada elevada para o acanhado ambiente em que se instalara. O decreto federal no. 1.339, de 9 de janeiro de 1905, reconheceu de caráter oficial os diplomas expedidos pela Escola Prática de Comércio e providenciou sobre a organização dos curso, dividindo-os em dois: um geral, de comércio, e outro superior, de ciências comerciais, com várias vantagens para os diplomados. Em 5 de janeiro de 1907 a diretoria e a congregação da Escola de Comércio de São Paulo, reunidas em sessão extraordinária sob a presidência do diretor-presidente, senador Lacerda Franco, por unanimidade de votos resolveram ligar perpetuamente o nome do Conde Alvares Penteado à Escola. Daí a atual denominação de Escola de Comércio "Alvares Penteado"

Presentemente [1952] a Fundação mantém os seguintes cursos: comercial básico, técnico de contabilidade e técnico de secretariado. Desde de 1932 funciona também, mantido pela Fundação, a Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo que possui os seguintes cursos de grau superior: ciências econômicas, ciências contábeis e ciências atuariais. Nada menos de 53.188 alunos já passaram pelos vários cursos da Fundação e muitos deles ocupam postos de destaque na administração pública e particular. Até 1951, diplomaram-se 9.343 alunos, assim distribuídos: auxiliar de escritório, 759; guarda-livros, 783; secretários, 275; contadores e peritos contábeis, 3.597; técnico em contabilidade, 1.978, e bacharéis em ciências econômicas, 973. 

Confesso surpreso com o número de formados com o título de contador. Espera mais os concluintes com a função de guarda-livros. 

Foto: aqui

Balanço de 1944 de uma Construtora

 Ainda no O Observatório, ed. 111 de 1945, o balanço de uma construtora, a Dourado. O balanço foi assinado por um guarda-livros, que colocou seu número de registro:


Na estrutura do ativo, que também iniciava com as contas menos líquidas, obras contratadas e obras em construção:

Este era o principal ativo da empresa. Isto tinha reflexo no passivo, cuja principal conta eram oriundas das obrigações com estas obras:
Em lugar da DRE, a conta de Lucros e Perdas:

Veja que interessante: do lado do débito, as despesas; e do crédito, as receitas e o saldo do exercício anterior. 

Balanço de 1937 da Cia Antarctica

 

Eis o balanço da Companhia Antarctica Paulista, referente ao dia 31 de dezembro de 1937, publicado no O Observador Economico, ed. 027, de 1938. A empresa foi uma fabricante de cerveja conhecida, até ser adquirida pela Brahma para dar origem a Ambev. Há alguns pontos interessantes neste balanço:

(1) a ordem do ativo e do passivo (não tinha a terminologia "passivo e patrimônio líquido) é inversa. No caso do ativo, inicia-se com os valores imobiliários e a conta caixa está no final. No caso do passivo, inicia-se com Capital e Fundo de Reserva, do grupo Capital e Reservas, e finaliza com Porcentagem da Directoria. Em ambos os lados, as "contas compensadas"

(2) no ativo, o principal grupo são os imobiliários, com destaque para a instalação em São Paulo, no bairro da Mooca. Mais de 10% do ativo. O valor das instalações e máquinas neste imóvel também é elevado. Há a contabilização de "animais". Lembremos que estamos em 1937 e os animais eram usados 

(3) O valor de mercadorias é expressivo e há valores em caixa e selos dos impostos. Existe o grupo de Devedores em Conta Corrente e Títulos, que corresponderia aos Clientes dos dias atuais. Há um grupo chamado de "Valores Aleatórios", com subgrupo de Depósitos para Recursos Fiscais. O valor não é expressivo. 

(4) Do lado do passivo, metade do patrimônio líquido é capital. Boa parte do passivo é oriundo das operações, existindo um financiamento via Debêntures. 

(5) Junto, o Certificado dos Auditores - esta palavra "certificado" dá muita credibilidade, não? Moore Cross, Chartered Accountant, assinam que o balanço "demonstra a verdadeira situação financeira da Companhia naquela data". 

Não é divulgado uma demonstração de resultado ou algo próximo. Mas o relatório da diretoria é bastante amplo. A primeira página encontra-se a seguir:

O primeiro item do Relatório é "impostos". A empresa reclama da carga tributária e afirma que pagou mais imposto que o próprio capital da Companhia. Mais ainda, os impostos pagos em cinco anos foi mais de 10 vezes o volume de dividendos distribuídos. (Parece uma versão antiga da DVA). A página seguinte do relatório trata de outros assuntos:
Os títulos desta página são: Cultivo de Cevada e Lúpulo, Leis Sociais, Empréstimos por debêntures, Negócios em Geral e Distribuição dos Lucros. Com respeito a isto há um texto indicando um lucro bruto, que deduzida "despesas e encargos", inclusive "depreciação, ficou a sobra de (...)". Por sinal, o lucro líquido é bastante adequado: 7/61. [Achei bem interessante a presença da depreciação]

Na página seguinte, na continuação, a empresa apresenta a distribuição deste lucro, entre dividendos, provisão para liquidações. E o item chamado "O Malogro de Tentativas Manhosas", onde a diretoria descreve uma tentativa de um inventariante de ocupar um cargo na direção da empresa. 

25 fevereiro 2021

Balanço da Kibon em 1973

 

Em 1973 a Kibon publicava seu balanço patrimonial, encerrado em 31 de março. Anotei algumas coisas interessantes:

(1) O balanço, em cruzeiros, não tinha um comparativo. Somente o valor do dia. Isto realmente dificultava a análise

(2) O ativo iniciava com as contas mais líquidas, como temos hoje. No caso, disponível, seguido do Realizável a Curto Prazo (até 180 dias), Realizável a Longo Prazo e Imobilizado, sendo este dividido em financeiro (as participações) e técnico (ou os prédios, equipamentos etc). Atente para conta de correção monetária, que tem a contrapartida no Não Exigível. 

(3) No final, resultado pendente, que corresponderia a impostos diferidos e outras despesas diferidas. E após o imobilizado

(4) Contas de compensação, que era basicamente o valor segurado (do lado do ativo) e o seguro contratado (do lado direito)

(5) O lado direito era denominado de Passivo, somente. Dividia em Exigível a Curto Prazo, a Longo Prazo e Não Exigível, que corresponderia ao Patrimônio Líquido. 

Lembrando que isto era um balanço antes da Lei 6.404. 

Eis a demonstração do resultado da empresa:


(1) não existia uma comparação com outro período

(2) existia um "gasto geral" que correspondia a despesas diversas

(3) Veja que o lucro operacional estava bem definido, conceitualmente, não incluindo a despesa financeira. A Lei 6.404, posterior, bagunçaria isto.

(4) Despesa financeira estava após o lucro operacional. 

(5) O lucro líquido já tinha uma destinação na própria DRE. 

(6) O resultado final era o Lucro Retido na empresa.

18 janeiro 2021

Qualidade da Contabilidade


O que faz a contabilidade ser de boa qualidade? Um possível resposta a seguir:

Em 1939 a Revista Cruzeiro publicou um conto de Bernard Gervaise denominado "O bilhete 77.372". A história é a seguinte: em uma repartição, os funcionários se unem para comprar um bilhete de loteria. O responsável por arrecadar o dinheiro é Martin, o caixa-contador. Com o tempo, as pessoas deixam de comprar sua parcela e Martin termina por assumir a parte da cota do desistente. Até que todos deixam de apostar e o Martin tem que pagar o bilhete. 

Um dia, Martin chega ao escritório e anuncia que o bilhete 77.372 tinha vencido o prêmio de 1 milhão de francos. A notícia espalha e vários tentam ficar com uma parte da sorte de Martin. 

Nesta occasião, ai!, a conducta de Martin, o caixa-contador, foi motivo de grande assombro para todos aqueles que julgavam conhecer a fundo o caracter desse excellente companheiro. O que se viu foi elle rechassar com igual firmeza todas as solicitações, inclusive a da encantadora dactylographa.

Martin solicita uma entrevista com o patrão. Na entrevista, Martin supreende e afirma que irá reembolsar seu chefe. O chefe fica pasmo, pois Martin não lhe devia nenhum dinheiro. 

- Mas ... o senhor me deve alguma coisa?

- Sim, senhor; devo-lhe uma centena de milhar de francos, pouco mais ou menos

O patrão cravou um olhar inquieto no seu fiel collaborador.

- O senhor está louco, meu caro amigo - lhe disse - Esta sorte inesperada transtornou-lhe a cabeça... Cem mil francos! Donde os teria tirado?

- Da caixa, meu caro senhor, da caixa - respondeu Martin serenamente

O senho Mercerelle esteve a ponto de estourar.

- O senhor tirou cem mil francos da caixa do meu estabelecimento? O senhor?

- Oh! Não de uma só vez, é claro. Aos poucos fui retirando o dinheiro. Em dez annos consegui arrancar essa quantia. Foi uma media de dez mil francos por anno.

- E eu que nada percebera de anormal! - gemeu o patrão.

- Isso demonstra, senhor, que minha contabilidade foi executada com perceição. A característica de uma contabilidade bem feita é que ninguem pode entende-la, salvo o seu executor, e ainda assim ! ...

14 janeiro 2021

Velho Oeste e Informação

Parece que a informação não tem nenhuma relação com o "velho oeste". Exagero? Nem tanto. Veja a imagem abaixo:

Segundo David Gracy II, o crescimento da pecuária após a guerra civil nos Estados Unidos ocorreu graças a informação. 

A gestão da informação no comércio de gado “tornou-se tão central para a ascensão da indústria quanto a criação de gado mais carnudo”. Questões como quem era dono do quê, preços de mercado e a localização das opções de remessa mais baratas levaram a novas ocupações de informações, como inspetores de marcas e contadores. (...)

Os animais individuais foram marcados com ferros quentes moldados em padrões exclusivos para mostrar propriedade. Essas marcas eram, idealmente, prontamente legíveis e à prova de ladrões. (...)

07 novembro 2020

Profissão Contábil em Portugal


Como residentes em um país colonizado por Portugal, sempre ficamos atento ao que está ocorrendo no país europeu. Uma surpresa em uma artigo de João Barros, para o Jornal Econômico, é saber que a profissão de contabilista foi regulada em 17 de outubro de 1995. Ou seja, recentemente completou 25 anos de regulamentação do exercício da profissão. 

O texto fala em "uma luta de muitas décadas" para obtenção da regulamentação. Eis um trecho interessante:

Num país que se pode orgulhar da primeira escola europeia – e, quiçá, mundial – dedicada exclusivamente ao ensino de matérias comerciais e contabilísticas, a Aula do Comércio, instituída em 1759 pelo Marquês de Pombal, a regulamentação da profissão foi o culminar de um longo processo. Desde os guarda-livros e as obrigações que lhes eram atribuídas na “Carta de Lei” de 1770 ou nos Códigos Comerciais do século XIX, só em 1995, e após vários avanços e recuos, é finalmente formalizada a profissão de Técnico Oficial de Contas, a designação utilizada à altura. 

Já comentamos aqui, entretanto, que Portugal foi um dos últimos países a traduzir a obra de Luca Pacioli. A escola de Pombal é tardia, quando o país já estava atrasado na guerra comercial, sendo um mero entreposto de mercadorias da colônia. Tanto é assim que as partidas dobradas não eram adotadas na contabilidade pública portuguesa. 

06 julho 2020

Adoção das IFRS no Brasil

Em um artigo de 2017, Sayed, Duarte e Kussaba investigam o processo de convergência das IFRS. O artigo é interessante no seu método, já que os autores escutam alguns dos atores que participaram do processo de transição no ano de 2007. Sempre intrigou o fato de que a Lei ficou muitos anos parada e de repente foi aprovada muita rápida no legislativo. Qual seria a razão? Eis uma possível resposta, dada pelos autores do artigo:

Na contramão do que ocorrera em 76, o papel do nosso ministro da Fazenda foi um pouco diferente, mas não podemos dizer que não foi determinante na introdução da nova Lei. Como comentamos acima, o Projeto-lei 3.741 ficou 7 anos parado e ia ficar mais se o Ministro Mantega não fosse cobrado publicamente pelo FMI e Banco Mundial acerca da adoção dos padrões internacionais no Brasil. E após essa cobrança, como vimos o processo foi velocíssimo, alguns consideram até inconsequente, principalmente por ter pego de supetão a comunidade contábil bem no final do ano de 2007, aos 28 de dezembro.

Ou seja, a adoção decorreu de uma cobrança pública de entidades estrangeiras e internacionais. Infelizmente os autores do artigo não nominam a fonte desta informação. Veja que a Europa tinha adotado as IFRS dois anos antes. Será que isto era relevante realmente para o FMI e o Banco Mundial, que nunca tiveram um papel relevante nas normas contábeis de empresas privadas dos países? Creio que este ponto poderia ter sido mais explorado pelos autores no artigo ou quem sabe pode ser explorado mais em pesquisas futuras.

Fonte: SAYED, S.; DUARTE, S. L.; KUSSABA, C. T. A Lei das Sociedades Anônimas e o Processo de Convergência para os Padrões Internacionais Contados pela História Oral e de Vida . Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, v. 7, n. 1, p. 252-270, 2017.

18 junho 2020

Comércio de Escravos


 A animação mostra que boa parte dos escravos vindos da África foram para o Caribe e o Brasil. Tendo começado no século XVI e terminado no século XIX, o tráfico transportou 10 milhões de pessoas, sendo 4,8 milhões para o Brasil.

Como isto era legalizado, o escravo era reconhecido como ativo pelas empresas no Brasil. Na Casa de Correição (século XIX) havia uma "despesa com Africanos"