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16 fevereiro 2014

Entrevista: Francisco Félix e o app Controller

O Francisco Felix é contador no Brasil e nos Estados Unidos, possui certificação IFRS pela Association of Chartered Certified Accountants - ACCA, experiência de 6 anos em empresa de auditoria Big Four e mais de 11 anos na área de Controladoria de empresas multinacionais americanas. Ele participou da criação do conteúdo contábil do aplicativo "Controller, CPC - IFRS - USGAAP" que você pode conhecer acessando a Google Play Store.

O Francisco foi super atencioso e nos concedeu uma entrevista para aprendermos um pouco mais sobre a vida de um contador envolvida no mundo dos apps para celulares.

Blog_CF: Como foi participar do primeiro aplicativo de contabilidade disponível para celulares?
Francisco:
O trabalho foi muito gratificante, pois eu tive a sorte de encontrar o parceiro ideal no desenvolvimento deste aplicativo. A empresa Martin.labs me ajudou a equilibrar o aspecto técnico contábil/financeiro com a jogabilidade e interatividade típicos dos games mais populares. Por exemplo, o usuário pode compartilhar o resultado de seus testes com colegas do facebook e ainda participar de um ranking semanal. Alguns headhunters e profissionais de recursos humanos tem se interessado em fazer parte da nossa comunidade no linkedin para a identificação de profissionais que buscam o aprendizado contínuo.

Blog_CF: Qual foi a sua principal dificuldade?
Francisco:
No geral a principal dificuldade foi reduzir o tamanho das perguntas/respostas para os testes se tornarem mais dinâmicos e com uma linguagem mais clara. Do ponto de vista técnico, o tema que tive mais trabalho foi relacionado com o US GAAP e as suas semelhanças e diferenças com o IFRS. Não existe apenas um livro, site ou material específico que indique todas estas diferenças de pronunciamentos contábeis. Para a formulação destas perguntas/respostas foi necessário à tradução de textos em inglês e consultar diferentes fontes de pesquisa. Este trabalho de tradução acabou resultando em outro tema do aplicativo relacionado com os testes de termos técnicos de contabilidade/finanças em inglês.

Blog_CF: Em que você se inspirou para criar os testes?
Francisco:
 A ideia surgiu graças a minha filha de 3 anos. Gostamos muito de brincar de “perguntas e respostas” e assim nasceu à ideia de criar testes de múltipla escolha no estilo "show do milhão”. Eu pensei em um jogo de tabuleiro, software, mas após o contato com o Ricardo Prado da Martin.labs, ele me forneceu uma visão de como funciona um mercado de games e me convidou para iniciar esta parceria através de um app para android. Com a participação dos demais desenvolvedores (Ricardo Kobayashi e Gil Bueno), o aplicativo foi ganhando um novo formato e ideias de temas foram surgindo. O aplicativo possui temas que envolvem contabilidade brasileira, IFRS, US GAAP, impostos, termos técnicos em inglês e assuntos gerais. Através destes testes, o usuário pode conferir o seu nível de atualização e identificar necessidades de estudo. O aplicativo pode economizar o tempo de estudo antes de uma reunião, entrevista, concurso público, prova ou exame do CFC.

Blog_CF: Percebemos que, a cada dia mais, o app vem ganhando popularidade entre os contadores. Como você se sente tendo feito parte de algo tão inovador?
Francisco:
Estou muito feliz com o crescimento da popularidade. Após um mês do lançamento, a versão gratuita do aplicativo ultrapassou 1.000 instalações na Google Play Store. Pretendemos lançar uma versão para iOS e manter o trabalho continuo de atualização do app.

Blog_CF: Francisco, parabéns pelo seu trabalho. Deixamos nossos desejos de sucesso. Obrigado por participar desta entrevista com o blog.
Francisco:
Eu agradeço a oportunidade desta entrevista. O aplicativo foi feito com muito trabalho e respeito que sinto pelos colegas de profissão. Ficarei feliz se alguém for promovido no futuro devido ao conhecimento obtido com o aplicativo.

09 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte I

Todos nós temos sonhos. Poucos têm coragem para conquistá-los. Enquanto alguns culpam o passado, o destino, ou simplesmente se acomodam, outros vão atrás e conseguem o que querem, inspirando tantas outras pessoas a serem mais perseverantes e determinadas. Nós já falamos sobre o Ednilto Pereira Tavares Júnior na postagem “Venha Competir no Programa Multi UnB, UFPB, UFRN”. Isso foi quando ele defendeu a dissertação para completar o mestrado em Ciências Contábeis. Mês que vem nosso protagonista começará as aulas para se tornar doutor em contabilidade e, após persegui-lo incessantemente, conseguimos uma entrevista para o blog. Eu sempre me emociono com as histórias dele. Esse goiano engraçado e brincalhão, quando fala sobre contabilidade, consegue emocionar os mais desatentos e inspirar os mais desnorteados. Que tal invadir um pouco a vida dele conosco!? Vamos lá!

Blog_CF: Ednilto, nos conte um pouco sobre a sua história. Como foi a sua formação em contabilidade? Em que momento você decidiu se tornar professor?
Ednilto:
Minha história com a contabilidade não é algo muito romântico ou amoroso. Não daria um filme ou uma cena de novela. Eu geralmente brinco que fui criado dentro de um escritório de contabilidade, pois meu pai era técnico. No ano em que nasci ele conquistou o título de bacharel. Então comecei desde muito cedo trabalhar no escritório, junto a meu pai. Lembro-me que eu fazia diversos serviços de “badeco”, como preencher folhas e cartões de ponto, datilografia (essa geração atual não acredita que já se fazia uma ela contabilidade antes de existirem os computadores).

Com o passar do tempo fui conhecendo o que era realmente a contabilidade e as obrigações acessórias do contador. Dizem que filho de peixe, peixinho é, então comecei a ver a contabilidade como sendo aquilo que eu deveria fazer, como se fosse continuar o legado do meu pai. Foi simplesmente por esse motivo que decidi que cursaria ciências contábeis.

Agora a parte engraçada começa: eu sabia exatamente que curso fazer, mas a maior certeza era que eu não queria ser o tradicional contador. Parece incoerente, não? Alguém decide cursar contabilidade e não quer ser contador. Sei que, especialmente os com pouco contato com as ciências contábeis, devem me achar louco ou desajustado. Ou ainda alguém com problemas psicológicos e uma necessidade incalculável de agradar o pai. Risos.

Mas vejam só... No primeiro dia de aula da graduação – lembro-me como se fosse hoje – o professor Ricardo Borges de Rezende (que futuramente se tornaria mestre pelo mesmo programa que eu) perguntou o que cada aluno desejaria ser. Como sempre, havia o grupo dos contadores, dos auditores, dos aficionado por concursos e carreiras públicas, e eu. Não, eu não estava “sem grupo”, apesar de ter parecido naquele momento. Eu entrei na quota dos sonhadores: ser professor. Naquele tempo eu não sabia ao certo porque afirmei querer ser professor. Talvez fosse algo mais forte que eu se manifestando ali. Mas então respondi, e fui o único.

Blog_CF: Foi ali que você decidiu que faria, também, o mestrado?
Ednilto: Depois daquilo, depois de entender e aceitar o meu destino, comecei a traçar minha meta de vida: terminar a graduação, cursar uma especialização e, dali, começar a lecionar. Talvez, com alguns anos de experiência, cursar o mestrado. Já pensou? Mestre Ednilto. O detalhe é: sempre achei o mestrado ser algo inatingível. Pensava assim porque sempre ouvia as pessoas dizerem que aquilo não era para mim (então o que era para mim?).

Fiz lá a minha graduação e no último ano um professor me incentivou a prestar o processo seletivo para o mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Esse professor, naquela época, também prestaria o mesmo processo seletivo. Devo muito a ele, o hoje professor da Universidade Federal de Goiás e mestre Ednei Morais Pereira.

Lá fui eu atrás das informações para a turma que começaria em 2009. O teste Anpad dava pontos a mais, então o fiz. Passei na prova aplicada pelo Programa Multi e não fui eliminado. Meu desempenho na prova de inglês foi sofrível! Mas a minha história ainda não havia acabado. Fui para a fase seguinte que consistia em uma entrevista que também envolvia análise de currículo. Esse foi um momento marcante de tão duro. Foi então que percebi claramente como eu era fraco. Obviamente eu reprovei, mas ao relembrar, a minha reação natural é rir.

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, mas, na verdade, Ele escreve certo em linhas certíssimas. Somos nós os analfabetos que não conseguem ler.

A decisão então ficou marcada na minha alma. Eu faria o mestrado. Alguém acreditou em mim e eu passei a acreditar também. A partir dali comecei a me preparar para o processo seletivo que ocorreria no ano seguinte, para a turma de 2010, a 19ª. Preparei-me durante todo aquele ano, me submeti a situações não muito comuns para sobreviver e, ao mesmo tempo, me aperfeiçoar. Fiz o meu dia parecer ter mais que 24h. Foi um ano difícil e demorado, até que o momento para o qual vinha me organizando chegou.

Lá estava eu, mais uma vez participando do processo do Programa Multi. Fui sendo aprovado, novamente até a bendita entrevista. Não foi simples. Contar histórias não é fácil, relembrar o passado e encontrar as palavras certas para exprimir os nossos sentimentos é algo complicado e provavelmente infiel. É impossível repassar nesta entrevista tudo o que senti desde o dia que decidi me tornar professor até ali, naquele momento. Pessoas na mesma situação não sentem a mesma coisa, o ser humano é complexo e as emoções são tantas que não há palavras o suficiente para expressá-las.

Ali, em 2009, fui novamente reprovado. Você pensou que esta seria uma história de superação? Mas na verdade não foi bem assim. Não a meu ver. O resultado divulgado pela coordenação me considerava reprovado. O detalhe? Descobri que eu havia ficado em décimo segundo lugar. Originalmente havia 12 vagas para aquele ano, mas eu não alcancei a nota mínima. Por pouco. Mas não a alcancei.

Blog_CF: Eu sei o fim da história, nossos leitores também. Mas faltam peças no meio para que a figura se torne visível. O que aconteceu depois dali?

Ednilto: Bom, o que aconteceu é fácil de se explicar, mas intenso de se viver. Sei que o normal seria sentar e chorar. Depois enxugar as lágrimas e partir para outra ou me preparar por mais um ano. Porém, resolvi conversar com a comissão de seleção. Moro em Goiânia, mas parti imediatamente para Brasília. Decidido. Obstinado. A conversa, que durou menos que 30 minutos, não resolveu nada. Falaram-me: entre com um recurso formal. Claro que fui embora, novamente no trajeto Brasília-Goiânia, chateado e derrotista. Todavia, ao chegar a minha casa segui o conselho e fui pesquisar para entrar com o tal recurso. No máximo eu receberia um “não”. Outro para a coleção.

Li e reli o edital, escrevi o recurso, entreguei a Deus (e à Comissão) e fiquei com o coração na mão. Não tive que procurar meu nome na lista. Ligaram-me – me ligaram! – e falaram: você foi aprovado. Quem do programa já recebeu uma ligação para informar a aprovação? Só eu. Acho que sou especial. Risos. 

Claro que algumas pessoas me criticaram por aquilo, como se não houvesse mérito. Farão isso com você. Não é fácil ir atrás dos sonhos. O fácil é desistir. Desistir depois de uma ou duas recusas. Desistir depois que o seu coração é partido. Desistir porque as pessoas acharão algo ruim e te julgarão. Mas eu fui em frente e hoje sou mestre. Cresci e aprendi muito. Conheci pessoas incríveis que acrescentaram à minha vida e sei que acrescentei às delas. Não tenho palavras para exprimir como vale a pena lutar pelos seus sonhos. Lutar de verdade! Com a sua alma, com garra. As recusas não são pessoais. Elas fazem parte do processo.

Blog_CF: Ednilto, sei que ainda há muito nessa história e deixaremos para o próximo domingo. Agradecemos imensamente o seu tempo e as suas palavras.

O Ednilto pediu desculpas pelas respostas longas, mas é totalmente desnecessário já que a história de vida dele é enriquecedora. E eu adoro iografias. *.* Nos vemos domingo que vem para saber a trajetória dele como professor e como ele chegou ao doutorado!

[... continua]

Para acessar as entrevistas anteriores, clique aqui.

02 fevereiro 2014

Entrevista: Glauber de Castro Barbosa

O Glauber Barbosa é mestre em contabilidade pela Universidade de Brasília. Enquanto concedia a entrevista o famoso SIAFI resolveu nos boicotar e atrapalhar um pouco, mas mesmo assim conseguimos um bate papo interessante e construtivo.

Blog_CF: Glauber, por onde você anda? Há tempos não o vemos aqui pelo blog.
Glauber: Pois é. Leio o blog todos os dias, mas não tenho tido tempo de contribuir como antes. Atualmente trabalho na Setorial Contábil do Ministério de Educação  – MEC. Aqui somos responsáveis por dar suporte contábil a todas as unidades vinculadas ao Ministério, bem como dar conformidade contábil às operações feitas no Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAFI, o que possibilita a extração das demonstrações. O início do ano é uma época complicada para os contadores não só na área privada, mas também na pública. Além das atividades que mencionei, também há a análise das demonstrações, mas isso ainda está engatinhando. Aqui a gente respira contabilidade, contudo, indiretamente, pois tudo é feito por meio de sistema (o SIAFI no nosso caso).

Blog_CF: “Respiram contabilidade”. Muito inspirador! Isso quer dizer que vocês também já aderiram as novas normas? Elas já te afetam?
Glauber: Começaram a afetar. Como uma das atividades é dar suporte contábil, nos baseamos sempre nas novas normas (no que já é possível do ponto de vista de sistema). Nessa linha, como o novo plano de contas vai ser implantado em 2015, estamos nos preparando para capacitar todas as unidades. Para isso constantemente participo de seminários, congressos e oficinas ligadas a área pública. A maioria ministrada pela Escola de Administração Fazendária – ESAF.

O mestrado foi essencial para me ajudar a desenvolver a parte de orientação (orientar as unidades), inclusive sou o professor da coordenação. Tenho a missão de ministrar cursos sobre as novidades da área. Outro aspecto que ajudou muito foi na elaboração de manuais, pois que faz um mestrado é treinado a escrever. Isso sem contar as inúmeras outros benefícios que o mestrado traz como o costume de estudar e aprender sempre mais, a vontade de ensinar e passar o conhecimento para frente, a capacidade analítica diferenciada do que aprendemos na graduação, a maturidade e a rede de contatos.

Blog_CF: Você poderia nos falar um pouco mais sobre o sistema utilizado?
Glauber: O SIAFI foi desenvolvido para ser operado na execução da despesa por pessoas sem conhecimento técnico da área contábil e financeira, o que aparentemente é uma vantagem. Claro que sempre nos traz problemas. Esses usuários, por não saberem o que está por trás do sistema, ou seja, as rotinas contábeis, costumam fazer muita lambança, e sobra pra gente quem entende arrumar.

Blog_CF: Que dicas você daria para os alunos que estão hoje na graduação e desejam estar na área pública como você?
Glauber: Aproveitem o curso ao máximo, todas as disciplinas, principalmente as basilares da contabilidade (Gerais e Teoria). Com as novas mudanças na Contabilidade Pública a tendência é que não tenha tanta diferença com a área privada, por isso eu friso novamente: seja muito bom nas matérias basilares, o resto é consequência. Outra dica boa, que pra mim foi importante, é fazer estágio na área. Isso ajuda a aprender, pois vemos na prática tudo o que o professor passa em sala de aula e, as vezes, temos dificuldade em visualizar no mundo real.

Blog_CF: O que você acrescentaria na grade curricular que prepararia melhor os alunos para a vida real?
Glauber: Infelizmente o meu curso foi muito fraco na área de contabilidade pública, o que deveria não ser tão característico já que estudei na Universidade de Brasília. Mas independente do que a sua universidade pode te oferecer, hoje em dia é fácil ter acesso a bons materiais e se aprofundar na matéria que te for interessante ou que você acredite ser importante para o seu futuro profissional. Entendo que as seguintes matérias são importantes para uma boa formação na área pública: Finanças Públicas, Administração Financeira e Orçamentária, Contabilidade Pública e Auditoria Governamental. Caso o seu interesse seja trabalhar como servidor, dê atenção especial a elas.


29 janeiro 2014

Listas: 9 erros comuns numa entrevista

Na ordem de importância:

1. Parecer desinteressado

2. Vestir inadequadamente

3. Parecer arrogante

4. Falar negativamente sobre os empregadores atuais ou anteriores

5. Responder um telefonema ou mensagens de texto durante a entrevista

6. Parecer desinformado sobre a empresa ou a função

7. Não apresentar exemplos específicos

8. Fornecer informação pessoal em demasia

9. Perguntar ao gerente de contratação questões pessoais

Fonte: Aqui

P.S. Participei de muitas entrevistas de seleção de candidatos e acredito que esta seja uma boa lista sobre o que não se deve fazer.

26 janeiro 2014

Entrevista: Radialista Lennyne Sampaio

As sextas pela manhã, mais exatamente às 8h30, alguns alunos e profissionais de contabilidade invadem a Rádio Educadora do Nordeste (950 AM) e com criatividade e inovação, divulgam informações relevantes aos seus ouvintes. Seja pelas ondas de rádio ou aí, pelo wi-fi da sua faculdade, às 8h sintonize e descubra um pouco mais do mundo mágico criado por estudantes da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).

A Lennyne Sampaio é a vice-presidente da Empresa Júnior de Ciencias Contábeis - EJCCONT, da UVA, e nos concedeu uma entrevista para adentrarmos esse mundo radialista. Vamos lá?

Blog_CF: Lennyne, como surgiu a ideia da radio?
Lennyne: A iniciativa foi da gestão anterior a minha. Mas foi algo brilhante e que tem sido mantida com entusiasmo, determinação e união de diversas pessoas interessadas em divulgar a contabilidade, contribuir para o acesso à informação, estimular os alunos a se expressarem de formas distintas. Refletindo assim, tem havido o estabelecimento eficaz e duradouro do programa há quase 2 anos.

Blog_CF: O que vocês geralmente colocam no ar?
Lennyne: Os assuntos são bem diversos, mas sempre relacionados à área contábil, de preferência envolvendo assuntos jurídicos ou administrativos. Ontem [24/01] falamos sobre o “Microempreendedor Individual”. Já na semana passada, o tema foi “Marketing: entre o sucesso e o fracasso das vendas”. Também divulgamos notícias e novidades da área contábil.

Procuramos estar atentos as datas, e as obrigações contábeis relacionadas a elas. No fim do ano falamos sobre agendamento e opção do simples nacional, o que é o simples nacional, a quem ele beneficia. Atualmente estamos nos organizando para ajudar os ouvintes com a declaração de imposto de renda.

Blog_CF: Como o público participa? E a comunidade acadêmica?
Lennyne: Os temas são selecionados de forma demandada, por meio de sugestões dos ouvintes. Isso ocorre com a utilização do telefone da rádio educadora (88 3611-1550), e agora também via Facebook (https://www.facebook.com/ejccont.uva).

Dos 12 integrantes da Empresa Júnior, seis fazem parte do Centro Acadêmico, o que torna a integração entre ambos automática e enriquecedora. Há um dinamismo e harmonia que engrandecem as duas entidades e a universidade em geral. Juntos conseguimos divulgar melhor o que está acontecendo, se há cursos e palestras, atividades de capacitação, até mesmo de integração entre alunos. Há uma preocupação constante em, de forma organizada e eficiente, alcançar o máximo de pessoas possíveis. Assim esperamos informar um pequeno empresário sobre algo que ele talvez ainda não saiba, atualizar quem está indo para o trabalho e ouvindo a rádio, ensinar um pouco para quem ainda está começando o curso e nem aprendeu sobre o assunto ainda (o que acaba ajudando os professores e alunos), conscientizar a população da importância do nosso curso e fornecer, ainda, auxílio à população.

Um fator que visamos manter e aprimorar é o dinamismo e a interatividade com as quais elaboramos o programa contabilidade empreendedora. Almejamos o estabelecimento definitivo do nosso programa como referencia de informação legítima e de consulta empresarial gratuita.

Há um apoio extraordinário da comunidade acadêmica. Buscamos sempre um programa em que haja o entrevistador e um entrevistado convidado para um bate-papo. Atualmente os principais protagonistas são empresários e professores universitários.

Blog_CF: Há um engajamento dos alunos da sua universidade?
Lennyne: Sim, mas o nosso público mais engajado e participativo são profissionais da área contábil e empresários.

Os acadêmicos do curso de Ciências Contábeis da UVA, assim como de grande parte dos Universitários em âmbito nacional possuem uma cultura diferenciada e não tão agregada à mídia auditiva. Percebemos então que, atualmente, a rádio, em si, não é atraente a eles. Por isso estamos desenvolvendo outras ferramentas de integração, participando das redes sociais, divulgando aqui no blog. Estamos, ainda, criando o nosso site e futuramente o programa de rádio poderá ser assistido pelo youtube. Esperamos, assim, aumentar nosso fator de impacto.

Blog_CF: Como funciona o relacionamento com vocês e a rádio?
Lennyne: Bem, a rádio fica em Sobral, no Ceará. É uma rádio basicamente católica, mas há momentos destinados a outros assuntos. O nosso é de 8h às 8h30 das sextas-feiras, um acordo feito entre a empresa júnior e a rádio. Não é gratuito, então as despesas da rádio são cessadas com a colaboração de 8 patrocinadores.

O radialista responsável pela rádio educadora do nordeste é o Carlos Gomes, mas o nosso programa Contabilidade Empreendedora é realizado exclusivamente pelos membros da empresa júnior.

Blog_CF: Quem não mora no nordeste, tem como ouvir de alguma forma?
Lennyne: Quem não mora no nordeste pode ouvir o programa pelo site da rádio http://radioeducadora950.com.br/ e futuramente, como comentei, o programa de rádio estará no youtube facilitando o acesso a mais usuários. Esperamos os leitores do blog por lá!

Blog_CF: Lennyne, agradecemos imensamente a entrevista. Foi esclarecedor e inspirador saber dessa história. Espero que nossos leitores participem e apoiem essa iniciativa tão rica. Parabéns a todos vocês, à gestão anterior, aos patrocinadores e a todos que tornam essa iniciativa possível.
Lennyne: Eu que agradeço a divulgação do nosso programa e espero a participação dos autores do blog também! 

Débitos e Créditos,
Contabilidade Financeira

19 janeiro 2014

Entrevista: Francisco Fernandes de Sousa

Multitasking: enquanto nos atendia, Chiquinho continuava a atender demandas.
Francisco Fernandes de Sousa, contador, começou a trabalhar na Eletrobras Eletronorte há cerca de 30 anos. Além de ser gerente na diretoria financeira, Chiquinho, como é conhecido por toda a empresa, tem certificação como consultor SAP/R3 e é um dos principais responsáveis pela configuração dos sistemas financeiros e de custos (módulos FI e CO no SAP).

Blog_CF: Como era a contabilidade na Eletrobras Eletronorte há 20 anos e como é hoje?
Francisco: Antigamente fazíamos tudo "a mão". Há 20 ou 30 anos as contas eram mais simples, mas a falta de uma planilha Excel tornava tudo mais difícil. Risos. Levávamos muito tempo para preparar o balanço. Houve um tempo em que tínhamos alguns computadores para suprir a demanda de todos nós. Havia fila! Hoje acho engraçado relembrar.

Era muito difícil receber a prestação de contas de um engenheiro que estava participando da construção de Tucuruí, por exemplo. Hoje em dia isso é feio com o auxílio do SAP R3, a plataforma que utilizamos na Eletronorte. Com ele cada um tem a devida autorização para fazer o que está dentro dos seus limites. Essas autorizações são sempre revistas pois adotamos a Sarbanes-Oxley, que exige isso.

Por exemplo, quem está em Tucuruí e tem que preencher uma planilha com as horas gastas em cada centro de custos, tem acesso ao TimeSheet. Se ele precisa fazer a solicitação de materiais ao almoxarifado, não vai poder. Isso caberá, talvez, à secretária, ou a quem foi autorizado a seguir com aquela tarefa. Na contabilidade, quem participa do encerramento mensal das contas tem acesso a transações específicas para aquilo. Em um sistema de compras, a pessoa que faz a solicitação, é diferente da que confere e autoriza. Tudo isso dá mais segurança ao usuário, ao sistema e facilita, inclusive, o trabalho da auditoria.

Atualmente a principal dificuldade se encontra nas alterações advindas do IFRS. Temos o impairment, o ativo financeiro, o impacto nas concessões. Isso não existia para nós e a adoção pelo Brasil trouxe uma repercussão tremenda.

Claro que a contabilidade cresceu porque era necessário e acho positiva essa "globalização". Mas quando se trata do dia-a-dia, fica um pouco menos romântico.

Colocar a teoria na prática sem ter um exemplo a seguir é ao mesmo tempo emocionante e arriscado. Investimos muito em treinamento para estar em dia com todas as mudanças e conseguirmos passar tudo tanto para a configuração do sistema, quanto para as demonstrações contábeis, de forma fidedigna. Mas até que o balanço seja oficialmente publicado, há muito debate, reclassificação, revisão. É um trabalho para quem realmente gosta de colocar a mão na massa.

Blog_CF: Para conseguir fazer o que você faz, mexer com contabilidade e com a configuração do sistema, o que é ideal conhecer? O que um aluno deve estudar para ter uma oportunidade similar?
Francisco: Além de ser um bom contador, é necessário que ele faça alguns cursos. A empresa SAP oferece certificações para que a pessoa se torne oficialmente um consultor SAP. O SAP R3 é dividido em vários módulos. A sua certificação dependerá do seu interesse. MM é o módulo de materiais, HR o de recursos humanos. No meu caso, cursei FI (referente ao módulo financeiro) e CO (referente ao módulo de custos). Ideal seria alguém que soubesse uma linguagem de programação denominada ABAP.



Blog_CF: Qual é a maior dificuldade encontrada atualmente na sua área?
Francisco: A falta de profissionais qualificados e a burocracia para suprir os cargos. Desde o vencimento do concurso muitas pessoas saíram, incluindo aquelas em programa de demissão voluntária. Enxugamos os gastos com pessoal, porém houve sobrecarga dos funcionários que permaneceram. Ademais, na minha área, necessito de contadores maleáveis e dispostos. Acreditem, não é fácil encontrar pessoas assim.

A necessidade desse perfil advém do fato de que a contabilidade está em constante atualização. Como comentei, antes do IFRS era muito mais fácil ser um contador. Atualmente precisamos estar sempre em cursos, reuniões, palestras e eventos que envolvem tempo e dedicação. Não só isso, temos que saber como aplicar os conceitos na prática.

A Eletronorte é uma empresa de capital fechado, mas somos parte da Eletrobras, que depende das informações que passamos, da forma como nos comunicamos. Assim, além de um funcionário que esteja sempre disposto a aprender, espero que ele também saiba aplicar a teoria à prática, saiba tomar decisões, entenda de sistemas (pois nos comunicamos em grande parte via SAP R3), saiba trabalhar em equipe.

Blog_CF: Como ocorreu o treinamento dos funcionários para que o sistema fosse adotado de forma eficiente?
Francisco: Nós estamos constantemente desenvolvendo treinamentos para ensinar SAP R3. Cada área com a sua parte, claro. Por exemplo, a gerência de ativos capacita funcionários não apenas da sede, como também das regionais, a lidar com o inventário.

A regra, todavia, é que os colegas ensinem uns aos outros o que sabem. Incentivamos a criação de manuais e passo a passo das tarefas para, caso alguém tenha que se ausentar, ou fique enfermo, tudo possa seguir em frete com tranquilidade.

Mas, sempre que possível, retomamos os treinamentos para haver uma reciclagem constante. Ademais, damos assistência por e-mail e telefone. Algo similar a um help desk.

Blog_CF: Quais dicas você daria para um jovem ainda cursando a faculdade?
Francisco: Inicialmente ressalto que o programa para estagiários na Eletrobras, como um todo, é excelente. Sugiro que fiquem atentos à página da Eletrobras Eletronorte pois logo sairá o edital para novas contratações. Antecipando a pergunta, já simplifico a resposta. O que procuramos em estagiários é a vontade de aprender e o conhecimento contábil e de informática. Não é necessário saber SAP/R3 pois te ensinaremos aqui. A minha filosofia faz com que contratemos estagiários para o crescimento do aluno e não como "mão de obra barata".

Mas de forma mais abrangente, eu aconselho que você, jovem, aprenda a aprender. Estude além do que é exigido para passar em provas, saiba conversar sobre o assunto, interpretar arriscar uma aplicação. Alimente desde o início a sua curiosidade.

Se você já faz estágio, tente sempre procurar alguém que precise de ajuda. Não fique lendo resumos de novela ou esperando o tempo passar. Nesses momento em que você oferece ajuda para outros colegas, você pode aprender algumas coisas que te trarão um diferencial por toda a vida.

Estude inglês (e saiba português!) e informática. Um contador deve saber mexer com ferramentas básicas como Word, Excel e Power Point com excelência. Além disso, aproveite as férias (ou a greve, o sábado de manhã, ou qualquer momento que tenha livre) para fazer cursos de Access ou algum software que te mantenha versado em sistema, melhore o seu currículo e te diferencie ainda mais de seus pares. Mesmo em trabalhos concursados, o seu currículo define a sua caminhada.

12 janeiro 2014

Entrevistas dominicais

Queridos leitores, antes de iniciarmos a nossa seção de entrevistas (sempre que possível) dominicais, acho justo e oportuno destacar três anteriormente publicadas:

Sobre a biblioteca do Conselho Federal de Contabilidade - CFC, com a bibliotecária Lúcia Helena de Figueiredo Soares. Achei interessante e informativa. Para quem mora em Brasília ou pode vir para cá de vez em quando é uma leitura imprescindível.

Sobre ser aluno de iniciação científica, com a atual professora da Universidade de Brasília - UnB e doutoranda da Universidade de São Paulo - USP, Ludmila de Melo Souza. Ela também foi notícia por ser e professora mais jovem da UnB, lembram-se? 


Sobre trabalhos de conclusão de curso, com o atual professor da Universidade Federal de Goiás - UFG e doutorando da USP, Cláudio Moreira Santana. Ele foi meu professor de metodologia, é um grande mestre e amigo. Recomendo a leitura.

10 novembro 2013

Entrevista: Cláudio Moreira Santana - Trabalhos de Conclusão de Curso

Durante anos, o professor Claudio Santana coordenou com excelência os trabalhos de conclusão de curso (TCC) de contabilidade da Universidade de Brasília. Como todo coordenador de TCC, orientou também muitos alunos.

Com base nessa experiência, entrevistamos, por e-mail, o professor Claudio para saber um pouco mais sobre o assunto.

Blog_CF: Quais são os erros mais comuns na monografia dos alunos de TCC?

1. Escolher o orientador e não o tema. É comum o aluno buscar o professor mais legal ou de maior simpatia, mas isso não é o que realmente leva a um bom trabalho. Acredito que o foco deve ser no tema e, a partir daí, buscar-se um bom orientador. E não o contrário.
2. Procrastinação. Como bons brasileiros (a maioria dos alunos) deixam tudo para a última hora e esperam pela prorrogação do prazo (que muitas vezes não vem). Com esse tipo de atitude os trabalhos saem com baixa qualidade quando poderiam ser bem melhores, bastando um pouco mais de organização e planejamento das atividades de pesquisa.
3. Ter vergonha de levar o trabalho para correção do professor. Já fiz isso, e já tive alunos que fizeram isso. Ser criticado é talvez uma das coisas mais difíceis na vida. Não conheço ninguém que goste de ser criticado - e para mim também não existe crítica construtiva e sim tom de crítica e estado de espírito, dependendo desses dois posso, ou não, aceitar a crítica. Reconheço, contudo, que é difícil fazer um grande esforço e o orientador dizer que o que foi escrito é uma grande bobagem, mas às vezes é exatamente isso o que acontece (fazemos grandes bobagens e outras vezes acertamos em cheio. A vida é assim...).
4. Achar que a tarefa é do professor e não dele. Nem é preciso comentar né?
5. Não se atentar para o fato de que é necessário que um trabalho seja:
a. Realizado com um tema de seu interesse e não do orientador - é necessário gostar do tema ou pelo menos não odiá-lo. O melhor é estar apaixonado por ele;
b. Importante tanto para o aluno quanto para as outras pessoas (não apenas para o orientador e avaliadores), efetivamente tentar contribuir para o conhecimento e não apenas fazer uma obrigação. Se o autor não está convencido que seu trabalho é importante, como vai convencer outras pessoas?;
c. Original. As formas de pensar e expressar são muito diversas, há uma fonte inesgotável de criatividade mundo afora e ser original é ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil porque ninguém pensa exatamente da mesma forma que os outros e difícil porque os temas estão sendo pesquisados por muita gente, as ideias circulam e o que pensamos ser original às vezes já foi publicado. Por outro lado, é interessante ter novas formas de se fazer pesquisa, utilizar métodos e técnicas que ainda não foram utilizados no tema, buscar novos sujeitos para pesquisar (ou seja, fazer um recorte interessante na pesquisa). Tenho visto também que uma boa saída (mas não tão fácil) é buscar a interdisciplinaridade, ou seja, trabalhar conceitos, modelos e teorias de uma área em outra;
d. Viável. Vejo muitas vezes o aluno chegar com uma ideia mirabolante, que vai resolver todos os problemas da humanidade ou que vai mudar o nome do Banco Central (essa ideia já me foi apresentada uma vez...). Bom, a questão é ter o pé no chão e observar a capacidade, tempo, recursos disponíveis e necessários para se fazer a pesquisa. Não adianta ter a melhor ideia do mundo se ela não for viável.

Sobre esses três últimos pontos recomendo uma leitura adicional do capítulo 3 do livro de Cláudio de Moura Castro. A prática da pesquisa. Editora Pearson.

Blog_CF: Existem muitos casos de compra de trabalho? E de plágio?

Sobre a quantidade eu realmente não sei responder, o que parece é que a detecção dessem casos tem sido mais frequente e há casos não só Brasil, mas também na Alemanha (quem diria...).

O plágio é mais fácil de ser observado: estilo de linguagem, formatação, diferenças entre discussão com o aluno e o que aparece escrito são indícios de que há problemas. Outro ponto é o plágio não intencional e nesse caso é importante a leitura atenta do trabalho pelo orientador e anotação das fontes que foram consultadas pelo aluno.

Compra de trabalhos já é outra história... já recebi algumas denúncias, mas não foi possível provar. Nesses casos o que recomendo é maior atenção da banca. O problema é que, geralmente, quem faz isso também estuda o tema com afinco para realizar a defesa. Dessa forma, como pegar?

Uma solução é ficar atento durante a orientação. Sei de um caso em que o aluno sempre ia com um “primo” para a orientação ou quando isso não acontecia pedia para gravar. Acontece que o tal “primo” era o ghost writer do trabalho. Mas também conheço um caso que o aluno foi denunciado e a banca constatou-se que o trabalho era tão ruim que o tal aluno poderia levar o caso ao PROCON para ter seu dinheiro de volta... Rs.

Blog_CF: Muitos alunos procuram você com um tema, mas sem orientador. Como saber o que fazer neste caso? O que ele deve fazer para escolher o orientador mais correto?

É uma situação mais comum do que se imagina. Na maioria das vezes o aluno que tem um tema não tem um orientador e o que tem o orientador não tem o tema. Os interesses de cada grupo são muito diferentes, seja por leitura ou por simplesmente pertencerem a gerações diferentes.

Sempre recomendo aos alunos observarem o Lattes dos professores da instituição e, a partir daí, ver o que melhor se encaixa na proposta que ele quer fazer, outra maneira é conversar com outros professores e com colegas para saber os projetos de pesquisa que estão sendo desenvolvidos na instituição. O aluno também deve ficar atento para o fato de que o professor vai tentar transformar seu trabalho em algo mais palatável a ele, ou seja vai tentar alinhar o interesse do aluno ao seu interesse, vez que isto facilita o processo de pesquisa. Raramente vemos professores abraçarem “novas causas” temas novos ou fora do que conhecemos é sempre um risco que muitas vezes não queremos ou podemos correr.

O orientador para esses casos tem que ser o que melhor avalie a situação e o que realmente se dedique com o aluno na construção do trabalho, mostre caminhos possíveis e indique, por vezes, outros professores que podem tirar as dúvidas a respeito do tema.

Blog_CF: O que é mais comum: o aluno que quer um orientador que orienta ou um que deseja um orientador que não atrapalhe?

Depende do aluno na verdade. Para a maioria é, sem dúvida, recomendável alguém que o oriente. Nesse sentido vale mais o professor que seja franco e honesto em relação ao que lhe apresentado. Alguns alunos, entretanto, querem orientadores mais perto de si, aqueles que lhe perguntam da vida, conversam, são amigos e efetivamente demostram interesse em ajudar o aluno não apenas no processo da pesquisa mas na orientação do que fazer na vida (normalmente tratamos com jovens e que ainda não decidiram a carreira profissional e estão cheios de dúvidas no que vão fazer quando terminarem o curso). Outros querem um relacionamento estritamente profissional, objetividade nas discussões e pouco gasto e dispersão de tempo.

Para os alunos que já são mais autossuficientes e tem certa experiência (geralmente mais velhos e com outra formação ou experiência profissional), um orientador mais distante (que não atrapalha) pode ser melhor. Para esses casos vale lembrar que o aluno deve ter cuidado para não deixar o orientador na berlinda. É necessário ter o orientador como alguém que possa dar feedback sobre o que é feito e escrito.

Na prática, avaliar isso é muito difícil, e só a convivência vai mostrar como agir, - tanto para aluno quanto para professor. Mas vale lembrar que “muito ajuda quem não atrapalha” e que um orientador que orienta também é um que não atrapalha.

Blog_CF: Qual o orientador que apresenta maior taxa de sucesso: aquele que risca tudo ou aquele que não lê o trabalho do orientando?

Realmente não sei dizer. Geralmente eu risco tudo, não gosto de correr riscos e passar vergonha frente a meus outros colegas professores. Mas reconheço que é praticamente impossível pegar todos os erros ou ver todas as situações e deficiências de um trabalho. Mas já aconteceu de participar de bancas em que não tive tempo de ver o trabalho como um todo do meu orientando e só receber elogios e trabalhos que foram riscados e re-riscados exaustivamente serem duramente criticados. (avaliação tem sempre um caráter subjetivo, há bancas que gostam do tema e outras não).

No caso de não ler o trabalho acho que é muito risco para todas as partes, para o orientador (que passa vergonha e atestado de incompetência), para o avaliador (pode perder um amigo ou arrumar um inimigo) e principalmente para o aluno (que é a parte mais fraca no processo e, por estar sendo avaliado, tem os nervos à flor da pele)

Aqui acho que tem um pouco da ideia da “tese do coelho” (http://www.contabilidade-financeira.com/2010/04/rir-e-o-melhor-remedio_20.html). Orientadores que não leem o que seus alunos escrevem, podem passar vergonha em uma banca, mas normalmente também são os que batem na mesa e no peito e bancam o trabalho (argumento de autoridade). Os que leem os trabalhos passam mais segurança aos alunos e os próprios alunos entendem que devem buscar um trabalho que tenha méritos (autoridade de argumento).

Blog_CF: Em que momento é possível perceber quando um aluno irá fazer um trabalho ruim ou irá desistir do tema?

Geralmente em três situações:
1. Quando não compreendeu o problema de pesquisa. Se o aluno não sabe qual o problema de pesquisa vai ficar “patinando” e, se sair daí, não vai conseguir fazer o trabalho a tempo. A compreensão do problema de pesquisa (o que ele é e como se operacionaliza) é talvez a maior dificuldade que o aluno enfrenta, tanto no aspecto do “caso concreto” quanto no aspecto teórico.
2. Quando apresenta dificuldades cognitivas para entender os aspectos teóricos e metodológicos do trabalho. Nesses casos é necessário que o professor tenha tato para saber até onde pode cobrar do aluno. Há gênios e há aqueles com dificuldade. Devemos reconhecer que nem todos fazem parte do primeiro grupo.
3. Quando ele some. Desapareceu durante muito tempo (duas ou três semanas bastam), não importa o motivo, já comprometeu o andamento da pesquisa e os resultados provavelmente não serão bons.

Blog_CF: Em sua opinião, o TCC deveria ser obrigatório, mesmo para o aluno que não irá para área acadêmica? Não seria melhor ele fazer outra disciplina?

Acredito que deva ser obrigatório. Não é apenas a questão da pesquisa em si que importa no TCC, acho que pode despertar vocações para a pesquisa e para a academia, mas também há o desenvolvimento de competências que muitas vezes não foram sequer pensadas durante o curso. Durante os cursos de graduação, na maior parte das vezes os alunos não são instados a escrever, a praticar a leitura, a criticar, a compilar e analisar dados e tirar conclusões. Normalmente, não é solicitado que o aluno pense por si, mas que ele repita fórmulas prontas ditadas nas aulas, ou seja, a repetição do conteúdo e não a criação e reflexão do saber.

Diversas pesquisas sobre o ensino da área de contabilidade mostraram que ele é muito técnico. Pela minha vivência, são raros os professores que avaliam os alunos por outro tipo de instrumento que não seja apenas prova (e os alunos ainda pedem que seja com os mesmos exercícios do livro ou de uma lista...). Acredito que o TCC possa servir como uma forma de desenvolvimento de um aluno mais crítico, e não apenas um “fazedor de lançamentos”.

Na verdade, a ideia de se fazer pesquisa deveria estar presente durante todo o curso de graduação e não apenas no momento do TCC.

Mas vale lembrar que o TCC não precisa ser apenas no formato de pesquisa científica, a própria resolução das diretrizes curriculares permite que se tenham formas diferentes para o TCC. Poder-se-ia haver relatos de consultoria, diagnósticos empresariais, relatórios profissionais. Em suma, as universidades poderiam ser mais criativas, mas reconheço que a operacionalização dessas ideias podem ser difíceis de serem implementadas e que a compreensão dos demais professores sobre o assunto possa ser muito diferente.

Blog_CF: Para finalizar: artigo ou monografia? Qual o mais útil?

Na essência o que importa para um TCC é o desenvolvimento das competências do aluno e a sua aprendizagem em relação ao tema. Assim, tanto faz se o formato for monografia ou artigo.
Mas sou partidário do artigo, sem dúvida. Embora a monografia seja o formato mais utilizado nas Instituições de Ensino Superior no país, tendo em vista o disposto nas resoluções do MEC, o artigo é muito mais útil.

O ciclo de pesquisa envolve a ideia inicial, a confecção da pesquisa em si, a escrita, os ritos de passagem (orientações e defesa pública) e se concretiza com a divulgação.

Acontece que o formato monografia requer um retrabalho. Ou seja, é necessário fazer o corte das sobras de texto que não sejam essenciais ao entendimento do trabalho para que seja haja a tentativa de publicação. Em uma época em que somos cobrados por produto, é um desserviço termos que fazer uma tarefa duas vezes (além de sermos pagos pelo dinheiro do contribuinte...). Também há um aspecto prático: o aluno quer seguir a vida dele, começar a trabalhar, ganhar dinheiro e muitas vezes esquecer o TCC, na maioria das vezes, não vê utilidade na publicação, dessa maneira ele some e muitas vezes nunca mais o encontramos. Há também um aspecto ético: o trabalho é do aluno, que direito temos, enquanto professores, de mexer no que ele escreveu? Enviar para publicação?

Mas também sou contra fazer o TCC como artigo e já na a orientação objetivar a publicação. Em primeiro lugar deve vir a aprendizagem, a publicação deve ser consequência e se houver interesse do aluno. Em minha opinião professor não tem direito de forçar o aluno a publicar ou condicionar a orientação ao envio do trabalho para um evento ou periódico.

14 julho 2013

Entrevista

Nesta semana entrevistamos a bibliotecária Lúcia Helena de Figueiredo, responsável pela biblioteca do Conselho Federal de Contabilidade - CFC. Para quem não conhece, a biblioteca (foto) talvez seja aquela com o acervo mais especializado na área contábil. Situada no quinto andar do prédio do CFC em Brasília (SAS Quadra 05, Lote 03, Bloco J), esta biblioteca possui desde revistas históricas até livros mais modernos e atuais. Eis a entrevista:

Contabilidade Financeira: Quantos exemplares possui a biblioteca do CFC?

Lúcia Figueiredo: O acervo bibliográfico da Biblioteca do CFC conta com 10.304 exemplares.

Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?

Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.

Contabilidade Financeira: E a revista?

Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).

Contabilidade Financeira: Hoje muitas bibliotecas estão fazendo a digitalização do seu acervo. Como isto está ocorrendo na Biblioteca do CFC?

Lúcia Figueiredo: O processo de digitalização de obras ainda é muito complicado devido às questões de direitos autorais. As bibliotecas estão disponibilizando on-line livros cujos os direitos autorais são de domínio público, publicações editados pelas suas mantenedoras e as publicações acadêmicas mediante autorização dos autores. Na linguagem técnica da área, podemos dizer que a Biblioteca do CFC é uma biblioteca híbrida, disponibiliza acesso a informação, em suporte impresso e digital. Atualmente, por meio da nossa base de dados, disponível no site do CFC (http://www.cfc.org.br/sisweb/biblioteca/ ) , os usuários poderão acessar mais de 2000 referências bibliográficas on-line ( livros, artigos, trabalhos técnicos e científicos, dissertações e teses).

Contabilidade Financeira: Existe alguma diferença significativa entre uma biblioteca comum e uma biblioteca especializada, como é este caso?

Lúcia Figueiredo: Entende-se como biblioteca especializada aquela que atenda a uma instituição, seja ela empresa pública ou particular, restrita a um campo de atuação. Ela servirá de suporte e apoio às decisões e planejamentos técnico cientifico da instituição, para isso terá documentos específicos da área na qual atua, documentos como “livros, periódicos, teses, dissertações, CDs, DVDs, etc. Por se tratar de um acervo que não demanda grande volume de livros, a avaliação e atualização de sua coleção poderá ser constante. As bibliotecas especializadas têm características peculiares, principalmente em relação a um acervo mais seletivo e atual, se comparado aos modelos de bibliotecas tradicionais, como bibliotecas públicas e escolares, e mesmo às bibliotecas universitárias, com seus acervos mais diversificados em termos de áreas de conhecimento.

Contabilidade Financeira: A RBC é o periódico de contabilidade mais antigo de contabilidade no Brasil ainda publicado. Quais são os cuidados na preservação deste acervo tão importante para os contabilistas?

Lúcia Figueiredo: Procuramos, dentro do possível, seguir as recomendações para conservação e preservação das coleções. Além disso, estamos em processo de digitalização dos exemplares da revista, visando a preservação, acessibilidade e disseminação da informação.

Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?

Lúcia Figueiredo: Não.

Contabilidade Financeira: Parte das referências brasileiras estão relacionadas com obras publicadas em Portugal. Existe algum intercâmbio da biblioteca do CFC com bibliotecas daquele país?

Lúcia Figueiredo: Não.

23 junho 2013

Entrevista

Participar de um programa de iniciação científica pode ser um caminho mais curto para ingressar na vida acadêmica. Entrevistamos Ludmila Melo (foto), atualmente professora da Universidade de Brasília, que foi “pibicanda” durante dois anos seguidos. Um depoimento importante para aqueles que estão pensando em seguir o mesmo caminho.

Contabilidade Financeira: Como você ficou sabendo do programa de iniciação científica? Foi um colega ou um professor que avisou?

Ludmila Melo: Fiquei sabendo da Iniciação Científica por meio da Professora Beatriz Morgan, coordenadora do curso de Ciências Contábeis à época. Lembro que fui à coordenação para perguntar como teria que proceder para participar de projetos de pesquisa dentro da Universidade (ainda não sabia o que era PIBIC). Ela me informou que deveria procurar um professor doutor e pediu que eu a acompanhasse até a sala onde se encontrava o professor César (na época o diretor da Faculdade). Conversei com ele e lembro que ele me falou de duas linhas de pesquisas que estudava e perguntou se eu me interessava por alguma. Escolhi a linha de Finanças Comportamentais. Lembro que minutos depois já estava fazendo minha inscrição na Plataforma Lattes para que eu entrasse para o grupo de pesquisa do assunto (risos).

Contabilidade Financeira: Quais eram as suas expectativas quando fez a inscrição?

Ludmila Melo: Quando fiz a inscrição no PIBIC, a minha maior expectativa era aprender fazer pesquisa; conhecer como se dava esse processo dentro de uma universidade. No entanto, com certeza o PIBIC superou minhas expectativas. Ao final do primeiro ano, submetemos o artigo a um congresso conceituado da área e ele foi aprovado. Nesse momento surgiu um novo desafio: fazer apresentação oral do trabalho; o que para mim foi bastante desafiador porque estava apenas no meio da minha graduação.

Contabilidade Financeira: Valeu a pena fazer a iniciação científica?

Ludmila Melo: Valeu muito! A iniciação científica me ajudou em dois aspectos. O primeiro deles foi pessoal. Quando fiz a iniciação científica, desenvolvi a capacidade de leitura crítica, de leitura em língua estrangeira, desenvolvi também a habilidade de escrever e também, como consequência do artigo aprovado no congresso, vivi a experiência (ansiedade, medo, frio na barriga...) de falar em público para pessoas extremamente especializadas. Habilidades que são úteis para a vida, independentemente de atuar ou não no ambiente acadêmico. O segundo aspecto, foi me possibilitar “começar” a vislumbrar a minha vocação: a docência em ensino superior.

Contabilidade Financeira: Você acha que a iniciação científica é só para os alunos que gostariam de seguir carreira acadêmica ou pode ser útil para outras situações?

Ludmila Melo: Como falei na pergunta anterior, a iniciação científica desenvolve habilidades úteis para a vida pessoal como um todo, independente da área de atuação escolhida.

Contabilidade Financeira: A iniciação científica ajudou você durante o curso de graduação? Como ela afetou sua relação com os colegas e os outros professores?

Ludmila Melo: Ajudou e muito! Lembro que a iniciação científica me “forçou” a adiantar conteúdos que eu só veria em períodos mais avançados da graduação, o que fez com que eu aproveitasse as aulas de maneira muito melhor. E como consequência disso, fui conhecendo melhor os outros professores da graduação. Além disso, tive a oportunidade de conhecer colegas de períodos diferentes do meu na graduação bem como fazer novas amizades com os alunos que já estavam cursando mestrado, visto que estávamos inscritos no mesmo grupo de pesquisa.

Contabilidade Financeira: Qual o momento mais marcante durante a sua iniciação científica? Foi na aprovação do projeto, na defesa do trabalho ou em outra situação?

Ludmila Melo: O momento mais marcante da iniciação científica foi quando saiu o resultado do congresso ao qual havíamos submetido o trabalho fruto da iniciação científica. Foi emocionante!

16 junho 2013

Entrevista

Baltazar Guimarães Silva trabalhou durante muitos anos com contabilidade numa cidade do interior de Minas Gerais. Com esta experiência, ele foi testemunha de inúmeras transformações que ocorreram na área. Fizemos uma entrevista com ele.

Pergunta: Em que ano começou a trabalhar com a contabilidade?

Em março de 1948 comecei a trabalhar na Prefeitura de Patos de Minas, no serviço de Educação, como Inspetor de Ensino, com a missão de visitar as escolas rurais. Com base nestas visitas eram estabelecidas normas das quais se exigia fiel cumprimento. Cabia-me também elaborar um painel do que ocorria, de modo amplo, abrangendo todo o município, com base nos dados individuais de cada escola. Este painel, além de relatos históricos, era enriquecido com números: de alunos matriculados; de alunos freqüentes; e de alunos aprovados nos exames finais de cada ano.

Em setembro de 1951, com o pedido de demissão do chefe do serviço de Contabilidade, o então Prefeito Jacques Correa da Costa me mandou para seu lugar, embora não tivesse conhecimento da matéria. Alegou que meus relatórios sobre as escolas tinham muito de contabilidade e que estudasse a matéria específica. Ele não tinha outra pessoa a quem confiar o serviço.

Minhas novas funções seriam a elaboração de ordens de pagamentos, dentro das dotações orçamentárias e respectiva escrituração do livro de Empenho de Despesas. Em etapa imediata a escrituração dos livros de Receita e Despesas. Com isto se exercia o controle da execução orçamentária.

A contabilidade oficial, propriamente dita, era exercida pelo Contador que não cumpria horário no serviço público, exercendo a profissão em escritório próprio, na Cidade.

Cabe esclarecer ainda que eu não era contabilista. Só fiz o curso de Técnico em Contabilidade nos anos de 1957, 58 e 59, com a fundação de escola própria em nossa Cidade.

Pergunta: Que tipo de tecnologia existia naquela época que ajudava o trabalho do profissional?

O contador acima aludido me chamou para trabalhar em seu escritório, fora do horário do serviço público. Ele me ensinou muito sobre contabilidade e tive o máximo interesse em aprender tudo que me era ensinado, embora ainda não fosse contabilista.

Os princípios gerais são os mesmos: contabilidade é o registros de débitos e de créditos; o total dos débitos é sempre igual ao total dos créditos; em cada lançamento pode havia apenas um devedor e um credor, como podem ser vários devedores e um credor, um só devedor e vários credores, ou, finalmente, vários devedores e vários credores.

A execução dos lançamentos destes débitos e créditos, a princípio, era feita apenas manualmente. Pessoalmente comecei a me libertar deste método primário, usando o sistema de inserção frontal de ficha (Front Feed), que consiste em exercer a contabilidade escrita a máquina. Um dispositivo especial na máquina permite a inserção frontal de fichas, em que são lançados, de modo discriminado, os históricos e valores relacionados às diversas ocorrências.

Ao mesmo tempo os lançamentos são registrados em folha solta, mediante carbono copiativo que depois é transferido para o livro diário. Nesta transferência para o diário existiam dois sistemas: diário de folha opaca, no qual a cópia era feita mediante gelatina; e diário de folha transparente, fina, sendo a cópia feita diretamente.

Pergunta: Como se mantinha atualizado das alterações da profissão e das mudanças na legislação? Existiam muitas alterações?

Alterações sempre existiram. Eu assinava uma revista especializada, editada em Belo Horizonte, que informava e orientava sobre as diversas alterações ocorridas na legislação. Mas as modificações precisam ser observadas de imediato e a publicação na revista poderia sofrer algum atraso. As assinaturas do Minas Gerais [diário com legislação estadual] e o do Diário Oficial da União mantinham a atualização. As publicações se complementavam: Os jornais informavam de imediato e as revistas eram mais apropriadas para serem colecionadas, arquivadas.

Sobre a existência ou não de muitas alterações só posso dizer que sempre há alterações e precisam ser acompanhadas diuturnamente.

Pergunta: Você morava numa cidade com cerca de cem mil habitantes, onde as pessoas se conheciam. Qual era a importância de ter uma boa reputação como profissional?

Especialmente em uma cidade onde todos se conhecem, a vida profissional acaba se inserindo na vida social comunitária. Um mau profissional não é bem visto nem bem aceito na vivência comunitária. Sempre fui muito bem reconhecido profissionalmente.

Pergunta: Você fez muitas escritas para empresas de pequeno e médio porte. O empresário, naquela época, interessava pelo que você fazia?

A mentalidade geral, na época, era de que a contabilidade deveria ser feita para satisfazer uma obrigação legal. Não se tinha a consciência de que a principal finalidade da escrita contábil é prestar informações de natureza administrativa para a própria firma.

Pergunta: Como era a relação como outros profissionais? Era cordial?

No que dependesse de minha pessoa, o relacionamento com os demais era cordial. Mas sempre existem os de difícil convivência.

Visando um relacionamento bom entre todos os contabilistas, alguns dentre os profissionais fundamos a Associação Profissional dos Contabilistas de Patos de Minas, depois transformada em Sindicato.
O funcionamento da Associação ou Sindicato é sempre útil no sentido de manter o bom relacionamento entre seus associados. O Sindicato continua até hoje prestando um excelente serviço à classe contábil.

Pergunta: Em quantos dias era possível "fechar" o mês?

Cada caso é cada caso. Há firmas cuja escrita é mais simples e outras em que é mais complicada. Na mesma firma, há meses em que a escrita é mais simples e outros em que é mais complicada. Não é possível dar uma resposta única à pergunta, pois depende de numerosas circunstâncias em cada mês, em cada escrita. Possibilidades: três dias, uma semana, um mês...

11 junho 2013

Entrevista com Suzana Herculano-Houzel

A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, 40, dedicou-se nos últimos anos a entender como o cérebro humano se tornou o que é. Seu trabalho a levou a ser a primeira brasileira convidada a falar no TED Global, famoso evento anual de conferências de curta duração que reúne convidados de várias áreas do conhecimento.

Herculano apresentará em sua fala de 15 minutos, nesta quarta, os resultados de suas pesquisas sobre como o cérebro humano chegou ao número incrivelmente alto de 86 bilhões de neurônios: o consumo de alimentos cozidos. "Entre os primatas, temos o maior cérebro sem sermos os maiores. Grandes primatas, com a sua dieta de comida crua, não possuem energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um cérebro grande."
Na entrevista, concedida por telefone, a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) dispara críticas à cultura brasileira de pesquisa científica, "que não incentiva a originalidade e a diversidade de pensamento", à pós graduação nacional, "muito fraca", e ao programa de bolsas Ciência Sem Fronteiras, "do jeito que está, parece demagogia" e defende a profissionalização da carreira de cientista.

Luciana Whitaker/Folhapress
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que irá falar no TED Global, em seu laboratório na UFRJ
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que irá falar no TED Global, em seu laboratório na UFRJ

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Folha - Sobre o que a sra. vai falar na palestra no TED?
Suzana Herculano-Houzel - Vou apresentar o resultado do trabalho realizado no nosso laboratório, que mostra que o ser humano não é especial, nosso desenvolvimento cerebral não foge às regras que se aplicam aos outros primatas. Temos o maior cérebro primata sem sermos os maiores primatas. Como o tamanho do cérebro acompanha o tamanho do corpo, em geral, primatas maiores do que nós, como gorilas e orangotangos, deveriam ter um cérebro maior que o nosso e, no entanto, o gorila é duas a três vezes maior do que nós e nós temos um cérebro três vezes maior que o dos gorilas. Descobrimos que há uma explicação de origem metabólica para isso: quando calculamos a quantidade de energia que um primata obtém com a sua dieta de comida crua e quanto custa manter o corpo e o cérebro funcionando, descobrimos que os primatas não têm energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um cérebro grande, com muitos neurônios. Também deveríamos obedecer à mesma regra, então nossos ancestrais conseguiram burlar essa limitação energética. Esse jeito, muito provavelmente, foi a invenção da cozinha, que transformou a maneira como aproveitamos as calorias, tornando os alimentos mais fáceis de serem mastigados e digeridos e, portanto, permitindo obter mais calorias em menos tempo.

Com a invenção da cozinha, ter um cérebro grande deixa de ser um risco e passa a ser uma vantagem, ao mesmo tempo que nos libera para fazer coisas mais interessantes com o nosso cérebro. Poderíamos pensar que isso nos faz especiais, mas se você olhar a evolução do cérebro dos primatas, é possível perceber que há muito tempo existe uma tendência de aumento do tamanho do cérebro, mas nos nossos ancestrais e nos grandes primatas isso tinha encontrado essa barreira metabólica.
Minha mensagem na palestra é que o que nos torna notáveis é o número alto de neurônios no córtex cerebral e conseguimos chegar a isso fazendo algo que nenhum outro animal faz que é cozinhar os alimentos.

Recentemente dois grandes projetos ligados à compreensão do cérebro foram anunciados. Na Europa, um investimento de 1 bilhão de euros será destinado a uma simulação em computador do cérebro funcionando e, nos EUA, um consórcio de cientistas vai mapear o cérebro. Como essas iniciativas se inserem no atual quadro de pesquisa da neurociência?

São desdobramentos do que já vinha sendo feito. Se você olhar para a história da pesquisa em neurociência, começamos tentando entender o que cada parte do cérebro faz, para que serve cada estrutura, e isso teve uma explosão extraordinária entre os anos 1990 e 2000 com as técnicas de ressonância magnética e tomografia computadorizada, que nos permitiram construir um mapa do que faz cada pedaço do cérebro. Nos últimos cinco anos, começou uma busca pela compreensão de como partes diferentes do cérebro interagem, colaboram e trocam informações. Nesse processo emerge a consciência, o autoconhecimento. Essa é a fronteira final nesse momento.

A sua pesquisa se relaciona de alguma forma com esses projetos?

De certa forma sim. Uma das coisas que estamos estudando e que faz parte de um artigo que acabamos de terminar é entender como os neurônios se distribuem ao longo do córtex humano [camada mais externa e sofisticada do cérebro], entre as diferentes áreas. Começamos uma pesquisa para saber qual é a relação entre a distribuição do número de neurônios e do número de sinapses, tentando entender as regras de construção do cérebro e como se dá a relação entre a distribuição de neurônios e as funções de cada área.

As iniciativas americana e europeia de compreender o cérebro e os experimentos de interface cérebro-máquina, como do brasileiro Miguel Nicolelis, receberam bastante atenção da mídia. A senhora acha que o não cumprimento dos objetivos pode gerar alguma frustração na sociedade e até descrédito para a neurociência?

Tudo depende de como as coisas são apresentadas. A maneira como eu entendo essa iniciativa do consórcio americano é compreender como o cérebro funciona como um todo. Mas, para vender isso para mídia, eles têm que colocar o propósito da cura do alzheimer, porque é um nome que as pessoas reconhecem e pensam "ah, isso é importante". Mas é importante que a mídia dê valor a esses assuntos, para que as pessoas passem a dar mais valor à pesquisa pelo conhecimento que geramos, e não só porque vamos curar doenças. Até porque se o público aprender a reconhecer o valor da ciência pela ciência, não tem por que ter frustração. Toda pesquisa bem feita traz, no mínimo, novas perguntas. Se a pesquisa é bem feita, não existe fracasso.

A senhora se divide entre a pesquisa e a divulgação de ciência, algo raro na nossa academia. Você acha que há uma falha de comunicação entre os cientistas e a sociedade?

Infelizmente a divulgação científica não é muito valorizada nem bem vista pelos cientistas. O CNPq [órgão federal de fomento à pesquisa], por exemplo, não considera a divulgação científica na conta da produtividade do cientista. Mas isso é compreensível. Dada a sobrecarga de ensino e pesquisa dos nossos cientistas, é difícil que eles ainda queiram fazer divulgação sem que isso lhes dê algum tipo de reconhecimento pelos seus esforços. Não sei se estaria fazendo divulgação se eu não tivesse voltado para o Brasil para fazer justamente isso. Depois é que eu voltei a fazer pesquisa.

Quais são os principais problemas na maneira como se faz pesquisa científica no Brasil?

Originalidade zero. Não existe incentivo à originalidade e à diversidade de pensamento. Quando eu cheguei nos EUA [para fazer o mestrado, em 1992], fiquei chocada ao descobrir que as pessoas não param cinco anos no mesmo lugar. Eles têm essa cultura de se mudar constantemente, o que favorece a diversidade de ideias. Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade. Colônias em que você tem o fundador original, o chefe do laboratório, e as crias todas vão se espalhando ao seu redor, estudando a mesma coisa.

Como a senhora vê o atual estado da pós-graduação no Brasil?

O nível de exigência aqui é baixíssimo. Nos EUA e na Europa, após um ou dois anos no doutorado, você tem que apresentar o seu projeto de pesquisa original e, antes disso, precisa apresentar outro projeto de pesquisa sobre um tema que não seja da sua área só para provar a capacidade de raciocínio autônomo e original, de reconhecer um problema da ciência e propor um tratamento científico a ele. Aqui, temos um exame de conhecimentos, em que você precisa provar que domina um determinado assunto, mas com isso incentiva-se a repetir e não a gerar algo novo. No fundo, o aluno de doutorado aqui é uma pessoa que trabalha nas linhas de pesquisa de um determinando laboratório sem nenhuma exigência de que tenha contribuído de forma original para a ciência.
A formação dada pela nossa pós-graduação é ruim, então?

É fraca, muito fraca. Não porque faltem bons pesquisadores ou professores, mas porque não há cobrança, não se oferecem cursos com o professor ensinando na lousa, apenas seminários, como que dizendo: "O aluno que busque o conhecimento sozinho".

Como a senhora vê o investimento do governo no programa de bolsas Ciência sem Fronteiras?

Francamente, eu não entendo esse programa. Do jeito que está parece demagogia. Quando se começou a falar em Ciência sem Fronteiras, parecia um negócio extraordinário. Eu havia entendido que abriríamos as fronteiras nos dois sentidos, iríamos mandar jovens cientistas para fora e abrir as nossas fronteiras para os estrangeiros que quisessem vir trabalhar aqui. Poderíamos, quem sabe, acabar com o complexo de vira-lata da gente, de que só os outros que prestam, ao atrair pesquisadores de outros países. Não vemos isso acontecendo. O que se vê é uma porcentagem baixíssima de aprovação de projetos para trazer gente de fora. Pouquíssimas bolsas para enviar jovens para fazerem doutorado e pós-doutorado fora e uma massa enorme de dinheiro usada para mandar alunos de graduação para o estrangeiro, o que me choca pois, na minha avaliação, a graduação no Brasil é muito boa. Fiz graduação aqui na UFRJ e, quando cheguei aos EUA para fazer o mestrado, os professores achavam que eu era uma aluna extraordinária, pois já sabia coisas que eram dadas na pós-graduação de lá. Onde ficamos muito para trás é na pós-graduação.

Apesar de diversos estudos mostrando o malefício das drogas ao cérebro, a senhora tem se posicionado a favor da legalização. Por quê?

O problema maior das drogas é para aqueles que não têm nada a ver com a história e ficam presos no tiroteio, literalmente, que é a violência financiada pelo tráfico. No mundo ideal, gostaria que ninguém pudesse comprar drogas porque elas fazem mal e ponto. Mas também entendo que, por um lado, as pessoas deveriam ter liberdade para fritar o próprio cérebro em paz sem colocar as outras em risco. Vamos tornar as drogas acessíveis em farmácias, controladas pelo governo, para acabar com o tráfico. Mas sou contra a descriminalização, que só tranquiliza o usuário, que pode comprar a droga tranquilo, sem medo de ser preso. Sou a favor da legalização.

Há uma discussão hoje em torno da diminuição da maioridade penal. Do ponto de vista da neurociência, é possível dizer que alguns desses jovens que recentemente cometeram crimes bárbaros não sabiam o que estavam fazendo?

A adolescência é um processo que leva em torno de dez anos, as vezes até mais, e é um processo de transformação do cérebro, em que várias habilidades mudam, melhoram e a última delas é a de se colocar no lugar do outro e de ter um raciocínio consequente, entender os desdobramentos dos seus atos. Em torno de 17, 18 anos, em geral, essas habilidades de raciocínio consequente já existem e funcionam bem o suficiente para você caracterizar a pessoa como um adulto, mas é um processo. Qualquer idade que seja estabelecida vai ser arbitrária. A questão é se a idade que você escolhe como idade arbitrária é bastante segura ou não para você considerar em princípio que todos os jovens que já têm essa idade devem ter a capacidade de avaliar as consequências dos seus atos.
Dezoito anos, então, é uma idade razoável para ser usada como marco?

Acho perfeitamente razoável, talvez pudesse ser 19, ou 17 e meio, mas é importante reconhecer que essa idade é arbitrária. Além do mais, esses crimes hediondos cometidos por jovens não são cometidos porque a pessoa tinha 17 anos e cinco meses e, portanto, não tinha a capacidade de entender que quando ela estava jogando gasolina na dentista ela ia morrer se o fósforo fosse aceso. Uma criança tem essa capacidade. Nesse caso estamos falando de uma coisa diferente. Boa parte desses jovens que cometem crimes bárbaros, hediondos, é sociopata. Há a ideia de que a pobreza é culpa da classe média, de que o bandido é culpa da sociedade que não deu oportunidade. E é nesse tipo de sociedade que o sociopata floresce, uma pessoa perfeitamente sã, racional e capaz, por isso, de manipular os outros. Sociopata é um predador, causando problemas para todo mundo ao redor. Ele faz isso tanto melhor quanto mais as pessoas pensarem "pobrezinho, não é culpa dele, ele não fez nada de errado, ele não tem de ser punido". As pessoas nascem sociopatas e a sociedade tem de se saber como lidar com isso.
Como identificar esse jovem?
Psiquiatras bem treinados sabem fazer essa avaliação. Há sociopatas que jamais vão chegar a matar uma pessoa, mas ainda assim ele pode criar um monte de problemas para as pessoas ao redor dele. Mas considerando apenas os sociopatas que cometem crimes hediondos, eles devem ser reconhecidos e tratados como de fato de são, como uma pessoa cuja taxa de recuperação e de reinserção na sociedade é praticamente zero. E cuja taxa de reincidência é altíssima, não importa a idade. É isso que tem de ser levado em conta. No fundo, não importa a idade da maioridade penal.

A sra. vem defendendo a profissionalização do cientista. O que é isso?

Minha proposta é que o jovem que faz ciência tenha esse trabalho reconhecido, que seja considerado um cientista de fato. Um dos problemas do jovem que trabalha com ciência é que a própria família acha que eles estão de vagabundagem. O trabalho de pesquisa que um jovem faz sob a alcunha de estudante de pós-graduação é de verdade. Terminado o período da pós-graduação, esse jovem continua não tendo a possibilidade de ser contratado como cientista. São raros os institutos de pesquisa que contratam pesquisadores de fato no Brasil. Na grande maioria dos lugares, esse jovem vai ser contratado como professor. O primeiro problema é reconhecer que a pessoa que faz ciência tem um trabalho: ela se chama cientista. Hoje, eu não posso preencher uma ficha de dados e declarar como minha profissão cientista. Essa profissão não existe. E isso contribui para desvirtuar a pós-graduação, pois como o jovem que se forma não pode ser contratado como um pesquisador, a única maneira de ele continuar fazendo pesquisa é ele entrar para a pós-graduação. E ela então vira uma tábua de salvação, como a única maneira de continuar trabalhando no laboratório. E eles são a verdadeira mão de obra da pesquisa no Brasil. O número de publicação de artigos no país vem crescendo de mãos dados com o aumento no número de alunos de doutorado. Quem faz a pesquisa no Brasil são esses "alunos" da pós-graduação que, para mim, são cientistas, são trabalhadores, que deveriam ser reconhecidos como tais, com os direitos e deveres que todo trabalhador tem.

E o que a sra. propõe para melhorar esse quadro?

Proponho que se crie a profissão de cientista e que, para o jovem exercer a função de pesquisador, ele tenha de ser contratado. Se ele vai ou não fazer a pós-graduação também, isso passa a ser uma coisa à parte. A pós poderia passar a ser reservada, como deveria ser, àqueles alunos que demonstrem capacidade de raciocínio original, de propor novas ideias. A profissionalização do cientista não só resolveria o problema de o jovem recém-formado não ter o status de trabalhador com férias, décimo terceiro e tudo o mais, mas também ajudaria a resolver o problema da pós-graduação ser hoje uma tábua de salvação para os nosso jovens e não ser valorizada como ela deveria ser.

Como tem sido a repercussão dessas ideias dentro da universidade?

Críticas só de longe, por e-mail, sem mostrar a cara. Recebo muito apoio de alunos, que querem ter o seu trabalho reconhecido. Eu não entendo muito bem porque a ideia de profissionalizar a ciência incomoda tanto algumas pessoas. Mas as pessoas que se incomodam são as que estão lá no alto, são os diretores de institutos etc. Fica a impressão ruim de que eles não querem perder a mão de obra quase de graça. É muito comum ouvir: "Você está ganhando dinheiro para estudar". Esse é o tipo de mentalidade que mata a ciência. Isso é uma herança do século 18, pois os primeiros cientistas eram diletantes de famílias ricas, que não precisavam de dinheiro para fazer pesquisa. Hoje a realidade é outra, mas faltou mudar essa parte da pesquisa ser reconhecida como trabalho que é.
Quais são os próximos passos da sua pesquisa?

Estamos trabalhando com animais de cérebro enorme. Será o teste da nossa hipótese de que é o número de neurônios que importa e não simplesmente o tamanho do cérebro ou a relação com o tamanho do corpo. Estamos terminando agora de estudar um cérebro de elefante, depois baleias e estamos começando a trabalhar com pássaros para entender a diversidade de maneiras com o cérebro é construído e a relação que isso tem com as capacidades cognitivas e comportamentais dos diferentes animais. Mais adiante, vamos estudar a relação entre a construção do cérebro, o metabolismo e o sono. Por que animais de grupos diferentes têm necessidades diferentes de sono? E como isso está relacionado com o metabolismo do cérebro e o número de neurônios.