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02 abril 2012

Cobertura de Investimento

Definição – este índice mostra quanto do investimento que a empresa realizou estaria coberto pelo seu caixa gerado nas operações. Corresponde a um índice de autofinanciamento.

Fórmula – Cobertura de Investimento = [Fluxo de Caixa das Operações / | Fluxo de Caixa de Investimento |] x 100

Sendo
Fluxo de Caixa das operações – corresponde ao fluxo de caixa gerado pela empresa nas atividades
Fluxo de Caixa de Investimento – refere-se ao fluxo gerado nas atividades de investimento ou caixa líquido usado nas atividades de investimento.

Unidade de Medida – Em percentagem. Representa quantos por cento a empresa foi autofinanciada.

Intervalo da medida – varia entre zero e infinito, já que o índice não é usado quando o fluxo das operações for negativo e o fluxo de investimento for positivo.

Como calcular – Os valores são obtidos na demonstração dos fluxos de caixa da empresa. É importante lembrar que este índice deve ser usado quando o fluxo das operações for positivo e o fluxo dos investimentos negativo.

Veja o exemplo da empresa Abyara (Brasil Brokers), referente ao fluxo consolidado, de 2011 e 2010, nesta ordem, em R$mil, na figura abaixo:

A cobertura de investimento é dado por:

Cobertura de Investimento em 2011 = 115 951 / |248 564| = 0,47 ou 47%.

Isto significa dizer que o caixa gerado nas atividades operacionais da empresa conseguiu cobrir 47% dos investimentos realizados. No ano anterior o valor era de:

Cobertura de investimento em 2010 = 61 932 / |20634| = 3,00

Indicando que o fluxo das operações foi mais do que necessário para pagar os investimentos.

Grau de utilidade – Regular. A necessidade que o fluxo das operações seja positivo e o fluxo dos investimentos seja negativo restringe seu uso. Além disto, a demonstração dos fluxos de caixa ainda está restrita a algumas empresas.

Controvérsia de Medida – Não.

Observações Adicionais
a) Quando uma empresa consegue um índice maior que a unidade, isto evitaria, a princípio, a necessidade de captação de recursos com acionistas ou capital de terceiros;
b) Empresas em fase de implantação terão valores reduzidos para este índice.
c) Valores elevados pode indicar que a empresa não consegue usar, em investimentos, o caixa gerado. Isto pode comprometer o crescimento futuro da empresa.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:

27 março 2012

Prazo de Estocagem

Definição – quantos dias o estoque fica na empresa. Mostra o tempo, em dias, que a empresa leva para vender seus estoques.

Fórmula – Prazo de Estocagem = (Estoque médio / Custo da Mercadoria Vendida) x 360

Sendo

Estoque Médio = corresponde a média do estoque inicial mais estoque final, dividido por dois.
Custo da Mercadoria Vendida = refere-se ao valor das mercadorias que foram vendidas pela empresa no período

Unidade de Medida – O valor está expresso em dias.

Intervalo da medida – O índice varia entre zero a infinito. Maiores valores indicam que os estoques duram mais nas prateleiras da empresa. Normalmente o valor máximo não deve ultrapassar a um ano.

Como calcular – As informações estão disponíveis na demonstração do resultado e nos balanços patrimoniais.

Vamos usar o exemplo da Magazine Luíza, uma empresa de comércio varejista. A figura a seguir mostra o balanço patrimonial da empresa:


A média dos estoques é dado por:

Estoque médio = (1264 657 + 849 799) / 2 = 1 057 228

O custo da mercadoria vendido é obtido na demonstração do resultado da empresa:



Observe na figura que está incluso na linha de custo também captações para operações financeiras. A empresa detalha a parte referente a mercadoria vendida em notas explicativas.

Assim, o Custo da Mercadoria Vendida que deve ser usado corresponde a R$4 163 438 mil reais. Com estes valores podemos calcular o prazo de estocagem:

Prazo de Estocagem = (1 057 228 / 4 163 438 ) x 360 = 91 dias

Ou seja, o estoque permanece na empresa por 91 dias.

Grau de utilidade – Elevado. O índice é muito importante para empresas comerciais e industriais, mas pouco expressivo para empresas prestadoras de serviços.  Entretanto, para fins de política econômica, o índice pode sinalizar o comportamento da economia. Geralmente em situações de recessão, as empresas tendem a acumular um grande volume de estoques num primeiro instante, o que aumenta o prazo de estocagem. Em momentos de saída da recessão, as indústrias de produção de insumos tendem a aumentar o volume de estocagem.

Controvérsia de Medida – Nenhuma.

Observações Adicionais

a) O prazo de estocagem pode ser influenciado por variações sazonais. No caso da empresa analisada, a mesma promove uma grande liquidação em janeiro. Isto justificar o prazo aparentemente elevado encontrado no índice.

b) O prazo de estocagem pode ser influenciado por variações de longo prazo. A criação de um canal de distribuição mais eficiente, aliado a melhoria na logística no país, pode indicar uma redução no prazo de estocagem.

c) Em períodos inflacionários, o estoque pode ser usado como uma forma de redução das perdas com inflação. Isto tende a aumentar o prazo de estocagem, já que as empresas compram mercadorias para se protegerem da inflação.

d) De uma maneira geral, comércios são mais eficientes quando possuem prazos reduzidos de estocagem. Entretanto, esta redução pode ter como consequência uma perda de clientes, em razão do aumento no número de mercadorias não repostas, que leva a perda de vendas.

e) O prazo de estocagem pode ser influenciado pelo setor de atuação. Isto é particularmente verdadeiro para indústrias, onde o processo produtivo impede reduções drásticas no nível de estocagem.


Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:

22 março 2012

Giro do Ativo


Definição – relaciona o total das vendas produzidas com o ativo da empresa. Mostra quantas vezes o ativo girou no período. Corresponde a um índice de eficiência no uso dos ativos.

Fórmula – Giro do Ativo = Vendas / Ativo Médio
Sendo
Vendas – corresponde as receitas líquidas de prestação de serviço e venda de produto, líquida de impostos, abatimentos e devoluções
Ativo Médio – refere-se ao ativo inicial mais o ativo final dividido por dois.

Unidade de Medida – É um número absoluto. Geralmente falamos de quantas “vezes” o ativo girou.

Intervalo da medida – Sendo que os dois números são positivos, o valor do giro do ativo pode variar entre zero e infinito. Entretanto, valores entre 0,5 a 5 são mais comuns.

Como calcular – As informações são obtidas na demonstração do resultado e no balanço patrimonial da empresa.
A figura a seguir refere-se a demonstração do resultado da empresa Gol.  Durante o terceiro trimestre de 2011 a receita da empresa foi de 1,8 bilhões de reais.


O balanço patrimonial, apresentado a seguir, mostra o valor do ativo da empresa:

Como a venda é do terceiro trimestre de 2011, para calcular o índice é necessário achar a média entre o ativo inicial e o ativo final. Neste caso, entre 9,195 bilhões e 9,633 bilhões:

Ativo Médio = (9 195 926 + 9 632 749) / 2 = 9 414 338 mil

Assim, o giro do ativo é dado por:

Giro do Ativo = 1 843 698 / 9 414 338 = 0,1958 no trimestre

Assim, em três meses a empresa girou seu ativo em 0,2 aproximadamente. Em um ano isto corresponde a 0,7833 (ou 0,1958 x 4).

Grau de utilidade – Elevado. O giro do ativo pode ser usado em diferentes tipos de setores e empresas.

Controvérsia de Medida – Pouca. Em alguns casos é possível usar o valor do investimento (vide ROI para entender a diferença entre investimento e ativo); em outros, adicionar todas as receitas, incluindo as receitas financeiras.

Observações Adicionais
a) Também é possível calcular o giro do ativo usando o valor inicial do ativo ou o valor final do ativo. Como o ativo não deve sofrer variações substanciais ao longo do tempo, os resultados obtidos por estas fórmulas alternativas devem ser aproximadamente iguais. Veja uma discussão maior no retorno sobre o patrimônio líquido.
b) Este índice é propício a fazer algumas relações interessantes. Se multiplicarmos o numerador e denominador pelo lucro operacional obtém o seguinte: Giro do Ativo = (Vendas / Ativo Médio) x (Lucro Operacional / Lucro Operacional) = (Lucro Operacional / Ativo Médio) x (Vendas / Lucro Operacional) = Retorno do Ativo / Margem Operacional
c) É preciso ter cuidado em saber que o período de tempo usado para as vendas. O giro do ativo usando as vendas trimestrais tende a ser menor que o mesmo índice usando vendas anuais. O correto seria transformar o valor em dado anual, como fizemos no exemplo;
d) Em empresas que usam arrendamento, em razão da falta do registro contábil, o valor do ativo pode estar subestimado.
e) Acredita-se que empresas com maior giro sejam mais eficientes, pois conseguem gerar mais receitas com seu ativo. Entretanto o índice depende do setor de atuação da empresa.


Veja também

21 março 2012

P/L = Preço da ação / Lucro por ação

Definição – corresponde a relação entre o preço da ação e o lucro por ação da empresa. Supondo que o lucro líquido é dos acionistas, mede o tempo de retorno do investimento de uma ação

Fórmula – P/L = Preço da ação / Lucro por ação

Sendo
Preço da ação = representa o valor de negociação médio das ações da empresa, numa determinada data.
Lucro por ação = corresponde ao lucro líquido do exercício dividido pelo valor da ação.

Como ambos os itens são divididos pelo número de ação, o P/L corresponde a relação entre o valor de mercado do capital próprio dividido pelo lucro líquido do exercício.

Unidade de Medida – A medida está expressa em número de períodos. Se o lucro usado corresponde ao lucro trimestral, o valor do P/L estará expresso em trimestres. O mais usual é usar o lucro anual e, portanto, o P/L corresponde ao número de anos.

Intervalo da medida – Como não faz sentido usar este índice quando a empresa tem prejuízo, podemos dizer que o intervalo está entre zero a infinito. Em momentos de mercado aquecido o valor tende a ser maior. Valores entre 5 a 20 são normais no mercado.

Como calcular – Este índice pode ser calculado por uma das duas fórmulas apresentadas. O lucro pode ser obtido na demonstração do resultado da empresa. Já o valor de mercado refere-se o valor cotado na bolsa de valores. Algumas bases de dados fornecem este número já calculado.

A figura seguir mostra o valor do P/L já calculado para a empresa Multiplus, que atua com programas de fidelidade. O índice já foi calculado e o resultado é de 21,3, indicando que com o lucro apurado pela empresa e o preço de negociação da ação no mercado, um investidor levará 21,3 anos para ter de volta o valor investido, considerando somente a geração de lucro.



Grau de utilidade – Moderado. Sua aplicação só pode ser feita para empresas com ações negociadas na bolsa de valores. Isto, obviamente, limita seu uso. Mas este é um índice que também possui aplicações mais abrangentes, sendo usado, na média do mercado, para evidenciar o grau de “aquecimento” do mercado.

Controvérsia de Medida – Alguma. O principal problema talvez seja o cálculo do lucro por ação.

Observações Adicionais

a) Em situações onde existe um mercado aquecido, o valor do P/L tende a aumentar. Assim, é importante a observação de uma série histórica do índice.

b) O cálculo do lucro por ação deve levar em consideração os tipos de ações existentes em cada empresa, o percentual do capital e a cotação no mercado.

c) Como o lucro é uma informação divulgada, para as empresas de capital aberto, a cada três meses, a periodicidade deste índice deve ser também trimestral.

d) Para evitar que o índice seja influenciado pela distribuição de proventos, é comum as bases de dados fazerem um ajuste para proventos no preço das ações.

e) Durante um determinado período podem ocorrer ofertas e cancelamentos de ações. O mais usual é trabalhar com a estrutura de capital mais recente da empresa.

f) Assim como os demais índices, não existe um valor ideal. Valores elevados denotam um preço aquecido, indicando ser um momento para venda das ações; valores reduzidos pode ser um sinal de que o preço da ação da empresa está baixo. É sempre importante fazer um comparativo do histórico da empresa e do mercado.


Veja também:


14 março 2012

Ebitda

Definição – O EBITDA é a sigla para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Corresponde a uma forma de calcular um lucro, obtido a partir da demonstração do resultado, sem levar em consideração estes itens.

Fórmula – Ebitda = Lucro Operacional Antes do Imposto de Renda e Despesa Financeira + Depreciação + Amortização

Sendo

Lucro Operacional – corresponde ao resultado operacional da empresa, antes do cálculo do imposto de renda. Ou seja, corresponde ao resultado proveniente dos ativos da empresa. Isto deveria incluir as receitas financeiras, assim como o resultado com investimentos realizados em outras empresas e outros tipos de receitas. Como nós calculamos o lucro operacional correto antes da despesa financeira, não é necessário incluir a despesa financeira no cálculo.

Depreciação e Amortização – refere-se a parcela destas despesas, que podem estar nas despesas operacionais ou no custo dos produtos industrializados pela empresa que foram vendidos no período.

Unidade de Medida – O Ebitda está expresso em reais.

Intervalo da medida – A rigor, pode variar de um número negativo até um número positivo. Entretanto como não considera as despesas financeiras, os impostos e a depreciação e amortização, o Ebitda tende a ser positivo. A história deste índice mostra que ele foi divulgado exatamente por transformar resultados operacionais negativos em Ebitda positivo. Ou seja, é um índice que foi criado para ser positivo.

Como calcular – A CVM tem uma instrução própria mostrando como as empresas devem calcular o Ebitda para fins de divulgação. Esta instrução foi criada em razão das diversas formas que estavam sendo usadas no mercado para obter este valor. Ela é válida para empresas de capital aberto.

Iremos mostrar como se deve fazer o cálculo para qualquer tipo de empresa. A figura a seguir mostra a demonstração do resultado da Gerdau S/A obtida no seguinte endereço.

Com a figura acima é possível calcular o lucro operacional antes das despesas financeiras.

Lucro Operacional = Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro + Despesas Financeiras =1 981 661 + 298 451 = 2 280 112 mil reais

Observe que a despesa financeira é somada uma vez que não entra no cálculo do lucro operacional.

É necessário obter a informação da depreciação e amortização. Em geral este valor é obtido na Demonstração dos Fluxos de Caixa. Veja o extrato desta demonstração para Gerdau S/A a seguir

Lembrando que

Ebitda = Lucro Operacional + Amortização e Depreciações
Ebitda = 2 280 112 + 128 383 = 2 408 495 mil reais.

Ou seja, o Ebitda da Gerdau S/A foi de 2,4 bilhões de reais em 2011.

Grau de utilidade – Regular. Alguns investidores usam o Ebitda para empresas novas, tentando projetar o seu grau de viabilidade. Em algumas empresas o Ebitda é usado para fins de remuneração.

Controvérsia de Medida – Muita. O Ebitda tem sido considerado um substituto do fluxo de caixa por alguns analistas. Não é. O Ebitda tem sido usado como uma aproximação da agregação de valor de uma empresa. Não existe nenhuma vinculação comprovada entre o Ebitda e o valor da empresa, na teoria e na prática. O Ebitda tem sido usado por empreendimentos recentes, em buscas de novos investidores. Durante a bolha da internet e nos períodos de crescimento da bolsa, cresceu o uso deste índice. Desconfie de uma empresa que enfatiza o resultado pelo Ebitda, mas não pelo índices mais conservadores.

Observações Adicionais
a) O Ebitda também tem sido usado em certos índices, seja no numerador ou no denominador. Assim, é possível encontrar “ebitda sobre vendas” ou “valor do empreendimento sobre ebitda”.

b) Em geral o resultado do Ebitda é mais favorável para empresa que o lucro operacional. Por este motivo, as empresas com prejuízo operacional preferem destacar o Ebitda, que tende a apresentar um resultado melhor para empresa.

c) O Ebitda é muito controverso. O famoso investidor Warren Buffett, numa de suas cartas anuais para os acionistas de sua empresa, criticou esta medida.

Leia mais:

13 março 2012

Margem Operacional

Definição – Este índice mostra qual o lucro operacional obtido por uma empresa para cada unidade de venda realizada.

Fórmula – (Lucro Operacional / Vendas Líquidas) x 100

Sendo

Lucro Operacional – corresponde ao resultado operacional da empresa. Ou seja, é o resultado proveniente do investimento realizado nos seus ativos. Isto inclui também o resultado com aplicações financeiras (receitas financeiras), com investimento em outras empresas e outros tipos de receitas denominadas de “não operacionais”. No passado o lucro operacional no Brasil incluía as despesas financeiras, mas isto felizmente é passado. Que fique como uma nota de rodapé da nossa história.

Vendas Líquidas – corresponde a receita de vendas de produtos e serviços da empresa, líquido de impostos sobre vendas, abatimentos e devoluções.

Unidade de Medida – O valor está expresso em percentual sobre as vendas.

Intervalo da medida – A margem operacional pode variar entre -100% até infinito. Espera-se que uma empresa possua resultado operacional positivo; deste modo, o índice será positivo. Também não é usual que a margem ultrapasse os 100%, já que neste caso o lucro operacional seria maior que a receita de vendas. Mas é uma exceção que pode ocorrer.

Como calcular – A seguir encontra-se a demonstração do resultado do 4º. Trimestre da Marisa, uma empresa de varejo na área de confecção, em R$ mil.

A receita líquida da empresa foi de 765 milhões de reais:

Receita Líquida = 651 056 + 100 584 + 13 556 = 765 196 mil

O lucro operacional deve incluir as receitas financeiras, que são originárias das aplicações financeiras das sobras de recursos do capital de giro. Ou seja, as receitas financeiras fazem parte da atividade operacional da empresa. Assim, o lucro operacional é de:

Lucro Operacional = 69 497 + 34 794 = 104 291 mil reais.

A Margem Operacional da empresa pode ser obtida da seguinte forma:

Margem Operacional = (104 291 / 765 196) x 100 = 13,62%

Isto significa dizer que de cada R$100 de receita que a empresa obtém, R$13,62 representa o lucro das operações, antes do imposto de renda e da remuneração dos financiadores (capital próprio e de terceiros).

Grau de utilidade – Moderadamente elevada. Existem outros índices de margem, o que reduz um pouco a utilidade. Além disto, é um indicador com polêmica no cálculo.

Controvérsia de Medida – Alguma. Em geral os analistas usam o lucro antes das receitas financeiras. Mas isto é incorreto, tecnicamente.

Observações Adicionais
a) A margem operacional é o que resta, antes de remunerar os financiadores da empresa. Se a margem é negativa, isto provavelmente significa que os acionistas irão arcar com prejuízo. No longo prazo, uma empresa com margem negativo é inviável.

b) A margem operacional também pode ser calculada após o imposto de renda, mas antes da despesa financeira. No caso da Marisa, o lucro antes do imposto de renda e contribuição social foi de 50 149 mil reais. O imposto de renda e contribuição somaram 13 876 mil, o que significa uma alíquota de 27,67% (ou 13876/50149). Como o lucro operacional obtido foi de R$104 milhões, este lucro após o imposto seria de 75 434 mil reais [ou 104291 x (1 – 0,2767)]. Isto corresponde a uma margem operacional após imposto de 9,85%. Outra forma de obter este número é multiplicar 13,87 por (1-0,2767).

c) Margens maiores indicam maior lucratividade. Entretanto, em alguns momentos, as empresas podem reduzir sua margem para ganhar mercado. Assim, margens reduzidas pode não ser um fator negativo.

d) Este índice pode ser desdobrado da seguinte forma:

Uma empresa pode aumentar sua margem operacional melhorando o retorno do ativo ou girando mais suas vendas.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:




09 março 2012

Ativos não Operacionais

A avaliação de empresas é necessária frente a vários processos de negociações e pode ser realizada por meio de métodos distintos como o do Fluxo de Caixa Descontado, do Método de Múltiplos, do Valor Patrimonial, dentre outros. Quando o valor da empresa é calculado pelo método de Fluxo de Caixa Descontado devem ser realizados alguns ajustes quanto aos ativos não operacionais. De tal modo, o objetivo do trabalho foi verificar qual o tratamento sugerido pela teoria quanto aos ativos não operacionais para a avaliação das empresas e quais são os tratamentos de tais ativos não operacionais na prática. Outrossim, o objeto do estudo são os laudos de avaliação das ofertas públicas de ações publicados pela Comissão de Valores Mobiliários no período de 2005 a 2010. Para tanto, utilizou-se de uma pesquisa documental e qualitativa com a aplicação de uma análise de conteúdo. Como resultado observou-se que o tratamento dado aos ativos não operacionais condiz com a literatura pesquisada, sendo que a maioria dos laudos que adotam o Fluxo de Caixa Descontado e que contêm a palavra-chave “ativos não operacionais” considera tais itens em sua avaliação como ajustes após o cálculo do valor presente das empresas. Contudo, como o observado também na literatura, alguns laudos declaravam claramente que não consideravam tais itens em sua avaliação. Portanto, nota-se que a discussão que permeia na literatura em relação aos ativos não operacionais é refletida na prática.

O TRATAMENTO DOS ATIVOS NÃO OPERACIONAIS NA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS - Luciana Miyuki Ikuno, Isabel Cristina Henriques Sales, César Augusto Tibúrcio Silva.

Fonte: Aqui

06 março 2012

Retorno Sobre o Investimento - ROI

Definição – relaciona o lucro operacional com o investimento da empresa. O retorno sobre o investimento, também denominado de ROI, mostra a taxa de retorno obtida pela empresa para seus financiadores, seja capital próprio ou capital de terceiros.

Quanto maior o ROI maior o retorno obtido.


Fórmula – Retorno sobre o Investimento = (Lucro Operacional/Investimento) x 100

Sendo
Lucro Operacional = lucro obtido pela empresa antes de remunerar seus financiadores. Existem algumas controvérsias sobre o que se deve considerar ou não no lucro operacional. Basicamente todo resultado decorrente do investimento realizado na empresa deve entrar no lucro operacional. Isto inclui as receitas financeiras e o resultado de investimentos em outras empresas, mas não as despesas financeiras, que devem ser excluídas.

Investimento = também denominado de ativo líquido. Diz respeito ao valor do ativo menos os passivos não onerosos (passivos de funcionamento), que inclui fornecedores, salários e encargos, impostos a pagar.

Os dados são obtidos no balanço patrimonial e na demonstração de resultado de cada empresa. Para algumas situações, as notas explicativas também são importantes, quando a empresa não divulga, de maneira segregada, as despesas das receitas financeiras.

Por dividir uma informação de um período (lucro operacional) por uma informação de uma data (investimento), o retorno sobre investimento refere-se a um período de tempo, como um ano específico ou um trimestre.

Unidade de Medida – Ao dividir um valor monetário por outro valor monetário, o resultado não possui uma medida específica. Entretanto, ao multiplicarmos por cem estamos considerando esta medida em percentual. Assim, pode-se comparar o retorno do investimento de uma empresa com outros retornos, com um título sem risco. Mas é importante lembrar que ao usar o lucro operacional de um trimestre, por exemplo, o retorno obtido será o retorno do trimestre.

Intervalo da medida – Como o lucro operacional pode variar entre um número negativo e um número positivo, o intervalo esperado da medida varia entre menos 100% até infinito. Usualmente o resultado deve ser positivo.

Como calcular – A figura a seguir mostra o balanço de 31 de dezembro de 2011 da B2W, em milhões de reais.


A seguir, a demonstração de resultado no quarto trimestre de 2011, também em milhões de reais:

Para calcular o lucro operacional temos que separar tudo que é proveniente do ativo líquido (investimento) daquilo que é decorrente dos financiadores (terceiros e próprio). Partindo do Resultado Operacional antes do Resultado Financeiro temos que adicionar as receitas financeiras, a equivalência patrimonial e outras despesas operacionais:

Lucro Operacional = Resultado Operacional Antes do Resultado Financeiro + Receitas Financeiras + Equivalência Patrimonial + Outras receitas (despesas) não operacionais

O investimento é obtido retirando do ativo os passivos não onerosos. No caso da empresa

Investimento = Ativo – Fornecedores – Salários, provisões e Contribuições Sociais


O cálculo do ROI é obtido através da relação dos dois valores encontrados:

ROI = (72,8 / 2.802,8) x 100 = 2,6% ao trimestre

Isto corresponde a um retorno anual de 10,8%. É possível comparar este rendimento com outras empresas e até mesmo, com as devidas ressalvas, com outros investimentos.

Grau de utilidade – Elevado. Esta é uma das medidas de desempenho mais relevantes de uma empresa. É importante para comparar empresas de setores diferentes.

Controvérsia de Medida – A forma como se calcula o ROI pode variar conforme o analista, tanto pelo denominador quanto pelo numerador.

Cuidados Adicionais

a) Pelo menos na teoria pode ocorrer uma situação esdrúxula onde o ativo líquido seria negativo. Nestes casos é preferível não usar o ROI.

b) A medida do lucro operacional varia na literatura. No passado a legislação brasileira considerava as despesas financeiras como parte do lucro operacional, o que não faz nenhum sentido lógico. Alguns optam por não considerar as receitas e despesas não operacionais. Como a classificação deste item é questionável e tende a cair em desuso, é aconselhável que os valores sejam considerados no lucro operacional. Da mesma forma, em países mais desenvolvidos, é comum retirar do ativo todo passivo circulante. Assim, o investimento corresponderia ao ativo menos o passivo circulante. Em razão do grande volume de empréstimo e financiamento de curto prazo ainda presente na estrutura das empresas brasileiras, aconselha a considerar somente o passivo não oneroso.

c) O Retorno sobre o investimento também é conhecido como índice Du Pont. Historicamente este índice era usado na Du Pont para fazer análise de desempenho das empresas do grupo, que era bastante diversificado.

d) Uma forma de enriquecer a análise do ROI é usar a expressão de cálculo mais expandida:

ROI = Lucro Operacional / Investimento Líquido
ROI = (Lucro Operacional / Investimento Líquido) x (Vendas/Vendas)
ROI = (Lucro Operacional / Vendas) x (Vendas/Investimento Líquido)
ROI = Margem Operacional x Giro do Ativo

Veja também:

05 março 2012

Liquidez Corrente

Definição – compara os ativos de curto prazo com as dívidas (passivo) de curto prazo de uma empresa. A liquidez corrente mostra se no curto prazo, geralmente um ano, os ativos são suficientes para cobrir as obrigações de curto prazo.

Quando a liquidez corrente é maior que a unidade isto significa dizer que o capital de giro líquido é positivo.

Fórmula – Liquidez Corrente = Ativo Circulante/Passivo Circulante

Sendo
Ativo Circulante = também denominado de ativo corrente. Engloba o caixa e equivalentes, aplicações de curto prazo (títulos e valores mobiliários), contas a receber, estoques, adiantamentos a terceiros, despesas antecipadas, entre outros.
Passivo Circulante = corresponde ao passivo de curto prazo, denominado também de passivo corrente. Compreende fornecedores, financiamentos e empréstimos de curto prazo, impostos a pagar de curto prazo, dividendos propostos, salários e encargos a pagar, entre outras.

Os dados podem ser obtidos no balanço patrimonial de cada empresa. Por dividir duas informações de uma mesma data, a liquidez corrente diz respeito a uma data específica. Assim, falamos em liquidez corrente de 31 de dezembro de um determinado ano.

Unidade de Medida – Por dividir um valor monetário por outro valor monetário, a liquidez corrente não possui uma unidade de medida.

Intervalo da medida – Como os valores de ativo e passivo circulante são positivos, a liquidez corrente varia entre zero a infinito. Isto faz com que a distribuição do índice num determinado setor assuma uma distribuição assimétrica à esquerda. A maioria das empresas possuem uma liquidez entre 0,5 a 3,5.

Como calcular – A figura abaixo mostra o balanço de 31 de setembro de 2011 da Drogasil em R$Mil

O cálculo da liquidez é realizado dividindo o Ativo Circulante pelo Passivo Circulante:

Liquidez Corrente = 751.699/316.231 = 2,38 (aproximadamente)

Isto significa dizer que os ativos de curto prazo da empresa são 2,38 maiores que as obrigações de curto prazo. Isto significa que a empresa possui ativos suficientes para quitar as obrigações de curto prazo.

Grau de utilidade – Elevado. A liquidez corrente é um dos índices mais usados e citados na literatura. Além disto, faz parte dos modelos de concessão de crédito de instituições financeiras.

Cuidados Adicionais
a) É aconselhável fazer reclassificações no balanço, o que pode afetar no resultado final da liquidez da empresa. Assim, as contas a receber que são negociadas numa operação de factoring devem ser retiradas do ativo e transferidas para o passivo. Isto tende a reduzir a liquidez para os casos onde o ativo circulante é superior ao passivo circulante. Outra situação é o caso de conta corrente com saldo negativo. É usual classificar este valor como passivo.
b) Para alguns analistas a liquidez corrente é muito ampla e considera alguns ativos de baixa liquidez. Assim, retiram-se os ativos de menor liquidez, como estoques e despesas antecipadas. Este índice é conhecido como liquidez seca. Situações práticas mostram que relação entre a liquidez seca e a liquidez corrente é muito próxima, o que reduz a importância deste cálculo.
c) Não existe um padrão aconselhável para liquidez. Em setores de comércio varejista seria interessante uma liquidez menor que em setores com sazonalidade, por exemplo. No comércio, baixa liquidez pode significar maior nível de eficiência nas atividades operacionais. Já as empresas de maior porte podem operar com menor liquidez corrente que empresas de pequeno porte. Empresas que dominam a cadeia de suprimento também podem operar com menor liquidez.
d) Como a liquidez corrente faz parte de modelos de concessão de crédito de instituições financeiras, e alguns destes modelos consideram que liquidez maior representa menor risco. É possível que as empresas sejam incentivadas a melhorar seu desempenho de liquidez. Isto pode ser feito usando o caixa para pagar dívidas de curto prazo. Em geral, este procedimento, aumenta a liquidez quando o índice é menor que a unidade.
e) Alguns ativos e passivos que são usados na liquidez podem não expressar um recebimento ou pagamento até o final do próximo exercício social. É o caso de certos financiamentos que estão classificados no curto prazo por cláusulas existentes no contrato.
f) A liquidez corrente é influenciada pelo ciclo operacional da empresa. Quando existe sazonalidade isto pode alterar o resultado do índice.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:

09 fevereiro 2012

Aquisição

A Estácio adquiriu a Faculdade Seama por 21,72 milhões, informa a imprensa. A tabela ao lado apresenta as últimas transações de aquisição de faculdades no Brasil. O valor da Seama foi de R$7900 por aluno, aproximadamente, acima da média das aquisições anteriores.

07 fevereiro 2012

Qual o valor do Facebook?

A emissão de ações por parte da empresa Facebook gerou uma discussão interessante sobre o real valor desta empresa. Esta postagem irá concentrar em dois textos recentes.

O primeiro foi publicado no Wall Street Journal e associa o investimento no Facebook ao paradoxo de São Petersburgo. Este paradoxo consiste num jogo, denominado de Loteria de São Petersburgo, e foi proposto por Nicolas Bernoulli.

O jogo é o seguinte: dois apostadores, Marcos e Lucas, jogam um “cara ou coroa” com as seguintes regras: a) se sair cara, o jogo acaba; b) se cara sair na primeira jogada, Marcos irá pagar duas moedas; caso só saia na segunda jogada (após uma cora na primeira), Marcos paga quatro moedas; se cara sair na terceira rodada, Marcos irá pagar oito moedas. A segunda regra do jogo pode ser resumida da seguinte forma: se a primeira cara sair na jogada “n”, Lucas irá receber dois elevado a “n” de moedas. (Antes de prosseguir uma observação: existem diferentes versões para o paradoxo; estamos usando aqui a versão mais interessante em termos do assunto que estamos tratando.)

A questão é: quanto você pagaria para ter o privilégio de jogar a Loteria de São Petersburgo? A solução do paradoxo é feita através do valor esperado. Existe 50% de chance de sair coroa no primeiro lançamento e ganhar duas moedas; as chances de saírem duas coroas seguidas é de ¼; três coroas é de 1/8 e assim por diante. Pode-se calcular o valor esperado dos ganhos da seguinte forma:

Valor Esperado = (1/2) x 2 + (1/4) x 4 + (1/8) x 8 + ...

Isto é matemática do ensino médio e o valor obtido é infinito. Ou seja, em situações de recursos ilimitados e tentativas ilimitadas, o valor que Lucas poderia pagar para entrar no jogo seria infinito. Este resultado é surpreendente e pesquisas práticas http://plato.stanford.edu/archives/fall2004/entries/paradox-stpetersburg/ mostram que dificilmente uma pessoa pagaria mais do que 25 moedas para entrar neste jogo.

Em Facebook and the St. Petersburg Paradox, Jason Zweig sugere que uma ação como a do Facebook parece com a loteria de São Petersburgo. Se esta suposição estiver correta, o valor justo da ação seria infinito. Um correto diria: compre.

Entretanto, é difícil acreditar nisto. Atualmente o Facebook possui 845 milhões de pessoas como usuários, segundo informa Zweig. Acreditar na aplicabilidade do paradoxo neste caso seria confiar que este número continuaria a aumentar. Mas provavelmente teremos aqui uma limitação, condicionada pelo número de pessoas e empresas existentes no nosso planeta. Assim, apesar da ideia ser tentadora, é difícil de acreditar que teríamos uma situação como esta.

Uma análise mais tradicional é realizada por Henry Blodget em Well, Now We Know what Facebook´s worth – and it´s not $100 billion. Usando a receita de 4 bilhões e o lucro de quase 1 bilhão, Blodget calcula o valor da empresa usando múltiplos. E o valor encontrado é bem inferior aos 100 bilhões que alguns estão estimando.

Com um lucro de 1 bilhão pode-se calcular o valor do Facebook usando o índice Preço/Lucro. Este índice mostra a relação entre o lucro por ação e o preço da ação no mercado. Corresponde ao número de anos que o investidor deve esperar para receber de volta o total investido na empresa. Mas o P/L, como é conhecido, também pode ser usado para estimar o valor da empresa. Aqui usamos os valores já conhecidos de empresas que já estão no mercado. Por exemplo, a Google tem um P/L de 20 vezes. Se o Facebook atingir este valor isto significa dizer que seu preço no mercado seria de 20 bilhões. A Apple possui um P/L de 13; usando isto como parâmetro, o valor do Facebook seria de 13 bilhões. O problema de usar estes dois parâmetros é que o Facebook está crescendo mais rápido que estas duas empresas. Mas se usarmos um P/L de 50, o Facebook estaria avaliado em 50 bilhões.

Um problema do P/L é exatamente o fato de que a empresa está em crescimento rápido. Assim, o lucro de 1 bilhão reflete a realidade de 2011, não de 2012. Talvez os investidores considere mais plausível que o valor seja o lucro mais recente. Usando um lucro estimado para este ano de 2 bilhões e um P/L de 20, o valor do Facebook seria 40 bilhões.

Outra possibilidade é usar a receita como parâmetro. A Apple possui um valor de mercado de três vezes sua receita; o Google seria de cinco vezes; e o LinkedIn corresponde a 16 vezes. Se considerar um múltiplo da receita de 10 vezes para o Facebook, isto significa que o valor da empresa seria de 40 bilhões.
Observe que em todos os casos, dificilmente é possível encontrar um valor de $100 bilhões para o Facebook. Mas nada impede que o mercado precifique as ações desta empresa por este valor. Como sabemos, o mercado é muitas vezes irracional e geralmente o preço inicial de uma oferta de ações é superestimado. A conferir.

18 janeiro 2012

Princípios da Avaliação

Tim Koller, Richard Dobbs e Bill Huyett lançaram um livro recente onde anunciam os quatro princípios das Finanças Corporativas. Koller é conhecido pelo livro de Avaliação de Empresas, da McKinsey, cujas primeiras edições possuíam também a coautoria de Copeland.

O primeiro é o núcleo de valor: as empresas criam valor investindo os recursos os investidores para gerar um fluxo de caixa com uma taxa de retorno que seja superior ao custo do capital.

O segundo é um corolário do primeiro e recebe a denominação de conservação do valor. O valor é criado para os acionistas quando as empresas geram um fluxo de caixa mais elevado, não reagrupando a estrutura de capital destes fluxos de caixa. Observe que este princípio é uma consequência da proposição clássica de Modigliani e Miller sobre a influência da estrutura de capital no valor da empresa.
O terceiro princípio é o da alteração das expectativas. O preço de uma ação no mercado muda em razão das alterações das expectativas do mercado.

O quarto princípio é o do melhor dono. O valor de uma empresa depende da forma como ela é administrada. Isto significa que a mudança gerencial numa empresa pode gerar fluxos de caixa diferentes.

Os autores trabalham na parte um do livro, que recebe a denominação de Value: The Four Cornerstones of Corporate Finance (Valor: Os quatro pilares de das Finanças Corporativas). Isso corresponde a cerca de 60 páginas, de um total de 250. E o restante? Blá, blá e blá.

Na parte dois, quatro capítulos sobre mercado acionário; na parte três, sete capítulos sobre a criação de valor.

Neste sentido, a obra parece com o livro de Koller, Avaliação de Empresas. Muita conversa com alguns gráficos e tabelas interessantes (mas sem detalhes metodológicos), muita afirmação baseada em pesquisas realizada pela McKinsey.

Vale a pena? Não.

16 janeiro 2012

Liquidez e Controle em Empresas de Capital Fechado

Apesar de a maioria das empresas serem de capital fechado, boa parte da literatura da área de avaliação dedica seu foco para as empresas com ações negociadas na bolsa de valores.

Avaliar uma empresa de capital fechado possui dois aspectos relevantes: (i) a questão do controle e (ii) da liquidez.

O primeiro aspecto refere-se ao fato de que algumas empresas negociam parte do seu capital, mas não o controle. Este fica nas mãos do acionista principal, que pode tomar decisões que reduzem o fluxo de caixa dos minoritários. Assim, ao comprar ações minoritárias é necessário acrescentar um prêmio pelo controle no custo do capital. E isto reduz o valor das ações.

A liquidez corresponde à dificuldade de encontrar um comprador para as ações das empresas de capital fechado. As pesquisas realizadas no exterior mostram que o desconto por liquidez varia entre 7% até 40%. O intervalo elevado para este percentual mostra a dificuldade de encontrar um consenso para o tema.

O livro Principles of Private Firm Valuation, de Stanley Feldman (Wiley, 2005) possui dois capítulos sobre o assunto. Para o segundo tópico, Feldman considera que os problemas de liquidez são resultados da information signaling. Sem isto, o efeito puro da liquidez para as ações minoritárias seria de 17%.

Quanto ao controle, Feldman sugere usar o modelo de opção para determinar a volatilidade do fluxo de caixa. Entretanto, considero que a proposta do autor é limitada a somente alguns casos e não resolve a questão do cálculo do custo do controle. No Brasil, onde temos este aspecto inclusive para as ações negociadas na bolsa, onde você compra o direito de ser acionista minoritário numa empresa com um forte acionista controlador, aprendemos a ignorar esta questão. Não seria o momento de refletir sobre o assunto?

15 janeiro 2012

IPO

O investimento em empresas pré-operacionais apresenta maior risco. O analista fundamentalista tem dificuldades para avaliá-las. A análise por múltiplos - P/L, FV/EBITDA - é deficiente, pois não há ainda resultados operacionais consistentes. A metodologia do fluxo de caixa descontado é mais completa, mas como a geração de caixa ocorrerá em anos futuros, as estimativas são menos confiáveis. Assim grande parte do valor justo se encontra na perpetuidade, o que indica o risco do investimento.

O fracasso dos IPOs das companhias pré-operacionais - Valor Econômico - 12 jan 2012 - André Rocha

A tese do autor é que as empresas pré-operacionais pularam uma etapa: o financiamento através dos fundos de participação. Pode ser. Mas o relevante é a obtenção de recursos de maneira mais barata. Uma ressalva: o fato do fluxo ocorrer no futuro não significa que o "valor justo se encontra na perpetuidade". (Fonte da imagem, aqui)

21 dezembro 2011

Unopar

Recentemente mostramos o uso de relativo no processo de avaliação de instituição de ensino. Em geral o valor de aquisição corresponde a um múltiplo do número de aluno. Nas operações anteriores, o valor do aluno variava de R$4,4 mil (o valor que a Estácio pagou aos antigos donos da FAA) até 9,3 mil (aquisição da Uniban pela Anhanguera).

Agora a notícia que a Kroton pagou R$1,3 bilhão por 162 mil alunos da Unopar. Isto significa dizer que cada aluno custou R$7,9 mil. Entretanto, o tal valor pode ter sido excessivo por dois motivos:

a) a maior parte dos alunos da Unopar são à distância. No ensino à distância os custos fixos são elevados, geralmente referindo ao custo de instalação dos polos e ao custo de criar uma disciplina. Isto faz com que a admissão de um aluno adicional gere uma margem de contribuição elevada, com reflexos no lucro. O problema é que o índice de abandono dos cursos a distância são elevados;

b) A Unopar teve sérios problemas com o MEC no que diz respeito a qualidade dos seus cursos. Em situações onde cursos estão sendo cancelados, o potencial de crescimento da área talvez não seja grande.

Talvez o grande motivador para a aquisição (e pelo valor elevado) seja a liderança do mercado. Uma instituição com um grande número de alunos pode “vendê-los” por um valor acima da média. Foi o que ocorreu com a Uniban, por exemplo.

15 dezembro 2011

Avaliação de Blogs

Aqui uma interessante postagem sobre avaliação de blogs dos Estados Unidos. Aplicou-se um método onde considera algumas variáveis que podem interferir no seu valor (os direcionadores de valor). Neste caso, o valor do blog refere-se ao preço potencial que pode ser obtido num processo de negociação.

Parece coisa pequena, mas é bom lembrar que recentemente o blog The Huffington Post foi adquirido pela AOL por 300 milhões.

As variáveis consideradas no processo de avaliação foram as seguintes:

a) Receita e lucro – um blog com elevado valor deve atrair receita de propaganda, por exemplo. Ou receita de produtos derivados (camisetas, assinaturas especiais etc). De qualquer forma, realmente a receita é uma variável fundamental no processo de valoração do blog. Além disto, é importante considerar que em alguns blogs o custo de operação pode ser elevado; nestes casos, a informação de lucro é mais importante;

b) Competição – existe competidor na mídia tradicional para o blog? Naturalmente que a existência de competição reduz o valor potencial do blog.

c) Risco do fundador – alguns blogs estão associados a fama do seu criador. O blog de Greg Mankiw está vinculado ao economista do mesmo nome. Isto reduz o valor, já que a aquisição de um blog como este poderá significar que seu criador irá se afastar, perdendo valor.

d) Tradição – apesar da atividade de blogar ser nova, alguns blogs já existem há mais de 15 anos. Em geral os blogs mais conhecidos são relativamente “velhos”.

e) Número de visitantes – consequência natural da receita e das outras variáveis.

Usando estes direcionadores, o WSJ determinou múltiplos de receita e, em alguns casos, do lucro operacional.
Eis a lista dos blogs mais valiosos:

1. Gawker = $318 milhões
2. Drudge = 93 milhões
3. PopSugar Media Network = 64 milhões
4. SBNation = 56 milhões
5. Macrumors = 52 milhões
6. Business Insider = 45 milhões
7. Seeking Alpha = 45 milhões
8. Cheezburger Network = 41 milhões