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27 março 2012

Prazo de Estocagem

Definição – quantos dias o estoque fica na empresa. Mostra o tempo, em dias, que a empresa leva para vender seus estoques.

Fórmula – Prazo de Estocagem = (Estoque médio / Custo da Mercadoria Vendida) x 360

Sendo

Estoque Médio = corresponde a média do estoque inicial mais estoque final, dividido por dois.
Custo da Mercadoria Vendida = refere-se ao valor das mercadorias que foram vendidas pela empresa no período

Unidade de Medida – O valor está expresso em dias.

Intervalo da medida – O índice varia entre zero a infinito. Maiores valores indicam que os estoques duram mais nas prateleiras da empresa. Normalmente o valor máximo não deve ultrapassar a um ano.

Como calcular – As informações estão disponíveis na demonstração do resultado e nos balanços patrimoniais.

Vamos usar o exemplo da Magazine Luíza, uma empresa de comércio varejista. A figura a seguir mostra o balanço patrimonial da empresa:


A média dos estoques é dado por:

Estoque médio = (1264 657 + 849 799) / 2 = 1 057 228

O custo da mercadoria vendido é obtido na demonstração do resultado da empresa:



Observe na figura que está incluso na linha de custo também captações para operações financeiras. A empresa detalha a parte referente a mercadoria vendida em notas explicativas.

Assim, o Custo da Mercadoria Vendida que deve ser usado corresponde a R$4 163 438 mil reais. Com estes valores podemos calcular o prazo de estocagem:

Prazo de Estocagem = (1 057 228 / 4 163 438 ) x 360 = 91 dias

Ou seja, o estoque permanece na empresa por 91 dias.

Grau de utilidade – Elevado. O índice é muito importante para empresas comerciais e industriais, mas pouco expressivo para empresas prestadoras de serviços.  Entretanto, para fins de política econômica, o índice pode sinalizar o comportamento da economia. Geralmente em situações de recessão, as empresas tendem a acumular um grande volume de estoques num primeiro instante, o que aumenta o prazo de estocagem. Em momentos de saída da recessão, as indústrias de produção de insumos tendem a aumentar o volume de estocagem.

Controvérsia de Medida – Nenhuma.

Observações Adicionais

a) O prazo de estocagem pode ser influenciado por variações sazonais. No caso da empresa analisada, a mesma promove uma grande liquidação em janeiro. Isto justificar o prazo aparentemente elevado encontrado no índice.

b) O prazo de estocagem pode ser influenciado por variações de longo prazo. A criação de um canal de distribuição mais eficiente, aliado a melhoria na logística no país, pode indicar uma redução no prazo de estocagem.

c) Em períodos inflacionários, o estoque pode ser usado como uma forma de redução das perdas com inflação. Isto tende a aumentar o prazo de estocagem, já que as empresas compram mercadorias para se protegerem da inflação.

d) De uma maneira geral, comércios são mais eficientes quando possuem prazos reduzidos de estocagem. Entretanto, esta redução pode ter como consequência uma perda de clientes, em razão do aumento no número de mercadorias não repostas, que leva a perda de vendas.

e) O prazo de estocagem pode ser influenciado pelo setor de atuação. Isto é particularmente verdadeiro para indústrias, onde o processo produtivo impede reduções drásticas no nível de estocagem.


Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:

13 março 2012

Margem Operacional

Definição – Este índice mostra qual o lucro operacional obtido por uma empresa para cada unidade de venda realizada.

Fórmula – (Lucro Operacional / Vendas Líquidas) x 100

Sendo

Lucro Operacional – corresponde ao resultado operacional da empresa. Ou seja, é o resultado proveniente do investimento realizado nos seus ativos. Isto inclui também o resultado com aplicações financeiras (receitas financeiras), com investimento em outras empresas e outros tipos de receitas denominadas de “não operacionais”. No passado o lucro operacional no Brasil incluía as despesas financeiras, mas isto felizmente é passado. Que fique como uma nota de rodapé da nossa história.

Vendas Líquidas – corresponde a receita de vendas de produtos e serviços da empresa, líquido de impostos sobre vendas, abatimentos e devoluções.

Unidade de Medida – O valor está expresso em percentual sobre as vendas.

Intervalo da medida – A margem operacional pode variar entre -100% até infinito. Espera-se que uma empresa possua resultado operacional positivo; deste modo, o índice será positivo. Também não é usual que a margem ultrapasse os 100%, já que neste caso o lucro operacional seria maior que a receita de vendas. Mas é uma exceção que pode ocorrer.

Como calcular – A seguir encontra-se a demonstração do resultado do 4º. Trimestre da Marisa, uma empresa de varejo na área de confecção, em R$ mil.

A receita líquida da empresa foi de 765 milhões de reais:

Receita Líquida = 651 056 + 100 584 + 13 556 = 765 196 mil

O lucro operacional deve incluir as receitas financeiras, que são originárias das aplicações financeiras das sobras de recursos do capital de giro. Ou seja, as receitas financeiras fazem parte da atividade operacional da empresa. Assim, o lucro operacional é de:

Lucro Operacional = 69 497 + 34 794 = 104 291 mil reais.

A Margem Operacional da empresa pode ser obtida da seguinte forma:

Margem Operacional = (104 291 / 765 196) x 100 = 13,62%

Isto significa dizer que de cada R$100 de receita que a empresa obtém, R$13,62 representa o lucro das operações, antes do imposto de renda e da remuneração dos financiadores (capital próprio e de terceiros).

Grau de utilidade – Moderadamente elevada. Existem outros índices de margem, o que reduz um pouco a utilidade. Além disto, é um indicador com polêmica no cálculo.

Controvérsia de Medida – Alguma. Em geral os analistas usam o lucro antes das receitas financeiras. Mas isto é incorreto, tecnicamente.

Observações Adicionais
a) A margem operacional é o que resta, antes de remunerar os financiadores da empresa. Se a margem é negativa, isto provavelmente significa que os acionistas irão arcar com prejuízo. No longo prazo, uma empresa com margem negativo é inviável.

b) A margem operacional também pode ser calculada após o imposto de renda, mas antes da despesa financeira. No caso da Marisa, o lucro antes do imposto de renda e contribuição social foi de 50 149 mil reais. O imposto de renda e contribuição somaram 13 876 mil, o que significa uma alíquota de 27,67% (ou 13876/50149). Como o lucro operacional obtido foi de R$104 milhões, este lucro após o imposto seria de 75 434 mil reais [ou 104291 x (1 – 0,2767)]. Isto corresponde a uma margem operacional após imposto de 9,85%. Outra forma de obter este número é multiplicar 13,87 por (1-0,2767).

c) Margens maiores indicam maior lucratividade. Entretanto, em alguns momentos, as empresas podem reduzir sua margem para ganhar mercado. Assim, margens reduzidas pode não ser um fator negativo.

d) Este índice pode ser desdobrado da seguinte forma:

Uma empresa pode aumentar sua margem operacional melhorando o retorno do ativo ou girando mais suas vendas.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:




05 março 2012

Liquidez Corrente

Definição – compara os ativos de curto prazo com as dívidas (passivo) de curto prazo de uma empresa. A liquidez corrente mostra se no curto prazo, geralmente um ano, os ativos são suficientes para cobrir as obrigações de curto prazo.

Quando a liquidez corrente é maior que a unidade isto significa dizer que o capital de giro líquido é positivo.

Fórmula – Liquidez Corrente = Ativo Circulante/Passivo Circulante

Sendo
Ativo Circulante = também denominado de ativo corrente. Engloba o caixa e equivalentes, aplicações de curto prazo (títulos e valores mobiliários), contas a receber, estoques, adiantamentos a terceiros, despesas antecipadas, entre outros.
Passivo Circulante = corresponde ao passivo de curto prazo, denominado também de passivo corrente. Compreende fornecedores, financiamentos e empréstimos de curto prazo, impostos a pagar de curto prazo, dividendos propostos, salários e encargos a pagar, entre outras.

Os dados podem ser obtidos no balanço patrimonial de cada empresa. Por dividir duas informações de uma mesma data, a liquidez corrente diz respeito a uma data específica. Assim, falamos em liquidez corrente de 31 de dezembro de um determinado ano.

Unidade de Medida – Por dividir um valor monetário por outro valor monetário, a liquidez corrente não possui uma unidade de medida.

Intervalo da medida – Como os valores de ativo e passivo circulante são positivos, a liquidez corrente varia entre zero a infinito. Isto faz com que a distribuição do índice num determinado setor assuma uma distribuição assimétrica à esquerda. A maioria das empresas possuem uma liquidez entre 0,5 a 3,5.

Como calcular – A figura abaixo mostra o balanço de 31 de setembro de 2011 da Drogasil em R$Mil

O cálculo da liquidez é realizado dividindo o Ativo Circulante pelo Passivo Circulante:

Liquidez Corrente = 751.699/316.231 = 2,38 (aproximadamente)

Isto significa dizer que os ativos de curto prazo da empresa são 2,38 maiores que as obrigações de curto prazo. Isto significa que a empresa possui ativos suficientes para quitar as obrigações de curto prazo.

Grau de utilidade – Elevado. A liquidez corrente é um dos índices mais usados e citados na literatura. Além disto, faz parte dos modelos de concessão de crédito de instituições financeiras.

Cuidados Adicionais
a) É aconselhável fazer reclassificações no balanço, o que pode afetar no resultado final da liquidez da empresa. Assim, as contas a receber que são negociadas numa operação de factoring devem ser retiradas do ativo e transferidas para o passivo. Isto tende a reduzir a liquidez para os casos onde o ativo circulante é superior ao passivo circulante. Outra situação é o caso de conta corrente com saldo negativo. É usual classificar este valor como passivo.
b) Para alguns analistas a liquidez corrente é muito ampla e considera alguns ativos de baixa liquidez. Assim, retiram-se os ativos de menor liquidez, como estoques e despesas antecipadas. Este índice é conhecido como liquidez seca. Situações práticas mostram que relação entre a liquidez seca e a liquidez corrente é muito próxima, o que reduz a importância deste cálculo.
c) Não existe um padrão aconselhável para liquidez. Em setores de comércio varejista seria interessante uma liquidez menor que em setores com sazonalidade, por exemplo. No comércio, baixa liquidez pode significar maior nível de eficiência nas atividades operacionais. Já as empresas de maior porte podem operar com menor liquidez corrente que empresas de pequeno porte. Empresas que dominam a cadeia de suprimento também podem operar com menor liquidez.
d) Como a liquidez corrente faz parte de modelos de concessão de crédito de instituições financeiras, e alguns destes modelos consideram que liquidez maior representa menor risco. É possível que as empresas sejam incentivadas a melhorar seu desempenho de liquidez. Isto pode ser feito usando o caixa para pagar dívidas de curto prazo. Em geral, este procedimento, aumenta a liquidez quando o índice é menor que a unidade.
e) Alguns ativos e passivos que são usados na liquidez podem não expressar um recebimento ou pagamento até o final do próximo exercício social. É o caso de certos financiamentos que estão classificados no curto prazo por cláusulas existentes no contrato.
f) A liquidez corrente é influenciada pelo ciclo operacional da empresa. Quando existe sazonalidade isto pode alterar o resultado do índice.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:

25 novembro 2011

Gafisa


Uma extensa reportagem do Estado de São Paulo mostra o que ocorreu com a Gafisa, uma das maiores construtoras do país, nos últimos anos. De estrela da bolsa, com direito a abrir capital nos Estados Unidos, a empresa teve redução no lucro, aumento no endividamento e redução no valor de mercado (leia-se, queda na cotação das ações). O trecho a seguir poderia, perfeitamente, ser usado numa aula de análise de balanços. Recomendo a leitura para aqueles que gostam do assunto:

(...) Consultores, analistas, concorrentes e conselheiros da própria empresa consultados pelo Estado concordam que o principal erro da Gafisa foi sua pressa em crescer. "O setor imobiliário utiliza capital intensivo. Quanto mais a empresa cresce, mais ela precisa colocar capital e aumentar sua alavancagem financeira", diz o analista de mercado imobiliário do Santander, Flávio Queiroz. "A Gafisa captou recursos e saiu comprando terrenos e lançando empreendimentos sem ter capacidade para executar", diz um consultor, que não quis se identificar.


No meio dessa corrida, comprou a Tenda, em setembro de 2008. Seria uma forma de entrar mais rápido no celebrado segmento de imóveis econômicos. Mas o legado de problemas da Tenda se mostrou maior do que a Gafisa imaginava. "Olhando para o passado, é fácil perceber que a aquisição da Tenda foi um erro", diz o conselheiro da Gafisa, Guilherme Affonso Ferreira. [Na foto abaixo, o grande erro da Tenda]


Segundo ele, muitos empreendimentos da construtora popular, principalmente os lançados antes de 2008, tiveram os custos subestimados, problemas para repassar os clientes para o banco e até entraves na documentação. "O sistema de triagem da Tenda não era o mesmo da Caixa Econômica Federal. A companhia tem cerca de 15 mil contratos que devem ser renegociados, de clientes ou projetos que não se enquadram no financiamento do banco", diz Ferreira.


No mercado imobiliário, em geral, os clientes pagam até 30% do preço do imóvel durante a obra, mas o custo para a construção do empreendimento pode chegar a 60% do valor geral de venda (VGV). A construtora só recebe o restante dos recursos após a entrega das chaves, quando transfere os clientes para o banco. Para os imóveis oferecidos à baixa renda, há uma linha de crédito associativo da Caixa Econômica que permite à construtora antecipar recursos durante a obra. Mas a maioria dos imóveis que a Gafisa herdou da Tenda não atendia aos pré-requisitos do banco e teve de ser financiada com dinheiro da empresa.


Isso atrasou as entregas dos projetos da Tenda, consumiu caixa e reduziu as margens da Gafisa. A empresa encerrou o mês de setembro com R$ 912 milhões em caixa, um volume 26% menor do que no mesmo período de 2010. Até setembro, a margem Ebitda atingiu 16%, o mínimo do guidance de 2011 e 3,6 pontos porcentuais abaixo dos nove primeiros meses de 2010.


‘Basta’. Mas agora a empresa resolveu dar um basta nessas perdas. No terceiro trimestre, foram lançados apenas dois empreendimentos com a marca Tenda, com 324 unidades e um VGV de R$ 49 milhões - uma redução de 90% em relação ao mesmo período do ano passado. E o corte pode crescer ainda mais, "De agora em diante, os novos projetos da Tenda serão realizados somente com o processo de repasse imediato para a Caixa", informou o presidente da companhia, Duilio Calciolari, em comunicado divulgado no último dia 14. Na prática, isso significa parar d empreendimentos da Tenda, com raras exceções, até reestruturar a operação, segundo o conselheiro Ferreira.


No mercado financeiro, a notícia de segurar os lançamentos foi bem recebida. "A compra da Tenda não funcionou como a Gafisa planejava. Insistir no erro é pior. Eles devem focar na geração de caixa", diz Queiroz, do Santander. Para ele, o plano de reestruturação da Gafisa deve surtir efeito e elevar a rentabilidade da empresa.


Uma das apostas da companhia para recompor o caixa é aumentar a participação da marca Alphaville. Os empreendimentos da marca, adquirida pela Gafisa em 2006, têm rentabilidade média de 50%, mais que o dobro da média da companhia. No terceiro trimestre deste ano, o volume de lançamentos cresceu 56% e somou 33% do total. A empresa já identificou 60 cidades com potencial de receber loteamentos da Alphaville em até cinco anos.


Ranking. Antes de a Gafisa divulgar que pretende enxugar sua operação, a ação da companhia derreteu. Só neste ano, os papéis caíram 55%. Hoje, está avaliada em R$ 2,4 bilhões. Em 2007, antes da aquisição da Tenda, o valor de mercado de Gafisa era de R$ 4,3 bilhões, segundo a Economática (veja quadro acima).


A Gafisa está há 57 anos no mercado, mas mudou de patamar depois da entrada da GP Investimentos. O fundo tirou a empresa de um período de crise e reestruturou sua gestão. À GP, em 2005, uniu-se o investidor americano Sam Zell, que comprou cerca de 30% da empresa - ele anunciou a venda de todas as ações neste ano.


Mas foi a abertura de capital que trouxe fôlego financeiro para o negócio. A empresa lançou suas ações na Bovespa em fevereiro de 2006 e, cerca de um ano depois, na Bolsa de Nova York. Em cada um dos IPOs arrecadou cerca de R$ 1 bilhão. Agora, vai dar dois passos para trás para depois dar um para frente.

07 outubro 2011

Teste 526


O teste de hoje corresponde a três questões que preparei para um prova, mas acabei não usando. Vamos lá:

A figura a seguir apresenta a relação entre a margem bruta e a margem líquida de dezoito empresas de varejo com ações negociadas na bolsa de valores em 31 de dezembro de 2010.





Com base na figura é possível afirmar que:

a) O lucro bruto é menor que o lucro operacional
b) O valor maior da margem bruta pode ser explicado pelo desempenho da receita
c) Quanto maior a margem líquida maior a margem bruta
d) Quanto menor a margem líquida maior a margem bruta
e) Uma redução na margem bruta deve aumentar a margem líquida

A figura a seguir apresenta a relação entre o endividamento e a liquidez corrente de dezoito empresas de varejo com ações negociadas na bolsa de valores em 31 de dezembro de 2010.





Com base na figura é possível afirmar que:

a) Empresas com alto volume de capital de terceiros tendem a ter liquidez reduzida
b) Empresas com maior ativo possuem maior liquidez corrente
c) O passivo de curto prazo ajuda a explicar a relação inversamente proporcional entre os dois índices
d) O passivo de longo prazo ajuda a explicar a relação inversamente proporcional entre os dois índices
e) Quanto maior o endividamento, maior a liquidez corrente

A figura a seguir apresenta a relação entre a relação entre fornecedores/ativo e estoques/ativo de dezoito empresas de varejo com ações negociadas na bolsa de valores em 31 de dezembro de 2010.






Com base na figura é possível afirmar que:
a) A grande maioria das empresas apresentava valores de estoques abaixo de 10% do seu ativo
b) Em empresas de comércio o volume de recursos em estoques é reduzido
c) Esta relação é inesperada já que a dívida com fornecedores é decorrente das vendas a prazo
d) Existe uma relação direta entre a conta do passivo e a conta do ativo
e) Quanto maior o volume de recursos em estoques, menor as dívidas com fornecedores

Resposta do Anterior: A resposta do anterior está nesta postagem, na ordem das perguntas, em negrito. 

22 setembro 2011

Espanha e Portugal



Um trecho do Financial Times sobre as empresas espanholas (publicado no Marginal Revolution) mostra que a Espanha está a perigo.

As empresas portuguesas não financeiras apresentam uma dívida que corresponde a 16 vezes o lucro antes de juros. Isto significa que uma taxa de juros de 6,25% faz desaparecer todo o lucro (isto é, 1/16 = 0,0625).

Já as empresas espanholas possuem uma relação de 12 vezes. Ou seja, a uma taxa de juros acima de 8,3% consome todo o lucro, não sobrando nenhum dinheiro para o acionista.

O texto considera que uma relação de 10 vezes o padrão máximo. O texto compara a Espanha com o Japão de 1996 a 2002, quando a economia ficou sem crescimento. Ou seja, tempos difíceis para a Espanha e Portugal.






(Imagem: aqui)

02 setembro 2011

TAM e Gol


Um texto publicado no Valor Econômico (Balanço de TAM e  Gol têm rotas opostas, Alberto Komtsu, 15 Ago 2011) há duas semanas traz uma análise muito interessante sobre o comportamento da TAM e da Gol:

Enquanto a TAM reverteu prejuízo de R$ 174,8 milhões para lucro de R$ 60,3 milhões na comparação anual, a Gol multiplicou por sete suas perdas [prejuízo], ao divulgar prejuízo líquido de R$ 358,7 milhões de abril a junho. 

A explicação estaria no mercado internacional:

"É o mercado internacional que faz a diferença. Tem crescido o número de brasileiros que fazem viagens de longo curso com o dólar desvalorizado. E a Gol só opera na América do Sul", acrescenta o especialista. A receita de passageiros da TAM no mercado internacional somou R$ 865,4 milhões, o que representou uma expansão de 18,2% na comparação com o mesmo período de 2010.

11 maio 2011

Central de Balanços

A Central de Balanços brasileira é um projeto integrante do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), em fase inicial de desenvolvimento, que deverá reunir demonstrativos contábeis e uma série de informações econômico-financeiras públicas das empresas envolvidas no projeto.

As informações coletadas serão mantidas em um repositório e publicadas em diversos níveis de agregação. Esses dados serão utilizados para geração de estatísticas, análises nacionais e internacionais (por setor econômico, forma jurídica e porte das empresas), análises de risco creditício e estudos econômicos, contábeis e financeiros, dentre outros usos.

A Central tem como objetivo a captação de dados contábeis e financeiros (notadamente as demonstrações contábeis), a agregação desses dados e a disponibilização à sociedade, em meio magnético, dos dados originais e agregados.

Fonte: Ministério da Fazenda via Alexandre Alcantara

16 agosto 2010

Dívida da Petrobrás

O texto a seguir pode ser um excelente estudo de caso numa aula de análise de balanços.

O endividamento da Petrobras cresceu no segundo trimestre deste ano e se aproximou do limite previsto pela companhia, segundo balanço divulgado ontem.

O lucro líquido cresceu 7% no segundo trimestre ante o anterior. No primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado, o crescimento foi de 11%.

A proporção das dívidas da companhia atingiu 34% do valor de mercado. O indicador abaixo de 35% é um dos fatores que garantem à empresa a chancela de boa pagadora -o grau de investimento, dado pelas agências de avaliação de risco.

O endividamento da companhia foi a R$ 94 bilhões.

O dado reforça as preocupações dos analistas sobre a capitalização da empresa, prevista para setembro.

A injeção de recursos na capitalização da Petrobras é fundamental para que ela consiga fazer frente ao plano de investimento.

Os investimentos totalizaram R$ 38,1 bilhões no primeiro semestre, menos da metade da meta da empresa para o ano, que é de R$ 88,7 bilhões. O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que os desembolsos estão dentro do previsto.

Barbassa afirmou que não há nenhuma preocupação em relação ao endividamento. "Estamos dentro do limite e, com a capitalização, vamos nos adequar e ganhar fôlego para continuarmos."

Ele disse não temer a avaliação das agências de risco. "Elas estão bem confortáveis em relação à empresa, [posso dizer] pelos contatos que tivemos nos últimos tempos."

Para Victor de Figueiredo, analista da Planner Corretora, as dúvidas do mercado em relação à capacidade da estatal de cumprir seu programa de investimento só serão dissipadas após as definições sobre o processo de capitalização da empresa.

"O que o mercado vai olhar agora é a precificação do barril do petróleo e a efetiva capitalização, se o prazo vai ser cumprido."

RESULTADO

APetrobras atribui o crescimento do lucro e da receita da estatal ao preço do barril do petróleo e ao aumento das vendas. A venda de derivados de petróleo e a alta da demanda por gasolina foram destaques no período.

O lucro foi de R$ 8,3 bilhões de abril a junho deste ano. A receita líquida foi de R$ 53,6 bilhões no segundo trimestre -avanço de 6% ante os três meses anteriores.


Endividamento da Petrobras se aproxima do limite - 14 Ago 2010 - Folha de São Paulo
VERENA FORNETTI - CIRILO JUNIOR

16 abril 2010

Estoque e economia



Em postagem anterior comentei que a informação de estoque é relevante para entender a situação da economia. Infelizmente não conheço esta informação sendo coletada para o Brasil, mas os dois gráficos abaixo mostram a situação para os Estados Unidos. Percebe-se que a quantidade de estoque está reduzindo com o passar do tempo, mas que em 2009 ocorre uma reversão. Neste momento o volume de estoque aumenta, indicando a recessão.

Agora, o nível volta ao padrão normal, aparentemente indicando o fim da crise.

12 abril 2010

Por que liquidez baixa pode não ser ruim?

Numa postagem anterior mostramos que o endividamento elevado pode, em certos casos, ser bom para empresa. Da mesma forma, alguns livros insistem em dizer que "quanto maior a liquidez, melhor". Isto também não é verdadeiro e o uso desta regra no dia a dia pode levar a decisões errôneas.

É preciso esclarecer que o uso de liquidez é muito difundido na vida empresarial. Uma possível razão é a associação entre baixa liquidez e o risco. Assim, acredita-se que uma empresa possui um volume reduzido de ativos de curto prazo em relação as dívidas de curto prazo deveria estar em dificuldades financeiras. Ao final do exercício, o volume de recursos de curto prazo seria insuficiente para quitar as obrigações de curto prazo.

Entretanto, a situação prática é mais dinâmica. Nem sempre a dívida de curto prazo precisa ser quitada no final do exercício. Um exemplo são alguns empréstimos de curto prazo que são automaticamente renovados pelas instituições financeiras. Mais ainda, a situação financeira de uma empresa é muito dinâmica, e a liquidez geralmente mede a situação numa determinada data do tempo. Assim, medir a liquidez de uma empresa que vende muito no período natalino pode mostrar baixos estoques, elevado caixa e valores a receber.

Uma liquidez elevada pode ser sinal de ineficiência. Alguns livros chegam a dizer o absurdo que o ideal de uma liquidez de uma empresa é uma relação de duas vezes dos ativos de curto prazo em relação aos passivos de curto prazo. Além de ensinarem errado, colocam em risco os negócios das empresas. Considere um supermercado. Para ser eficiente, um supermercado tem que girar rápido seus estoques, tentar vendar à vista e conseguir o maior prazo possível dos seus fornecedores. Ou seja, o ativo de curto prazo deve ser reduzido (baixo estoque e valores a receber) e os passivos de curto prazo podem ser elevados (alto volume de fornecedores). Um supermercado eficiente deve ter baixa liquidez, não o contrário.

Assim, uma liquidez baixa pode ser bom ou ruim, dependendo da situação.

09 abril 2010

Por que maior endividamento pode não ser pior para a empresa?

Às vezes é comum associar endividamento com desempenho ruim para uma empresa. Talvez você tenha lido em algum livro de análise de balanços que em endividamento, “quanto maior, pior”. Isto é uma regra errônea e perigosa, pois depende de cada caso.

É natural que numa situação onde o endividamento está num nível bem elevado que o risco da empresa é também elevado. Mas isto também nem sempre é verdadeiro. Uma situação é quando a empresa possui a possibilidade de ser socorrida por um acionista. É o caso de uma empresa estatal, onde mesmo quando os níveis de endividamentos são elevados, o governo pode aportar mais capital. Também é a situação onde a empresa faz parte de um grande grupo empresarial.

Em certas situações, baixo endividamento é ruim. Se existe crédito disponível, com juros subsidiados, a captação de empréstimo pode ser muito vantajosa para a empresa. No passado, os usineiros tinham acesso a crédito farto, com baixo nível de cobrança. Nesta situação, pegar recursos de empréstimos era um ótimo negócio: devia-se e não se pagava.

A melhor resposta para a questão do endividamento talvez seja olhar um índice clássico, criado por Modigliani e Miller. Estes dois autores afirmaram que o retorno dos acionistas é obtido através da seguinte fórmula:

Retorno dos acionistas = Retorno do Ativo + (Retorno do Ativo – Custo dos Empréstimos) x Endividamento

É uma fórmula simples, mas muito rica em conteúdo. O retorno que os acionistas irão receber pelo capital que investiram na empresa depende do retorno que a empresa obtém com seus ativos, da diferença entre este retorno e o custo do empréstimo e o nível de endividamento. Esta fórmula recebe o nome de alavancagem.

Imaginando que o retorno do ativo seja positivo, a diferença entre o retorno do ativo e o custo dos empréstimos é relevante. Se esta diferença é positiva, quando maior o endividamento, maior o retorno para os acionistas. Isto é exatamente o oposto do que diz alguns livros de análise de balanços.

04 abril 2010

A informação de Estoque e a Economia

Em alguns países, o governo acompanha de perto a informação do estoques das empresas. Assim, a medida do prazo médio de estocagem das empresas é um importante indicador sobre o comportamento da economia como um todo. A razão disto é simples e pode ser ilustrada através de um exemplo numérico.

Considere uma empresa que fabricou num determinado período 100 unidades de mercadoria. No período seguinte, diante de uma redução no número de pedidos e de um comportamento aparentemente adverso da economia, a empresa resolve reduzir o número de unidades produzidas, de cem para vinte unidades. Mas durante o exercício, o volume de vendas foi de 50 unidades, acima do número fabricado. Como se fabricou menos unidades do que foram vendidas, o prazo médio de estocagem reduz.

Para política econômica, no entanto, a decisão de reduzir o número de unidades fabricadas é péssima, pois reduziu a atividade industrial, de cem unidades para vinte unidades. Esta diferença é justamente o que aparece nas estatísticas econômicas sob a forma de produção interna do país. Neste caso, a decisão da empresa irá refletir no PIB de forma negativa.

Entretanto, ao mesmo tempo em que ocorreu uma retração na atividade econômica da empresa, também ocorreu uma redução no prazo de estocagem. Isto significa que no futuro, deverá ocorrer um aumento na quantidade produzida, para repor os estoques que estão sendo vendidos. Admitindo que a empresa tenha como objetivo manter o volume de estocagem inicial, a quantidade produzida no próximo período deverá ser aumentada em trinta unidades, que representa a diferença entre a quantidade produzida (vinte unidades) e o volume de vendas (cinqüenta unidades).

Assim, ao mesmo tempo em que o PIB está sinalizando uma retração na economia, o prazo de estocagem menor indicaria que no futuro a atividade econômica irá aumentar.



Mais sobre o assunto, aqui.

26 novembro 2009

Números negativos em Análise de Balanços

A existência de números negativos quando se faz uma análise das demonstrações contábeis representa um grande obstáculo em testes mais avançados.

Algumas soluções básicas são apresentadas em alguns livros de análise, como trabalhar com índices substitutos que não apresentam este problema. Por exemplo, enquanto a margem líquida pode assumir valores positivos e negativos, provavelmente a margem bruta não possui este problema. Neste caso, recomenda-se substituir a margem líquida pela margem bruta, por exemplo, se os índices são complementares.

Entretanto isto nem sempre funciona. A relação entre indicadores de lucro e o balanço patrimonial é um problema, já que relacionamos lucro líquido com o patrimônio líquido. O que fazer quando a empresa possui passivo a descoberto e prejuízo líquido? O resultado do retorno sobre o patrimônio será positivo, mas o número possui problemas.

Uma alternativa é converter os números em logarítmos. Mas alguns casos não são abrangidos e não resolve totaltmente o problema.

Uma alternativa é usar o log da seguinte forma:

r = log (1+ Rt). Seja por exemplo um índice de 100, no primeiro período, e 90, no segundo.

r = log (1-0,1) = 0,04576

Obviamente que os demais números deveriam seguir a mesma idéia. Esta possibilidade está em Campbell, Lo e Mackinlay, p. 11.

Adilson Tavares, um doutorando da UFRN, encontrou uma sugestão criativa no livro clássico de Foster (1986, p. 103) [Confesso que procurei no livro e não tinha encontrado], através da transferência de toda a distribuição de uma variável para a direita, tornando todos os valores positivos.

Assim, para que isto seja possível, o valor negativo mais extremo é selecionado e adicionado as outras observações. Isto muda média, mas mantém a dispersão, assimetria e curtose.

18 agosto 2009

Análise de Seguradoras

A utilização de indicadores financeiros para a avaliação do desempenho das organizações já é realizada há muito tempo. Usualmente, esses indicadores são utilizados para fazer comparações entre empresas ou mesmo entre unidades de uma mesma companhia. No entanto, a análise dos indicadores, geralmente, é realizada de forma individual e seqüencial, ou seja, as análises são realizadas com base em comparações, por exemplo, dos indicadores de liquidez, em que se busca verificar quais são as melhores empresas com base em um padrão médio de liquidez, depois disso, uma nova análise é feita para indicadores de rentabilidade etc. Esse tipo de avaliação seqüencial e individualizada não permite avaliar a influência de alguns indicadores sobre os demais, além de depender de critérios subjetivos para avaliar quais dos indicadores são os mais relevantes. O que se pretende com este trabalho é propor uma metodologia que: (1) diminua o grau de subjetividade na escolha dos indicadores que deverão compor a avaliação das empresas e (2) permita uma análise simultânea do comportamento de vários indicadores. Na realização deste trabalho foi utilizada uma das técnicas de análise multivariada de dados: Análise Fatorial (AF) para criação dos critérios de seleção dos indicadores financeiros.


PERFORMANCE DE INDICADORES FINANCEIROS DE SEGURADORAS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS - Veronica Favato e Silva (FGV)

Acredito que a análise de indicadores ainda carece de muitas pesquisas. Este texto é específico para seguradoras. A principal conclusão do estudo é que:

Essa análise permitiu identificar os indicadores financeiros mais relevantes para as avaliações e mensuração do desempenho das seguradoras, que foram substituídos por três fatores, de recursos próprios, recursos de terceiros e recursos de liquidez e giro, facilitando assim a análise financeira do setor.

02 junho 2009

Indice

Ferramenta em discussão
28 ABril 2009
Valor Econômico

Pela teoria econômica, se uma empresa tem um valor patrimonial - os bens que a empresa possui e aparecem no balanço - mais alto que o de mercado, suas ações representam uma oportunidade e tanto de investimento, certo? Não é bem assim. Usar um único indicador de desempenho para basear toda uma estratégia de investimento é perigoso e não traz muito resultado, por melhor que seja esse indicador. A conclusão é de um estudo coordenado pelo professor William Eid Júnior, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP).

O estudo, patrocinado pela gestora independente Fama Investimentos, buscava analisar a eficiência da relação entre o preço da ação de uma empresa e seu o valor patrimonial (P/VPA), um dos indicadores preferidos usados pelo megainvestidor Warren Buffett, papa do investimento em valor ("value investment"), na hora de escolher um papel. O estudo da FGV buscava verificar a eficiência de um método fácil: olhar um indicador para ver se ele ajudaria na montagem de uma carteira. O estudo começou usando o "book to market", ou o valor de mercado das empresas comparado ao seu valor contábil, ou de livros.

"A conclusão é que não é tão fácil fazer essa avaliação", afirma Eid. "Mesmo um cara como Warren Buffett não se fixa em coisas tão simples, ele fala mais desses índices para consumo externo", diz Eid. Na hora de investir, afirma o professor, as análises devem ser mais profundas do que esses indicadores gerais. "Essa simplificação tem a ver com a onda de investimentos dos últimos anos, em que o mercado só subia e parecia muito fácil investir em ações, mas não é assim, não há uma receita de bolo."
Teoricamente, se uma empresa tem um valor patrimonial mais alto que o de mercado, R$ 100 milhões de patrimônio e todas suas ações representem R$ 10 milhões, por exemplo, isso significaria que ela tem um P/VPA de 0,10, e estaria sendo mal avaliada pelo mercado. Nessa visão, os investidores estariam comprando um patrimônio de R$ 100 milhões por R$ 10 milhões. E essa distorção teria de ser corrigida em algum momento, partindo do princípio que os mercados são racionais. Valeria a pena, portanto, correr atrás dessas companhias.

O contrário, de valores de mercado muito acima dos do valor patrimonial, significa que o mercado olha para elas com bons olhos e, por isso, a relação P/VPA é muito mais alta. No futuro, porém, a tendência seria haver maior concorrência, gente atacando seus mercados e o ganho diminuindo. "Em resumo, empresas malvistas pelo mercado deveriam se recuperar e as bem-vistas devem perder", afirma Eid.
Por esse critério, o mercado brasileiro estaria muito mais barato hoje. Pegando os papéis do Ibovespa, a relação P/VPA das principais ações da bolsa seria de 2,91, bem abaixo dos 4,48 do fim de 2007 e o menor desde os 2,88 de 2004. A ação preferencial (PN, sem voto), séria A da Vale, por exemplo, teria P/VPA de 1,65, menos da metade dos 4,30 de 2007. E Petrobras PN, de 1,86, para 3,41 de 2007, segundo dados do Valor Data.

O problema é que a crise atual bagunçou os parâmetros do mercado, houve fortes quedas de preços em algumas ações e as distorções se acentuaram. E a teoria, que seria aplicada em uma situação normal, foi deixada de lado. "Mas não é tão simples, há muitos fatores que influenciam na valorização da ação", afirma Eid.
No estudo, foram construídas duas carteiras de ações, uma com um valor patrimonial muito acima do de mercado e outra com baixo valor patrimonial. E foi analisado seu desempenho de 2004 a 2008. No total, foram consideradas 639 empresas, das quais 222 apresentam elevado valor patrimonial e 417, baixo. As empresas foram selecionadas também por seus indicadores financeiros, como geração de caixa, endividamento, liquidez, lucro líquido sobre ativos.

A lógica seria que a carteira com menor valor de mercado rendesse mais, mas não foi o que aconteceu. Os retornos foram muito próximos, segundo o levantamento. Ou seja, o indicador não é suficiente para identificar as melhores ações.

Ao mesmo tempo, ações de empresas com os melhores conjuntos de indicadores financeiros tiveram melhor desempenho, independentemente do valor patrimonial. "Isso mostra que é preciso estudar muito bem cada investimento, com várias ferramentas", diz Eid. Entre os fatores que levaram as empresas com baixo P/VPA a ter perdas estava a falta de liquidez dos papéis, que derrubou seus preços.
O único setor onde a relação Preço/Valor Patrimonial pode ser útil é no financeiro, afirma Marco Melo, analista chefe da corretora Ágora. "Por mais que tenham havido ajustes para compensar a hiperinflação dos anos 80 aos 90, os números de patrimônios das empresas ainda carregam grandes distorções", diz. Além disso, os prejuízos em controladas podem distorcer o patrimônio das controladoras, passando ao mercado uma imagem que não é a real. E há empresas que têm baixo valor patrimonial, por definição, pois já amortizaram grande parte de seus ativos, caso das elétricas.
Outro fator que pode distorcer o indicador é o aumento de capital. Melo lembra que, recentemente, durante a bolha das ofertas públicas de ações, muitas empresas "incharam" o patrimônio com captações, que entraram no caixa e davam a impressão que a empresa estava barata no mercado. "Há outras que deixaram de pagar dividendos e juntaram os valores ao patrimônio, coisa que só olhando a relação P/VPA não aparece", diz.

No caso do setor financeiro, os números de patrimônio são mais confiáveis, avalia Melo, uma vez que o setor é rigidamente regulado não só internamente como externamente. "O Acordo da Basileia determina controles muito detalhados da contabilidade das instituições de acordo com critérios internacionais", diz Melo. Além disso, há a fiscalização do Banco Central brasileiro.

Para ele, melhores indicadores são os relativos à geração de caixa projetada, como o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida). "Até a relação Preço/Lucro (PL) perdeu muito de seu apelo, mas ainda é bastante usada pelo mercado", diz.

16 março 2009

Caixa como indicador

O Caixa (e equivalente) tem sido considerado um indicador de saúde das empresas. No passado, a revista Business Week usou a quantidade de caixa disponível pelas maiores montadoras do mundo para fazer uma projeção de consolidação (e fusão) do setor. A revista cometeu erros ao afirmar que sobrariam somente seis montadoras globais, entre elas pelo menos duas dos EUA. A afirmação era baseada no volume de caixa existente então nas empresas.

Apesar do termo consagrado “Caixa é o Rei”, devemos olhar com desconfiança para este indicador. Em primeiro lugar, nem sempre o volume atual de caixa é sintoma de caixa futuro. Este é o caso das montadoras, que possuíam um grande volume de caixa, mas com problemas graves.

Uma outra situação interessante é que nem sempre o caixa que consta do balanço de uma empresa é de propriedade da empresa. Este é o caso dos bancos.
Outro ponto interessante é que nem sempre o caixa significa um custo zero. Este é um ponto interessante destacado em Cash on The Balance Sheet: Not Always as Good as It Seems. O texto lembra o caso em que a empresa pode ter um custo elevado para usar o caixa disponível.

O exemplo interessante apresentado pelo texto é das empresas farmacêuticas dos EUA que possuem 115 bilhões em caixa. A J&J tem 13 bilhões, por exemplo. A questão é que uma parte deste valor está no mercado externo e sua utilização nos EUA irá gerar um imposto de 30%. Ou seja, os 115 bilhões talvez não sejam 115 bilhões.

[Existia uma piada dizendo que as duas coisas verdadeiras num balanço eram o caixa e o CNPJ. Bem, talveze não seja assim.]

05 fevereiro 2009

Um efeito da crise

Um efeito colateral da crise talvez apareça nos índices de liquidez, apontando para sua redução.

A razão é simples. Alguns contratos de dívida de longo prazo possuem uma cláusula que exige a reclassificação de longo para curto prazo em situações de potencial insolvência. Apesar disto não estar claro nas normas internacionais (segundo Lessons for IFRS reporting from History), o correto seria a reclassificação.

Isto aumentaria o passivo circulante, que por sua vez reduziria a liquidez.

22 janeiro 2009

Análise de balanços e Economia

O indicador de Estoques sobre Vendas nos Estados Unidos mostra a recessão. Este índice é um interessante exemplo de como a análise de balanços pode ser útil em termos macroeconômicos.
Vide aqui