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29 agosto 2015

Rir é o melhor remédio

Coisas que você pode fazer no mundo acadêmico que te fariam ser despedido na vida real:

Abandonar cuidados pessoais (ele tem um Prêmio Nobel)
Ser um babaca na apresentação de outras pessoas
Não responder e-mails (você tem 36.043 mensagens não lidas)
Ficar sentada e não fazer nada o dia inteiro (Hey, isso é chamado "escrever")

20 agosto 2015

Depressão na Pós-Graduação e Pós-doutorado

O que fazer com os estudantes e cientistas que não conseguem estudar e pesquisar?

A imagem de nós cientistas no senso comum, como estereotipada por Einstein, é que somos meio loucos. De fato, como revelado recentemente pela revista Nature, parece que realmente não temos uma boa saúde mental, dada a alta ocorrência de depressão entre pós-graduandos e pós-doutorandos.

Os pós-graduandos são os estudantes de mestrado e de doutorado, enquanto os pós-doutorandos são os recém doutores em aperfeiçoamento, que ainda não conseguiram um emprego estável. Os pós-doutorandos são comuns há muito tempo nos laboratórios da Europa e dos Estados Unidos, já no Brasil este é um fenômeno recente.

Segundo o texto, boa parte dos estudantes de pós-graduação que desenvolvem depressão foram ótimos estudantes na graduação. Lauren, doutoranda em química na Universidade do Reino Unido, começou com dificuldade em focar nas atividades acadêmicas, evoluiu com medo de apresentar a própria pesquisa, e terminou sem nem mesmo conseguir sair da cama. Felizmente, Lauren buscou ajuda e agora está terminando o seu doutorado, tendo seu caso relatado no site de ajuda Students Against Depression, cujo objetivo é “desenvolver a consciência de que a depressão não é uma falha pessoal ou uma fraqueza, mas sim uma condição séria que requer tratamento”, segundo a psicóloga Denise Meyer, que ajudou no desenvolvimento do site.

Para os cientistas em início de carreira, a competição no meio acadêmico pode levar a isolamento, ansiedade e insônia, que podem gerar depressão. Esta pode ser acentuada se o estudante de pós-graduação tiver problemas extracurriculares e/ou com seu orientador. Já que a depressão altera significativamente a capacidade de fazer julgamento racional, o deprimido perde a capacidade de se reconhecer como tal. Aqui, na minha opinião, o orientador tem um papel fundamental, mas que na prática não tenho observado muito: não se preocupar apenas com os resultados dos experimentos, mas também com a pessoa do estudante.

De acordo com o texto, os principais sinais de depressão são: a) inabilidade de assistir as aulas e/ou fazer pesquisa, b) dificuldade de concentração, c) diminuição da motivação, d) aumento da irritabilidade, e) mudança no apetite, f) dificuldades de interação social, g) problemas no sono, como dificuldade para dormir, insônia ou sono não restaurativo (a pessoa dorme muito mas acorda cansada e tem sono durante o dia).

Segundo o texto, a maioria das universidades não tem um serviço que possa ajudar os estudantes de pós-graduação. Não obstante, formas alternativas se mostraram relativamente eficazes. Por exemplo, mestrandos e doutorandos poderiam procurar ajuda em serviços oferecidos a alunos de graduação; já os pós-doutorandos poderiam tentar ajuda em serviços oferecidos a professores, sugerem os autores do texto. A maioria dos tratamentos requer apenas uma sessão em que são discutidas as dificuldades dos estudantes, além de sugestões de como manejar melhor a depressão. Uma das principais preocupações é com relação à confidencialidade, que deve ser quebrada apenas se o profissional sentir que o paciente tem chance iminente de ferir a si ou a outrem. Segundo Sharon Milgram, diretora do setor de treinamento e educação do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, “buscar ajuda é um sinal de força, e não de fraqueza”.

Devo admitir que o texto chamou minha atenção por me identificar com o tema, tanto na minha própria experiência, quanto na de vários colegas de pós-graduação que também enfrentaram problemas semelhantes. Acho que o sistema atual de pós-graduação tem falhas que podem aumentar os casos de depressão, como as descritas a seguir:

1- O próprio nome “Defesa” no caso do doutorado
Tem coisa mais agressiva que isso? Defesa pressupõe ataque, é isso mesmo que queremos? Algumas pessoas vão dizer que os ataques são às ideias e não às pessoas. Acho que isso acontece apenas no mundo ideal, porque na prática o limite entre as ideias e as pessoas que tiveram as ideias é muito tênue. Mas pior é nos países de língua espanhola, pois lá a banca é chamada de “tribunal”.

2- Avaliações pouco frequentes
Em vários casos, principalmente no começo do projeto, as avaliações são pouco frequentes, o que faz com que o desespero fique todo para o final. No meu caso, os últimos meses antes da “Defesa” foram os piores da minha vida, pois tive bastante insônia, vontade de desistir de tudo etc. Pior também foi ouvir das pessoas que poderiam me ajudar que aquilo era “normal” e que “fazia parte do processo”… Isso não aconteceu apenas comigo, mas com vários colegas de pós-graduação. Acho que para fazer ciência bem feita, como todo trabalho, tem que ser prazeroso, e acredito que avaliações mais frequentes podem evitar o estresse ao final do trabalho.

3 – Prazos pouco flexíveis
Cada vez mais me é claro que a ciência não é linear, e previsões geralmente são equivocadas. Dessa forma, acredito que não deveria haver nem mestrado nem doutorado com prazo fixo. O pós-graduando deveria ter bolsa por 5 anos para desenvolver sua pesquisa, e a cada ano elaboraria um relatório sobre suas atividades e resultados. Uma comissão deveria julgar esse relatório para ver se o estudante merece continuar. Como cada caso é um caso, em alguns casos, dois anos já seriam suficiente para ter um resultado que possa ser publicado num jornal científico de reputação. Isso daria ao cientista a possiblidade de bolsa por mais 5 anos, por exemplo, para ele continuar sua pesquisa. Em outros casos, 5 anos de trabalho não é suficiente, o que pode ser por causa da própria complexidade da pesquisa, ou outros motivos como atraso na importação de material etc. Nesse caso, acho que o estudante deveria ter pelo menos mais 3 anos de tolerância para poder concluir sua pesquisa, caso os relatórios anuais sejam aprovados, e o estudante comprove que não é por sua culpa que a pesquisa está demorando mais que o previsto.

Senti falta no texto uma discussão com relação ao fato de que para os futuros cientistas que ainda não tem um emprego definitivo, a ausência de estabilidade financeira é também um fator que contribui para o estado de humor dessa classe tão específica e especial de seres humanos.

Sugestão de Leitura
Gewin, V. (2012) Under a cloud: Depression is rife among graduate students and postdocs. Universities are working to get them the help they need. Nature 490, 299-301.

Fonte: Aqui

22 dezembro 2014

Vida Pós-Graduação

Achei a música ótima!

Vida Pós-Graduação




"Preciso dar aula,
a bolsa é uma esmola,
a faculdade é longe
e eu vou de busão.
Eu tô acordando já são cinco horas
e já tô atrasado pra uma reunião.
Quero terminar, quero descansar,
dormir oito horas por dia [EU RI!!!!]
Quero ver TV,
me alimentar bem
e ir para a academia"

Parabéns pela criatividade! O meu ouvido só doeu no fim... ;)

23 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte II

No dia da defesa da dissertação de Ednilto.
Da esquerda para a direita: o membro interno da banca examinadora, Prof. Dr. Rodrigo de Souza Gonçalves seguido pelo membro externo, Prof. Dr. Moisés Ferreira da Cunha; depois o nosso entrevistado, atual professor e mestre, Ednilto Tavares Pereira Júnior; e, à direita, o orientador e professor Dr. César Augusto Tibúrcio Siva.
No outro domingo começamos a conversar com o Ednilto que tem uma história engraçada, interessante e envolvente para contar. Hoje a entrevista no mostra a trajetória dele entre o mestrado e o doutorado.

Blog_CF: Ednilto, você então entrou na 19ª turma de mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Ciências Contábeis da UnB, UFPB e UFRN com o auxílio de um recurso. Claro que sempre haverá alguém para criticar, mas como foi a reação da sua turma? Como era o relacionamento entre vocês?
Ednilto:
Antes de iniciarmos o curso somos convocados para uma reunião na qual nos explicam mais sobre o programa. A minha aconteceu em dezembro de 2009. Antes mesmo dos professores chegarem expliquei para todos que estavam na sala a minha situação. Havia quem nem notou que a lista final apresentou um nome a mais, devida a empolgação com o curso. Fui sincero desde o início e acredito que fui bem recebido. Ninguém mostrou descontentamento. Na reunião os professores também explicaram, mas já estavam todos cientes então acredito não ter havido nenhum tipo de preconceito.

Como comentei antes, Deus sabe o que faz. Cai em uma turma muito especial da qual me orgulho fazer parte. Superamos tudo juntos, nos apoiamos e, assim, íamos compensando as fraquezas individuais. Isso porque em uma turma há quem seja ótimo em contabilidade societária, mas não sabe sobre custos e gerencial, por exemplo. Havia também a questão do inglês que é essencial para o desenvolvimento de trabalhos, apresentações e seminário. Mas a minha turma se tornou um organismo único e fomos enfrentando a batalha com muito fervor. Hoje considero que tenho irmãos. A intensidade de tudo o que vivemos, nos liga por toda a vida.

Blog_CF: Você terminou bem o mestrado. Não precisou de novos prazos, passou em todas as matérias, foi aprovado na defesa da dissertação. Foi esse sucesso que te motivou a ir além e, assim, buscar o doutorado?
Ednilto:
Com o mestrado eu tive a confirmação que a vida acadêmica não era apenas uma obrigação, ou profissão. Eu encontrei a minha paixão. Não achei que seria sequer aprovado em um mestrado e alcancei o meu sonho. Foi algo natural ir além disso, além dos meus sonhos. Foi assustador pensar em passar por todo o processo de rejeição e preparação novamente, independente de como foi o meu mestrado. Mas fui em frente.

Na primeira vez que tentei, não cheguei a conseguir participar do processo por ter enviado uma cópia não autenticada do meu título de eleitor (era uma exigência). Claro que entrei com o famoso recurso, mas infelizmente não deu certo. Mas novamente eu já estava decidido. Eu queria cursar o doutorado ali, no lugar em que me tornei mestre. Eu criei um vínculo de admiração e vontade de crescer junto com a UnB. Era ali que eu queria então, novamente, aguardei mais um ano e procurei ir melhorando o meu currículo naquele meio tempo. Ainda bem que meu sofrimento não durou muito e fui aprovado no último processo seletivo do Programa. Minhas aulas terão início este ano, em 2014. Agora inicio uma nova jornada, ainda por ser escrita.

Blog_CF: O que é o doutorado para você?
Ednilto: Acho que para alguns o doutorado seja relacionado a obtenção de um título. Não digo que a minha nobreza não fará com que eu não me sinta melhor no dia em que for o Doutor Ednilto! Mas a minha motivação, e aqui vou usar o mesmo discurso que prego aos meus alunos, é ser um professor melhor e, assim, conseguir ajudar mais os meus alunos, impactar vida, colaborar para o conhecimento e formação dos meus discentes da melhor forma que eu puder. Quando fui aprovado, comemorei esse sucesso também com os meus alunos e afirmei “se faço isso não é só por mim, mas também por vocês”. Tenho certeza que não sou um ótimo professor, mas quero ser um dia. Por isso busco a autossuperação. Ser melhor que o meu eu de ontem, ser melhor a cada dia.

Blog_CF: Não vou te perguntar como foi ser reprovado em um processo seletivo porque claramente houve frustração e tristeza. Mas como foi o seu processo para seguir em frente e ser admitido? 

Ednilto: Bom... eu sou meio nerd ...se é que existe essa de meio nerd (ou se é ou não), então vai aqui uma resposta geek. 

Hal Jordan, o segundo lanterna verde, ao ser escolhido sofreu bullying da tropa dos lanternas verdes (para eles os terráqueos são seres inferiores). Aí, em um desses universos da DC Comics [Lanterna Verde – Renascimento], Hal vai enfrentar Parallax, uma entidade cósmica que se alimenta do medo que espalha em todos os seres vivos... em resumo... Hal Jordan luta, vence Parallax e fala algo que me marcou. 

Ter medo não nos faz fracos, pois do medo vem a coragem para sermos fortes. O que isso tem a ver com a pergunta sobre a reprovação? Já fui reprovado no processo seletivo para o mestrado e para o doutorado, entre outras reprovações na vida. Ser reprovado nunca me fez ser fraco, mas sim me deu força e coragem para ser forte. 

A propaganda do sabão Omo já dizia, “não há aprendizado sem manchas”. Risos. Sempre penso nisso, independente do que eu esteja fazendo. Ora, se não deu daquela vez, vamos tentar novamente. Se não der na segunda, haverá uma terceira, e se não der na terceira, teremos uma outra vez para tentar. Ou ganharemos sabedoria e maturidade para enxergar uma outra opção e seguir por ali. Em suma, o que aconteceu não foi em vão. Não foi tempo perdido, mas o tempo necessário.

Como você se comporta frente a derrota é o que fará você ser um eterno perdedor ou um próximo vencedor. Acho que o NÃO sempre me incentivou mais do que o SIM, o “você NÃO consegue”, “isso NÃO é para você”, “você NÃO pode fazer isso”. As pessoas e motivam por milhares de incentivos diferentes e sempre brinco que quando ouço palavras negativas, meu subconsciente ativa que aquilo é um desafio e que desafios são feitos e colocados para que possamos vencê-los. Se não fosse assim, que graça teria a vida?

Blog_CF: A sua história é rica e cheia de exemplos motivacionais. Mas que dica você dá para os que pretendem futuramente cursar o mestrado? E quem já foi recusado em processos seletivos, como motivá-los a continuar tentando?
Ednilto: Dica? Difícil dizer porque "cada caso é um caso". Eu arriscaria dizer que a primeira coisa é "saber". Se você decidir fazer algo, no caso o mestrado, tem que ter certeza ser aquilo o que você realmente quer. (Tem quem faça por não ter outra coisa para fazer naquele momento, por pressão da família, pra melhorar o salário, por n razões distintas). Você está fazendo por você e é o que você sinceramente deseja? Se sim, pronto, sua meta e o seu objetivo foram traçados. Agora é só seguir. Não olhe para os lados e nem para trás. Siga em frente. Confie. Não pare porque obstáculos vão surgir - sempre surgem - mas se você tem em mente o que você quer, não deixe nada ser tão grande a ponto de fazer você desistir. Você vai querer desistir! Mas não desista.

Blog_CF: Você pode compartilhar mais uma das suas histórias de - sim - superação?
Ednilto:
 (rindo) Se você diz que são histórias de superação, tudo bem. Vou contar algo que aconteceu comigo.... Mais risos. 


Para fazer o mestrado saí de um cargo concursado. Foi uma escolha que tive que fazer e assumir, já que eu não tinha como conciliar o aquele trabalho com os estudos. Aquilo foi um golpe dolorido já que parei de receber um salário razoável para virar bolsista da Capes. Agradeço eternamente a oportunidade, mas o valor é vergonhoso, sabe? Eu recebia R$ 1.200,00! Como comprar livros (geralmente internacionais), me sustentar e estudar em paz? Tinha quem falasse que com aquilo dava até para pagar prestação de carro, pode? 

Aproveito para me manifestar: Brasil, governantes, responsáveis: a bolsa não é nada. Né? Pagar isso TUDO para a pessoa ficar por conta dos estudar? 

No meu caso, eu era solteiro e ainda tinha os meus pais para me ajudarem, fico pensando como um pai de família renuncia seu emprego para fazer um mestrado com uma bolsa dessas? 

Acho que a primeira dificuldade que eu tive no mestrado foi a financeira. Muitas vezes eu olhava para os meus colegas do antigo concurso, ou para colegas de universidade, que estavam indo “bem” na vida... e eu ali, ganhando R$ 1.200,00 “só para estudar”. Isso me fazia me perguntar todos os dias o por quê deu estar lá. Não foi fácil. O dinheiro não era a minha motivação, mas a falta dele me abalou. Sempre que eu ficava na dúvida, reforçava comigo "já estou aqui mesmo então não vou desistir". 

A segunda dificuldade é quanto ao conteúdo de cada matéria. Nossa, não teve uma disciplina sequer que eu possa falar que foi “de boa”. Até a disciplina de prática de ensino foi pesada! E olha que envolvia apenas “dar aula” e era dar mesmo, porque era um docente voluntário. Na verdade eu recebia os créditos da disciplina, como todos os demais. Mas eu ia de Goiânia para Brasília, lecionava e voltava para casa. Isso acrescentava um peso emocional que complicou, claro, mas fui em frente. Sempre em frente. 


Quando se tratava da dificuldade nas disciplinas, sempre pude contar com meus amigos. Nunca aquela frase fez tanto sentido “ninguém é tão grande que não possa aprender nem tão pequeno que não possa ensinar”. Lembro-me que meus amigos que me ajudaram a superar muitas dificuldades, inúmeras vezes. Fui para a casa deles estudar, nos encontrávamos na biblioteca.  

A dificuldade é inerente ao processo, #nopain #nogain, mas ninguém disse que precisamos suportar essa “dor” sozinhos, então acho que durante essa batalha (mestrado ou doutorado) umas vezes seremos carregados, outra teremos que carregar, o importante é que nenhum soldado fique só no campo de batalha. Seja compreensivo e companheiro, é a dica que deixo. Isso fez toda a diferença na minha vida.

Blog_CF: Ednilto, agradecemos imensamente a sua participação e te desejamos uma ótima jornada no doutorado. Parabéns!


Ednilto:
Obrigado por me convidarem para essa entrevista, não sei se sou a melhor pessoa para isso, mas espero poder incentivar alguém, mais uma vez obrigado e vamos que vamos que o doutorado nos espera.


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09 fevereiro 2014

Entrevista: Ednilto Pereira Tavares Júnior - Parte I

Todos nós temos sonhos. Poucos têm coragem para conquistá-los. Enquanto alguns culpam o passado, o destino, ou simplesmente se acomodam, outros vão atrás e conseguem o que querem, inspirando tantas outras pessoas a serem mais perseverantes e determinadas. Nós já falamos sobre o Ednilto Pereira Tavares Júnior na postagem “Venha Competir no Programa Multi UnB, UFPB, UFRN”. Isso foi quando ele defendeu a dissertação para completar o mestrado em Ciências Contábeis. Mês que vem nosso protagonista começará as aulas para se tornar doutor em contabilidade e, após persegui-lo incessantemente, conseguimos uma entrevista para o blog. Eu sempre me emociono com as histórias dele. Esse goiano engraçado e brincalhão, quando fala sobre contabilidade, consegue emocionar os mais desatentos e inspirar os mais desnorteados. Que tal invadir um pouco a vida dele conosco!? Vamos lá!

Blog_CF: Ednilto, nos conte um pouco sobre a sua história. Como foi a sua formação em contabilidade? Em que momento você decidiu se tornar professor?
Ednilto:
Minha história com a contabilidade não é algo muito romântico ou amoroso. Não daria um filme ou uma cena de novela. Eu geralmente brinco que fui criado dentro de um escritório de contabilidade, pois meu pai era técnico. No ano em que nasci ele conquistou o título de bacharel. Então comecei desde muito cedo trabalhar no escritório, junto a meu pai. Lembro-me que eu fazia diversos serviços de “badeco”, como preencher folhas e cartões de ponto, datilografia (essa geração atual não acredita que já se fazia uma ela contabilidade antes de existirem os computadores).

Com o passar do tempo fui conhecendo o que era realmente a contabilidade e as obrigações acessórias do contador. Dizem que filho de peixe, peixinho é, então comecei a ver a contabilidade como sendo aquilo que eu deveria fazer, como se fosse continuar o legado do meu pai. Foi simplesmente por esse motivo que decidi que cursaria ciências contábeis.

Agora a parte engraçada começa: eu sabia exatamente que curso fazer, mas a maior certeza era que eu não queria ser o tradicional contador. Parece incoerente, não? Alguém decide cursar contabilidade e não quer ser contador. Sei que, especialmente os com pouco contato com as ciências contábeis, devem me achar louco ou desajustado. Ou ainda alguém com problemas psicológicos e uma necessidade incalculável de agradar o pai. Risos.

Mas vejam só... No primeiro dia de aula da graduação – lembro-me como se fosse hoje – o professor Ricardo Borges de Rezende (que futuramente se tornaria mestre pelo mesmo programa que eu) perguntou o que cada aluno desejaria ser. Como sempre, havia o grupo dos contadores, dos auditores, dos aficionado por concursos e carreiras públicas, e eu. Não, eu não estava “sem grupo”, apesar de ter parecido naquele momento. Eu entrei na quota dos sonhadores: ser professor. Naquele tempo eu não sabia ao certo porque afirmei querer ser professor. Talvez fosse algo mais forte que eu se manifestando ali. Mas então respondi, e fui o único.

Blog_CF: Foi ali que você decidiu que faria, também, o mestrado?
Ednilto: Depois daquilo, depois de entender e aceitar o meu destino, comecei a traçar minha meta de vida: terminar a graduação, cursar uma especialização e, dali, começar a lecionar. Talvez, com alguns anos de experiência, cursar o mestrado. Já pensou? Mestre Ednilto. O detalhe é: sempre achei o mestrado ser algo inatingível. Pensava assim porque sempre ouvia as pessoas dizerem que aquilo não era para mim (então o que era para mim?).

Fiz lá a minha graduação e no último ano um professor me incentivou a prestar o processo seletivo para o mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Esse professor, naquela época, também prestaria o mesmo processo seletivo. Devo muito a ele, o hoje professor da Universidade Federal de Goiás e mestre Ednei Morais Pereira.

Lá fui eu atrás das informações para a turma que começaria em 2009. O teste Anpad dava pontos a mais, então o fiz. Passei na prova aplicada pelo Programa Multi e não fui eliminado. Meu desempenho na prova de inglês foi sofrível! Mas a minha história ainda não havia acabado. Fui para a fase seguinte que consistia em uma entrevista que também envolvia análise de currículo. Esse foi um momento marcante de tão duro. Foi então que percebi claramente como eu era fraco. Obviamente eu reprovei, mas ao relembrar, a minha reação natural é rir.

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, mas, na verdade, Ele escreve certo em linhas certíssimas. Somos nós os analfabetos que não conseguem ler.

A decisão então ficou marcada na minha alma. Eu faria o mestrado. Alguém acreditou em mim e eu passei a acreditar também. A partir dali comecei a me preparar para o processo seletivo que ocorreria no ano seguinte, para a turma de 2010, a 19ª. Preparei-me durante todo aquele ano, me submeti a situações não muito comuns para sobreviver e, ao mesmo tempo, me aperfeiçoar. Fiz o meu dia parecer ter mais que 24h. Foi um ano difícil e demorado, até que o momento para o qual vinha me organizando chegou.

Lá estava eu, mais uma vez participando do processo do Programa Multi. Fui sendo aprovado, novamente até a bendita entrevista. Não foi simples. Contar histórias não é fácil, relembrar o passado e encontrar as palavras certas para exprimir os nossos sentimentos é algo complicado e provavelmente infiel. É impossível repassar nesta entrevista tudo o que senti desde o dia que decidi me tornar professor até ali, naquele momento. Pessoas na mesma situação não sentem a mesma coisa, o ser humano é complexo e as emoções são tantas que não há palavras o suficiente para expressá-las.

Ali, em 2009, fui novamente reprovado. Você pensou que esta seria uma história de superação? Mas na verdade não foi bem assim. Não a meu ver. O resultado divulgado pela coordenação me considerava reprovado. O detalhe? Descobri que eu havia ficado em décimo segundo lugar. Originalmente havia 12 vagas para aquele ano, mas eu não alcancei a nota mínima. Por pouco. Mas não a alcancei.

Blog_CF: Eu sei o fim da história, nossos leitores também. Mas faltam peças no meio para que a figura se torne visível. O que aconteceu depois dali?

Ednilto: Bom, o que aconteceu é fácil de se explicar, mas intenso de se viver. Sei que o normal seria sentar e chorar. Depois enxugar as lágrimas e partir para outra ou me preparar por mais um ano. Porém, resolvi conversar com a comissão de seleção. Moro em Goiânia, mas parti imediatamente para Brasília. Decidido. Obstinado. A conversa, que durou menos que 30 minutos, não resolveu nada. Falaram-me: entre com um recurso formal. Claro que fui embora, novamente no trajeto Brasília-Goiânia, chateado e derrotista. Todavia, ao chegar a minha casa segui o conselho e fui pesquisar para entrar com o tal recurso. No máximo eu receberia um “não”. Outro para a coleção.

Li e reli o edital, escrevi o recurso, entreguei a Deus (e à Comissão) e fiquei com o coração na mão. Não tive que procurar meu nome na lista. Ligaram-me – me ligaram! – e falaram: você foi aprovado. Quem do programa já recebeu uma ligação para informar a aprovação? Só eu. Acho que sou especial. Risos. 

Claro que algumas pessoas me criticaram por aquilo, como se não houvesse mérito. Farão isso com você. Não é fácil ir atrás dos sonhos. O fácil é desistir. Desistir depois de uma ou duas recusas. Desistir depois que o seu coração é partido. Desistir porque as pessoas acharão algo ruim e te julgarão. Mas eu fui em frente e hoje sou mestre. Cresci e aprendi muito. Conheci pessoas incríveis que acrescentaram à minha vida e sei que acrescentei às delas. Não tenho palavras para exprimir como vale a pena lutar pelos seus sonhos. Lutar de verdade! Com a sua alma, com garra. As recusas não são pessoais. Elas fazem parte do processo.

Blog_CF: Ednilto, sei que ainda há muito nessa história e deixaremos para o próximo domingo. Agradecemos imensamente o seu tempo e as suas palavras.

O Ednilto pediu desculpas pelas respostas longas, mas é totalmente desnecessário já que a história de vida dele é enriquecedora. E eu adoro iografias. *.* Nos vemos domingo que vem para saber a trajetória dele como professor e como ele chegou ao doutorado!

[... continua]

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23 julho 2013

Mestrado Profissional em Gestão Pública

Foi aprovado pela CAPES o mestrado profissionalizante em Gestão Pública na Universidade de Brasília.

De acordo com o site da Escola de Administração Fazendária (Esaf):

A Escola de Administração Fazendária (Esaf) apresenta o Mestrado Profissional em Administração – com foco em Gestão Pública, a ser realizado em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), em nível de pós-graduação stricto sensu.

O objetivo do curso é contribuir para a capacitação e desenvolvimento de uma postura crítica relacionada à gestão pública.

O curso destina-se a servidores e empregados da Administração Pública Direta e Indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O candidato deverá ser portador de diploma de qualquer curso de nível superior registrado pelo Ministério da Educação.

Número de Vagas: 25

Os candidatos deverão submeter-se previamente ao teste ANPAD (http://www.anpad.org.br). O teste constitui-se pré-requisito para a inscrição e para participar das outras etapas do processo seletivo – plano de curso e entrevista oral.

O curso , com duração de 24 meses, será na modalidade presencial em Brasília e tem como previsão o seguinte cronograma:

período das inscrições: 22/07/2013 a 13/08/2013;
processo seletivo: 19/08/2013 a 04/09/2013;
início do curso: setembro de 2013.

Valor do Investimento
O custo estimado por aluno, sujeito a confirmação, é de R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais) , que NÃO poderá ser custeado diretamente pelo aluno. O valor será passível de parcelamento em até 24 (vinte e quatro) parcelas mensais.

Informações
Escola de Administração Fazendária (ESAF):
Fone: (61) 3412.6088 e 3412.6483
Fax: (61) 3412.6261
E-mail: posgraduacao.esaf@fazenda.gov.br
Sítio: www.esaf.fazenda.gov.br

Universidade de Brasília (UnB):
- Sítio: http://ppga.unb.br/ .

23 junho 2013

Entrevista

Participar de um programa de iniciação científica pode ser um caminho mais curto para ingressar na vida acadêmica. Entrevistamos Ludmila Melo (foto), atualmente professora da Universidade de Brasília, que foi “pibicanda” durante dois anos seguidos. Um depoimento importante para aqueles que estão pensando em seguir o mesmo caminho.

Contabilidade Financeira: Como você ficou sabendo do programa de iniciação científica? Foi um colega ou um professor que avisou?

Ludmila Melo: Fiquei sabendo da Iniciação Científica por meio da Professora Beatriz Morgan, coordenadora do curso de Ciências Contábeis à época. Lembro que fui à coordenação para perguntar como teria que proceder para participar de projetos de pesquisa dentro da Universidade (ainda não sabia o que era PIBIC). Ela me informou que deveria procurar um professor doutor e pediu que eu a acompanhasse até a sala onde se encontrava o professor César (na época o diretor da Faculdade). Conversei com ele e lembro que ele me falou de duas linhas de pesquisas que estudava e perguntou se eu me interessava por alguma. Escolhi a linha de Finanças Comportamentais. Lembro que minutos depois já estava fazendo minha inscrição na Plataforma Lattes para que eu entrasse para o grupo de pesquisa do assunto (risos).

Contabilidade Financeira: Quais eram as suas expectativas quando fez a inscrição?

Ludmila Melo: Quando fiz a inscrição no PIBIC, a minha maior expectativa era aprender fazer pesquisa; conhecer como se dava esse processo dentro de uma universidade. No entanto, com certeza o PIBIC superou minhas expectativas. Ao final do primeiro ano, submetemos o artigo a um congresso conceituado da área e ele foi aprovado. Nesse momento surgiu um novo desafio: fazer apresentação oral do trabalho; o que para mim foi bastante desafiador porque estava apenas no meio da minha graduação.

Contabilidade Financeira: Valeu a pena fazer a iniciação científica?

Ludmila Melo: Valeu muito! A iniciação científica me ajudou em dois aspectos. O primeiro deles foi pessoal. Quando fiz a iniciação científica, desenvolvi a capacidade de leitura crítica, de leitura em língua estrangeira, desenvolvi também a habilidade de escrever e também, como consequência do artigo aprovado no congresso, vivi a experiência (ansiedade, medo, frio na barriga...) de falar em público para pessoas extremamente especializadas. Habilidades que são úteis para a vida, independentemente de atuar ou não no ambiente acadêmico. O segundo aspecto, foi me possibilitar “começar” a vislumbrar a minha vocação: a docência em ensino superior.

Contabilidade Financeira: Você acha que a iniciação científica é só para os alunos que gostariam de seguir carreira acadêmica ou pode ser útil para outras situações?

Ludmila Melo: Como falei na pergunta anterior, a iniciação científica desenvolve habilidades úteis para a vida pessoal como um todo, independente da área de atuação escolhida.

Contabilidade Financeira: A iniciação científica ajudou você durante o curso de graduação? Como ela afetou sua relação com os colegas e os outros professores?

Ludmila Melo: Ajudou e muito! Lembro que a iniciação científica me “forçou” a adiantar conteúdos que eu só veria em períodos mais avançados da graduação, o que fez com que eu aproveitasse as aulas de maneira muito melhor. E como consequência disso, fui conhecendo melhor os outros professores da graduação. Além disso, tive a oportunidade de conhecer colegas de períodos diferentes do meu na graduação bem como fazer novas amizades com os alunos que já estavam cursando mestrado, visto que estávamos inscritos no mesmo grupo de pesquisa.

Contabilidade Financeira: Qual o momento mais marcante durante a sua iniciação científica? Foi na aprovação do projeto, na defesa do trabalho ou em outra situação?

Ludmila Melo: O momento mais marcante da iniciação científica foi quando saiu o resultado do congresso ao qual havíamos submetido o trabalho fruto da iniciação científica. Foi emocionante!

20 abril 2013

Kakenya Ntaiya: Uma menina que exigiu a escola

Kakenya Ntaiya fez um acordo com seu pai: Ela se submeteria ao tradicional rito de passagem Maassai, a circuncisão feminina, se ele a deixasse frequentar o ensino médio. Ntaiya conta sua corajosa história até chegar à faculdade, e seu trabalho junto aos mais velhos de sua vila, para construir uma escola para meninas na comunidade. É a jornada educacional de alguém que mudou o destino de 125 jovens mulheres. (Filmado no TEDxMidAtlantic.)

01 abril 2013

Reajuste de bolsas de pós-graduação

A partir de 1º de abril, a bolsa de mestrado passará de R$ 1.350 para R$ 1.500, a de doutorado, de R$ 2.000 para R$ 2.200, e por fim, a bolsa de pós-doutorado será reajustada de R$ 3.700 para R$ 4.100. Este é o segundo reajuste em menos de um ano. Em maio de 2012, o governo federal também concedeu um reajuste de 10% para mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e alunos de iniciação científica.

Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o novo reajuste faz parte da política para aumento do número de mestres e doutores na educação superior. “O reajuste de bolsas é fundamental para estimular jovens talentos”, salientou.

Nos últimos quatro anos, a Capes expandiu o Sistema Nacional de Pós-Graduação e aumentou a oferta de bolsas. Em 2008, havia cerca de 40 mil bolsistas no país. Em 2011, foram concedidas 72.071 bolsas de pós-graduação e 30.006 no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Em 2012, foram mais de 127 mil bolsas em todas as modalidades. Já o CNPq, em todas as modalidades, no mesmo período, aumentou a oferta de bolsas de 63 mil para cerca de 81 mil.

Qualificação – A bolsa é um instrumento para viabilizar a execução de projetos científicos, tecnológicos e educacionais nas pesquisas e projetos apoiados pelos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

O MEC e o MCTI, por meio da Capes e CNPq, mantém programas de qualificação na educação superior, entre eles, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e o Ciência sem Fronteiras, que concede bolsas no exterior para alunos de graduação em cursos das áreas de exatas.

Antes do reajuste do ano passado, o último reajuste de bolsas de pós-graduação no país havia sido em junho de 2008, quando as de mestrado passaram de R$ 940 para R$ 1,2 mil e as de doutorado de R$ 1,3 mil para R$ 1,8 mil. Entre 2004 e 2008, houve três aumentos, em que as bolsas obtiveram reajuste de 67% sobre os valores de 2002.
(ACS/MEC)

16 fevereiro 2013

Contabilidade: 3 mil mestres e 250 doutores

As imagens abaixo estão disponíveis no site da AnpCont:



Em uma rápida análise no site da UnB, da USP e da FURB encontrei atualizações que acrescentam 78 mestres (45 do Programa Multi UnB/UFPB/UFRN, 33 da USP e 12 da FURB) e 53 doutores (13 do Multi, 37 da USP, 3 da FURB sendo que o doutorado é em contabilidade e administração). Isso totaliza aproximadamente 2.693 mestres e 251 doutores formados no Brasil.

Claro, foi uma atualização superficial... mas, independente disso, ... em um país com cerca de três mil cursos de contabilidade (ou mais?) e mais ou menos a mesma quantidade de mestres, o que podemos concluir?

Quem está lecionando???

Acho oportuno destacar trechos da dissertação do Glauber de Castro Barbosa:
“Os achados do trabalho são relevantes por indicar a ocorrência de disfunções no ensino superior das universidades federais, especialmente na sobrecarga de funções para os professores mais titulados e na supervalorização da pesquisa em detrimento do ensino, quando o ideal seria que este e aquela fossem indissociáveis. Professores e alunos devem estar imersos em um ambiente de constante troca, na condução de um processo de ensino aprendizagem em que o professor facilite e estimule o aluno a buscar o conhecimento e não simplesmente faça a transmissão desse conhecimento. Os resultados levam a crer que não basta ser um excelente pesquisador para ser um bom docente.
As conclusões dessa pesquisa ressaltam a importância da accountability, na forma de indicadores de desempenho, no acompanhamento da gestão de uma universidade e do rendimento acadêmico de seus estudantes, uma vez que neste estudo foi demonstrado que em certos casos há associação entre esses dois grupos. Além disso, sinalizam ao Governo Federal situações que podem ser alcançadas e sanadas por novas políticas públicas aplicadas ao ensino superior.”
Em tempo: as conclusões se referem aos cursos brasileiros avaliados pelo ENADE.

18 janeiro 2013

Unlock Your Papers

Por Raquel Recuero

Esse é um post longo, mas é uma reflexão que eu achei que valia a pena dividir com todos. :)
Um dos grandes desafios, para os acadêmicos, é a publicação de seu trabalho. Aqui no Brasil, praticamente toda a avaliação do desempenho dos pesquisadores é feita com base nisso. A CAPES, por exemplo, qualifica os periódicos em extratos que definem onde os pesquisadores devem publicar, num sistema chamado Qualis (A1, A2... B1, B2... e C, que é a pior classificação). Por algum motivo, essas categorias são baseadas numa proporção do total de periódicos de cada área (assim, por exemplo, apenas 25% dos periódicos de uma área X podem ser A, dos quais apenas 25% podem ser A1 e, uma vez atingida essa proporcionalidade mesmo que um novo periódico atinja as condições de A, só sobe se alguém descer). Essa avaliação é baseada em critérios particulares de cada área (assim, um MESMO periódico pode ser, por exemplo, A1 para uma área e C para outra), que nem sempre são iguais ou parecidos. Do mesmo modo, apenas periódicos onde os membros de Programas de Pós Graduação das áreas publicam são imediatamente avaliados pelo Qualis. Há também um Qualis para livros, o qual funciona de forma parecida. Ou seja, o sistema é péssimo e não faz qualquer sentido na minha visão. Minha opinião particular sobre esse tipo de avaliação sempre foi essa. Assim, por exemplo, pesquisadores como eu, que transitam em várias áreas, acabam sempre tendo uma avaliação ruim de suas publicações, porque nem todas estão "na área" (sim, se vc publicar fora da "área", sua publicação pode não ser avaliada). Do mesmo modo, se eu publicar em um periódico "não avaliado" na área (internacional, por exemplo), corro o risco do mesmo não ser avaliado (e a publicação não contar nada) ou ainda receber um "C" (o que piora a situação).

Além disso, há outro problema. Em muitas áreas, a maioria dos periódicos A são periódicos "fechados", ou seja, cujo conteúdo é fechado, só podemos acessá-los pagando (sério, às vezes é uma quantidade absurda de dinheiro, como 30 dólares por UM ARTIGO) ou via portal de periódicos (onde governo e universidades pagam para que os pesquisadores tenham acesso). Outras tantas vezes, esse artigo está preso numa revista impressa, de circulação limitada e que, uma vez terminada a edição, não circula mais. Eu, por exemplo, já cansei de bater de frente com um artigo muito interessante e relevante para o meu trabalho, mas publicado em uma base fechada que não se tinha acesso. Durante o doutorado, vasculhava a internet procurando por alguma pobre alma que tivesse publicado uma versão PDF de algum artigo publicado num periódico impresso que não existia em biblioteca alguma.

Tudo isso para dizer o seguinte: Eu penso que todos os acadêmicos têm um compromisso com a sociedade. Sim, porque essa sociedade direta ou indiretamente pagou pela sua formação e pela sua pesquisa. E nesse compromisso está implícito que o seu trabalho precisa circular, precisa estar disponível e as pessoas precisam ter acesso. E por isso, desde o tempo do meu mestrado, quando primeiro fiz esse blog, lá em 2001, comecei a disponibilizar tudo o que eu publicava. Na época, muitos colegas me diziam chocados que eu estaria "dando dicas" do meu trabalho no blog e que este perderia a originalidade, que eu teria meus artigos "roubados" se colocasse online, etc. etc. Em 2009, quando lancei o meu primeiro livro, consegui um acordo com a editora para disponibilizá-lo na íntegra online (valeu, Cubo.cc!). As mesmas críticas voltaram. Disseram que meu livro não ia vender na versão impressa (sério, se eu fizesse pesquisa para ficar rica, tava frita), que ia ser mal avaliado porque "ebook nao conta nada para a CAPES", etc. etc. Vejam, nem sempre eu consigo publicar tudo em versão aberta. Meu segundo livro, por exemplo, não rolou porque não consegui patrocínio. E nem sempre consigo publicar em periódicos versão aberta (embora, dentro do possível, eu procure disponibilizar alguma versão sem copyright do trabalho nesse site). Mas sempre foi um esforço da minha parte e uma política que eu procurei seguir.images.jpgNa sexta-feira, a Internet foi varrida pela notícia do suicídio do Aaron Swartz. O cara era um hacker e ativista, co-fundador do Reddit, um dos criadores do #STOPSOPA e que, dentre vários problemas, estava sendo processado pelo MIT, pelo JSTOR e pelo governo dos EUA por um crime incrível: Um belo dia, ele foi no MIT, hackeou a rede, baixou milhares de artigos cientiíficos que eram mantidos "fechados" no JSTOR e disponibilizou online (aliás, devo dizer que um dos artigos que eu mais precisei pra tese que eu mais me ralei pra encontrar estava no JSTOR e eu só consegui "pirata"). O julgamento criminal previa uma pena de até 35 anos de prisão pelo "crime". E por muitos amigos/conhecidos do Aaron, foi considerado um dos fatores motivadores para o seu suicídio, principalmente pela perseguição que ele sofreu do sistema jurídico americano. Independentemente do papel que o processo teve ou não no caso, ele é mais um fato para fazer com que os acadêmicos pensem (e repensem) suas políticas de publicação, e suas políticas de avaliação. Para mim, é em parte a motivação para escrever esse texto. O conhecimento e a pesquisa devem ser livres e nós, acadêmicos, precisamos começar a pressionar as revistas pela liberação do conteúdo online, fazer um esforço pela publicação do nosso material online e incentivar a circulação da produção de pesquisa.E um pequeno passo é colocar aquilo que produzimos disponível.  E procurar publicar em periódicos abertos, sejam eles A, B ou C e pressionar os nossos órgãos de avaliação para que periódicos abertos recebam uma avaliação positiva.
Nesse sentido, ontem alguns acadêmicos iniciaram uma campanha denominada #PDFTribute, em homenagem ao Aaron, solicitando aos demais que publicassem seu conteúdo online e disponibilizassem o link no Twitter. A lista de artigos que foi disponibilizada está aqui. :-) Então vamos lá gente, libertem seus papers! 

10 setembro 2012

O que não te ensinaram na pós-graduação III


Sempre repito a afirmação também destacada no livro de Richlin e Upham (
What They Didn’t Teach You in Graduate School – sem edição em português):

Um professor tem a oportunidade de impactar positivamente a vida e carreira de seus estudantes.

Então, continuando com a série de postagens sobre o que não é ensinado na pós-graduação, hoje falaremos sobre PROFESSORES.

- Ensinar é uma grande satisfação pessoal e um bem público importante desempenhado por você. Lembre-se sempre disso.

- Ensinar é uma arte a ser aprendida. Assim, segue uma curva de aprendizado. Seu primeiro esforço não será tão bom quanto o seu segundo, nem o seu segundo quanto o seu terceiro. Entretanto, há um limite de melhoria. Em outras palavras, sua avaliação como docente alcançará um pico e a partir dali se manterá constante. Eventualmente você irá se entediar com o curso e suas notas irão cair. Não se desespere. É um fenômeno natural. Frequentemente é um resultado da idade; professores acima de 40 anos se identificam cada vez menos com alunos calouros de 18 anos – especialmente se não têm filhos. Notas em declínio significam que é hora de você lecionar outra matéria para estudantes de outro nível.

- Encontrar a sua turma é prioridade. Não cancele aulas porque é inconveniente pra você. Se você souber antecipadamente que estará em um congresso, por exemplo, peça que um colega te substitua – mas não exagere. Os alunos querem aulas com você e não com substitutos.

- Aulas a distância são uma benção. Aulas a distância são uma ameaça. Uma benção porque você pode alcançar os seus alunos que outrora não teriam a oportunidade de aprender com você ou saborear as belezas da sua área. É uma ameaça porque um possível cenário é que universidades e faculdades aprendam que é mais barato comprar uma infraestrutura para ensino a distância, que construir novos prédios ou contratar novos professores. Com o ensino a distância você pode ensinar (ou distrair) centenas simultaneamente e não apenas 10 ou 30 alunos em sua classe. Ainda, se você não é um superprofessor em vídeo ou na internet, não haverá um mercado para você mesmo que você seja um ótimo pesquisador.

- O índice de morte de tios e avós de alunos é um fenômeno, além de qualquer mensuração atuarial. E há distorção perto de período de provas. Uma morte na família é a desculpa padrão para perder aulas e avaliações. Embora alguns alunos sejam impressionantemente inventivos ao tramar histórias, a maioria não é. Ao se deparar com tal desculpa, tenha em mente que o aluno pode estar te enrolando.

- Acredite ou não (!!!), colar é comum em algumas instituições. Ao preparar testes, elabore mais de um modelo. Você pode embaralhar a ordem das questões ou a ordem das respostas. Dizem por aí que um professor pedia para a turma inteira virar as cadeiras ao contrário antes de receber a prova. Apesar de ser mais fácil o professor simplesmente se levantar e ficar no fim da sala, há um quesito psicológico bem interessante.

- Ensinar pode ser uma profissão perigosa. Não é frequente, mas um aluno pode ir até a sua sala ou prédio e atirar em todo mundo ou causar danos físicos. Os casos são suficientemente raros, mas lembre-se que, como professor, você é uma figura pública. As suas ações afetam pessoas reais. Os estudantes estão sujeitos aos mesmos distúrbios mentais que a sociedade como um todo. Se você já identificou alunos-problema, tome os devidos cuidados. Evite caminhar sozinho (para o carro ou para a sua sala) após lecionar, por exemplo.

07 setembro 2012

O que não te ensinaram na pós-graduação II


Esta postagem, continuação da anterior, é indicada especialmente a quem pretende ganhar a vida como professor universitário.

- Evite trabalhar na faculdade em que estudou, não importa o tamanho da sua lealdade. Você sempre será visto como um aluno pelos membros mais antigos e será tratado como tal. É diferente, entretanto, se você retorna após alguns anos trabalhando em outra instituição.

- A regra de oferta e demanda se aplica ao mundo acadêmico tanto quanto a outros campos. Você está jogando com o futuro no mercado de trabalho, assim como um ocorre no mercado de capitais, quando escolhe uma área para o seu doutorado. Já que leva de quatro a sete anos [quando mestrado + doutorado] para alcançar o grau, você faz suposições de que seus serviços serão necessários daqui a vários anos. Podem ser – mas, também, podem não ser. Quando uma nova especialização se abre, é um momento empolgante. Várias pessoas migram de campos adjacentes. Há a formação de departamentos ou de áreas de concentração e inicia-se o treinamento de doutores naquela área. Há pouca oferta de quem entenda do assunto, então altos salários são oferecidos. Todavia, o que usualmente acontece é que dentro de um espaço temporal relativamente curto, o mercado do doutorado e, consequentemente, o de trabalho, torna-se saturado. Mais ainda, outras especialidades emergem e a universidade corta a moda passageira. A implicação clara para os estudantes é que áreas com excesso de oferta de candidatos se torna mais difícil de conseguir tanto um emprego inicial quanto de professor titular.

- As universidades têm suas próprias culturas e em grandes instituições, faculdades e departamentos com culturas diferentes. Tente descobrir qual é o clima no local onde decidir trabalhar. Se você está iniciando a carreira, um ambiente hostil será demasiadamente estressante. Procure por departamentos nos quais haja tranquilidade e bom convívio interpessoal.

- Avalie um pós-doutorado com cuidado, especialmente se você for das ciências. Você deve pensar em um pós-doutorado em termos econômicos frios e exigentes. (Consideramos apropriado se você: está em um campo no qual empregos em boas áreas estão escassos e você ainda não conseguiu a sua vaga; se você sente a necessidade de adquirir ferramentas de pesquisa específicas de forma a desenvolver o seu trabalho além do doutorado; se você pretende trabalhar com uma personalidade específica que acrescentará ao seu autodesenvolvimento). Um pós-doutorado não é apropriado se você tem medo de lecionar ou falar em público (você está apenas adiando o inevitável). Também não é apropriado se você viveu quase sem dinheiro por anos e/ou precisa sustentar a sua família.

- Se você quer ainda um desafio maior, mude a sua ocupação ou se mude a cada sete anos. Isso irá alargar a sua perspectiva e seu ponto de vista (um pouco disso vem do efeito Hawthorne*, as pessoas prestarão atenção em você por ser novo. Nos primeiros anos em uma instituição ou departamento você terá a aura de um perito externo. Com o tempo você passa a ser mais um na multidão) e alterar áreas permite que você mude de uma linha de pesquisa madura para uma mais nova e dinâmica (A graça está aí. Mas tenha cuidado, pois uma nova ocupação requer novas ferramentas).

- Quando considerar uma instituição para trabalhar, questione sobre o plano de aposentadoria – mesmo que no momento você sinta que é muito cedo para se preocupar com o assunto.

- Dependendo da universidade, questione sobre vagas no estacionamento. Caso você não tenha direito e as vagas forem pagas, isso pode afetar as suas finanças de forma substancial.

- Lembre-se que salário líquido é diferente de salário bruto. Ao escolher uma instituição lembre-se de considerar: custo de vida; custo de moradia; qualidade das escolas para seus filhos (atuais ou futuros); empregabilidade para o seu parceiro.

- Ao longo do caminho você poderá perceber que não se identifica com a docência ou talvez não consiga um emprego no lugar em que gostaria. Ao tentar lecionar Albert Einstein foi inicialmente recusado e duramente criticado – o que fez com que fosse trabalhar no escritório suíço de patentes. Não tendo que se preocupar com a pressão de encontrar seus alunos ou com a opressão de trabalhos de pesquisa, pode se ocupar em pensar, surgindo com a Teoria da Relatividade, dentre outras. A partir daí foi convidado a ser professor. O ponto é que inovação e criatividade podem ser alcançadas fora de uma carreira acadêmica assim como dentro. Chegar ao título de doutor é um ponto de descontinuidade na sua vida, quando vários caminhos alternativos se abrem para você. O caminho para professor titular é um deles. Afinal, a vida é o que você faz dela, não é mesmo?

*O Efeito Hawthorne se refere a um estudo realizado em fábricas entre 1924 e 1932 que avaliou a produtividade dos trabalhadores quando uma alteração era realizada. A interpretação dos resultados mudou ao longo dos anos. Hoje considera-se que o Efeito Hawthorne significa que prestar atenção nas pessoas muda o comportamento delas, indiferentemente da mudança. O efeito foi nomeado em homenagem a agora extinta fábrica Hawthorne da empresa Wester Eletric localizada em Cícero, Illinois (Para mais leia sobre o Efeito Hawthorne em http://en.wikipedia.org/wiki/Hawthorne_effect).

O que não te ensinaram na pós-graduação I

06 setembro 2012

O que não te ensinaram na pós-graduação

“What they didn’t teach you in graduate school” é um livro sobre dicas de coisas que provavelmente você não aprendeu ao cursar o doutorado, como sugestões de como lidar com a pesquisa ou como interagir em sala de aula. Os autores deixam claro que é uma aplicação bem específica aos Estados Unidos. Como aqui no Brasil é comum lecionar sem especialização ou escrever artigos na graduação, as dicas podem ser absorvidas por um universo maior que o composto por doutores.

Parte I: O Doutorado

- Termine o seu doutorado o quanto antes. Não sinta que você precisa criar o melhor trabalho que o mundo moderno já viu. Daqui a cinco anos a única coisa que importará é ter se formado.

- Seja humilde. Você não precisa ostentar o seu título. (A não ser para fazer reservas em restaurantes. Quando você ligar e pedir uma mesa para quatro pessoas no nome do Doutor Jones, você ganhará mais respeito e provavelmente uma mesa melhor).

- Um doutorado é um certificado de habilidade para pesquisa com uma amostra. O doutorado certifica que você tem capacidade para fazer pesquisa com qualidade. Ao contrário dos médicos, que realizam um trabalho extensivo com pacientes concomitante a anos de internato e residência, o doutorado é baseado em uma simples amostra: a sua tese. As pessoas que a assinam estão fazendo uma grande aposta na sua capacidade de produzir com qualidade várias e várias vezes no futuro.

- Um doutorado é uma licença para reproduzir e uma obrigação de manter a qualidade intelectual de seus descendentes. Uma vez que você se torna um doutor, é possível que você (assumindo-se que você esteja trabalhando em um departamento acadêmico que ofereça doutorado) habilite novos doutores. Mesmo que o seu departamento não ofereça doutorado, você pode ser chamado para participar de um comitê avaliador na sua instituição ou em instituições vizinhas. Essa é uma responsabilidade séria por que você está criando descendentes intelectuais. Reconheça que se você votar em passar alguém que é marginal ou pior, àquele doutorando, em troca, é dado o mesmo privilégio. Se os candidatos não são dignos do reconhecimento, provavelmente alguns dos seus descendentes também não serão. Ao contrário das intergerações humanas de 20 anos, a intergeração acadêmica tem 5 anos ou menos. Mais ainda, um simples indivíduo pode supervisionar 50 ou mais doutores em uma carreira de 30 anos.

- Evite a Síndrome de Watson. Nomeada por R. J. Geller essa síndrome é um eufemismo para procrastinação. Isso envolve fazer tudo possível para evitar completar o seu trabalho. É diferente do bloqueio de escritor porque há a substituição por trabalho real que te distrai do que é necessário para completar a tese ou para avançar na sua carreira acadêmica.

[R. J. Gelles, “Watson’s Syndrome”, inside Higher Education, v. 19, jun. 2006. Disponível em: ]


15 agosto 2012

UFSC Mestrado

O Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da UFSC encontra-se com seu processo seletivo para alunos da turma de mestrado de 2013 em aberto até dia 11 de outubro de 2012.

O Mestrado em Contabilidade da UFSC é um programa totalmente gratuito, com aulas ministradas principalmente nas segundas e terças e tradicionalmente dispõe de seis a dez bolsas da Capes para cada turma, concedidas aos alunos pelo seu mérito no processo seletivo e disponibilidade de dedicação ao curso.

O candidato interessado em prestar o processo seletivo deve apresentar comprovante de que realizou o Teste ANPAD, após Janeiro de 2011, e de que obteve pontuação mínima de 250 pontos no somatório geral.

Para a turma de 2013 serão oferecidas até 20 vagas.

14 agosto 2012

Lembrete: Teste ANPAD

Para quem participará de processos seletivos que necessitam da Teste ANPAD, segue o lembrete:

Hoje, dia 14/08/2012, é o prazo limite para geração e impressão do boleto referente à taxa de inscrição da prova ANPAD no valor de R$ 235,00 (desconto de R$ 40,00) e com vencimento no dia 15/08/2012. Após o dia 14/08/2012, o valor da inscrição será integral (R$ 275,00), com vencimento em 24/08/2012.

02 agosto 2012

19a turma do Programa Multi

Pessoal, agora sim! O meu mestrado acabou.

Hoje a última aluna da 19ª turma de mestrado do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi titulada. Parabéns ao orientador, professor César, e à aluna, Flavia Carvalho! \o/

Aproveito para sequestrar mais uma vez o espaço do blog para publicar dois vídeos: o primeiro foi produzido pelo Ednilto Tavares Júnior e mostra o nosso primeiro ano de curso. O segundo eu fiz para fecharmos o ciclo e abrirmos espaço para novas aventuras em nossas vidas.



Obrigada a todos pela torcida e pelo carinho.

28 julho 2012

Mestrado: tentar ou não tentar?

Geralmente quando eu escrevo uma postagem para vocês estou animada e inspirada. Hoje estou com dor de cabeça. E chata. Os últimos anos foram um tanto difíceis para a minha família e é complicado saber o que fazer quando é hora de um novo ciclo se iniciar.

Então... estado de hoje: dor de cabeça, cansaço e desânimo. Será que vale o desafio? Eu escrever assim, vocês lerem o que o meu alterego está sentindo? Mas como muitos estão me perguntando como é o processo seletivo do mestrado, talvez um pouco do meu lado azedo ajude a deixar a resposta mais real. Ou não.... sinceramente não sei. Mas vamos ver no que dá.

Eu nunca fui membro de banca para avaliar alunos candidatos ao mestrado, então segue a minha experiência como participante examinada e como boa ouvinte.

Para decidir por cursar o mestrado ou o doutorado é necessário que você pese, previamente, os mais diversos aspectos. Qual o nível do seu comprometimento? Tenha garra, força, determinação. Acredito que isso é o que mais pesa.

Quanto as suas motivações: o curso é algo que você quer para inflar o seu ego, ou é um anseio verdadeiro e realista? Esse é o curso e a faculdade adequados para você? Pense antes se você prefere um mestrado profissionalizante ou não, por exemplo. A sua vida pessoal irá te permitir dedicação? Quando for requerido que você escreva um artigo em um fim de semana, a sua família e os seus amigos irão te entender? E se não apoiarem, se te cobrarem, você saberá lidar com isso? Ou cederá? É relativamente fácil encontrar justificativas para curtir outras atividades que não as do mestrado. Mas as consequências são doloridas. E te desviam (ou te tiram) do seu foco.

Você aguenta competição sem se sentir humilhado ou sentir vontade de puxar o tapete dos outros? Ou sem vontade de plagiar, agir de formas desleais? Você sabe trabalhar em equipe? E sozinho? Você sabe o momento de pedir ajuda ou até de ajudar os seus pares? Você vai ser responsável a ponto de cuidar da saúde, se alimentar bem, se exercitar, para evitar adoecer?

Matar aulas afetam a sua nota. Não participar das atividades afeta a sua nota. Trabalhos mal feitos afetam a sua nota. Não ler sobre o assunto que outros grupos irão apresentar, falhando em debater e desenvolver os temas, afeta a sua nota. Espera-se, afinal, que você saia do curso um MESTRE em contabilidade. Ou um DOUTOR. Você será um exemplo. Espera-se que você busque, com garra, a excelência.

Não, não é sempre assim. Sim, às vezes é pior.

Quanto a termos práticos, o primeiro passo é o seu currículo. Se você ainda não cadastrou um na plataforma lattes do CNPQ, este é o momento. Lá você irá preencher informações de um currículo trivial, mais algum feito acadêmico. Não se preocupe tanto (mas sim um pouco) se você não possuir publicações, isso não é um requisito obrigatório - para o mestrado. O que vale é o conjunto. Você fala inglês? Já deu aula? Foi monitor? Já organizou algum evento acadêmico? Etc. Mas preencha com calma e reze um pouquinho para que aquilo seja o suficiente. Não minta! Você vai anexar todos os comprovantes ao se matricular.

Uma fase importante é o teste ANPAD (verifique no site as edições - acredito que são trimestrais). Eu os aconselho a pegar emprestado com alguém ou adquirir a apostila (cara) com as provas anteriores. Assim você saberá o estilo da prova, quais os assuntos, como administrar seu tempo, quaisseus pontos fracos. Não vá para a prova tendo respondido um ou dois exemplares que você conseguiu por aí. Estude!

Seu projeto de pesquisa será muito importante para esclarecer a sua área de interesse, demonstrar a sua capacidade de comunicação escrita e adequação acadêmica. O blog tem várias postagens que ajudam a citar corretamente, escrever de acordo com as normas ABNT, encontrar um tema pertinente.

A entrevista é mais rápida do que você imagina, mesmo porque a banca já destrinchou o seu projeto, seu histórico, seu currículo. Portanto os avaliadores sabem um pouco do seu perfil e querem apenas confirmar algo, esclarecer um pouco ou conhecer um nível diferente, como, por exemplo, sua rotina antes do mestrado, sua programação em fins de semana, como você conciliará estudo e trabalho (se o seu chefe ficar te apurrinhando, isso vai te fazer faltar aulas?). Tenha certeza de tudo o que responder. Aquela não é uma entrevista para passar com as respostas certas, mesmo porque os examinadores pensam de maneiras distintas, desconfiam da verdade mais verdadeira, levam em consideração algo trivial, não se podem controlar as reações que acontecem ali. Portanto seja sempre natural e franco. Seja transparente. Demonstre a sua motivação, seu propósito, seu diferencial.

A prova de contabilidade... é como uma prova qualquer de contabilidade. Estamos em um momento interessante, claro que serão cobradas mudanças na lei, CPCs específicos como, por exemplo, impairment e instrumentos financeiros. Procure no site da instituição se há disponível a prova aplicada à turma anterior.

Eu amei o meu mestrado, mas em alguns momentos era sim um sacrifício. Tinha matéria que iniciava 7h da manhã, outras que às 18h estavam longe de terminar, enquanto algumas ainda desconsideravam a existência do almoço. É isso mesmo que você quer fazer? Você está preparado para lidar com alterações bruscas de horário e de rotina?

Se o que eu falei te assustou apenas de uma forma natural, mesmo que pareça difícil, vá em frente. Pergunte a quem estudo comigo na graduação: nunca achei que entraria num mestrado. Achei menos ainda que seria tão apaixonada pela academia. Fui pega desprevenida. Fui representante de turma, cresci imensamente, encontrei amizades imensuráveis e professores que admirarei eternamente.

Acho essencial admirar o professor. Mais essencial ainda se lembrar que você está nessa caminhada por paixão. Se for um martírio, algo está errado. Quero muito fazer doutorado, não há um momento exatamente perfeito, mas quero que a minha escolha ocorra em uma estação em que eu consiga usufruir a riqueza que é ofertada assim como ocorreu no mestrado.

Vi várias pessoas sucumbirem por aquilo não ser o que queriam, por forçarem a barra e isso mexer muito com o clima familiar e emocional. Alunos que terminaram a dissertação, mas foram reprovados. Outros que, para terminar, fizeram tratamento terapeutico pesado. Alguns reprovaram duas matérias e, assim, há desqualificação automática.

Há de se considerar todos os aspectos, inclusive o tempo investido e o valor que ele terá para você. O mestrado é muito legal. Mas assim como várias outras atividades, não é para qualquer um. O seu perfil tem que se encaixar ao menos um mínimo na parte ultra exigente. Aí a parte tranquila vai sairserenamente, de forma deliciosa, e te marcar e conquistar como ocorreu com tantos por aqui.

Compartilhe com a gente a sua experiência nos comentários. Certamente ajudará a guiar os candidatos indecisos.

21 julho 2012

Mestrado e Doutorado UnB/UFPB/UFRN


Já está disponível o edital de mestrado acadêmico (UnB/UFPB/UFRN) e doutorado do Programa Multi-institucional e Inter-regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis da UnB, UFPB e UFRN.

Inscrições: 20/8/2012 a 21/9/2012.
Teste ANPAD: 16/9/2012
Prova escrita: 4/10/2012
Prova oral: 22 à 26/10/2012
Avaliação do pré-projeto: 5/11/2012
Avaliação de histótico e currículo: 9/11/2012
Data provável para a divulgação do resultado final: 19/11/2012

Deverá ser entregue, ainda, um comprovante de que realizou o Teste ANPAD a partir de 1 de janeiro de 2011 ou de que está inscrito para realizar o Teste na edição de setembro de 2012.

Informações sobre o Programa e(ou) Curso(s) podem ser obtidas na página eletrônica http://www.cca.unb.br ou na Secretaria do Programa.