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18 setembro 2019

Rei morto, rei posto

Eis um gráfico interessante:
A linha pontilhada é quando um cientista estrela morre. A produção dos colaboradores, em vermelho, cai. Mas a produção de outros cientistas aumenta com a morte. Ou seja, isto faz renascer a pesquisa para outras pessoas e outras idéias.

Fonte: Aqui, via aqui

Rir é o melhor remédio


... eu não tenho dúvidas quanto a isso!

17 setembro 2019

Rir é o melhor remédio


Trabalhando com amigos

Um experimento realizado em uma fábrica de processamento de peixes do Vietnã mostrou que trabalhar com amigos pode afetar a produtividade. Veja o gráfico:
Em azul, na parte de cima, a produtividade quando o trabalho não era realizado com um amigo. A linha pontilhada mostra o ajuste do modelo. Embaixo, de vermelho, a produtividade quando o trabalhador estava com um amigo. A produtividade cai de 8 quilos por hora para 6 quilos. 

Os resultados podem ser altamente sensíveis ao tipo de trabalho - trabalho que requer o compartilhamento de informações pode se beneficiar de mais socialização, por exemplo -, mas eles mostram que os arranjos sociais são uma consideração importante para as empresas.

Queimando calorias jogando xadrez

Uma pessoa que vê alguém jogando xadrez poderia pensar que isto não seria uma atividade física. Muitos não consideram o xadrez um esporte exatamente por isto. Mas alguns estudos estão mostrando que jogar xadrez pode queimar até 6 mil calorias por um dia inteiro jogando, três vezes o que uma pessoa comum consome. A seguir (via Boing Boing)

In 2004, winner Rustam Kasimdzhanov walked away from the six-game world championship having lost 17 pounds. In October 2018, Polar, a U.S.-based company that tracks heart rates, monitored chess players during a tournament and found that 21-year-old Russian grandmaster Mikhail Antipov had burned 560 calories in two hours of sitting and playing chess -- or roughly what Roger Federer would burn in an hour of singles tennis.

Robert Sapolsky, who studies stress in primates at Stanford University, says a chess player can burn up to 6,000 calories a day while playing in a tournament, three times what an average person consumes in a day. Based on breathing rates (which triple during competition), blood pressure (which elevates) and muscle contractions before, during and after major tournaments, Sapolsky suggests that grandmasters' stress responses to chess are on par with what elite athletes experience.

"Grandmasters sustain elevated blood pressure for hours in the range found in competitive marathon runners," Sapolsky says.

It all combines to produce an average weight loss of 2 pounds a day, or about 10-12 pounds over the course of a 10-day tournament in which each grandmaster might play five or six times. The effect can be off-putting to the players themselves, even if it's expected. Caruana, whose base weight is 135 pounds, drops to 120 to 125 pounds. "Sometimes I've weighed myself after tournaments and I've seen the scale drop below 120," he says, "and that's when I get mildly scared."

16 setembro 2019

Frase

Talvez o mecanismo de previsão mais bem-sucedido da era do Big Data, pelo menos em termos financeiros, seja o algoritmo de recomendação da Amazon: é uma gigantesca máquina estatística que vale uma quantia enorme para a empresa e está errado na maioria das vezes.

Hannah Fry, autora de "A Matemática do Amor", no New Yorker, via aqui

PCAOB

Continua a saga KPMG + PCAOB (leia um resumo aqui). David Middendorf, ex-sócio da KPMG, foi condenado a um ano e um dia de prisão. Se tiver bom comportamento, ele deverá ficar 10 meses na prisão. A promotoria pedia 3 anos de prisão. O juiz disse que o crime dele era de alguém que não tinha benefício para si, mas para seu empregador. Ele era responsável pela qualidade das auditorias da KPMG.


São cinco os executivos da KPMG envolvidos. Cynthia Holder, ex-líder de inspeções do PCAOB e que depois foi trabalhar na KPMG, recebeu uma pena de oito meses de prisão e deve começar a cumprir a pena em 15 de outubro. Além dos dois, Thomas Whittle, Brian Sweet e David Britt (será julgado em 21 de outubro). Os dois primeiros testemunharam contra Middendorf.

No PCAOB, Jeffery Wada, foi condenado. A KPMG deverá pagar uma multa de 50 milhões de dólares.

O múltiplo da Aramco

Há dias, o governo saudita nomeou Yasir Al Rumayyan como presidente do conselho da Aramco, a empresa estatal de petróleo, para tentar acelerar o processo de oferta pública de ação. Formado em Contabilidade, na Universidade Rei Faisal, tem MBA por Harvard. O projeto é colocar 1% das ações na bolsa até o final de 2019 e mais 1% em 2020. Baseado em uma avaliação da empresa de 2 trilhões de dólares, este percentual de 1% corresponde a 20 bilhões de dólares de captação. Os recursos seriam usados pelo reino para diversificar a economia.

A abertura de capital seria em Riad e talvez Tóquio. Recentemente, a empresa conseguiu colocar 12 bilhões de dólares de um título internacional de dívida. Mas permanece a dúvida sobre o valor de 2 trilhões. Há um certo consenso que a estimativa é muito elevada. Parte deste valor é baseada no preço do petróleo.

O ataque de drones que prejudicaram a produção de petróleo pode aumentar o preço do petróleo. Isto poderia provocar um aumento no valor da empresa. Poderia, se fosse usado somente o múltiplo. As incertezas podem levar a mais questionamento sobre o valor estimado pelo governo saudita de 2 trilhões. Isto significa uma menor produção de petróleo. Além disto, aumenta o risco da geração de receitas futuras.

A principal métrica para a avaliação da empresa é o preço do petróleo . Embora o aumento de 20% do recurso após os ataques possa parecer positivo para os resultados da Aramco, existe uma preocupação considerável de que os riscos geopolíticos crescentes superem esse impacto.
"O mais natural é que os prêmios de risco subam, o que reduziria a avaliação", disse uma autoridade ao WSJ. "Na avaliação atual, a Aramco não conta para ataques sérios como esses."

O aumento no risco pode resultar em um desconto adicional de 300 bilhões de dólares, reduzindo o valor da empresa para algo em torno de US$1,2 trilhão. Bem abaixo da estimativa de 2 trilhões.

13 setembro 2019

Afinal, qual a função de um Congresso (Científico)?

Nos dias atuais, onde há uma grande facilidade de comunicação à distância, podemos questionar o papel do congresso científico. Ir à um Congresso apresentar um trabalho significa um grande volume de gasto para as universidades; para o apresentador, um consumo substancial de tempo, que começa na tentativa de obtenção de recursos e termina com a baixa contribuição recebida. No Brasil, em termos práticos, Congresso Científico não tem uma retribuição associada para os pesquisadores em termos de aumento salarial ou melhoria na nota de um programa de pós-graduação.

Mesmo com estes problemas, os pesquisadores continuam submetendo trabalhos e viajando para os congressos. Alguns deles realmente aproveitam os congressos para fazer turismo; tanto é assim que os "melhores" congressos estão localizados em praias e outras cidades que podem atrair a atenção dos potenciais congressistas. 

Uma pesquisa recente, realizada na área de economia, mostrou que o congresso pode ser uma importante fonte de atrair a atenção para artigos científicos. A pesquisa foi realizada entre 2006 a 2012 e comparou os artigos apresentados em congressos de prestígio da área de economia e medidas de sucesso do texto. Os artigos que passaram por um congresso obtiveram mais atenção, depois de publicado. 

Eis o resumo:
This paper aims to quantify the contribution of conferences to publication success of more than 4,000 papers presented at three leading economics conferences over the 2006-2012 period. The results show a positive link between conference presentation and the publishing probability in high-quality journals. Participating in major conferences is also associated with improved metrics for other measures of academic success such as the number of citations or abstract views. We document that, while the results are broadly similar across fields, annual meetings of the American Economic Association are particularly valuable in these dimensions.

12 setembro 2019

IA, Capital Humano e Inovação

Uma pesquisa mostrou como a fuga de profissionais das universidades pode afetar a inovação. Entre 2004 a 2018, muitos professores na área de tecnologia saíram das universidades. E isto reduziu a criação de starups por parte dos alunos.

Human capital is essential to AI-driven innovation. The scarcity of the human capital needed for AI RD created an unprecedented brain drain of AI professors from North American universities into the industry between 2004 and 2018. We provide a causal evidence that AI faculty departures from universities reduced the creation of startups by students who then graduated from these universities. On the intensive margin, these departures also reduce the early-stage funding graduates’ startups receive. The disruption in the knowledge transfer from professors to students emerges as the main channel for the negative effect of the human capital reallocation for innovation.

11 setembro 2019

Cão ou Cãozinho

O PCAOB é uma entidade criada para fiscalizar as empresas de auditoria. Entretanto, apesar do grande número de "falhas" que foram constatadas na fiscalização (gráfico), raramente as empresas são punidas.



Um relatório divulgado pelo Project on Government Oversight (POGO) mostra este histórico. Em 16 anos, o PCAOB apresentou somente 18 processos contra as maiores empresas. O valor das multas foi de 6,5 milhões de dólares. O POGO calculou que se o PCAOB cobrasse as multas máximas o valor seria de 1,6 bilhão.

Dos 31,1% casos com problemas, somente 6,6% renderam alguma punição. A KPMG, líder em erro, não foi multada uma única vez. Em 2017, esta empresa tinha um índice de baixa qualidade de 50%. Ou seja, para cada 2 clientes, em um o trabalho foi inadequado.

"Temos um cão de guarda que se parece cada vez mais com um cãozinho.", diz John Coffee, da Columbia Law School

Leia mais aqui

10 setembro 2019

Nobel ou Ignóbil?

Recentemente, o economista ambiental Martin Weitzman cometeu suicídio. Uma possível explicação foi o fato dele não receber o Nobel por suas pesquisas; e ver Nordhaus vencer o prêmio, em 2018.

I was surprised and upset to hear that Marty Weitzman, a Harvard environmental-economist of 77 years, killed himself recently. Weitzman brought, in my opinion, the right perspective to the costs and benefits of acting on climate change, and it was his work that motivated me to start the Life plus 2 meters project. I initially assumed he killed himself in despair over climate chaos, it seems that he was upset to not win the Nobel. (A third possibility is that the award of the Nobel to Nordhaus, who deserves zero respect for his highly flawed model and its recommendation to leave action to future generations,* convinced Weitzman that his work would not get the attention it deserves, thus sealing the miserable fate of our civilization.)

Basicamente, Nordhaus sugere que os efeitos das mudanças climáticas devem ser descontadas por uma taxa de mercado. Em termos práticos, Nordhaus defende que o problema do clima seja um problema da geração futura.

When comparing these two environmental economists, I would have preferred that Weitzman get the Nobel and Nordhaus get the Ignobel prize, which is “devoted to people who’s research makes people laugh and then think.” Nordhaus’s work is worth thinking about (and laughing at once that’s done), but it’s instead taken seriously, which explains (partially) why the world has taken no substantial steps to slow CC.

Faleceu James Schnurr

O ex-contador da SEC, James Schnurr, faleceu ontem. Proveniente de uma Big Four, a Deloitte, assim como muitos daqueles que o antecederam, Schnurr assumiu o cargo em 2014. Durante sua curta gestão, Schnurr enterrou de vez a possibilidade de convergência com as normas do Iasb e fez pressão contra o trabalho do PCAOB.

Em 2016, Schnurr caiu da bike perto de sua casa e ficou quadriplégico. Em maio deste ano ganhou uma ação judicial contra o condado em Palm Beach, no valor de 41 milhões de dólares.

Rir é o melhor remédio


09 setembro 2019

Novela Nissan

Saiu na Veja:

O CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, 9, segundo divulgou a montadora em comunicado. [...] Saikawa era o sucessor do franco-brasileiro-libanês Carlos Ghosn, preso em 2018 por atitudes ilícitas envolvendo a companhia — ele nega as acusações.

A saída vem na esteira de um novo escândalo que abala a fabricante japonesa. Na semana passada, Saikawa admitiu ter recebido pagamentos indevidos ligados à cotação das ações do grupo.

Segundo a Nissan, um novo nome deve assumir o comando da empresa até outubro. Enquanto isso, o atual diretor de operações, Yasuhiro Yamauchi, ficará à frente da montadora. Saikawa pediu perdão “pela perturbação provocada” e garantiu que vai devolver o dinheiro recebido indevidamente.

No comunicado, a companhia cita que a renúncia veio a pedido do conselho de diretores da empresa. Na semana passada, Saikawa admitiu ter recebido uma remuneração superior à que lhe correspondia. “Recebi uma retribuição sob uma forma que não corresponde às normas em vigor. Acreditava que era fruto de um procedimento correto”, declarou o CEO.

A confissão de Saikawa ocorreu após a publicação de uma série de artigos sobre investigações internas da Nissan, que revelam possíveis pagamentos irregulares que teriam beneficiado o CEO e outros executivos. Os pagamentos questionados foram realizados com base no mecanismo conhecido como “stock appreciation rights” (SAR)”, pelo qual os dirigentes podem receber um prêmio em dinheiro vinculado ao aumento do valor da ação do grupo durante um período definido.
[...]


Você pode ler mais sobre a novela Nissan: aqui.

Custo perdido

Parece um raro caso onde o conceito de custo perdido parece ter sido apreendido (e usado) por alguém:

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) afirmou nesta quinta-feira, 5, que a estação de metrô inacabada da Gávea, na zona sul do Rio, será aterrada. O motivo é o alto custo previsto para a conclusão da obra, em torno de R$ 1 bilhão. Integrante da Linha 4 do metrô carioca, a obra está parada desde 2015.

“Eu (1) fiz vários estudos na tentativa de concluir a obra. Infelizmente, o custo com aquela obra é de R$ 1 bilhão ou até mais (2). Nós não temos esse dinheiro” (3), argumentou Witzel. Segundo o governador, “é mais fácil aterrar e no futuro, quem sabe, se tiver dinheiro, se faz o metrô. Infelizmente temos outras prioridades neste momento”.

A Linha 4 do metrô começou a ser construída em 2010 e foi inaugurada, às pressas e sem todo o projeto original concluído, poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. A Linha liga a zona sul do Rio à zona oeste. A obra custou (4) quase R$ 10 bilhões aos cofres públicos e, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), foi superfaturada em R$ 1,3 bilhão.


Observações

(1) O egocentrismo predominou aqui. Certamente foi uma equipe técnica do governo, não o governador.
(2) Se a decisão fosse continuar, estaria na falácia do custo perdido.
(3) Mas parece que a decisão só ocorreu em razão da falta do dinheiro.
(4) Como não está concluída, o custo pode ser maior, caso fosse continuada.

Leia mais:
O caso clássico de análise de uma linha de metrê é o artigo Social Benefit of Constructing an Underground Railway in London, de Foster e Beesley, publicado no Journal of the Royal Statistical Society Series A, 1963. Esta pesquisa inaugurou a análise custo-benefício no setor público.

A dissertação de Naiara Domingos sobre o assunto ainda é atual.

Processando uma consultoria

Um notícia diferente. Segundo o jornal Valor Econômico, a Estácio Participações estaria processando uma empresa de consultoria, a Heartman House (Estácio processo consultoria, Rodrigo Carro, 29 de agosto de 2019, aqui para assinantes).

A Estácio contratou a Heartman para um plano estratégico. Esta empresa estabeleceu uma meta em termos de Ebitda, que corresponderia a uma valor 80% maior que aquele obtido no ano de 2017. A Estácio afirmou que a proposta feita pela empresa de consultoria esta “desviada da realidade” e que a empresa só constatou isto na divulgação dos resultados oficiais no início de 2019. A Estácio pede que o contrato seja rescindido, a Heartman pague uma multa e uma indenização. Além disto, que seja desconsiderado uma remuneração variável prevista nos honorários da Heartman. Pelo contrato, a Heartman receberia 18 parcelas mensais de 105 mil reais e honorários variáveis. Esta remuneração só seria paga se a empresa atingisse a meta estipulada, podendo chegar a quase 10 milhões de reais.

Minha opinião:
(a) é pouco usual processar uma consultoria. Talvez a história esteja incompleta. Além disto, a contratação é opcional. Consultoria, no extremo, é um palpite, que você pode aceitar ou não.
(b) bater meta baseado em Ebitda merece punição para quem propôs e para quem aceitou.
(c) a Estácio é uma instituição de ensino com mais de 500 mil alunos. Será que não tinha nenhum professor com capacidade para fazer um plano estratégico, sem a necessidade de contratar uma empresa externa? Ninguém que pudesse fazer isto?
(d) a Estácio diz que constatou que o plano estava furado somente na divulgação dos resultados em 2019. Os resultados trimestrais não davam nenhuma pista que algo estava errado?