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21 dezembro 2018

Mourinho e o preço das ações

Quem acompanha o futebol brasileiro está acostumado as demissões dos técnicos com resultados ruins. Em muitos casos, bastam alguns jogos para que os clubes demitem seus treinadores (ou "professores"). Mas a questão da demissão de treinador também ocorre nos grandes clubes. Recentemente um dos maiores clubes do mundo, o Manchester United, demitiu o treinador português, José Mourinho. E pagou um valor elevado por esta decisão.

O Jornal Econômico apresenta uma questão interessante: a decisão tem uma relação com a cotação das ações. No caso do Manchester United, as ações do clube são negociadas, como ocorre com outros clubes europeus. Atualmente o United está em sexto no campeonato inglês e somente os quatro primeiros classificam para a Liga dos Campeões. Com este desempenho, o preço das ações do United caiu nos últimos meses. Na verdade, no período em que Mourinho este com o clube ou dois anos e meio, a redução foi de 12%. Enquanto isso, o Borussia de Dortmund (Alemanha) e a Juventus (Itália) apresentaram uma grande valorização nas suas ações.

A elevada probabilidade de não se qualificar para a ‘champions’ terá implicações significativas para o crescimento das receitas do ano fiscal de 2020. Analistas da Jefferies, citados pela Bloomberg, estimam que o United espera receber cerca de 93 milhões de dólares (81,3 milhões de euros) em receitas de transmissão da Liga dos Campeões, caso chegue aos quartos-de-final da prova, como tem feito nos anos anteriores. Quando venceu a Liga Europa, em 2017, a Deloitte estima [1] que recebeu 45 milhões de euros (51 milhões de dólares).

Esta diferença de 42 milhões de dólares (36,7 milhões de euros) é o melhor cenário, já que não é fácil vencer a Liga Europa. O valor pode significar a diferença entre crescimento ou estagnação da receita. Os analistas disseram à Bloomberg que esperam adicionalmente vendas de 779 milhões de dólares (681,6 milhões de euros) em 2019 e 819 milhões (716,6 milhões de euros) em 2020.

Embora os investidores estejam habituados a suportar uma certa flutuação nas receitas de transmissão com base no sucesso do clube, o desempenho do Manchester United não foi bom a vários níveis. E isso também foi decisivo para o despedimento [2] do técnico português.


[1] É interessante que mesmo tendo ações negociadas na bolsa, o valor da receita foi estimada. 
[2] Muito bom o termo "despedimento". Em português do Brasil é demissão.

Outras postagens sobre o assunto:
Mudar treinador resolve?
Administrador faz diferença?
Desempenho e valor de um clube
Futebol, evidenciação e desempenho
Valor de um clube de futebol

Rir é o melhor remédio



20 dezembro 2018

Melhores livros de não ficção

Aqui um colunista da Bloomberg faz uma lista dos melhores livros de não ficção. Entre eles, Bryan Caplan, com a obra "contra a educação". O comentário é o seguinte:

Não tenho certeza se ele está certo, especialmente sobre a educação ser quase que inteiramente uma sinalização, mas ele tem um bom argumento. Concorde com ele ou não, você nunca verá as escolas e as universidades da mesma maneira.

Realmente,sua visão sobre a educação não será a mesma. O problema é que você sente que provavelmente ninguém perto de você irá compartilhar suas ideias. Um reparo somente no comentário: não há como não concordar com Caplan. Mas é impossível imaginar as pessoas acreditando no que ele diz nos dias de hoje. Imaginar que a educação NÃO ajuda no crescimento econômico de um país é uma heresia. Caplan defende estas heresias. Se você tem a mente aberta, irá concordar com ele fatalmente.

Uma leitura recomendada somente para quem está disposto a evitar o viés da confirmação.

Aqui uma resenha do livro.

KPMG e GE

No início deste ano, um grupo de acionistas fizeram oposição a renovação do contrato com a empresa de auditoria por parte da General Electric. Mesmo com uma forte oposição, a General Electric renovou o contrato com a KPMG. Em um cenário onde as Big Four são consideradas com desconfiança, o movimento na centenária empresa dos Estados Unidos chamou a atenção: em geral a votação da renovação do contrato com uma empresa de auditoria é uma questão secundária nas assembleias.

Agora, a empresa anunciou que abriu um processo para uma contratação de auditor independente. A solicitação de propostas pode ser um sinal do fim de uma longa parceria: há 109 anos que a KPMG (e antecessores) fazem este trabalho. Em março, o comitê de auditoria da GE pretende esclarecer melhor este assunto, mas o fato de ter feito a divulgação de uma potencial concorrência já pode ser um indício de que algo pode mudar.

Foram 109 anos com a mesma empresa de auditoria.

Massa Falida de Madoff

Recentemente a imprensa divulgou que o responsável pela administração do fundo gerenciado por Bernard Madoff conseguiu uma taxa de recuperação do investimento bastante elevada.

Somente para relembrar, há dez anos as autoridades do maior mercado de capitais do mundo descobriu que um administrador de recursos, Madoff, tinha instituído um esquema de pirâmide ou Ponzi. Madoff recebia os recursos do investidor e prometia uma taxa de rentabilidade elevada para os padrões do mercado dos Estados Unidos. Como não conseguia entregar a rentabilidade prometida, Madoff usava os novos investimentos para pagar a rentabilidade passada.

Uma das razões para Madoff ter conseguido enganar tantas pessoas foi uma contabilidade frágil, feita por uma empresa sem prestigio e auditada de maneira inadequada. Pessoas famosas, como Spielberg, Malkovich e Kevin Bacon, assim como investidores pequenos, foram enganados durante anos por Madoff. Mais de 65 bilhões de dólares foram investidos.

Com a descoberta do esquema, Madoff foi preso e a justiça nomeou um gestor financeiro, há dez anos, para tentar recuperar a maior parte dos recursos. E parece que o administrador da massa falida, Irving Picard, fez o seu trabalho. A descrição do Cinco Dias é bastante interessante sobre este caso. Em primeiro lugar, Picard fez uma análise detalhada sobre quem investiu dinheiro no fundo e quem fez retiradas. Ou seja, um demonstrativo de caixa detalhado por investidor. Depois, ele assumiu um método de mensuração. Em lugar de técnicas como valor justo, reposição e outras, Picard trabalhou com o valor que foi investido. Em outras palavras, o valor de entrada dos recursos. No resultado final, Picard descobriu que o valor investido era de 19 bilhões de dólares e não os 65 bilhões que constavam na contabilidade.

A partir deste valor de 19 bilhões, tentou-se recuperar os recursos. Parte do trabalho foi obter de volta dos clientes que retiraram o dinheiro após a sua “valorização” e antes dos problemas com o fundo de investimento. Na lógica de Picard, a rentabilidade do fundo era falsa e qualquer pagamento realizado além do valor investido deveria ser devolvido. O judiciário aceitou o argumento de Picard. A lógica é bastante simples: basicamente quem tinha retirado seus investimentos estaria levando um dinheiro roubado de outros clientes.

Com isto, dos 19 bilhões, o administrador da massa falida recuperou 13,3 bilhões, ou 70%. Como o trabalho ainda não foi finalizado, é possível que parte do restante seja recuperado nos próximos anos. A expectativa é que a taxa de recuperação chegue a 90%.

Profissões ameaçadas 2

Ainda sobre a questão das profissões ameaçadas, as fotografias a seguir mostram como era o mundo antes do AutoCad:


Mais fotos aqui

Rir é o melhor remédio

Fotos de casamento podem ser criativas. Eis uma premiação para as melhores de 2018




19 dezembro 2018

Reino Unido versus Big Four

Os reguladores do Reino Unido terminaram uma investigação sobre a questão da auditoria. As propostas estão no sentido de melhorar a qualidade do trabalho e resolver o conflito de interesses dos auditores que também fazem consultoria.

As Big Four são responsáveis pela auditoria de quase 100% das grandes empresas do Reino Unido. Ao mesmo tempo, uma grande parte da receita é proveniente do trabalho de consultoria, muitas vezes para os mesmo clientes que estão auditando.

Agora a CMA está propondo uma divisão operacional entre as unidades. A proposta é no sentido de melhorar a qualidade da auditoria. A oposição ao atual governo britânico quer uma medida mais radical: a separação dos negócios. Já o CMA reconhece a possibilidade de que a proibição pode acabar com alguns benefícios da consultoria.

Fonte: Aqui

Malásia e Goldman

Já contamos aqui o caso do trambiqueiro da Malásia. A história de Jho Low, um financista que usou dinheiro público para pagar celebridades (Paris Hilton), namoradas (Miranda Kerr e Elva Hsiao) e amigos (Foxx, Di Caprio e Alicia Keys. Isto resultou na prisão do primeiro-ministro e na devolução de um iate, símbolo da corrupção.

Agora o governo do país asiático esta processando a Goldman Sachs por cumplicidade na fraude em um fundo chamado 1MDB (nenhuma relação com um partido político brasileiro). Apesar da negativa da empresa, suas ações caíram diante da possibilidade de ter que pagar alguma indenização no futuro.

Ainda vai chegar o momento da empresa de auditoria do fundo.

Amigo Secreto: quem me tirou

Fonte da imagem: aqui.
Eu estava organizando uns desenhos que colori com os meus sobrinhos no natal do ano passado, aí me deparei com um do tio Patinhas. E logo me lembrei: a postagem do amigo secreto!!! 

Apesar da minha demora em me manifestar aqui, eu amei muito o meu presente, que foi um Funko Pop do tio Patinhas. A Disney meio que renega o avarento, então não é lá coisa fácil achar bichinhos do personagem. Mas como ano passado rolou um revival de Duck Tales, esta é uma ótima época para fãs do murrinha e carismático tio Patinhas.


E quem me tirou e enviou essa preciosidade foi o blogueiro do Acervo Contábil, o Sandro, que eu conheci por causa da brincadeira, mas ainda não encontrei na “vida real”! Interessante que essas foram duas observações que também utilizei na minha postagem com as dicas de quem tirei. Será que rolou um vai-e-volta!? São cenas para o próximo capítulo...

Por agora o que vale acrescentar é o quanto sou muito grata pela brincadeira e pela oportunidade de interagir com pessoas incríveis, com quem divido essa paixão de blogar. Uma paixão barata e simples, que me ajudou a conhecer contadores incrivelmente criativos em todos os cantos deste país. Gratidão é realmente a palavra da vez.

Eu demorei um pouco para enviar a caixinha para o meu amigo, mas espero que ele goste. Vai até com um biscoito natalino para compensar o atraso! E com algo que se assemelha a uma piada interna. Espero que goste!!!

Profissões ameaçadas

Profissões ameaçadas:

1. Médicos (...)
2. Abogados (...)
3. Arquitectos (...)
4. Contadores

Sobrevivirán en sus puestos aquellos contadores especializados en asuntos tributarios más complejos. Pero aquellos que llevan los asuntos más comunes y predecibles serán afectados por una falta de demanda en el mercado laboral.

5. Pilotos de guerra (...)
6. Policías y detectives (...)
7. Corredores de propiedades (...)


Esta é uma discussão que sou cético. As previsões sobre o fim da profissão são antigas. Observe que o texto não fala no fim da profissão, mas sua transformação.

P.S.: Aqui uma versão do texto original da BBC em português. 

Mudança na LRF

Mais um exemplo de que na ausência do presidente, uma autoridade que não dependa de pressão política deveria substitui-lo.

O presidente da República em exercício na última terça-feira, 18, e presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, sancionou a lei que afrouxa a Lei de Responsabilidade Fiscal para municípios e permite que prefeitos ultrapassem o limite de gastos com pessoal sem sofrer punições, desde que haja queda na receita. O texto já tinha sido aprovado pelo Senado e pela Câmara e foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) com data desta terça-feira, 18. (...)

A lei permite aos municípios receberem transferências voluntárias, obterem garantia do Estado da União e contratarem operações de crédito mesmo se não reduzirem as despesas com pessoal que estejam acima do limite exigido pela lei. Segundo cálculo de técnicos da Câmara dos Deputados, a mudança vai abrir brecha para que pelo menos 1.752 municípios, quase um terço do total do País, descumpram as exigências.


Seria importante saber a representatividade destes municípios em relação a população e a economia.

A lei complementar nº 164/2018, sancionada nesta terça-feira, 18, retira as restrições previstas no artigo 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal que impedia cidades com despesas com pessoal acima de 60% da receita corrente líquida (obtida com tributos, descontados os repasses determinados pela Constituição) de receber transferências de recursos da União ou contratar novas operações de crédito (com exceção de refinanciamento da dívida ou para reduzir despesas com pessoal). O prazo que os municípios tinham para se adequar era de 8 meses.


Mas o texto indica que isto já era uma realidade:

Na mudança da gestão municipal entre 2016 e 2017, a Firjan também mostrou que cerca de 2 mil prefeituras estavam fora da lei. Dessas, 575 estouraram o limite de gastos com pessoal em 2016 e outras 715 deixaram um rombo de R$ 6,3 bilhões de restos a pagar para a nova gestão municipal. Pela lei em vigor até agora, esse descumprimento poderia resultar na prisão dos ex-prefeitos. Veja a íntegra da Lei Complementar nº 164/2018.


Fonte: Aqui