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19 outubro 2017

A questão do p-valor na pesquisa científica

Geralmente as pesquisa científicas trabalham com o p-valor. Geralmente trabalhamos com um p-valor de 5%. Entretanto, recentemente, muitas críticas estão sendo dirigidas para esta estatística. Alguns periódicos estão simplesmente proibindo de usar o termo. E muitas pesquisas, quando replicadas, estão apresentando um p-valor acima de 5%, o que "não confirma" a conclusão dos trabalhos publicados.

Muitas sugestões tentam resolver este problema através de testes mais rigorosos e replicação das pesquisas. Outra solução seria mexer no p-valor usado tradicionalmente, de 5%:

Essa inconsistência é típica de muitos estudos científicos. É particularmente comum para p-valor em torno de 0,05 . Isso explica por que uma proporção tão alta de resultados estatisticamente significativos não se replicam.

Em setembro, meus colegas e eu propusemos uma nova idéia: Somente os valores de P inferiores a 0,005 devem ser considerados estatisticamente significativos. Os valores de P entre 0,005 e 0,05 devem ser chamados de sugestivos.

Em nossa proposta, resultados estatisticamente significativos são mais propensos a replicar, mesmo depois de explicar as pequenas probabilidades anteriores que geralmente pertencem a estudos nas ciências sociais, biológicas e médicas.

Além disso, pensamos que a significância estatística não deve servir como um limite de linha brilhante para publicação. Os resultados estatisticamente sugestivos - ou mesmo os resultados que são em grande parte inconclusivos - também podem ser publicados, com base em se eles relataram ou não importantes evidências preliminares sobre a possibilidade de que uma nova teoria possa ser verdadeira.


A base da ideia dos autores é o Teorema de Bayes.

TCU aponta problemas ...

Segundo o portal G1:

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou nesta quarta-feira (18) que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sofreu prejuízo de pelo menos R$ 304 milhões ao financiar uma operação de compra de frigoríficos nos EUA pela JBS, em 2008. (...)

Segundo o relator do processo, Augusto Sherman, a BNDESPar - braço do BNDES que compra participações em empresas – pagou 20% a mais por cada ação da JBS. Na época, cada ação deveria ter custado até R$ 5,90 ao BNDES, mas o banco pagou R$ 7,07.


O mesmo TCU afirmou ter existido superfaturamento de "pelo menos" R$187 milhões nas obras do Comperj. O segundo caso realmente é mais difícil de investigar. Mas o primeiro... As ações tinham preço no mercado, as informações estavam disponíveis desde 2008. Foram dez anos...

Toshiba

Segundo notícia da Reuters, a Toshiba, uma grande empresa japonesa, está sendo investigada pelo regulador deste país asiático. A investigação parece ter iniciado a partir do relatório de auditoria da PriceWaterhouseCoopers Aarata em agosto de 2016. No parecer, o auditor, de forma pouco usual, emitiu uma opinião qualificada para as demonstrações, mas uma opinião de adversa para a governança corporativa.

O problema estaria na avaliação da unidade da Westinghouse, nos Estados Unidos, onde a empresa apresentou prejuízos recorrentes. Antes disto, a Toshiba esteve envolvida na manipulação dos resultados. Há uma ameaça da Toshiba deixar de ser negociada na bolsa em razão dos problemas contábeis.

Links

Responsabilidade social corporativa na Amazon

Leonardo da Vinci é valorizado demais? (há controvérsia)

Rússia: Alugando jatinhos particulares para tirar fotos para o Instagran

Bancos britânicos envolvidos na lavagem de dinheiro da África do Sul

Na devolução do dinheiro ao Tesouro pelo BNDES, entrou a Caixa no meio

Xadrez: A mulher tem um desempenho melhor jogando contra os homens (como isto é contrário a um estereótipo)

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

18 outubro 2017

Corrupção e mercado

Um trabalho apresentado no VIII Congresso Brasileiro de Administração e Contabilidade procurou verificar a relação entre as empresas citadas na operação lava-jato e o preço das ações. Usando estudos de eventos, os autores verificaram que as empresas citadas tiveram uma redução no valor de mercado, enquanto as empresas não citadas apresentaram um retorno anormal acumulado. Segundo os autores, os "resultados sugerem que a corrupção tanto afeta negativamente as decisões sobre os investimentos privados, com consequências negativas para o crescimento de longo prazo, como é um obstáculo à concorrência, ao favorecer as empresas corruptoras na obtenção de contratos públicos a despeito do melhor custo-benefício.".

Este parece ser um dos primeiros trabalhos sobre o tema. Mas as conclusões são relevantes. O fato do mercado penalizar as empresas pode significar que ele não tinha precificado o risco do envolvimento da empresa em práticas corruptas e dos seus efeitos. Bastante razoável, já que a lava-jato representou uma mudança em diversos procedimentos da justiça brasileira. Entretanto, não sei se faria o teste de média do artigo, uma vez que o número de empresas da amostra foi relativamente reduzido (nove, somente). Isto não invalida, pelo contrário, a pesquisa realizada.

Evento sobre Corrupção

A Revista de Contabilidade e Organizações (RCO) está promovendo um evento de comemoração dos seus 10 anos, no dia 26 de outubro.O tema será: "Fraudes e Corrupção: O que Contabilidade e Organizações têm a dizer?". O evento ocorrerá das 19 as 22 horas, em Ribeirão Preto (SP), mas as pessoas podem acessar o evento pela internet.

Presenças confirmadas: Sr. Roberto Livianu (Procuradoria do Ministério Público do Estado de São Paulo, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção), e Sra. Renata Pinheiro Normando (Auditora da Secretaria de Relações Institucionais de Controle no Combate à Fraude e Corrupção, TCU).

No dia seguinte, sessões de pesquisa. Para as inscrições presenciais, clique aqui. Para receber o link da transmissão online, clique aqui

Resenha: Roube como Um Artista - 10 Dicas sobre Criatividade - Austin Kleon


Este pequeno livro - em tamanho e número de páginas - tenta ajudar as pessoas a melhorar sua criatividade. O título é bastante chamativo e logo nas primeiras páginas o autor afirma: todo conselho é autobiográfico. Este talvez seja o ponto forte e também o cuidado que o leitor deve ter: o que funciona para Kleon, talvez não seja verdadeiro para você. Mas devo confessar que o título é bastante criativo e o design é atraente. Mas na essência, o livro não é sobre “roubar”, mas sobre usar ideias já existentes para desenvolver seu trabalho. É sobre aproveitar uma ideia de terceiro e aplicar no seu trabalho. Na área acadêmica, por exemplo, é tomar uma ideia da psicologia e aplicar na contabilidade.

As dicas do livro são as seguintes: (1) roube como um artista (2) não espere até saber quem você para poder começar (3) escreva o livro que você quer ler (4) use as mãos (5) projetos paralelos e hobbies são importantes (6) faça um bom trabalho e compartilhe (7) a geografia não manda mais em nós (8) seja legal, pois o mundo é pequeno (9) seja chato, pois é a maneira de terminar um trabalho (10) a criatividade é subtração. Algumas dicas são constatações; outras talvez não funcione com você.

Vale a pena? O livro é pequeno e fácil de ler. Mas em termos práticos, acho que Mais Rápido e Melhor, de Duhigg, mais efetivo (por li no passado e não fiz uma resenha aqui).

Evidenciação: Este blogueiro adquiriu a obra numa livraria, não tendo sido induzido a fazer esta postagem pelas partes interessadas.

Rir é o melhor remédio


17 outubro 2017

Rio Tinto

O regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos acusou a empresa Rio Tinto, e dois ex-executivos, de fraude numa mina em Moçambique. Já o regulador do Reino Unido anunciou que chegou a um acordo com a empresa, que pagaria uma multa de US$36 milhões por ter violado as regras contábeis com os ativos no país da África. Em 2011 a Rio Tinto adquiriu uma mina de carvão por US$3,7 bilhões; logo após a aquisição, a empresa descobriu que a compra tinha sido ruim e tentou dissimular o erro. O problema continuou até janeiro de 2013, segundo a SEC. Logo a seguir, a empresa vendeu a mina por US$50 milhões.

Solução para manipulação nos esportes

Segundo The Economist uma a cada cem partidas é manipulada. A solução seria:

A primeira é legalizar as apostas, que são proibidas em muitos países. Para lucrar com suas trapaças, os manipuladores precisam de mercados que movimentem grande volume de recursos e tenham liquidez. Se os apostadores honestos começarem a utilizar casas de apostas legais, os trapaceiros terão de ir atrás deles, e as autoridades conseguirão identificá-los com mais facilidade. A segunda coisa a fazer é aprovar leis contra o acerto de resultados que reconheçam que, muitas vezes, as únicas provas da manipulação são análises estatísticas. Muitos países nem sequer têm legislação sobre o assunto. (grifo meu)

Rir é o melhor remédio

Caminhão lotado de promessas políticas.