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07 março 2017

Curso de Contabilidade Básica: Os dois modelos da DFC

No capítulo 6 do volume 2 do nosso livro (Curso de Contabilidade Básica, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues, Atlas), vocês aprendem como elaborar e analisar a Demonstração dos Fluxos de Caixa. Essa demonstração contábil apresenta as informações que movimentaram o grupo do disponível (caixa e equivalentes de caixa) de uma empresa, ou seja, os valores que foram recebidos de clientes, seja em dinheiro ou debitados na sua conta corrente; os pagamentos realizados seja por meio de ordem bancária ou em cheques. Essa demonstração é dividida em três fluxos: 1. o fluxo de caixa gerado (ou consumido) pelas atividades operacionais; 2. pelas atividades de investimento; e 3. Pelas atividades de financiamento.

Lembramos também que ela pode ser elaborada de duas formas. A primeira é partir do lucro líquido da empresa subtrair e somar valores para chegar ao fluxo oriundo das atividades operacionais. Este método é denominado de indireto. A segunda forma é apontar os pagamentos e recebimentos, sem associar com nenhuma conta da demonstração do resultado. Esta forma de DFC recebe a denominação de método direto.

É importante destacar que a diferença entre as duas formas está apenas na maneira de obter o fluxo das atividades operacionais. Nas demais partes da DFC não existe diferença entre os métodos.

Há certa preferência pelo método direto, pois torna-se mais fácil saber quanto uma empresa obteve de caixa com seus clientes, por exemplo. No método indireto isto não é claro. No entanto, na prática, a maioria das empresas preferem evidenciar o método indireto. É como se, na teoria, o método direto fosse o preferido e na prática o método indireto o mais usado.

Recentemente a empresa Unimed Seguros divulgou suas demonstrações contábeis usando o método direto, o que é raro. Reproduzimos a seguir esta demonstração:

Observe que a primeira linha da DFC tem-se “recebimentos de planos de saúde”, seguido de “outros recebimentos operacionais” e uma série de “pagamentos”. O caixa das atividades operacionais da empresa foi negativo em 39 milhões em 2016 e 53 milhões em 2015.

A seguir tem-se a DFC agora pelo método indireto:

Esta demonstração foi apresentada pela empresa na nota explicativa 22. Na realidade, a empresa apresentou somente a “conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa”. A demonstração começa com “lucro líquido do exercício”, a última linha da demonstração do resultado. E prossegue com “ajustes” para se chegar ao caixa oriundo das operações, os mesmos 39 milhões e 53 milhões, negativos. O método direto pode fornecer mais informações, mas o indireto explica a razão da empresa ter obtido lucro, mas não gerado caixa nas suas operações.

De qualquer forma, o analista teria uma boa fonte de análise nas demonstrações apresentadas anteriormente. Mas não podemos dizer a mesma coisa para a informação de outro seguradora, a Líder, responsável por cuidar do DPVAT, contribuição que quem possui automóvel é obrigado a pagar. Eis como a empresa apresentou a informação:


O fluxo das atividades operacionais foi, em 2016, 473 mil reais, versus 673 mil em 2015. Mas a empresa juntou os dois métodos numa única tabela. No início tem-se o método direto, com o recebimento de clientes e pagamentos de impostos e movimentação nas aplicações financeiras. Depois a empresa apresenta o caixa de financiamento e a variação no caixa e equivalentes. Na segunda metade da tabela a empresa inicia no lucro líquido para, subtraindo e acrescentando valores, chegar ao mesmo caixa das operações obtido anteriormente. Se o leitor achou confuso, realmente ficou. Até entender que a empresa está apresentando a mesma informação de duas maneiras distintas numa única tabela leva-se um bom tempo.

Outro destaque que também pode ser feito nessa demonstração é que a Líder não gera ou consome fluxo de caixa oriundos de investimentos em nenhum dos dois anos. E que em 2016 suas atividades de financiamento (pagamento de dividendos) consumiram valores de caixa superiores ao caixa das atividades operacionais, levando a uma variação negativa de caixa (consumiu-se mais do que se gerou) e zerando o saldo final de caixa e equivalentes.

Como podemos perceber, não basta apenas que vocês, estudantes e futuros contadores aprendam a fazer essa demonstração da forma correta. É necessário que os usuários também consigam entender e analisá-la bem, para que se cumpra realmente o papel de informar... E uma demonstração contábil confusa, como podemos observar a da Líder aqui apresentada, não ajudaria muito o leitor a tomar decisão ou formar juízo sobre essa segunda empresa. Assim, se você tem interesse de aprender ainda mais sobre o assunto, não deixe de estudar esse capítulo!! ;)

06 março 2017

Habib´s e investigação de crime fiscal

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso em habeas corpus de um franqueado da rede de fast-food Habib’s que buscava o trancamento de procedimento investigatório criminal (PIC) instaurado para apurar supostas fraudes fiscais praticadas pelo grupo. A decisão foi unânime.

O procedimento investigatório foi aberto pelo Ministério Público de Minas Gerais após o recebimento de denúncia de um ex-franqueado sobre a ocorrência de fraudes fiscais que seriam realizadas nas unidades da rede de alimentos em todo o território mineiro, com possíveis ramificações em outras regiões do país.

As fraudes consistiriam na venda de produtos sem nota fiscal ou mediante meia-nota (subfaturamento para diminuir a incidência de impostos), e envolveriam as empresas franqueadas e os fornecedores de produtos e insumos.

De acordo com a defesa do franqueado, a investigação foi ilegalmente instaurada pelo Ministério Público antes da conclusão de qualquer procedimento administrativo tributário para eventual constituição do crédito, contrariando a Súmula Vinculante 24 do Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa também questionava a ausência de controle jurisdicional sobre a apuração criminal, o que também destoaria do entendimento do STF.


Fonte: Aqui

Ilusão da Moeda

A Ultrapar, ao divulgar seus resultados de 2016, deu destaque aos seguintes desempenhos:

Trata-se de um caso de ilusão da moeda. A inflação de 2015 foi de 10,67%  e a de 2016 foi de 6,29%. Assim, um crescimento nos dividendos de 4%, para uma inflação de 6,29%, não representa, em termos reais, “crescimento”, mas redução no pagamento ao capital próprio (1).

Da mesma forma, um lucro de 4% a mais (na verdade 3.86% se for o lucro líquido ou – 5,2% se for o resultado abrangente) não teve crescimento real. Como o lucro foi formado ao longo do ano, o valor de 1,6 bilhão (ou sendo mais preciso R$1,562 bilhão) estaria a preços de metade de 2016. Em doze meses, esta inflação seria ainda maior que os 6,29% da inflação oficial.

E o Ebitda? Em primeiro lugar é preciso acreditar que esta seja uma medida de desempenho razoável. E segundo, não menos importante, o crescimento foi de 6,68% ou, 7% no arredondamento.

O valor do investimento impressiona: 1,9 bilhão. Mas o fluxo de caixa das atividades de investimento foi de R$1,849 bilhão. Mas como a empresa não considera nas suas contas do relatório de administração os desinvestimentos e repagamentos, o valor ficaria em 1,858 bilhão, contra 1,366 bilhão. É interessante que aqui o percentual de acrescimento seria de 36%, bem acima da inflação. E se fosse considerado os valores totais da DFC seria maior ainda: 1,849 versus 0,802 bilhão.

(1) É bem verdade que o correto é verificar a data do pagamento e o intervalo entre o pagamento de dividendos de 2015 versus o pagamento de 2016 e verificar a inflação do período.

Love & Taxes


"Love e Taxes" TRAILER por Josh Kornbluth

Desemprego: Enfim uma boa notícia

Pela primeira vez desde outubro de 2015 o número de empregados admitidos superou o de demitidos no setor contábil, segundo dados coletados pelo blog a partir da base de dados do mercado formal do Caged, do Ministério do Trabalho. Em 2016 o número de demissões superou o de admissões em quase 23 mil postos de trabalho. De janeiro de 2014 até dezembro o mercado contábil reduziu em 32 mil vagas.

Em janeiro foram admitidos 9.789 novos empregados e demitidos 8.772, o que representa uma variação positiva de 1.017, um número muito próximo ao de outubro de 2015. Em janeiro passado fizemos a seguinte previsão:

Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos.

Acertamos na primeira parte e felizmente erramos na segunda: ocorreu uma mudança no sinal e esta é a boa notícia. É bem verdade que dos 37 meses da série histórica que estamos acompanhando, somente em oito o número de demitidos foi menor que dos admitidos; e destes meses, três são janeiros: 2014, 2015 e 2017, todos com mais mil vagas de diferença entre os admitidos e os demitidos.


Apesar da principal fonte de mão de obra do setor ser de mulheres, o aumento de vagas beneficiou principalmente os homens: 541 admitidos a mais que os demitidos, versus 476 das mulheres. A boa noticia de janeiro beneficiou também aqueles com curso superior completo (+926), em detrimento das pessoas com menor instrução (-97 até o ensino médio completo).


A diferença salarial entre os admitidos e os demitidos foi de 24% no mês de janeiro, a quinta maior diferença mensal desde janeiro de 2014. Enquanto um novo contratado passou a ganhar um salário médio de R$2.170,26, o empregado demitido tinha um salário de R$2.681,82 ou R$511,56 a mais. Além de ganhar menos, o admitido tem uma idade média menor (30,4 anos) do que o demitido (32,39 anos). Mas depois de três meses consecutivos de aumento, o tempo médio de emprego do empregado demitido diminuiu para 35,56 meses.

04 março 2017

10 salários de contador nos EUA em 2017

10 top accounting and finance jobs to watch for in 2017

Fonte: aqui

Fato da Semana: Oscar

Fato: Oscar

Data: 27 de fevereiro

Contextualização - Durante muitos anos a organização do Oscar fez uma parceria com a empresa de auditoria PwC. Para o Oscar era uma maneira de dizer que há sigilo no resultado da votação, que só é revelado na cerimônia. Para a PwC uma propaganda para milhões de pessoas que assistem ao prêmio. Tornou-se hábito transmitir dois funcionários da empresa PwC chegando ao local da cerimônia com uma pasta com os envelopes dos ganhadores.

O que muitos não sabiam é que estes funcionários também eram encarregados de entregar o envelope para celebridade que vai anunciar o ganhador. Na última entrega do prêmio, o envelope foi entregue errado e anunciou-se que o prêmio de melhor filme seria para um, quando no envelope certo tinha outro nome.

O momento constrangedor foi antecedido de uma postagem em rede social do empregado da PwC. Será que isto foi a origem do problema? De qualquer forma, passado os dias, a PwC - e seu empregado - foram considerados os culpados pelo momento mais comentado da cerimônia.

Relevância - Uma empresa de auditoria é muito lembrada pelos erros, mas dificilmente podemos relatar os inúmeros acertos. Durante anos a cerimônia do Oscar não teve nenhum tipo de problema originário na PwC. Mas bastou uma troca de envelopes para que o grande destaque fosse dado ao erro da empresa.

Apesar do problema da troca de envelopes não ser uma questão contábil, termina por afetar a reputação de confiabilidade do auditor e da empresa.

Notícia boa para contabilidade? Não. Em muitas ocasiões o melhor profissional é aquele que não chama a atenção. Este seria o caso. Mas em lugar de comentar a justiça (ou não) dos prêmios, durante a semana os comentários estavam direcionados para a confusão dos envelopes.

Desdobramentos - O funcionário responsável já foi afastado da função. Provavelmente será discretamente aposentado pela PwC e substituído por outro. Como o Oscar depende do glamour da apuração e da surpresa do anúncio, nada deve ocorrer com a empresa de auditoria. A estratégia será deixar o tempo passar.

Mas a semana só teve isto? Diversas empresas divulgaram seus balanços. Talvez o grande destaque tenha sido o balanço da Ambev, com redução no resultado.

Rir é o melhor remédio

Um fiscal do imposto de renda pergunta ao contribuinte como ele conseguiu comprar aquela mansão com um salário tão reduzido. O contribuinte respondeu com esta história:

Enquanto pescava no verão, peguei um grande peixe dourado. O peixe abriu a boca e disse que era mágico. E prometeu que se eu devolvesse ao mar ele iria me recompensar com uma mansão luxuosa. Após pensar, eu resolvi jogar o peixe no mar. Quando voltei, eu vi esta casa, como o peixe tinha prometido.

O fiscal riu e perguntou se o contribuinte poderia provar este caso inacreditável. O contribuinte disse:

Bem, você está vendo a casa, não?

Adaptado daqui.

03 março 2017

Octavia Spencer se sente mal pelo contador da PwC



Octavia Spencer foi ontem (02/03) ao programa de entrevistas “The Tonight show With Jimmy Fallon” para falar sobre o Oscar. A atriz foi indicada como melhor atriz coadjuvante por seu papel em “Estrelas Além do Tempo”.

O título do vídeo acima, postado pelo programa no YouTube, diz que a atriz está orando pelo contador que estragou o prêmio de melhor filme...

Na entrevista, Octavia e Jimmy conversam sobre o Oscar e mencionam o incidente dos envelopes. A atriz diz, em um tom bem-humorado, que fez algumas orações pelo contador porque ele foi o que realmente se deu mal. Foi também conversado que tudo isso é uma pena, pois todos comentem erros.

Bitcoin superou a cotação do ouro

Saiu no Observador:

O valor de uma bitcoin superou na quinta-feira, pela primeira vez, a cotação de uma onça de ouro. A procura por parte de cidadãos chineses, que usam o anonimato permitido pela moeda digital para contornar as limitações que existem na movimentação de dinheiro, estará a ser decisiva para que a bitcoin esteja a recuperar valor depois das dificuldades vividas em 2014, após o colapso de uma das maiores bolsas de bitcoins, onde estas são transacionadas e registadas.

Uma bitcoin chegou, na quinta-feira, a equivaler a 1.1268 dólares. Não é um máximo histórico, mas é a primeira vez que uma unidade da cripto-moeda supera o valor, em dólares, da unidade de medida mais comum para o ouro, a onça (que cotava quinta-feira nos 1.233 dólares).
[...]

No início do ano, as autoridades chinesas mostraram que não estão distraídas e querem acabar com a utilização da bitcoin para tirar dinheiro do país, de forma ilegal. O facto de a cotação continuar a subir parece indicar que as autoridades chinesas não terão uma tarefa fácil pela frente.

A bitcoin é uma moeda descentralizada e global: descentralizada porque não é regulada por nenhuma entidade oficial; global porque é usada em praticamente todo o mundo [...]. A quantidade de bitcoin (também chamada de oferta, ou supply) é controlada de forma automática por milhares de computadores em todo o mundo, programados para tal.

Quando a moeda foi pensada, o seu criador (ou criadores) Satoshi Nakamoto fê-la para que a oferta fosse deflacionária por natureza, ao contrário de outras divisas cuja oferta é teoricamente ilimitada. Assim, Nakamoto programou o software para reduzir gradualmente a oferta de bitcoins. Um empresário australiano afirmou em 2016 ser o criador da bitcoin, mas a história continua envolta em muito mistério.

Além da utilização para movimentação de dinheiro em moldes ilegais na China, a bitcoin também é aceite por cada vez mais comerciantes em todo o mundo, incluindo a Microsoft, a Dish e a cadeia de restaurantes Subway.

Rir é o melhor remédio


02 março 2017

Snapchat na Bolsa de Nova York

Saiu no G1:
 
A Snap, dona do aplicativo Snapchat, abriu a oferta inicial de ações e marcou sua estreia na Bolsa de Nova York nesta quinta-feira (2).

Evan Spiegel e Bobby Murphy, os fundadores da empresa, estiveram na sede da bolsa para soar o sino e abrir os trabalhos, ao lado do presidente da NYSE, Thomas Farley.

A companhia fixou nesta quarta-feira (1º) o preço de venda inicial de suas ações em US$ 17 pelo tíquete “SNAP”. Com isso, a empresa espera levantar US$ 3,4 bilhões com seu IPO, sigla em inglês para oferta pública inicial de ações. Isso elevaria o valor de mercado da empresa para cerca de US$ 24 bilhões.

O valor perseguido anteriormente pela Snap para seus papéis anteriormente era de entre US$ 14 e US$ 16. O acréscimo ocorreu devido ao apetite de investidores, que deram mostras de não se preocupar com a rede social não ter gerado lucro até agora ou com o fato de as ações ofertadas não darem direito a voto.
[...]


Resenha: Flash Boys, de Michael Lewis

No início do século XIX o barão de Rotschield construiu o melhor sistema de comunicação. Usando cavalos, a rede de comunicação de Rotschield era melhor que a do governo inglês. Quando Napoleão perdeu a batalha de Waterloo, a primeira pessoa que ficou sabendo da notícia em Londres foi Natan Rotschield. E os outros investidores sabiam que Natan conhecia o resultado da batalha. Caso a vitória fosse da Inglaterra, os anos seguintes seriam bons; se a França fosse a vitoriosa, o futuro seria dificil para a economia inglesa. Estes investidores esperaram para ver o que Natan faria. No início da manhã após receber a notícia, quando o mercado abriu, Natan começou vendendo as ações. Os outros investidores acreditaram que a Inglaterra tinha perdido a batalha e começaram também a vender suas ações. Mas Rotschield tinha parado de vender assim que percebeu que os outros investidores acreditaram na derrota inglesa. Depois que o mercado caiu o suficiente, Natan entrou comprando na baixa e ganhou muito dinheiro.

A história de Natan Rotschield, narrada no livro Information Economics, de Birchler e Bütler, mostra como ter acesso à informação antes dos outros é importante. Nos dias atuais, com os modernos meios de comunicação, uma notícia leva segundos para chegar a seus destinatário. Este tempo transcorrido entre o início do processo de comunicação e o seu término recebe a denominação de latência. No século XIX a latência poderia ser de dias. Nos dias atuais, medimos a latência por segundos. Na verdade, nos mercados financeiros, abaixo dos segundos.

Os operadores de alta frequência utilizam a latência a seu favor, contando com milissegundos de vantagem sobre os outros investidores. Esta latência pode ser resultante de uma linha de rede de comunicação mais eficiente, como Lewis descreve no início do livro, sobre a construção de uma rede ligando a sede de bolsa de Nova Iorque à bolsa de mercadorias de Chicago. Esta construção economizou milissegundos no tempo de transmissão de uma ordem de compra e venda entre as duas bolsas. Diversas empresas se interessaram por este canal de acesso mais eficiente e pagaram milhões de dólares pelo uso. Um pouco antes, as bolsas de valores dos Estados Unidos perceberam que poderiam ganhar dinheiro vendendo latência para alguns investidores. Passaram então a atrasar em alguns milissegundos o tempo de uma ordem de um investidor, enquanto os operadores de alta frequência aproveitavam da informação para especular e ganhar dinheiro. Este atraso proposital é uma prática típica do mercado e permitiu que os bancos de investimentos, os operadores de alta frequência e as bolsas de valores lucrassem a custa do investidor comum.

O livro de Lewis mostra este processo e a criação de um bolsa de valores, a IEX, onde não seria incentivado aproveitar a latência. Escrito em 2014, Lewis denuncia a injustiça do mercado acionário, que tira dos tolos para dar para os espertos. Ganhar milissegundos nas transações é uma das formas de transferir a riqueza entre investidores; criar regras complicadas é outra, o que inclui formas de investimento que um investidor comum não saberia traduzir e perceber que está perdendo dinheiro.

Vale a pena? Desde que foi lançado, Flash Boys causou polêmicas, por atacar fortemente os operadores de alta frequência, assim como as bolsas de valores e alguns bancos de investimento. Lewis, o mesmo autor de Moneyball e The Big Short, escolhe apoiar os criadores da IEX, uma pequena bolsa de valores. Mesmo com esta tomada de posição, o livro é muito interessante para um investidor comum e para alguém que se interessa por finanças. Escrito numa linguagem simples e contando casos interessantes, o livro é de leitura agradável, embora um pouco repetitivo no seu final.

Rir é o melhor remédio

Do Instagram de Contabilidade Financeira, adaptado de uma propaganda sobre o filme A Chegada

01 março 2017

Links

A pressão diante da competição: uma análise usando o tênis profissional

Bolha de preço das ações nos EUA e no mundo

Auditor da PwC responsável pelo problema no Oscar não irá trabalhar mais na entrega do envelope

Fortune: Cinco escândalos da PwC piores que o Oscar

Cullinan: humilhação pública após erro grosseiro

Fontes (serifadas ou não) no Excel 

Efeito na Odebrecht

O infográfico abaixo mostra o efeito das denúncias nos contratos da empresa Odebrecht (Efeito Lava Jato ameaça contratos de quase US$16 bi da Odebrecht no exterior, Renée Pereira, Estado de S Paulo, 27 de fevereiro, B1):


Picaretagem no ensino de Finanças

O mundo das finanças acadêmicas (financial economics, economia financeira em português) é permeado de teorias malucas que não tem nenhuma conexão com a realidade. Inclusive os criadores dessas teorias ganharam prêmios "Nobel" e criaram uma legião de professores e alunos doutrinados por esses métodos. No artigo abaixo, o professor Pablo Fernández (mestre e doutor em Finanças em Harvard, ele diz que tbm foi doutrinado por lá) diz que a teoria de finanças ensinada nas universidades e escolas de negócio pelo mundo a fora não têm nenhuma conexão com o mundo real. As conlusões e previsões desses modelos não tem nenhuma validade. Por exemplo, o CAPM. É um dos artigos mais interessantes sobre economia financeira, pois mostra quão inútil são todos esses modelos.


Resumo:

This document tries to answer to a frequent question of students and clients: are Finance and Financial Economics the same thing? My answer is NO: I think that they are very different, although the terms are very often confused and many Finance professor positions in many Business Schools have been filled with Financial Economists.

Two ways, among others, to see the differences: a) attend a class on “Finance for managers” taught by a sensible Finance professor and attend another taught by a “Financial Economist”; b) read a book on “Finance for managers” and another on “Financial Economics”.

Financial Economics is a subject developed by economists whose main purpose is to elaborate “models” based on unrealistic assumptions. The conclusions and predictions of the “models” have very little to do with the real world: companies, financial markets, investors, managers… the most emblematic example is the CAPM.

The most used word in the Nobel Prize lectures of Fama, Shiller, Hansen and Sharpe was “model” (513 times).

This document contains facts and some opinions held by the author. I welcome comments (disagreements, errors, anecdotes…) that will help the readers and me to better differentiate between Finance and Financial Economics.

Fernandez, Pablo, Finance and Financial Economics: A Debate About Common Sense and Illogical Models (February 25, 2017).  Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2906887

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