Translate

27 fevereiro 2016

Fato da semana

Fato da Semana: Prejuízo da Vale

Data: 25 de Fevereiro de 2016

Fonte: Vale

Precedentes:
1997 - A empresa Vale do Rio Doce é privatizada durante o governo do FHC. Nos anos seguintes a empresa teve uma forte expansão, adquirindo empresas e conquistando mercados.
2002 a 2013 - A Vale cresce, adquirindo empresas, como Inco, e conquistando mercados.
2015 - A redução da atividade econômica na China ajuda a derrubar o preço do minério. Ao mesmo tempo, uma subsidiária da empresa é responsável pelo maior desastre ambiental do Brasil.

Notícia boa para contabilidade? Apesar do elevado prejuízo, nós somos otimistas. A empresa divulgou um resultado que reflete sua realidade (ao contrário do controverso resultado da Petrobrás do ano passado). A contabilidade fez a sua parte em mostrar o que estava ocorrendo na empresa. Outro aspecto é que a empresa ainda é viável.

Desdobramentos - A situação ainda será difícil para a empresa em 2016. A empresa poderá desfazer de alguns negócios para enfrentar os desafios futuros.



Capitalização da Petrobrás seria a solução

Jorge Simino escreve um texto para o Valor onde defende a capitalização em dinheiro da Petrobrás:

Os argumentos a favor são óbvios: tira a empresa de uma situação absolutamente sufocante; reduz a percepção de risco da empresa (o CDS de dez anos da Petrobrás é negociado a quase 1.100 pontos-base); deve reduzir também a percepção de risco país, dado que o Tesouro Nacional tem (direta ou indiretamente) 60% do capital votante da empresa; permite que a empresa não pressione seus fornecedores além do limite razoável ...

(Cartoon: Korean Times)

Dívida entre emergentes

A tabela, publicado no Valor Econômico, mostra a evolução da dívida bruta de cinco países em relação ao tamanho da economia. A exceção da Índia, todos demais apresentaram um índice de endividamento abaixo de 50%. E a Índia já fez o ajuste, o que não ocorreu com o Brasil.

Links

Diferença de salário em Hollywood prejudica as mulheres

O risco de conectar em redes abertas sem proteção

Produtos que não deram certo (vídeo em português)

Robôs agregam funções ao WhatsApp

Está difícil ler os balanços dos bancos (para assinantes) 

CBF terá que evidenciar suas contas

Chances de ser um milionário nos EUA depende da raça

Aplicativos de paquera

Uma consequência interessante do uso maior de aplicativos de paquera é

É possível que os aplicativos de paquera fortaleçam a tendência ao “acasalamento dirigido”, em que as pessoas optam por ter relacionamentos amorosos com indivíduos de renda e qualificação similares às suas. Estima-se que a tendência seja responsável por cerca de 18% do aumento na desigualdade de renda observado nos EUA entre 1960 e 2005. Estudo recente realizado na Coreia do Sul mostra que a paquera algorítmica estimula a formação de casais com mesmo nível de escolaridade.


(Cartoon: aqui)

Desemprego

Como temos feito regularmente, este blog acompanha os dados de desemprego formal do TEM (Ministério do Trabalho e Emprego), mais especificamente de Contadores e Auditores (Classificação do Código Brasileiro de Ocupação). Desde janeiro de 2016 o número de desligados supera o número de admitidos. Isto significa um aumento nos desempregados do setor. Se em dezembro a redução dos postos de trabalho foi de 1.016, um recorde negativo no setor, em janeiro isto diminuiu substancialmente: o número de admitidos foi somente 44 postos menor que o número de demitidos. O gráfico mostra a evolução no quadro de emprego do setor:

Boa notícia? Infelizmente não. Janeiro é um mês tipicamente de contratação. Nos anos anteriores o número deste mês era sempre positivo, conforme o gráfico a seguir. No ano passado, por exemplo, o único mês positivo em termos de mercado de trabalho foi exatamente janeiro.

O gráfico a seguir é mais alarmante. Mostra a evolução acumulada do emprego/desemprego de contadores e auditores. Iniciando em 2014, o número tornou-se negativo em abril de 2014 e não para de cair. São quase sete mil vagas no setor que foram reduzidas.

Rir é o melhor remédio

Serão estes os 43 gifs mais engraçados de todos os tempos?

26 fevereiro 2016

Casino

O grupo francês Casino, que atua no Brasil no mercado de varejo, descobriu que funcionários desviavam mercadorias dos centros de distribuição. A estimativa é um prejuízo de R$177 milhões. A figura a seguir mostra que o desvio tinha como consequência uma estimativa a maior da receita. Além disto, a mercadoria com defeito era revendida, a um preço menor.

Privatização nos estados

Segundo informação do Valor Econômico (Estados poderão ter ganho imediato com venda de estatais para União, Leandra Peres e Assis Moreira, 25 de fevereiro de 2016), a União está estudando uma proposta de privatização das empresas dos estados. O processo ocorrerá da seguinte forma:
Na primeira etapa, o Estado repassa para União o controle ou a participação acionária na empresa. O valor é estimado na avaliação do mercado. Este valor será usado para abater a dívida do Estado com a União. Após a venda das ações, o valor a maior ou a menor é acertado na diferença.

Alguns aspectos relevantes desta operação precisam ser levados em consideração. Uma hipótese básica do modelo em estudo é que a União teria condições de fazer a privatização de maneira mais rápida e eficiente. Em outras palavras, o governo federal teria maior possibilidade de fazer a privatização. Obviamente que as considerações políticas sobre o tema ficam sob a responsabilidade do governo federal.

Sobre a operação de privatização é importante considerar o valor do dinheiro no tempo. Como provavelmente as fases não ocorreram simultaneamente, o processo deverá prever a “atualização” da avaliação. Por exemplo, admita que um Estado repasse a empresa ABC por $1 milhão; dez meses depois é feita a privatização, num valor de R$1,1 milhão. Em razão do valor do dinheiro no tempo, é necessário trazer o valor de R$1 milhão para a data da venda efetiva (ou do pagamento).

Como os momentos de tempo são distintos, o governador que fizer a transferência poderá ter fortes incentivos para tomar a decisão de passar a empresa para a União ou não. Se estiver em término de mandato e concorrendo a reeleição, esta decisão poderá tirar mais votos; é um fator importante para não tomar a decisão. Isto é um fato que o governo deve considerar: aumentar os incentivos políticos para uma decisão positiva.

Finalmente, ao assumir a empresa a União tem um compromisso de efetuar a venda. E se isto não ocorrer? O ônus aqui será do governo federal, que deverá explicar qual a razão de ter feito uma promessa de privatização e não ter levado adiante.

Em linhas gerais: aparentemente o plano proposto pelo Tesouro tem mais contras que prós.

Concentração de Informação

O Valor Econômico de hoje traz 264 páginas. A grande maioria de demonstrações contábeis. Obviamente que a grande concentração de informação produz mudança na forma como o usuário recebe a demonstração. Existe um ramo de estudo especialmente dedicado a isto denominado Economia da Atenção (por sinal, muito importante nos dias de hoje, em razão do grande número de informações/dados/imagens que recebemos). Recentemente Almeida e Silva divulgaram uma pesquisa sobre o tema na contabilidade:

A amostra é composta pela coleta diária no período de 10 anos (2003-2012) das ITR’s, IAN’s e DFP’s das empresas brasileiras e ITR’s e DFP’s das empresas chilenas no decênio. Após essa robusta coleta, foram coletadas as séries temporais dos índices pontos e volumes da Bolsa de Valores de São Paulo (Brasil) e da Bolsa de Comércio de Santiago (Chile) no decênio considerado. Para analisar os dados utilizou-se a estatística descritiva, o teste de Levene e o teste de médias. Os achados da pesquisa revelam que há uma concentração da evidenciação contábil, em determinadas datas, tanto no Brasil quanto no Chile. Os resultados evidenciam também que a concentração da evidenciação contábil brasileira tende a não impactar o retorno, o volume de negociação e a volatilidade do mercado do Brasil. No entanto, quando se analisa o impacto da concentração da evidenciação contábil no Chile, nos dias de grande divulgação, constata-se que este fenômeno tende a impactar a volatilidade desse mercado.

Rir é o melhor remédio

Publicado no Estado de 25 fev 2016

25 fevereiro 2016

Pior prejuízo da história

Notícia do Estadão

O prejuízo da Vale em 2015, de R$ 44,2 bilhões, é o maior prejuízo já registrado por uma empresa de capital aberto desde 1986, segundo levantamento da consultoria Economatica, que só tem dados a partir daquele ano. Os dados foram ajustados pela inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2015.

Reação do Mercado

O mercado reagiu a duas importantes notícias de duas grandes empresas brasileiras. A Gerdau está sendo investigada pela Polícia Federal por sonegação de impostos (primeiro gráfico) e a Vale anunciou um prejuízo elevado (segundo gráfico). O resultado foi uma queda, segundo Valor Data, de -5,31% e -4,53%

Prejuízo de 12 bilhões na Vale

A Vale acaba de divulgar seu resultado de 2015. Destaque para o prejuízo de 12,1 bilhões, sendo que 7,5 bilhões são originários de variações monetárias e cambiais, 8,9 bilhões de impairment. Como o lucro bruto caiu de 12,5 bilhões, em 2014, para 5,1 bilhões, em 2015, os efeitos das variações e do impairment foram decisivos para o prejuízo da empresa. O resultado só não foi pior em razão do crédito do imposto diferido, de 5,5 bilhões.

Em 2014 a receita da empresa foi de 38,2 bilhões; no ano de 2015 uma queda 32%, em especial a venda de minérios de ferro, o principal negócio da empresa. A empresa vendeu menos para China (3,5 bilhões) e no mercado interno (2,2 bilhões). Mas a principal explicação da redução da receita foi o recuo no preço do minério: queda de 41% no preço de referência.

Apesar do prejuízo, o fluxo das atividades operacionais foi positivo: 4,5 bilhões (versus 13 bilhões em 2014). A diferença entre o prejuízo e o FCO é explicada pelo fato de que os efeitos do impairment não entram no FCO.

P.S. (valores em US$)

Rir é o melhor remédio

New Yorker (adaptado daqui)

24 fevereiro 2016

Não concordou com a opinião sobre a continuidade

Segundo o Business Time a empresa Ceres Inc. resolveu trocar de auditor em razão do segundo ano que a KPMG faz uma observação sobre a continuidade da empresa no parecer. A KPMG afirmava num parágrafo que os prejuízos recorrentes e o nível de caixa suficientes até janeiro de 2016 colocavam em dúvida a continuidade. A empresa diz que não concorda com a opinião da KPMG e por isto a troca.

A Ceres atua em biotecnologia e tem sede na Califórnia. Fundada em 1996, tem uma subsidiária no Brasil, a Ceres Sementes.

Uma empresa chamada UEPS

Uma empresa chamada UEPS despertou a atenção dos analistas recentemente por um motivo insólito: a qualificação do seu dirigente (CEO em inglês). É bem verdade que a empresa também tem algumas práticas questionáveis, incluindo declarações de dirigentes que são divergentes das constantes das demonstrações contábeis.

O Senhor Belamant, CEO da UEPS, tem a titulação informada pela empresa de PhD em tecnologia de informação e gestão. Especificamente, na Burkes University.

Mas uma pesquisa do ValueWalk indica algo interessante: aparentemente a Burkes nunca existiu na Inglaterra, mas parece existir uma universidade com este nome das ilhas Turcas e Caicos, com cursos on-line.

Moody's tira grau de investimento do Brasil

Saiu no G1:

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota do Brasil e tirou o grau de investimento – selo de bom pagador – do país nesta quarta-feira (24), como já era esperado. A nota do país passou de Baa3, o último nível dentro do grau de investimento, para Ba2, que é a categoria de especulação. A agência também colocou o Brasil em perspectiva negativa, indicando que pode sofrer novo rebaixamento.

Em nota, a Moody's afirma que o corte da nota foi influenciado pela maior deterioração das métricas de crédito do Brasil, em um ambiente de baixo crescimento, com expectativa de que a dívida do governo ultrapasse 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três anos. A agência também aponta a "dinâmica política desafiadora" vai continuar a complicar os esforços de consolidação fiscal e atrasar as reformas estruturais.

"A perspectiva negativa reflete a visão de que os riscos são de uma consolidação e uma recuperação ainda mais lentas, ou de que surjam mais choques, o que cria incertezas em relação à magnitude da deterioração do perfil de crédito do Brasil".

Entre as três grandes agência internacionais, apenas a Moody's mantinha o Brasil com grau de investimento. No dia 9 de dezembro, entretanto, a agência colocou a nota do país em revisão para possível rebaixamento, indicando que ela poderia ser reduzida em breve.

A primeira a tirar o selo de bom pagador do Brasil foi a Standard and Poor's (S&P), em setembro do ano passado. Em dezembro, foi a vez da Fitch, que ao mesmo tempo colocou a nota do país em perspectiva negativa, indicando que ela pode voltar a ser rebaixada.

Como principal motivo para a retirada do grau de investimento do país, as agências apontam a deterioração das contas públicas, o aumento do endividamento público e a preocupação com a retomada do crescimento da economia.

No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um "certificado de segurança" que as agências de classificação dão a países que elas consideram com baixo risco de calotes a investidores.

Leia mais: Aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui