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15 janeiro 2013

Confiança nas instituições


Os brasileiros confiam muito mais nas Forças Armadas, cuja atuação nada tem a ver com seu cotidiano, do que na polícia ou no Judiciário, que têm importância bem maior no seu dia a dia. O último Índice de Confiança na Justiça, o ICJBrasil, elaborado pela FGV, mostra que as instituições judiciárias e de segurança padecem de significativa descrença por parte dos cidadãos, que delas esperam eficiência e celeridade. Como diz a própria FGV, esse quadro afeta diretamente o próprio desenvolvimento do País, pois, se a população não enxerga o Judiciário como instância legítima e confiável para a resolução de conflitos, entra em xeque o Estado de Direito.
A pesquisa, realizada em sete Estados e no Distrito Federal, ouviu 3.300 pessoas no segundo e no terceiro trimestres de 2012. É um levantamento qualitativo que visa a medir o sentimento dos brasileiros em relação a suas instituições, ou seja, se os cidadãos comuns acreditam que elas sejam capazes de cumprir suas funções de modo satisfatório, se elas são importantes em sua vida e se seus benefícios justificam seus custos. Nessa pesquisa, as Forças Armadas, que no mesmo período de 2010 já apareciam como a instituição mais confiável, com 66% de aprovação, mantiveram a liderança, mas sua aprovação saltou para 75%. Em seguida, aparece a Igreja Católica, com 56%. Ela havia conquistado essa posição já em 2010, em meio à polêmica causada pela questão do aborto nas eleições presidenciais daquele ano. Até então, a Igreja aparecia em sétimo lugar na lista, com 34% de aprovação. Na sequência são citados o Ministério Público (53%), as grandes empresas (46%), a imprensa escrita (46%) e governo federal (41%). Só então aparecem a polícia e o Judiciário, ambos com 39% de menções positivas, seguidos pelas emissoras de TV (35%). Na lanterna permanecem o Congresso (19%) e os partidos políticos, com apenas 7% - índice que já foi de 21%.
A desconfiança em relação à polícia, mais ou menos generalizada, é particularmente notável à medida que caem a renda e a escolaridade, isto é, na faixa da população mais exposta à violência. Dos entrevistados com renda inferior a quatro salários mínimos, 63% disseram não confiar na polícia; entre os negros, pardos e indígenas, o índice alcança 65%; e entre os cidadãos de baixa escolaridade, chega a 63%. Já entre os brancos e amarelos, a desconfiança é de 57%, índice semelhante ao dos que ganham mais de 12 salários mínimos (60%) e ao dos que têm maior escolaridade (58%).
Em relação ao Judiciário, a situação não é melhor. A FGV salienta que a crise de credibilidade do Judiciário se acentuou a partir da década de 80 e o quadro segue alarmante, mesmo com a reforma de 2004 e a criação do Conselho Nacional de Justiça, em 2005. Aparentemente, a população brasileira ainda não se convenceu de que o esforço para o saneamento do Judiciário, com a transparência requerida sobre suas atividades nos últimos tempos, é para valer. Um indício claro dessa percepção é que, para 90% dos entrevistados, a Justiça é considerada lenta demais, e para 82% é cara demais. Além disso, 64% declararam considerar o Judiciário pouco honesto, e 61% disseram que essa instituição não é independente. Um dado positivo da pesquisa é que os mais jovens parecem mais propensos a acreditar na Justiça e se dizem mais dispostos a recorrer ao Judiciário para resolver seus conflitos do que os de mais idade.
Os resultados do ICJBrasil revelam, enfim, uma situação paradoxal. Enquanto a maioria dos brasileiros parece satisfeita e até entusiasmada com a situação econômica e com as perspectivas para o futuro, ocorre acentuada desconfiança nas instituições que se destinam a garantir que a justiça seja feita, que haja paz social, que as leis sejam iguais para todos, que os contratos sejam cumpridos e que não haja impunidade. Graças à longa história de desigualdade no Brasil, o direito ainda é concebido como um instrumento dos ricos, apesar de todas as mudanças positivas pelas quais o País passou nos últimos anos. Cabe ao Judiciário e à polícia demonstrar que esse sentimento já não se justifica.
Fonte: aqui

Contador do Cachoeira

Único foragido do grupo comandado pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o contador Giovani Pereira se entregou nesta segunda-feira à Polícia Federal, em Anápolis (GO). Encarregado de fazer a contabilidade do grupo e controlar os pagamentos de propina a políticos, servidores e policiais subornados pelo bicheiro, Giovani foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão em 8 de dezembro último por corrupção e formação de quadrilha.

Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, nos dias 22 e 23 de março de 2011, entre Cláudio Abreu (diretor regional da construtora Delta), Cachoeira e o contraventor Rodrigo Santos, mostram a participação ativa de Giovani na destinação de R$ 1 milhão ao ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o bicheiro. Demóstenes negou ter recebido o valor.

Considerado um arquivo vivo da organização, Giovani já vinha sendo procurado desde 29 de fevereiro de 2012, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo, que desarticulou um esquema de corrupção, tráfico de influência e exploração de jogos ilegais em Goiás, Distrito Federal, Tocantins e Minas Gerais. Apontado como chefe do bando, Cachoeira foi condenado a 39 anos de prisão pela 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia.

Outros sete operadores da organização criminosa, entre os quais Giovani, também cumprirão parte da pena em regime fechado porque foram sentenciados a mais de 8 anos de prisão. Cachoeira e outros três, todavia, conseguiram habeas corpus para recorrer da sentença em liberdade. Cansado de fugir e acuado pela polícia, o contador resolveu se entregar para tentar a extensão do benefício do habeas corpus.

Cercado por uma equipe da PF na fazenda onde estava escondido nos arredores do município, Giovani negociou rendição e se apresentou ao delegado Angelino Alves em companhia do advogado Calixto Abdala Neto, por volta das 9h40. Ele usou o direito de ficar em silêncio, mas o advogado informou que entrará com pedido de habeas corpus para que o cliente recorra em liberdade, a exemplo de outros condenados no inquérito da Operação Monte Carlo.


Contador de Cachoeira se entrega à PF - Vannildo Mendes

Oscar e PwC

A seguir, um vídeo sobre o Oscar e o papel da Price no processo de apuração e garantia da integridade do resultado



Aqui uma discussão interessante sobre o novo processo de votação (eletrônico).

Influencia brasileira ...

Os piolhos pubianos estão desaparecendo, informou a Bloomberg. E a depilação pode ser a razão disto.

Desde os anos noventa, quando um salão em Manhattan, comandado por sete irmãs brasileiras (J Sister Saloon de Jonice, Jocely, Janea, Joyce, Juracy, Jussara e Judeseia, todas de Vitória), popularizou uma técnica de depilação pubiana, muitas pessoas passaram a remover todos, ou a maioria, dos pelos. O salão possui 200 clientes por dia, incluindo Sarah Jessica Parker.

Calcula-se que 80% dos estudantes universitários dos EUA usam a remoção de cabelos.

Tesouro e informação 3

Quando faltavam apenas quatro dias para o fim de 2012, o governo federal lançou mão de um remanejamento de despesas do Orçamento, feito à última hora, para incluir novos projetos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Portaria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF) do Ministério do Planejamento, de 28 de dezembro, acrescentou R$ 3,2 bilhões de nova dotação de despesas que se enquadram nos critérios previstos no PAC, que são investimentos considerados prioritários e, se tiverem sido efetivamente pagos, poderão ser abatidos para o cumprimento da meta fiscal do ano passado.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012 permite ao governo abater até R$ 40,6 bilhões de despesas realizadas do PAC para cumprir a meta de superávit primário das contas do setor público, que é a economia feita para o pagamento das despesas com juros. Ou seja, quanto maior for o volume de despesas pagas do PAC, mais espaço fiscal tem o governo para o cumprimento da meta de R$ 139,8 bilhões do ano passado.

Até novembro, as despesas do PAC somavam R$ 28,4 bilhões, mas fecharam 2012 em torno de R$ 38 bilhões, segundo estimativa preliminar divulgada oficialmente esta semana pelo Ministério da Fazenda. Se confirmados os números oficiais, o pagamento das despesas do PAC foi próximo a R$ 10 bilhões somente em dezembro, um volume muito mais alto do que nos meses anteriores.

O Tesouro Nacional explicou que não há nada de excepcional na portaria e que o remanejamento é feito todos os anos, desde a época do Projeto Piloto de Investimento (PPI), programa precursor do PAC e originário de negociação com o Fundo Monetário de Internacional (FMI). O fato de ter a dotação, destaca o Tesouro, não significa que a despesa foi efetivamente paga. Os valores pagos de abatimento só serão conhecidos no final de janeiro, quando o Tesouro divulgar o resultado das contas públicas de dezembro.

Em entrevista à Agência Estado, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, negou que a inclusão de novas despesas na lista do PAC tenha sido feita para garantir o cumprimento da meta de superávit. Questionado sobre a possibilidade de abatimento, respondeu: "É, pode (o abatimento). Mas, no caso, não será necessário para abater. Houve algumas mudanças ao longo de 2012".

Segundo ele, o PAC antes de mais nada é um programa de monitoramento de despesas estratégicas para o governo. Na avaliação do secretário, o que o governo fez para cumprir a meta foi usar R$ 12,4 bilhões de recursos que estavam no Fundo Soberano do Brasil (FSB), que é uma poupança pública.

Pela portaria da SOF, as despesas remanejadas são dos Ministérios da Educação (R$ 2,775 bilhões) e de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (R$ 440 milhões). Elas incluem projetos de infraestrutura para a educação básica, de apoio ao transporte escolar e acesso à água para a produção de alimentos.


Governo agora manobra o PAC - Estado de S Paulo - 11 de janeiro de 2013

Tesouro e informação 2

Um incauto que quisesse conhecer as contas do governo poderia crer que uma fonte usual de receita do Tesouro é uma certa "cessão onerosa para exploração do petróleo".

Afinal, essa rubrica consta de todos os relatórios mensais dos resultados do Tesouro e de uma planilha oficial que registra a evolução dos principais componentes da receita e da despesa federal desde janeiro de 1997.

Mas, quando se observam os dados com mais atenção, percebe-se que o valor arrecadado com a tal "cessão onerosa" é zero em 190 dos 191 meses do período. Só em setembro de 2010 aparecem espetaculares R$ 74,8 bilhões.

A rubrica e a sucessão de zeros na estatística são parte de um esforço quase heroico para dar aparência de normalidade a uma insólita manobra para camuflar o estouro das contas federais.

O dinheiro foi pago ao Tesouro pela Petrobras, que recebera títulos da dívida federal para engordar seu caixa. De tão extravagante, a operação não se encaixava nos itens da contabilidade pública -foi preciso introduzir um novo.

As consequências vão além da anedota. A análise da política fiscal, fundamental para as previsões de endividamento público e inflação, depende da solidez dos dados.

Os números oficiais indicam, por exemplo, piora da receita em 2011 -ocorreu o contrário. Da mesma forma enganosa, 2010 e 2012 parecem períodos de austeridade nos quadros do Tesouro.

A maquiagem não se restringe aos truques necessários para cumprir as metas fiscais. As estatísticas mostram também um forte aumento dos investimentos do governo em 2012, a despeito da estagnação na infraestrutura.

Para tanto, subsídios do Minha Casa, Minha Vida passaram a ser contabilizados ao lado das obras públicas. O gasto com investimentos subiu, literalmente, por decreto -assinado por Dilma para sacramentar a reclassificação dos subsídios.


Artifícios distorcem austeridade e investimento - GUSTAVO PATU - Folha de S Paulo - 12 de janeiro de 2013

Tesouro e informação

A criatividade do Tesouro Nacional para fechar suas contas, com o uso de sucessivas manobras contábeis e brechas legais, criou no Brasil uma contabilidade paralela à oficial que coloca em risco a credibilidade fiscal da gestão Dilma Rousseff.

Bancos e consultorias passaram a expurgar receitas e depurar gastos para calcular um superavit "puro" e poder estimar o impacto na economia e fazer suas projeções.

Nesses cálculos, a economia do setor público para pagar juros da dívida foi no mínimo 35% menor que a oficial em 2012. O descrédito em relação aos números do Tesouro já assusta integrantes da equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda).

A crise teve seu auge nas últimas semanas, quando se tornou pública a triangulação com bancos públicos e o Fundo Soberano para fechar os números de 2012.

O dado do ano, que só será divulgado no fim deste mês, foi apelidado de "superavit elfo", numa referência ao conto de Natal publicado em um dos blogs do jornal britânico "Financial Times".

No texto, a presidente Dilma é uma das renas do trenó do Papai Noel e perde o posto para o presidente do México. O ministro Guido é um elfo que defende Dilma e cujas previsões são consideradas muito otimistas.

ARGENTINA

Dentro do governo, receia-se que surjam comparações com a Argentina, onde as estatísticas oficiais perderam a credibilidade. Para um interlocutor do governo, essa não é uma avaliação justa, pois no Brasil é possível refazer os cálculos, justamente porque todos os números estão disponíveis para o público.

"As pessoas podem não concordar com a medida do governo, mas as outras informações são divulgadas também", argumenta.

A Folha ouviu cinco instituições financeiras, entre bancos, corretoras e consultorias, que fazem o expurgo. Para alguns, a prática era limitada a 2010 em razão de uma manobra feita com a Petrobras. Agora, foi ampliada.

Gabriel de Barros, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), desconta as receitas extraordinárias e contábeis há dois anos e diz que, desde 2008, o resultado primário está superestimado em cerca de R$ 145,6 bilhões.

"O superavit era uma boa medida do impacto da política fiscal na demanda. Isso deixou de ser verdade, quando o governo passou a usar a contabilidade criativa."

O Itaú divulgou nesta semana relatório retirando dos resultados oficiais receitas extraordinárias e operações contábeis. No caso dos dividendos, o banco estima um repasse atípico de R$ 47,3 bilhões desde 2009.

"A ideia [de fazer o ajuste] é tentar capturar o esforço fiscal propriamente dito para extrair seu impacto na demanda", observa o economista do banco Marcelo Oreng.

A consultoria LCA faz um ajuste mais simples, abatendo as receitas com capitalização da Petrobras em 2010 e o dinheiro do Fundo Soberano. O objetivo dos cálculos próprios "é deixar a medida de superavit primário mais 'pura'" para avaliar o impacto na inflação, diz o economista-chefe Bráulio Borges.

A Quest Investimentos está concluindo os cálculos da sua estimativa "pura". A corretora Convenção Tullett Prebon divulgou ontem relatório com o resultado ajustado de 2012, sem o impacto das operações feitas no final do ano. 


Sem manobra, economia pública é 65% da anunciada, avalia mercado - 12 de Janeiro de 2013 - Folha de São Paulo -SHEILA D’AMORIM e MARIANA SCHREIBER

14 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio


Derivativos

"Charlie {Munger] e eu pensamos como uma só pessoa em relação às operações com derivativos, usadas nos mercados futuros e de opções. Nós as vemos como bombas-relógios, tanto para quem as usa como para o sistema econômico. [...] Em nossa visão, os derivativos são armas financeiras de destruição em massa, trazendo perigos que, embora não sejam latentes, são potencialmente letais."
- Warren Buffet

Metro no mundo


THE world’s first underground train, on the world’s first metro system, travelled the three-and-a-half miles from Paddington to Farringdon on January 9th 1863. Then, as now, Londoners queued to get aboard the packed carriages. In October that year The Economist ran an editorial arguing that more such lines under the capital were needed to relieve its congested streets. It concluded that such a network, if well run, would surely be profitable.
We were right on the first point: London would have ground to a halt long ago without its “Tube”. But we were too optimistic on the second. Although fares on the Underground are now among the most expensive of any metro system worldwide—a one-stop ride costs up to £4.50, or $7.34—the system is no money-spinner. Last year, the £2 billion of fares revenue, added to the smaller amounts from selling advertising space and suchlike, only just covered running costs, at £2.2 billion.
Another 29 years passed before Chicago became the second city to boast a metro (its first line ran on stilts rather than underground—any high-frequency, high-capacity urban system separated from other traffic counts as a metro). But metro-building accelerated from the 1960s, in reaction to the growth of sprawling mega-metropolises around the world. Now almost 190 cities have metros, with more to come amid a fresh spurt of construction in developing countries. In 2012 the Chinese cities of Suzhou, Kunming and Hangzhou opened theirs, as did Lima in Peru. Among the proud new owners of a metro in 2011 was Algiers, only the second African capital (Cairo is the other) to gain one.
Existing metro systems are also being expanded at a rapid pace. On December 30th Beijing opened 70km of new lines, bringing the total to 442km and making the Chinese capital’s system the world’s longest, overtaking Shanghai’s (see table). London would still be champion if its Overground (a revamped network of surface-rail lines, completed in December), Docklands Light Railway and tramways were included in the total. But Beijing will not be outdone: it plans to expand its network to 1,000km by 2020.
China’s investment in high-speed intercity railways is tailing off but it is still pumping money into subways. So is India: Bangalore’s metro opened two years ago and Mumbai’s should open soon, following the customary delays and squabbles between the government and contractors. Smaller cities, such as Bhopal and Jaipur, have plans on the drawing-board. Brazil is expanding the inadequate metro systems in its two main cities, Rio de Janeiro and São Paulo, while building new ones in smaller ones such as Salvador and Cuiabá.
Metros are being built in all sorts of unlikely places, such as the Gulf: Dubai’s system opened in 2009 and Mecca’s a year later. Now Abu Dhabi, Doha, Bahrain, Riyadh and Kuwait City have plans in progress; that they have plenty of oil to fuel their cars is not stopping them from trying to become greener. Future candidates for “city you would least expect to have a metro system” include sleepy Asunción in Paraguay and Kathmandu in Nepal.
Many of the developing world’s congested cities have spent years dreaming of a metro system but making little progress towards building it. Algeria’s 1991-2002 civil war helps excuse the long gestation period of its capital’s metro; in other cases, sluggish and corrupt bureaucracies are the main obstacle. Indonesia’s traffic-choked capital, Jakarta, abandoned its attempt to build a monorail in 2008, leaving a collection of rusting stumps; it then built a successful busway as a stopgap, and now the city’s governor is promising to start work soon on an underground metro.
A recent study by Roland Berger, a consultancy, found that government stimulus programmes in the wake of the financial crisis have been boosting investment in railways of all kinds. The world market for railway infrastructure and equipment has been growing at 3.2% a year through the global downturn, and is set to grow at around 2.7% a year until 2017. Spending on metro rail systems should grow faster still, at perhaps 6-8%.
This is promising news for firms that build metro trains and equipment, such as Bombardier of Canada (which also has trainmaking facilities in Europe), Siemens of Germany and Alstom of France. They have ambitious Chinese and South Korean firms chasing them for market share, but for now they can look forward to order-books packed like the Tokyo subway.

12 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Fato da Semana

Fato: As manobras do governo para fechar suas contas

Qual a relevância disto? Uma empresa precisa gerar mais receita que despesa. Quando isto não ocorre, gera um prejuízo e seu acionista sabe que é uma situação que não pode perdurar por mais tempo, caso contrário a empresa morre. Do mesmo modo, o governo também necessita ter receita compatível com as despesas; caso contrário, ou aumenta os impostos ou reduz as despesas. Mas no mundo moderno, a geração de um superávit passou a ser visto como um sinal de uma boa gestão financeira das contas públicas.  E num mundo em crise, onde diversos países estão com dificuldade de fechar suas contas, passar a impressão de que um governo consegue ter receitas maiores que despesas é um sinal positivo.

O governo brasileiro aumentou substancialmente as despesas nos últimos anos. Também conseguiu arrecadar mais impostos. Mesmo assim, ao final do ano de 2012 as contas públicas apontavam um resultado negativo. Uma série de operações, realizadas nos últimos dias de dezembro, permitiu que o governo registrasse superavit. Entretanto, ficou claro para quem acompanha as finanças públicas, que foram malabarismos contábeis.

Para contabilidade, particularmente a contabilidade pública, fica uma imagem de algo manipulável. A representação fidedigna deixa de existir.

Positivo ou Negativo? Para a contabilidade, sem dúvida nenhuma negativo. Seria mais importante que prevalecesse o retrato mais fiel das contas públicas.

Desdobramentos - Esta é uma das situações onde os efeitos são de longo prazo. Principalmente reduz a credibilidade das contas públicas.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 - Um dos maiores escândalos contábeis dos últimos meses no Brasil foi o do Banco Cruzeiro do Sul. Uma estimativa do Ministério Público de São Paulo informa que ___ % do lucro líquido era falso:

101%
71%
61%

2 - Os balanços das empresas estão sendo aguardados pelos economistas para

Verificar o aumento da carga tributária no lucro das empresas
Verificar o efeito da economia sobre o desempenho das empresas
Verificar o impacto do aumento de preços praticado nos últimos meses

3 - Um acordo de 20 bilhões de dólares entre bancos e autoridades dos EUA foi firmado recentemente. O acordo

deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2012
deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2013
não deverá ter efeito, pois não afeta o caixa dos bancos

4 - MMX e Natura foram destaques esta semana pelo seguinte motivo

autuação do Ministério do Trabalho
cobrança de impostos por parte da Receita Federal
divulgação de notícias boas e reação do mercado acionário

5 - E a Herbalife tem sofrido no mercado acionário dos Estados Unidos. A principal razão refere-se a problemas com

endividamento
geração de caixa
receita

6 - Esta empresa está desenvolvendo um software para o FBI para detectar fraude contábil em e-mails corporativos:

Ernst Young
IBM
Norton

7 - A AES Eletropaulo anunciou esta semana que está negociando um imóvel, que irá resultar num lucro de 62 milhões. A empresa afirmou que o valor

já foi reconhecido no passado, quando usou o deemed cost
será reconhecido até 2016
será reconhecido quando ocorrer a operação

8 - Os antigos acionistas do BVA tentaram, quando da intervenção, tirar vantagem desta entidade do terceiro setor

Cruz Vermelha do Brasil
Legião da Boa Vontade
Sport Club Corinthians

George Orwell e o uso da linguagem


ROBERTO, MACEDO, ECONOMISTA (UFMG, USP, HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É CONSULTOR ECONÔMICO, DE ENSINO SUPERIOR, - O Estado de S.Paulo
George Orwell foi um grande escritor e jornalista inglês. Na sua extensa obra, dois livros se destacaram, inclusive no Brasil, nos quais revelou sua intensa oposição ao autoritarismo e ao totalitarismo: 1984 e A Revolução dos Bichos.
Aqui inspirou até o nome de um programa de televisão, o Big Brother Brasil. Big Brother, ou o Grande Irmão, era a figura imaginária e onipresente que conduzia o partido no poder num país sob jugo totalitário, imaginado por Orwell. Esse partido controlava seus membros de forma acintosa e cada um tinha em sua residência uma câmera de vídeo com que era observado pelo controle central exercido pelo Big Brother.
Menos conhecida é a paixão de Orwell pela clareza no uso da linguagem. Soube pelo seu livro Como Morrem os Pobres e Outros Ensaios (São Paulo, Companhia das Letras, 2011). Nele, o capítulo A política e a língua inglesa trata mais da linguagem do que da política. Esta e os políticos entram em cena porque Orwell lhes atribui parte da culpa pela má linguagem.
Começa apontando a decadência da língua inglesa. As causas, várias, com seu próprio efeito atuando como causa adicional, ao reforçar as originais, produzir o mesmo resultado de forma intensificada, e assim por diante, indefinidamente. Nas suas palavras, a linguagem "... se torna feia e imprecisa porque nossos pensamentos são tolos, mas seu desmazelo torna mais fácil para nós termos pensamentos tolos".
Várias de suas observações cabem também à língua portuguesa no seu uso no Brasil. Entre outros males, é evidente a invasão de estrangeirismos, principalmente ingleses, muitas vezes sem ponderação quanto ao seu significado e à necessidade e relevância de usá-los. Entre casos mais comuns, estão delivery, sale e off. E há bullying, que ignora nosso verbo bulir e o substantivo bulimento.
Há também os estranhos nomes que recebem edifícios lançados na cidade de São Paulo, quase todos em inglês, francês ou italiano. Recentemente, um jornalista americano que nela vive me disse ter ficado perplexo com um deles, o Augusta High Living, na chamada baixa Rua Augusta. Em inglês high é palavra também usada para descrever uma pessoa embriagada ou sob efeito de drogas.
Para crítica, Orwell apresenta cinco trechos de igual número de autores e neles ressalta duas características comuns. A primeira é o "ranço das imagens" ou metáforas. A segunda é a falta de precisão conceitual, à qual voltarei mais à frente.
Quanto às metáforas, e escrevendo em 1946, argumenta que uma "recém-inventada ajuda o pensamento a evocar imagem visual, ao passo que uma que está tecnicamente 'morta' (por exemplo, resolução férrea) se transforma numa palavra comum e pode ser usada sem perda de vivacidade. Mas, entre esses dois tipos, há um enorme depósito de metáforas gastas que perderam todo o poder de evocação e só são usadas porque economizam para as pessoas o trabalho de inventar expressões".
Entre as gastas que cita, várias estão também na nossa língua: trocar seis por meia dúzia, misturar alhos com bugalhos, caiu na rede é peixe e calcanhar de Aquiles. Acrescenta que muitas dessas expressões são usadas sem o conhecimento de seu sentido, e pergunta: o que são bugalhos, por exemplo?
É ao discutir o sentido das palavras e expressões que enfatiza a política e os políticos. O termo democracia tem destaque: "... além de não existir uma definição com que todos concordem, a tentativa de criá-la sofre resistência de todos os lados. (... ) quando dizemos que um país é democrático, nós o estamos elogiando; em consequência, os defensores de todo tipo de regime alegam que ele é democrático, e temem que tenham de deixar de usar a palavra se esta for atrelada a algum significado".
E mais: "Em nosso tempo, o discurso e a escrita política são, em grande medida, a defesa do indefensável. (...) Desse modo, a linguagem política precisa consistir, em larga medida, em eufemismos, argumentos circulares e pura imprecisão nebulosa. (...) O estilo inflado é em si mesmo uma espécie de eufemismo. (...) A linguagem política (...) é projetada para fazer com que as mentiras soem verdadeiras (...), e para dar uma aparência de solidez ao puro vento". Assim, mesmo discorrendo sobre linguagem, percebe-se que Orwell foi fiel à sua vocação de rebelar-se quanto ao que via de errado na política, na qual ressaltou esse uso deturpado.
Afirmações suas soam familiares no Brasil, onde, por exemplo, é disseminado o entendimento de que o voto livre e universal basta para marcar o País como uma democracia; onde a escolha de reitores de universidades públicas apenas por seus professores, estudantes e funcionários é defendida a pretexto de ser democrática; 
[...]Quanto à linguagem em si, Orwell propõe seis regras para aprimorá-la, e adaptei a quinta à nossa língua: "1) Nunca use uma metáfora, símile ou outra figura de linguagem que está acostumado a ver impressa; 2) nunca use uma palavra longa quando uma curta dará conta do recado; 3) se é possível cortar uma palavra, corte-a sempre; 4) nunca use a voz passiva quando pode usar a ativa; 5) nunca use uma expressão estrangeira, uma palavra científica ou um jargão se puder pensar num equivalente do português cotidiano; 6) infrinja qualquer uma destas regras antes de dizer alguma coisa totalmente bárbara".
Adicionaria uma sétima, a de evitar frases longas, pois embolam o raciocínio e confundem leitores e ouvintes. E de um filósofo da educação, o franco-americano Jacques Barzun, uma que abrange todas: escrever é reescrever.
Fonte: aqui

A besta insaciável: gastos do governo


O mundo observa enquanto os Estados Unidos lutam por seu futuro fiscal, mas os contornos dessa batalha refletem divisões sociais e filosóficas mais amplas que provavelmente vão influir de muitas maneiras no mundo inteiro, nas próximas décadas. Têm havido muitas discussões a respeito dos cortes dos gastos pelo governo, mas não foi dada atenção suficiente à possibilidade de tornar os gastos do governo mais eficientes. No entanto, se o governo não adotar uma estratégia mais criativa no fornecimento de serviços, seus custos continuarão subindo inexoravelmente.

Todo setor de serviços intensivos enfrenta os mesmos desafios. Na década de 60, os economistas William Baumol e William Bowen escreveram sobre a "doença dos custos" que grassa nesses setores. O famoso exemplo que eles apresentaram foi o do quarteto de cordas de Mozart, que exige o mesmo número de músicos e de instrumentos nos tempos modernos quanto no século 19. Do mesmo modo, leva aproximadamente o mesmo tempo para um professor avaliar um trabalho quanto há 100 anos.

Por que razão o lento crescimento da produtividade se traduz em altos custos? Ocorre que, em última instância, os setores de serviços precisam competir por uma mão de obra que faz parte da mesma reserva nacional de trabalhadores de setores nos quais a produtividade cresce rapidamente, como finanças, indústria e tecnologia da informação.

Evidentemente, o governo é o setor de serviços intensivos por excelência. São funcionários do governo os professores, policiais, lixeiros, e os integrantes das Forças Armadas.

As escolas modernas se parecem muito mais com as de 50 anos atrás do que as fábricas modernas com as daquela época. E, embora a inovação no campo militar tenha sido espetacular, ainda se baseia em grande parte na mão de obra intensiva. Se as pessoas querem o mesmo nível de serviços do governo em relação a outros itens que elas consomem, os gastos do governo acabarão exigindo com o tempo uma parcela cada vez maior da produção nacional.

De fato, nem só os gastos do governo aumentaram enquanto parcela da renda, mas também cresceram os gastos em muitos setores de serviços. Hoje, esse setor, que inclui o governo, corresponde a mais de 70% da renda nacional das economias mais avançadas.

A agricultura, que nos anos 1800 representava mais da metade da renda nacional, encolheu para poucos pontos porcentuais. O emprego na indústria que representava talvez um terço do emprego, ou mesmo mais, antes da 2.ª Guerra, caiu drasticamente. Nos EUA, por exemplo, o setor manufatureiro emprega menos de 10% de todos os trabalhadores. Portanto, enquanto o pessoal conservador em matéria de economia exige cortes dos gastos, forças poderosas impelem na direção contrária.

Na realidade, o problema é mais grave no setor público, onde o crescimento da produtividade é muito mais lento. Embora isso possa refletir a variedade peculiar de serviços que são esperados dos governos, a história não acaba aqui.

Evidentemente, parte do problema está no fato de que os governos usam a mão de obra não apenas para fornecer serviços, mas também para fazer transferências implícitas. Além disso, as agências governamentais atuam em muitas áreas em que enfrentam pouca concorrência - e, portanto, encontram pouca pressão para inovar.

Por que não levar um maior envolvimento do setor privado, ou pelo menos a concorrência, ao governo? A educação, onde o poder das modernas tecnologias revolucionárias mal foi percebido, seria um bom lugar para começar. Sofisticados programas de computação estão se tornando muito eficientes para avaliar os trabalhos dos alunos do ensino médio, e podem até atingir o mesmo nível dos melhores professores.

A infraestrutura é obviamente outra área de ampliação do envolvimento do setor privado. Antigamente, por exemplo, acreditava-se que os motoristas que dirigiam nas estradas administradas por empresas privadas sabiam que teriam de pagar vários pedágios. Entretanto, os modernos radares e os sistemas de pagamento automático resolveram a questão.

Mas não devemos imaginar que adotar o fornecimento dos serviços de empresas privadas constituiria uma panaceia. Seria sempre necessária uma regulamentação, ainda mais quando existe o envolvimento de um monopólio ou de um quase monopólio.

Quando presidente dos EUA, na década de 80, Ronald Reagan descreveu sua estratégia de política fiscal como "deixar a besta morrer de fome": ou seja, o corte de impostos acabará obrigando as pessoas a aceitarem uma redução dos gastos do governo. Sob muitos aspectos, sua estratégia foi um grande sucesso. Ocorre que os gastos do governo continuaram crescendo, porque os eleitores ainda querem os serviços que o governo oferece. Hoje, está claro que conter a expansão do governo significa definir incentivos de modo que a inovação na administração pública acompanhe a inovação em outros setores de serviços.

Sem novas ideias, batalhas como as que estão ocorrendo hoje nos EUA só poderão se agravar.
Os políticos podem e prometem fazer melhor, mas não terão sucesso a não ser que identifiquemos de que maneira é possível aumentar a eficiência e a produtividade dos serviços prestados pelo governo. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

Fonte: aqui

11 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio


Conselho de Administração e Desempenho


Em geral temos a visão de que uma empresa funciona graças aos esforços do seu presidente. Este ser humano traduz uma imagem de uma pessoa extremamente inteligente, que conduz, de maneira acertada, a empresa para o sucesso. Bill Gates, Ford, Gates e Setubal são alguns dos melhores exemplos deste executivo. Os livros e revistas de negócios tendem a valorizar esta figura, criando uma imagem de alguém infalível.

Já o Conselho de Administração de uma empresa é geralmente deixado de lado. Ou quando aparece, quase sempre é no sentido de atrapalhar a visão do gestor ou para simplesmente referendar suas decisões. Quem se lembra do nome de alguém que fez parte de um Conselho de Administração?

Na empresa moderna, este Conselho tende a ganhar cada vez mais importância. Mas será que existe um vínculo entre o Conselho e o que ocorre com a empresa? Responder esta pergunta é muito difícil, da mesma forma que é difícil comprovar, realmente, que o sucesso de um executivo se deu em razão da sua sorte ou da sua qualidade como gestor. Esta dificuldade geralmente não impede que os pesquisadores busquem estabelecer uma relação entre o desempenho de uma empresa e seu Conselho.

Uma pesquisa realizada com algumas empresas brasileiras descobriu que existe um vinculo entre o desempenho e a composição do Conselho. Dois doutorandos pesquisaram uma série de informações que as empresas fornecem para o regulador do mercado de capitais no Brasil, a CVM. O foco foi verificar as características das pessoas que participam dos conselhos das empresas. Isto incluiu idade, escolaridade e sexo. Em geral este órgão das empresas brasileiras é composto por homens (96% dos casos), com idade média de 53 anos e 17 anos de escolaridade.

O resultado obtido mostra que as empresas com conselhos diversificados, incluindo a presença de mulheres, apresentaram desempenho superior as outras empresas. Isto é interessante, pois montar um conselho com pessoas com características próximas poderia resultar, a princípio, num órgão mais homogêneo em termos de opinião.

Para ler mais:
FRAGA, João Batista; SILVA, Vinicius A. Brunassi. Diversidade no conselho de administração e desempenho da empresa. BBR, p. 58-80, 2012. 

Livros de verão e literatura de verdade


Há poucos meses atrás, na Feira do Livro de Guadalajara, vi uma cena que, de algum modo, diz muito sobre a literatura e a solidão, essas irmãs siamesas.
A Feira estava cheia de gente, mas não necessariamente de leitores. Ao visitar o estande de uma editora, vi um escritor de língua espanhola, sentado diante de uma mesinha, à espera de leitores. Ele tinha um ar desolado e conversava com uma mulher. Quando eu passava perto dos dois, ele perguntou à mulher onde estavam os leitores. Ela sorriu e apontou para uma fila de leitores excitados, que queriam comprar a edição espanhola de Cinquenta Tons de Cinza, o best-seller do momento.
É improvável que os leitores dessas historinhas de sexo e violência - ou sexo com violência - leiam romances de Conrad, de Dostoievski ou de Graciliano Ramos. Quantos se aventuram a ler Coração das Trevas, Crime e Castigo ou Infância? Para a maioria dos leitores, um livro de ficção é puro entretenimento, algo que não convida a pensar nas relações humanas, no jogo social e político, na passagem do tempo e nas contradições e misérias do nosso tempo, muito menos na linguagem, na forma que forja a narrativa. Talvez por isso o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez tenha afirmado que a poesia é a arte da imensa minoria. Isso serve para a literatura e para todas as artes. Os poucos, mas felizardos espectadores da peça O Idiota, dirigida por Cibele Forjaz, sabem disso.
Flaubert costumava lamentar a época em que viveu: a crença entusiasmada e cega no progresso e na ciência, as batalhas fratricidas na França, a carnificina das guerras imperialistas, e a idiotice e bestialidade humanas, que ele explorou com ironia em sua obra. Em uma carta de sua vasta correspondência, escreveu que o ser humano não podia devorar o universo. Referia-se ao consumismo crescente na segunda metade do século 19.
O que o "Ermitão de Croisset" diria dos dias de hoje, quando a propaganda insidiosa na tevê não poupa nem as crianças e tudo gira em torno da vida de celebridades, de uma fulana famosa que teve um bebê, de sicrano que se separou de beltrana ou traiu uma fulaninha? Qual o interesse em saber que a princesa da Inglaterra está grávida?
Essas baboseiras são ainda mais graves num país como o Brasil, cuja modernidade manca ou incompleta exclui milhões de jovens de uma formação educacional consistente.
No começo da década de 1990, quando eu passava uma temporada em Saint-Nazaire, um jovem operário entrou no meu apartamento para consertar o vazamento de uma tubulação. Quando passou pela sala, viu um romance em cima da mesa e exclamou:
Ah, Stendhal. Li vários livros dele, e o que mais aprecio é esse mesmo: A Cartuxa de Parma.
E onde você os leu? Quando?
Aqui mesmo, ele disse. Na escola secundária.
Era uma das escolas públicas daquela pequena cidade no oeste da França.
Nicolas Sarkozy e outros presidentes conservadores tentaram prejudicar o ensino de literatura e ciências humanas na escola pública francesa, mas nenhum deles teve pleno êxito. Aprender a ler e a pensar criticamente é um dos preceitos de uma sociedade democrática, e esse mandamento republicano ainda vigora na França. O que os prefeitos e secretários de Educação dos quase 5.700 municípios brasileiros dizem a esse respeito?
A precariedade da educação pública é um dos problemas estruturais da América Latina. Até mesmo a Argentina, que já foi uma exceção honrosa, começa a padecer desse mal.
Comecei essa crônica evocando a solidão de um escritor em Guadalajara. Melhor assim: a solidão está na origem do romance moderno, é um de seus pilares constitutivos e faz parte do trabalho da imaginação do escritor e do leitor.
O tempo se encarrega de apagar todos os cinquenta tons de cinza, e ainda arrasta para o esquecimento os crepúsculos, cabanas e toda essa xaropada que finge ser literatura. Enquanto isso, Coração das Trevas, publicada há mais de um século, é uma das novelas mais lidas por leitores de língua inglesa.

Suíça: Refinaria de Ouro



As colinas do sul da Suíça concentram mais do que vinho e tranquilidade: quatro das maiores refinarias de ouro do mundo estão no país, três delas na região de Ticino.
Apesar de o país não possuir minas de ouro, estima-se que dois terços da produção global do mineral seja refinada na Suíça. O ouro vem principalmente da América do Sul e África.
"Tem a ver com a história", explica o consultor financeiro Roberto Grassi. "Durante a Segunda Guerra Mundial, devido à grande quantidade de ouro que estava estocada na Suíça, os bancos decidiram estabelecer suas próprias refinarias, produzindo as barras."
Assim como nos bancos, todo o processo é cercado de sigilo e muita segurança. Os funcionários da refinaria não podem ser identificados e nem mesmo falam quantas barras são produzidas por dia.
Mas os dados mais recentes, de 2011, indicam que mais de 2.600 toneladas de ouro cru foram importadas para a Suíça, a um valor de US$ 103 bilhões (cerca de R$ 214 bilhões).

[...]
Fonte: aqui

Escrever: Neil Gaiman

“This is how you do it: you sit down at the keyboard and you put one word after another until its done. It's that easy, and that hard.”

“Being a writer is a very peculiar sort of a job: it's always you versus a blank sheet of paper (or a blank screen) and quite often the blank piece of paper wins.”

“Normally, in anything I do, I'm fairly miserable. I do it, and I get grumpy because there is a huge, vast gulf, this aching disparity, between the platonic ideal of the project that was living in my head, and the small, sad, wizened, shaking, squeaking thing that I actually produce.”

10 janeiro 2013

Cruzeiro do Sul

Os controladores do banco Cruzeiro do Sul chegaram a gerar de forma falsa 71% do lucro líquido de R$ 177,8 milhões que a instituição obteve de janeiro a setembro de 2008, segundo relata o Ministério Público Federal em São Paulo, em denúncia apresentada à Justiça ontem contra 17 pessoas envolvidas no caso.(...)

Por meio da venda de operações falsas de crédito consignado por valores acima da média de mercado para um fundo de direitos creditórios do próprio Cruzeiro do Sul, o banco gerava resultados artificialmente. (...)


Cruzeiro falsificou até 70% do lucro - 8 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Carolina Mandl e Karin Sato

Rir é o melhor remédio


A espera dos balanços

É interessante quanto a economia influencia o desempenho das empresas. Mas os balanços podem representar a boa ou má notícia sobre o desempenho da economia. Eis um texto sobre isto:

O início da temporada de balanços do quarto trimestre nos Estados Unidos trará sinalizações do desempenho das empresas também aqui no Brasil. A primeira empresa a dar o pontapé inicial será a Alcoa, com estimativa de lucro por ação de US$ 0,06, contra prejuízo de US$ 0,03 por ação no mesmo período do ano passado.

A empresa ligada ao setor de siderurgia e metalurgia já poderá influenciar a avaliação sobre o mercado brasileiro, uma vez que mostrará se o quanto a demanda mundial por alumínio está aquecida.

Na visão de João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, os setores de petróleo e mineração nos Estados Unidos estarão no foco dos investidores.

Por outro lado, o setor bancário, dessa vez, não deverá chamar a atenção. "O momento de incerteza no sistema financeiro mundial já passou, o que causa certo otimismo com os resultados".

O analista recorda que, durante o ano de 2012, a economia americana produziu indicadores econômicos positivos, com melhora consistente, mas o lucro das companhias não acompanhou, e os balanços do segundo e do terceiro trimestres se mostraram piores do que o esperado.

Por outro lado, o otimismo fica por conta do cenário do mercado de trabalho. "Os dados recentes de desemprego foram surpreendentes, assim como a confiança do consumidor e isso pode mostrar uma economia mais fortalecida, assim como os resultados corporativos."

Vale e Petrobras

Internamente, os balanços da mineradora Vale e da petrolífera Petrobras são os mais aguardados pelos investidores.

A Vale informou em dezembro aderiu à nova legislação do estado de Minas Gerais sobre o ICMS, o que permitirá o término de processos e evitará novas autuações, mas que terá impacto contábil negativo de R$ 528 milhões no quarto trimestre. Os mercados esperam para ver o quanto este valor irá prejudicar a companhia.

Além disso, a melhora na economia chinesa, projetando um crescimento contínuo e saudável, apontado nos últimos indicadores, também está no foco dos investidores, que poderão medir se este crescimento, impulsionado pela demanda interna, será capaz de gerar ganhos à mineradora.

No caso da Petrobras, a grande expectativa fica exatamente por conta das projeções frustradas nos dois últimos trimestres, após registrar prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre e lucro líquido de R$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre, abaixo dos R$ 7,7 bilhões esperados pelos analistas.

Acordo bilionário

Dez bancos dos Estados Unidos chegaram a um acordo de quase US$ 20 bilhões ontem com reguladores do setor bancário relacionado a irregularidades na execução de hipotecas. As acusações contra as instituições financeiras haviam sido feitas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e o Escritório do Controlador da Moeda (OCC, na sigla em inglês) em 2011.

(...) Os dez bancos americanos estavam ansiosos para selar o acordo bilionário porque vão divulgar seus balanços do quarto trimestre do ano passado nas próximas semanas e querem deixar esse assunto para trás [1].

Entretanto, as negociações quase fracassaram no fim de semana, quando os banqueiros ameaçaram rejeitar o acordo caso fosse incluída uma demanda adicional do Fed por mais US$ 300 milhões, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

O acordo está relacionado a irregularidades na execução de hipotecas. Atolados em milhões de processos de hipotecas, muitos bancos usaram um sistema que ficou conhecido como "assinaturas-robôs" para determinar as execuções, afirmando falsamente que tinham analisado pessoalmente cada um dos contratos concedidos.

Esse pacto assinado ontem pelos bancos substitui a análise individual dos arquivos de empréstimos de cada cliente. De acordo com o OCC, o acordo beneficia ambos os lados, ao dar dinheiro mais rapidamente para os consumidores e encerrar um caro processo que poderia se arrastar por anos, prejudicando a indústria hipotecária.


Nos EUA, bancos fazem acordo bilionário - 8 de Janeiro de 2013 - O Estado de São Paulo

[1] Ou seja, os valores serão reconhecidos de imediato

Receita, Natura e MMX

A Receita Federal resolveu mostrar suas garras. Os alvos: MMX Mineração e Metálicos e Natura.

Na primeira empresa, um auto de infração de 3,8 bilhões de reais por problemas no ano de 2007 (observe que foram quase cinco anos depois). Segundo o Brasil Econômico:

Mesmo assim, Carlos Müller, analista da Geral Investimentos, não acredita que a empresa tenha muitos problemas. "Caso esse auto se concretize, a companhia provavelmente irá pedir para parcelar este valor, que é muito alto. Desta forma, não há risco dela quebrar", aponta o analista.

Müller compara este esforço ao desafio que a Vale enfrenta com os royalties que, segundo ele, deixou provisionado nos balanços parte do valor que ela espera ter que pagar. A outra parte, a mineradora considera que a probabilidade de cobrança é baixa.


A Natura recebeu um auto de 628 milhões de reais, além de multas e juros, referente a impostos de 2008 (quatro anos depois)

A fabricante de cosméticos anunciou que irá recorrer e William Alves, analista da XP Investimentos acredita que ela irá ganhar a causa. "Nem sempre o que a Receita aponta é verdadeira. Diversas empresas já entraram com ação e ganharam. No entanto, isso ainda vai demorar uns dois anos", pontua.

"Se a Natura não conseguir ganhar a causa, é provável que ocorra redução do valor, de R$ 600 milhões para R$ 60 milhões", estima o analista da XP Investimentos.



Sobre este assunto,

A Receita observa que a fiscalização tem se aperfeiçoado nos últimos anos, principalmente com a melhora da programação e seleção dos contribuintes. De acordo com a instituição, a estratégia permite que os esforços de fiscalização sejam concentrados sobre quem realmente apresenta indícios fortes de sonegação e evasão fiscal.
Em 2012, uma das prioridades da Receita foi o combate ao planejamento tributário abusivo, feito pelas empresas para pagar menos tributos. A Receita também ampliou o foco de atuação no ano passado junto a grandes empresas, que contam com duas delegacias especiais em São Paulo e no Rio de Janeiro.



É interessante notar que ambas empresas são de capital aberto e não divulgaram fatos relevantes. Nota zero em evidenciação.

Herbalife

O xerife do mercado de capitais dos EUA, a SEC, decidiu abrir uma investigação sobre o esquema de vendas da empresa Herbalife. A SEC não fez nenhuma acusação contra a empresa, como revela o NY Times. A investigação surgiu depois que um gestor de um fundo de investimento chamou a empresa do "mais bem administrado esquema de pirâmide da história do mundo".

A Herbalife, que também atua no Brasil, incentiva seus vendedores a fazerem recrutamento de novos vendedores.

O gráfico ao lado mostra o comportamento das ações da empresa nos últimos meses.

Evolução da Internet

Fonte: Aqui

E a figura mostra que os tablets irão dominar o mundo:


Exportações e Importações em 2012


Os resultados do comércio exterior do ano encerrado permitem um teste interessante sobre a sensibilidade, no Brasil, ante uma crise que afetou a grande maioria dos países avançados.
Como se podia imaginar, o Brasil é altamente sensível, nas suas exportações, à queda de atividade nos países avançados aos quais fornece produtos básicos ou semimanufaturados. Com a seca nos EUA, as exportações de commodities concentraram-se em produtos de alimentação (soja e milho), enquanto as matérias-primas destinadas à indústria tiveram forte redução de preços, como o alumínio e o minério de ferro, este acusando uma queda de preço de 24,9%, com grande dependência do mercado chinês, que dita seu preço .
Os produtos semimanufaturados, normalmente destinados a países com indústria ainda incipiente, sofreram também com a queda da atividade mundial: seus preços caíram 8,3%, mais que o das commodities (- 7,4%).
Os bens de maior valor agregado, os manufaturados, perderam no ano passado o mercado norte-americano e sofreram o protecionismo da Argentina, uma praça importante para esses bens. Essas exportações somaram no ano passado US$ 90,7 bilhões. As de automóveis diminuíram 14,8%, dadas as dificuldades enfrentadas na Argentina e no México. São exportações que visam, basicamente, países emergentes ou subdesenvolvidos, uma vez que não se pode considerar o Brasil como uma plataforma para a indústria de veículos, em vista dos salários pagos aqui. É possível que daqui a alguns anos nos possamos contentar em abastecer apenas o nosso próprio mercado. O grande sucesso foi na venda de aviões, com US$ 4,7 bilhões.
As importações brasileiras recuaram 1,4%, menos do que as exportações (-5,3%). E foram dominadas por matérias-primas, com participação de 44,7% do total, que parece indicar que a indústria importa parte importante de componentes, o que permitiu reduzir em 7,8% as de bens de consumo duráveis. Os carros, que têm participação de 4,8% no total das importações, caíram 19,5%. Os bens de capital participam com 21,9% do total das importações.
O Brasil está longe de ser um centro produtivo mundial. É antes de tudo um exportador de commodities, porém sem o poder de fixar os preços dessas exportações, que dependem de Bolsas de Mercadorias no exterior. Além disso, depende essencialmente do vasto mercado da China, que num único ano fez cair as receitas dos minérios de ferro em mais de US$ 1 bilhão.
Fonte: aqui

Renda fixa ou variável?


É assunto dos debates e tertúlias entre analistas, economistas e operadores de mercado a possível realocação da poupança privada, de instituições e indivíduos, que gradualmente transfeririam parte de seus recursos dos títulos de renda fixa para os de renda variável (ações, debêntures conversíveis, fundos de ações). Esse prognóstico vem sendo justificado pela substancial queda das taxas de juros que experimentamos nos últimos anos e que agora estão nos seus níveis mais baixos depois de longo período.
Investidores brasileiros, historicamente por conhecidas razões, privilegiam títulos de renda fixa. Anos de superinflação com títulos indexados, sejam públicos ou privados, atraíam a inquestionável preferência. No momento, no entanto, pessoas físicas não dão nenhum sinal de que realmente estejam considerando mudar preferências que se solidificaram ao longo de décadas, enquanto os investidores institucionais reagem lentamente.
Não creio que devemos nos surpreender com esse comportamento, pelas seguintes razões:
Durante longos períodos, a rentabilidade dos títulos de dívida em geral foi boa, superando a inflação. Esta, por sua vez, provocou o encurtamento do horizonte temporal dos investidores. A insegurança sobre o futuro da moeda tinha como consequência a busca de resultados em prazos curtos e não atraía os investidores em ações;
Em dezembro de 2012, a Bolsa registra somente 621 mil acionistas, ante 559 mil em 2008. Estima-se um potencial de 2 milhões de acionistas;
Os intermediários financeiros, com algumas honrosas menções, não estavam (ou ainda não estão) equipados para investir mais agressivamente na educação dos investidores e para redirecioná-los. O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, está coordenando a revisão do sistema de distribuição de valores mobiliários, que deve ser vista com aplausos. Assim, caberá aos intermediários parcela importante desse trabalho educativo, lembrando que maiores ganhos implicam maior risco;
A economia brasileira patinando, com taxas de crescimento insatisfatórias, não cria ambiente propício para o investimento;
O ambiente externo, com uma conjuntura internacional mal resolvida e com as bolsas refletindo esse ambiente, não cria um cenário favorável para as ações;
Novos lançamentos de ações durante 2013 ficaram muito abaixo da expectativa. Vale lembrar que o número de empresas listadas em bolsa no Brasil, em dezembro de 2011, era de 373, ocupando o 27.º lugar no mundo. A Índia tinha, naquele ano, 6.752; Hong Kong, 3.838; Austrália, 3.079; e a Coreia, 1.816. No entanto, efetivamente no caso brasileiro, as companhias com liquidez estariam em torno de somente 150;
Recomendações recentes de alguns analistas indicam que grande parte das ações projeta um quociente P/L (preço/lucro) superior a 15 vezes. Mesmo reconhecendo que a taxa de juros, agora no seu nível mais baixo, justificaria um quociente P/L mais alto, ainda assim as ações das boas empresas, em geral, não estão baratas;
O que poderá acelerar a canalização de um maior volume para o mercado será o comportamento do investidor institucional, particularmente dos fundos de pensão. Em grande parte, terão de ajustar seus planos, revendo compromissos atuariais;
Outra variável importante será a do investidor estrangeiro, que em anos passados foi grande aplicador, seja diretamente em Bolsa ou em novas emissões. O seu humor com relação ao Brasil alterou-se nos últimos meses, mostrando preocupação com uma questão fundamental: a previsibilidade.
Creio que, no médio prazo, consolidando-se uma nova fase da economia brasileira, essa transferência de recursos irá acontecer, mas vai requerer uma série de iniciativas - aqui resumidamente apresentadas, ressaltando a questão da confiabilidade institucional.
Fonte: aqui

Eleição

A eleição dos melhores jogadores do mundo, feita pela Fifa nesta semana, mostrou que todos os escolhidos jogam no futebol espanhol. O resultado foi tão estranho, talvez reflexo da baixa qualidade dos eleitores.

Três brasileiros participaram da votação: Mano Menezes - como técnico da seleção, Thiago Silva - capitão e Cleber Machado - como representante da imprensa. Nenhum deles votou em Neymar, por exemplo, para um dos três melhores do mundo (Messi, C Ronaldo e Ibra, sendo Thiago; C Ronaldo, Messi e Falcão, para Mano; e Messi, Xavi e Ronaldo, para Machado).

Numa eleição onde o patriotismo é comum (Casillas votou no defensor Sérgio Ramos para melhor jogador, enquanto o técnico da Espanha escolheu Casillas o melhor jogador da temporada, por exemplo), diversos jogadores de boa qualidade foram deixados de lado.

09 janeiro 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Os dez maiores erros na citação


Quando Nash apresentou seu texto revolucionário de teoria dos jogos, o economista estadunidense usou duas citações. Nos dias de hoje isto seria impensável: um texto com menos de cinco referências dificilmente seria aceito num congresso ou periódico. Assim, temos artigos que exageram nas citações, pecando às vezes pelo excesso. A lista a seguir começou com sete erros. Depois que escrevi os sete pecados num guardanapo e estava preparando para fazer este texto, eu percebi que estava incompleta e acrescentei mais três problemas.

Os problemas apresentados a seguir são baseados na minha experiência como leitor de artigos, avaliador e professor.

1 – Maiúscula e minúscula – infelizmente temos que respeitar as normas de citações. E estas normas muitas vezes não fazem muito sentido. A norma de citação brasileira diz que um autor citado ao longo de uma frase deve ser escrito em letras minúsculas; se não citamos o autor na frase, mas o mesmo foi fonte do pensamento, o nome deve estar entre parêntese, em letras maiúsculas. Veja os exemplos:

Segundo Paes (2011), a norma da ABNT é uma grande bobagem.
A norma da ABNT é uma grande bobagem (PAES, 2011)

As duas frases são similares e mostram quando devemos usar maiúsculas e minúsculas. Realmente isto é uma grande bobagem da ABNT, a responsável pelas normas de citação no Brasil, mas os avaliadores consideram isto na sua análise.

2 – Esquecer o nome do co-autor (também conhecido como erro Van Breda) – Em obra de dois ou mais autores supõe-se que os mesmo ajudaram a escrever o texto. Assim é necessário citar todos os autores. Já analisei artigo onde o segundo autor, certo Silva, num livro de capital de giro, não foi citado, apesar de ter sido responsável por muitas linhas do livro. Obviamente fiquei chateado com o grande esquecimento. Neste ponto, o grande campeão na área de contabilidade é Van Breda. Assim, devemos citar

Para Hendriksen e Van Breda (1999) nunca devemos esquecer o nome do co-autor

3 – Não saber usar apud e et alii – Estas duas expressões de origem latinas são fontes de grande confusão. O apud é usado quando pegamos uma citação de outro autor, não tendo consultado a fonte original. Isto pode ocorrer quando não temos acesso à obra. A ordem é citar o autor original primeiro, ligado por um apud – em itálico – ao autor onde você encontrou o texto. Desta forma:

Pacioli apud Niyama e Silva (2011) afirmou que o dono deve contabilizar todos os eventos

Já o et alii  indica a existência de vários autores. A maior confusão é imaginar que seria et alli com dois “eles”. Para evitar o risco, cite et al. Eis um exemplo:

Segundo Sales et alii (2012) a contabilidade é divertida

4 – Página – Em algumas ocasiões gostamos de citar um autor de maneira literal. Neste caso devemos usar as aspas e indicar a página onde o texto foi encontrado. Quando a citação não é literal, não é necessária a página. Eis dois exemplos;

Segundo Correia (2012, p. 1), “o universo contábil é diversificado”.
Para Correia (2012) o mundo contábil é diversificado.

Ambas as frases dizem aproximadamente a mesma coisa. Na primeira, uma citação exatamente como estava no texto original, merece aspas e a página.

5 – Citação e referências – este é um erro muito comum. Todo trabalho citado ao longo do texto deve constar das referências e aquele que estiver nas referências deve ter sido citado no texto. De outra forma, um autor citado ao longo do seu texto não deve estar ausente das referências (afinal, queremos saber detalhes da obra) e um item constante da referência deve ter sido usado no trabalho. Este tipo de erro é muito comum nos trabalhos que passaram por uma intensa revisão.

6 – Citar um nome errado – se você tiver o azar do seu trabalho ser avaliado pela vítima do seu erro, ou de alguém próximo a ele, este erro será muito grave. Além disto, se for um nome amplamente conhecido na área, o erro também poderá ter consequências. Revise o nome que consta do livro ou do artigo para ter certeza que não cometeu este engano. Na nossa área é muito comum encontrar frases como:

Lidicibus (1997) afirmou que o pesquisador merece respeito.

7 – Citar uma obra pouco relevante sobre o assunto – se você estiver fazendo um trabalho sobre a história dos negócios durante a segunda guerra não faz sentido citar uma obra genérica como História do Brasil Resumida. O assunto é muito específico e merece uma citação como O Brasil e a II Guerra, por exemplo. Uma obra genérica pode ser relevante para você tomar conhecimento do assunto, mas você não precisa dizer isto para seu leitor. No passado este tipo de erro deveria ser conhecido como Manual da Fipecafi: esta obra – excelente, por sinal – era muito citada nas dissertações e teses da USP. Mas provavelmente é muito genérica para merecer tanta citação. Outra forma de cometer este erro é usar um pequeno trecho de um artigo cujo foco não é aquele. Por exemplo:

Para Moraes (2008), a contabilidade é a ciência da informação.

E o trabalho de Moraes é algo como “Fluxo de Caixa Descontado”. Ora, Moraes não fez uma grande reflexão sobre o que é a contabilidade; simplesmente fez esta afirmação “de passagem”. Quando citamos estamos usando o “argumento de autoridade”. Este tipo de erro é uma falha neste argumento: o que citamos não é a melhor autoridade sobre o assunto.

8 – Deixar de citar um trabalho seminal – o trabalho seminal é aquele que mudou a área que você está escrevendo. Se você estiver fazendo um texto de finanças comportamentais, provavelmente você deverá citar Kahneman e Tversky e os trabalhos que mudaram o que pensamos sobre o assunto da década de 70. Mas atenção: não seja muito genérico; não é necessário citar a obra de Freud, por exemplo.

9 – Colocar palavras na boca do autor que ele não disse – Ao ler um trabalho e traduzir as principais ideias, muitas vezes distorcemos a visão do texto. A citação que usei no item 2 é um exemplo disto: obviamente eles não disseram isto no livro.

10 – Não citar – depois de tantos problemas, talvez a melhor solução fosse não citar. Mas este é o mais grave dos erros. Isto inclui não reconhecer que não lemos as obras originais – erro do universitário que não lê as obras obrigatórias para o vestibular, mas sim os resumos – ou que aquela ideia não é nossa. Considero este um erro gravíssimo, sujeito a “fogueira da inquisição” na acadêmica. É roubo, desonestidade. Não perdoo este tipo de erro.

Quais os erros mais comuns? Acredito que o uso errado de maiúsculas e minúsculas, a falta de sincronia entre os autores citados ao longo do texto e aqueles que constam das referências e a citação de uma obra com pouca aderência sobre o assunto. 

Dauria

Ao pesquisa o Estado de S Paulo de 17 de fevereiro de 1945 encontrei a seguinte nota:
Francisco D´Auria foi um dos maiores nomes da contabilidade brasileira. O texto informa que o mesmo era, na ocasião, secretario da Fazenda do Estado de S Paulo, um importante cargo administrado. Mas o chama de "conhecido financista", não contador.

Crise da Biblioteca Nacional


O descaso das autoridades em relação à preservação da história do Brasil pode muito bem ser simbolizado pela degradação da Biblioteca Nacional. Sua sede de 102 anos, no centro do Rio de Janeiro, enfrenta toda sorte de problemas há décadas, mas só agora, diante da perda alarmante de parte da memória nacional, graças a cupins e infiltrações, receberá alguma verba para fazer os reparos urgentes - serão R$ 70 milhões, segundo o Ministério da Cultura.
Reportagem da Folha de S.Paulo resumiu o atual estado da Biblioteca, que a Unesco considera uma das dez maiores do mundo. Quase todo o edifício padece de má conservação, o que ameaça a coleção de obras raras, algumas do século 11. O ar-condicionado está com defeito, o que obriga os funcionários a trabalhar sob uma temperatura muitas vezes superior a 40 graus, calor que compromete também a manutenção do acervo. Em razão desse defeito, houve três vazamentos de água somente neste ano - num dos casos, mais de 2 mil periódicos foram atingidos. Quando chove muito forte, os livros que ficam no último andar são atingidos. Em laudo de setembro de 2012, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional chamou a atenção para a necessidade urgente de um levantamento rigoroso do estado de conservação das instalações do edifício. Além disso, há um problema estrutural evidente: a capacidade original de armazenamento do prédio é de 400 mil volumes, mas ele abriga hoje cerca de 9 milhões de itens. Todos os anos chegam 100 mil obras novas, entre livros, fotos, jornais, mapas e objetos de valor histórico. O espaço utilizável da Biblioteca Nacional, sob todos os aspectos, foi superado há muito tempo.
Os servidores da instituição fizeram dois protestos em 2012 para denunciar os problemas do edifício e também para acusar a Fundação Biblioteca Nacional, responsável por sua administração, de não prestar informações sobre as providências que tomou para resolvê-los. A Fundação limitou-se a afirmar que "muito tem sido feito" para modernizar o prédio e que já ordenou a contratação de uma empresa para reparar as instalações elétricas e o ar-condicionado. Para justificar a demora na resolução da crise, a Fundação argumentou que as exigências legais acarretam atrasos, uma desculpa muito comum em várias repartições do governo federal para disfarçar sua ineficiência.
Como se não fosse suficiente a degradação da Biblioteca, a Fundação Biblioteca Nacional passou a acumular em 2012 outras funções, como a responsabilidade pelo Plano Nacional do Livro e Leitura, cujo orçamento é de R$ 373 milhões - mais que o dobro do orçamento da própria Fundação. A crítica dos especialistas da área é que a Fundação não tem capacidade para realizar essa tarefa, deixando em segundo plano a Biblioteca Nacional, cuja zeladoria é sua função precípua. Oficialmente, a Fundação diz que todos os projetos que administra já foram ao menos iniciados e que os problemas da sede da Biblioteca não estão relacionados com o aumento de tarefas da instituição. No entanto, como não é possível acompanhar a execução dos projetos, pois o site do Plano Nacional do Livro e Leitura não é atualizado desde 2011, resta somente a constatação de que os programas tocados pela Fundação enfrentam atrasos. Ademais, a própria ministra da Cultura, Marta Suplicy, observou o óbvio - que a Fundação não é a instituição adequada para administrar o Plano Nacional do Livro e Leitura - e pretende rever essa atribuição. São erros desse tipo que denunciam a desorientação burocrática do atual governo, cada vez mais inchado para atender a interesses políticos.
No caso da Biblioteca Nacional, porém, trata-se de mais um entre tantos erros administrativos cujas consequências, de tão maléficas, são difíceis de medir. Por essa razão, o processo de degradação dessa instituição, responsável pela guarda de um acervo tão importante de documentos e que simboliza como poucas a pretensão do Brasil de ocupar um lugar no mundo civilizado, deve ser imediatamente interrompido.
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