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05 junho 2012

Leasing

Postamos que Iasb e Fasb estão chegando a um acordo sobre a normatização do leasing. A evidenciação do leasing sempre despertou uma forte oposição política por parte do setor. A possibilidade de aprovação da nova norma já suscitou uma reação do legislativo dos Estados Unidos.

Dena Aubin (FASB under political heat from Congress over lease accounting, Reuters, 29 de maio de 2012) apresenta os detalhes desta oposição. Sessenta membros do congresso, liderados pelo democrata Brad Sherman e pelo republicano John Campbell, escreveram e assinaram um documento contrário a evidenciação do leasing nos balanços.

Entre os argumentos usados, um estudo que diz que as mudanças poderão destruir mais de 3,3 milhões de empregos (ou 190 mil na pior das hipóteses), com influencia sobre a economia dos Estados Unidos que varia entre 27,5 bilhões a 478,6 bilhões de dólares por ano. Este estudo parte do suposto que a evidenciação do leasing irá aumentar o custo do dinheiro ao apresentar um balanço mais arriscado. Por conta disto, as empresas irão cortar empregos e investimentos.

O estudo parte da suposição de que os analistas ignoram a existência de leasing nas empresas que não o reconhecem no balanço. No entanto, vários analistas já fazem ajustes nas demonstrações contábeis para considerar este fator. Outro aspecto contrário a manutenção do status quo é que no mercado eficiente as informações já estão incorporadas ao preço. Assim, a evidenciação, por si só, não produziria efeitos. Na realidade, a proposta do Fasb e do Iasb poderá permitir uma evidenciação mais adequada para os analistas, reduzindo a incerteza e, consequentemente, o custo do capital.

O Congresso dos Estados Unidos possui um histórico de tentar influenciar na contabilidade. Na crise de 2008 ocorreu uma pressão contra a marcação a mercado do bancos, que forçou o relaxamento das normas pelo Fasb. Em 2003 mais uma oposição, agora ao reconhecimento da remuneração através das opções como uma despesa. Aqui, a posição contábil prevaleceu.

Um recuo do Fasb na norma do leasing pode ser desastroso politicamente. As conversas com o Iasb no sentido de caminhar para a convergência inclui a necessidade de que os projetos comuns, em discussão pelas duas entidades, sejam aprovados por ambos. Assim, a interferência na norma do leasing poderá ter como consequência um problema com o próprio acordo de Norwalk.

Cruzeiro do Sul


Fato: O Banco Central decretou intervenção no Banco Cruzeiro do Sul. O Fundo Garantidor de Crédito, na figura de um dos seus diretores,  foi designado como administrador temporário da instituição. Parece que o FGC não pretende devolver o banco para os controladores, mas vendê-lo após o saneamento. No comunicado do Banco Central alega-se “insubsistência em itens do ativo”, avaliadas em até 1,3 bilhão de reais.

Primeiras providências: A Price foi contratada para “avaliar os números do banco”.  Esta Due Diligence deverá demorar dois meses. As ações foram suspensas na bolsa de valores. A renegociação das ações poderá demorar até três meses.

Histórico: o banco foi fundado (ou comprado) em 1993 e atualmente é comandado pelo filho, Luis Otávio. Este, por sua vez, é presença constante nas colunas sociais. A família foi afastada da direção do banco.

Na última informação contábil o banco apresentou um prejuízo. A liquidez no passado foi garantida com a venda de títulos nos mercados mundiais, mas a crise financeira reduziu esta possibilidade.

O banco possui poucas agências e teve seu rating rebaixado em março pela Moody´s. Por ser um banco pequenos, alguns analistas acreditam que a influencia será reduzida.

E a contabilidade? – Em geral quando existe a intervenção numa instituição financeira há grande probabilidade de fraude contábil. Até o momento não se sabe da existência de problemas na contabilidade do banco Cruzeiro do Sul, mas a Polícia Federal já está investigando o assunto. O FGC levantará um balanço especial para mostrar a situação atual da instituição.
Mas algumas informações já comentam sobre uma fraudeparecida com a do Panamericano, que produziu um patrimônio líquido negativo de 150 milhões.

Nos últimos meses a instituição já era notícia, com problemas nos pareceres dos auditores, acusações de desvios e investigações, problemas com a massa falida do BancoSantos, republicação de balanços. Com respeito a questão contábil da instituição, a notícia mais detalhada é esta:

Em prática que alguns concorrentes apelidaram de "contabilidade criativa", o Cruzeiro tem por costume manter as operações de crédito que gera em fundos de direitos creditórios que são detidos pela instituição. Quase 100% dos R$ 8 bilhões de ativos de crédito que o banco possui hoje estão em fundos. É justamente sobre isso que as autoridades começaram a se debruçar para entender melhor as operações tão incomuns no mercado.
Dentro desse fundos, o Banco Central chegou a detectar que as provisões para créditos duvidosos não vinham sendo feitas de forma tão rigorosa quanto deveriam caso estivessem diretamente dentro do banco. Em meio a isso, o Banco Central começou a cobrar de diversos bancos no ano passado um provisionamento mais minucioso dos bancos, incluindo o Cruzeiro do Sul.
Somado a isso, o banco dos Indio da Costa ainda enfrentou no ano passado um cenário bastante difícil para as captações de recursos no exterior, que representam 25% do seu "funding", com R$ 2,89 bilhões.
Outra importante fonte de recursos, a emissão de Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE), teve suas regras alteradas pelo governo no ano passado, o que apertou essa opção de "funding". A emissão desse tipo de título tem de ser reduzida até ser extinta em 2016. O Cruzeiro vendeu a investidores R$ 2,28 bilhões dessa modalidade de papel.
Para agravar sua situação financeira, a partir deste ano, o Banco Central impediu que os bancos reconhecessem de uma só vez o resultado da venda de carteiras de créditos em que o banco desse a garantia das operações. Agora, o lucro dessas transações tem de ser reconhecido ao longo da vida da própria carteira, incorporando as perdas que o banco terá com inadimplência e pagamentos antecipados.

Starbucks e Finanças Comportamentais

A rede de cafés Starbucks é responsável por colocar 4 bilhões de copos de papel no mundo a cada ano. Diante do problema potencial para o ambiente, a empresa adotou uma política de cobrar pelo copo de papel usado pelo cliente.

Segundo Marc Gunther esta abordagem é falha: se o objetivo é salvar as árvores, a empresa não deveria dar desconto para quem traz seu copo de casa, mas cobrar para aqueles que não trazem. A empresa afirma na sua página:

Junte-se ao movimento. Traga um copo reutilizável e ganhe um desconto de 10 centavos em qualquer bebida Starbucks.

Suponha que um café custe $1,60; se levo o copo irei pagar $1,50. A proposta de Gunther é definir o preço como sendo $1,50 e cobrar $0,10 pelo copo de papel.

Aparentemente isto não altera muita coisa. Mas para as finanças comportamentais sim. Isto é conhecido como “aversão a perdas”. Este conceito indica que as pessoas preferem não perder (valor de dez centavos para cada copo) a obter ganhos.

Admitindo que a empresa Starbucks conheça como trabalha a aversão a perdas, qual a razão da empresa não usar esta abordagem?, pergunta Gunther. Para Gunther, a empresa sabe que isto vai funcionar.

Segundo um porta voz da empresa, a Starbucks não quer penalizar que não trouxer seu copo. Estes clientes poderiam interpretar mal o adicional cobrado.

Notas Explicativas

Uma constatação antiga das demonstrações contábeis é o aumento substancial do número de páginas. Cada vez mais, as informações divulgadas apresentam mais informação, num número maior de páginas. A principal causa disto são as notas explicativas, que ficaram mais detalhadas.

Entretanto, o maior detalhamento não significa melhoria na qualidade da informação. Isto significa que o usuário da informação teria, pelo menos teoricamente, que consumir mais tempo lendo das demonstrações contábeis. Este fato, quando aliado ao fato de que muitas notas explicativas são desnecessárias e confusas demais, faz com que cresça a frustração com a evidenciação contábil.

Um dos problemas com as notas explicativas é a tendência a reproduzir o que foi informado no passado. Se nas demonstrações contábeis do exercício anterior certo item foi destaque, a tendência das empresas é repetir, com algumas alterações, o que foi divulgado anteriormente.

A presidenta do FASB, entidade que regula as normas contábeis dos Estados Unidos para as empresas de capital aberto, acrescenta outro aspecto: a ordem com que as notas são apresentadas. A ordem de apresentação segue, aproximadamente, a ordem com que a conta aparece nas demonstrações contábeis. Isto talvez não seja a maneira mais didática, segundo Leslie Seidman.

Para ler mais:
FASB nearing release of invitation to comment on disclosure framework - KEN TYSIAC – JOURNAL OF ACCOUNTANCY – 17 DE MAIO DE 2012

Cobrança da TAC é abusiva


Cobrança da TAC é abusiva
Autor(es): » FLÁVIA MAIA
Correio Braziliense - 04/06/2012

Os Procons de todo o país uniformizaram o entendimento sobre a ilegalidade da Tarifa de Abertura de Cadastro (TAC) cobrada por bancos e financeiras na hora de se obter um empréstimo.

O pagamento da taxa—que pode variar de R$ 800 a R$ 1.300—estava ancorado em uma resolução do Banco Central do Brasil (Bacen) que prevê a possibilidade de cobrança para a realização de cadastro e pesquisa sobre os clientes.

Porém, na semana passada, durante o 11º Congresso Brasileiro de Direitos do Consumidor, os órgãos de defesa entenderam que uma norma do Bacen não pode estar acima do Código de Defesa do Consumidor e que, portanto, a TAC era abusiva, uma vez que prejudicava os clientes.Dessa forma, os consumidores devem negar o pagamento e, se já pagaram, pedir o reembolso.

A presidente da Associação Brasileira de Procons, Gisela SimonaViana, explica que as entidades tomarama posição pela ilegalidade porque entendem que a taxa paga pelo cliente para fazer um cadastro é bom para o banco, não para o consumidor, já que os dados são utilizados para diminuição do risco da instituição financeira. "


O Código de Defesa do Consumidor determina que o cliente pague por um serviço prestado a ele. No caso do cadastro, é um serviço prestado ao banco. Temos uma vantagem excessiva do fornecedor, o que é considerado ilegal." (Leia o que diz a lei). Antes mesmo da decisão da Associação dos Procons, muitos consumidores que questionaram o pagamento da tarifa conseguiram reaver o dinheiro por meio dos órgãos de defesa ou do Judiciário. Um Termo de Ajuste e Conduta conduzido pelos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro e de São Paulo chegou a determinar que o cliente pagasse essa tarifa somente no primeiro empréstimo adquirido.

No Distrito Federal, de acordo com Luiz Cláudio da Costa, vice-diretor-geral do Procon- DF, a prática de devolver a tarifa ao consumidor era comum antes mesmo das outras entidades aderirem a essa postura. "O estorno ao cliente é quase imediato, demora de um a dois dias, porque se o fornecedor não restituir a quantia será punido."

Ressarcimento

O consumidor que pagou a quantia pode reaver a dinheiro independentemente da época em que ela foi paga. A presidente do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon), Clarissa Costa de Lima, ensina que, primeiro, o cliente deve procurar o banco ou a financeira e pedir a restituição. Caso haja uma negação, ele deve fazer uma reclamação no Banco Central e procurar o Procon. Se não ficar satisfeito, pode recorrer à Justiça. "Antes de entrar em um financiamento, o consumidor brasileiro precisa ter o hábito de ler bem os contratos e de ver o que é legal ou não", orienta.

Para conseguir o ressarcimento da tarifa, o consumidor deve ter em mãos a documentação pessoal e as provas do pagamento, tanto a original quanto a cópia. Porém, algumas financeiras têm o hábito de entregar somente o boleto e não o contrato.


(...) De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Procons, Gisela Simona Viana, o consumidor prejudicado pode requerer o valor integral pago com as correções monetárias ou, então, pedir a quantia em dobro. "O Código de Defesa do Consumidor entende que se a cobrança é abusiva o cliente tem que ser ressarcido em dobro.

Porém, no caso da TAC, cabe o entendimento mais equilibrado de engano justificável, uma vez que os bancos cobraram porque havia uma resolução do Bacen", pondera.

O Correio entrou em contato com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que não se pronunciou sobre o assunto.

Auditoria

Veja a seguinte notícia


O mercado de auditoria nacional não tem agradado os empresários brasileiros. Segundo um levantamento realizado pela Grant Thornton International [1], 82% dos entrevistados do Brasil acreditam que é necessário ter maior diversidade no setor. O indicador é superior a média nacional [2], que é de 63%.

(...)Além disso, para 88% dos brasileiros, a confiança do mercado aumentaria se as grandes companhias públicas [3] fossem auditadas por duas firmas ao invés de apenas uma. Opinião semelhante a dos líderes vietnamitas (94%), chilenos e tailandeses (86%), peruanos (84%) e indianos (77%).

Os dados indicam ainda que um em cada seis empresários no Brasil acredita que deve haver uma separação entre o serviço de consultoria e auditoria, o maior percentual entre todas as economias pesquisadas.

[1] A empresa é interessada na questão. Ou seja, a pesquisa possui um viés forte por sua origem.
[2] Deve ser "internacional"
[3] Provavelmente foi um problema de tradução. Deve ser "empresas de capital aberto".

04 junho 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Estado de S Paulo, 1 jun 2012, D4

Colômbia 2

Sobre a postagem da Ecopetrol, que publicamos no dia 24 de maio, eis o publicado no Valor:

O valor da Ecopetrol em bolsa é quase igual ao da Petrobras, apesar de ter menos reservas de petróleo e gás, menos caixa e um patrimônio sete vezes menor que o da brasileira. Mesmo assim, o lucro operacional das duas no primeiro trimestre ficou muito próximo: o da Petrobras foi de US$ 6,7 bilhões e o da Ecopetrol, de US$ 4,2 bilhões.


Um administrador de fundos globais classificou esse desempenho como "uma vergonha". Quando questionado sobre de quem é a culpa, a resposta foi imediata: "do acionista controlador, lógico".

Petrobras controla preços e perde valor - Seg, 28 de Maio de 2012 - Valor Econômico - Por Claudia Schüffner e Nelson Niero

Facebook

O gráfico mostra o comportamento das ações do Facebook em cinco dias de negociação. Em vermelho o comportamento da bolsa, para fins de comparação.

Imóveis 2

Ainda sobre o mesmo assunto:

Os valores dos aluguéis estão em alta. Vale a pena investir num imóvel residencial para receber o rendimento mensal da locação?

Só vale a pena se o valor mensal do aluguel corresponder a, no mínimo, 0,6% do preço do imóvel (algo como 7,5% ao ano). Esse é um rendimento equivalente ao da poupança e pode ser superior ao dos fundos DI se a taxa Selic cair para 8% ao ano, como esperam muitos economistas.


O aluguel pode ser considerado um tipo de perpetuidade. Trata-se de um fluxo de caixa vinculado ao valor do imóvel. O que é interessante é que o valor do aluguel pode servir de proxy para obter o valor do imóvel.

Imóveis

Sobre a bolha imobiliária no Brasil, eis o que diz um órgão da imprensa:

Fica claro que o ritmo louco de valorização parece estar perdendo fôlego. Nesse período, a alta foi de 8,4%, número ainda robusto, mas bem menor do que os 13,5% do mesmo período um ano antes.

(A hora é de comprar ou vender? - 29 de Maio de 2012 - Exame - GIULIANA NAPOLITANO, CAROLINA MEYER E FABIANE STEFANO)

O gráfico abaixo, sobre o valor do imóvel em Brasília, parece desmentir isto:
É bem verdade que em outras cidades a variação nos últimos meses realmente reduziu. Veja o caso de Fortaleza:


12º Encontro Brasileiro de Finanças