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19 março 2009

Psicologia do desconto do Caixa

Considere isto. Você caminha para uma loja e compra guloseimas. Quando você tira o seu cartão de crédito, o caixa informa a você que terá um desconto de 2% se você pagar em dinheiro. O que você faz? Se você é um típico consumidor, você ainda usará o seu cartão de crédito. Por que?

(…) 2% é muito pouco para pagar a conveniencia de usar o cartão de crédito. Então você usa o “plástico”.

Mas em lugar de oferecer um desconto em dinheiro, se o caixa falar para você que você irá ter que pagar 2% a mais no valor como uma despesa adicional pelo uso do cartão de crédito? Você deve então escolher pagar em dinheiro. Por que?
A razão é por causa do que os psicólogos comportamentais chamam de framing bias. (...)


B. Venkatesh - Psychology of cash discount - 15/3/2009 - Business Line (The Hindu) - 14

Oposição a Marcação a Mercado

Segundo Tracy Alloway (A mark-to-market history lesson, 13/3/2009), os membros do partido Republicano dos EUA são contrários a marcação a mercado e afirmam que:

Marcação a mercado (valor justo) é a maior causa do desastre financeiro atual. Ele acelerou o declínio do valor do ativo. (...) Ironicamente, a marcação a mercado não é nova. Desde 1930, contadores e reguladores bancários reconheceram a fraqueza inerente da contabilidade marcada a mercado. Datando de 1938, o Federal Reserve recomendou que os princípios contábeis fossem revistos. Presidente Franklin Delano Roosevelt (FDR) usou este conselho e rapidamente repeliu a marcação a mercado.

(...) O Financial Accounting Standards Board (FASB) reintroduziu caprichosamente a marcação a Mercado em 2007 no esforço de crier mais transparencia.


Aqui um hiperlink sobre a marcação durante o governo FDR.

Fonte: aqui

Previsão pela multidão

Sobre o uso do mercado para o processo de previsão, a revista The Economist, em An uncertain future (28/2/2009) discute alguns dos problemas de sua utilização.

No livro O Poder das Multidões, Howe faz uma defesa deste uso. O mesmo ocorre na obra Sabedoria das Multidões, de Surowiecki).

A constatação da revista é que o método não é mainstream dentro das ferramentas gerenciais, apesar das notícias de acurácia. Alguns acreditam que a técnica é complementar a outras existentes na previsão, mas não substitutos. Outras questões estão vinculadas a implantação da metodologia, como a inexistência de pessoas suficientes para “negociar” os contratos, inclusive por desinteresse das pessoas. Algumas empresas encorajam as rivalidades internas e outras oferecem pequenos prêmios. Outra razão apontada para os problemas de uso refere-se a dificuldade que o participante tem em ver os resultados e, por isto, a perda de interesse.

Já a dificuldade dos chefes em aceitar que não especialistas façam palpites sobre assuntos de sua responsabilidade também pode ser considerada. O texto conclui que talvez a maneira de saber como encontrar as soluções para os problemas de uso da técnica seja perguntar aos empregados, usando a previsão de mercado.

Salário do segundo homem mais rico do mundo

Warren E. Buffett, o Segundo homem mais rico do mudo, recebeu 175 mil dólares no ultimo ano pela sua empresa, Berkshire Hathaway. O salário anual do Sr. Buffett permanece em 100 mil dólares, o mesmo valor de 25 anos. (...)

Fonte: Aqui

Promovendo a Universidade através do Blog

A Universidade George Mason parece ter desenvolvido uma vantagem comparativa em blogar. A The Economist e a American Spectator fazem a constatação:

THE ECONOMIST -- Compared to other economics departments, George Mason appears to have developed a comparative advantage in blogging. Lots of top departments produce good research and competition for talent (both new professors and graduate students) is fierce. Anecdotally, it sounds as if George Mason may actually be attracting more quality students and faculty because of the higher profile it gained from blogging.

AMERICAN SPECTATOR -- What is clear, though, is that not only does George Mason have a comparative advantage in blogging, but also that it's to everyone's advantage to have these economists sharing their thoughts in an approachable format. In fact, I'm almost tempted to say that I've learned more reading Marginal Revolution, Econlog, Cafe Hayek, and Overcoming Bias than I did getting a degree in economics from a top-20 university. By maintaining these blogs GMU economists have raised the level of discourse with non-economists from basically zero.


Fonte: Aqui

Sinalização

A certificação da Apimec (CNPI - Certificado Nacional do Profissional de Investimento) atingiu em fevereiro de 2009 a quantidade de 1043 profissionais certificados, sendo que 902 já estão registrados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e aptos a exercer a atividade de analista de valores mobiliários. A Instrução CVM 388 permitiu um período de transição em que o profissional era certificado por experiência, para não travar o mercado. Essa fase foi chamada de "certificação do estoque" e requeria que todos os profissionais já certificados fizessem o enquadramento em conformidade com a instrução, por meio da manutenção de seu cadastro e reafirmando sua adesão ao código de ética. Muitos deles acabaram perdendo sua certificação por não atentarem para a necessidade do enquadramento ou da renovação do cadastro, cuja perda foi considerada irreversível.

Posteriormente, a certificação passou apenas a ser concedida através de exames. De início, a Apimec optou por importar os exames aplicados na Suíça para o programa de certificação do analista internacional, da ACIIA (Association of Certified International Investment Analysts), associação da qual a Apimec é sócia-fundadora.
Como o rigor das provas e do conteúdo programático ser muito amplo, acima dos requerimentos da profissão de analista, a Apimec solicitou e obteve da CVM autorização para flexibilizar a certificação nacional. Para completar o processo, a Apimec fez parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas) para a aplicação de exames on-line que podem ser feitos em diversos locais espalhados pelo Brasil. Essa é uma prática também adotada por outras instituições certificadoras, podendo-se destacar a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), que já atingiu o status de autorregulador na certificação, uma vez que além de certificar, também exerce a supervisão. A Apimec é membro do Conselho de autorregulação da certificação Anbid, o que além de contribuir para a governança da certificação Anbid, é importante para a harmonização das atividades das certificadores, além de trazer a experiência de um processo mais avançado.

O avanço na certificação de analistas
16/3/2009 - Gazeta Mercantil
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Lucy Sousa - Presidente da Apimec Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais))


Será que a forma como está sendo conduzida a certificação dá segurança ao mercado? Certificação on-line pode criar problemas futuros?

18 março 2009

Rir é o melhor remédio

Sua Excelência o Cliente!

No aeroporto o pessoal estava na sala de espera aguardando a chamada para embarcar. Nisso aparece o co-piloto, todo uniformizado, de óculos escuros e de bengala branca, tateando pelo caminho. A atendente da companhia o encaminha até o avião e assim que volta, explica que, apesar dele ser cego, é o melhor co-piloto da companhia.

Alguns minutos depois, chega outro funcionário também uniformizado, de óculos escuros, de bengala branca e amparado por duas aeromoças. A atendente mais uma vez informa que, apesar dele ser cego, é o melhor piloto da empresa e, tanto ele quanto o co-piloto fazem a melhor dupla da companhia.

Todos os passageiros embarcam no avião, preocupados com os pilotos. O comandante avisa que o avião vai levantar vôo e começa a correr pela pista, cada vez com mais velocidade.

Todos os passageiros se olham, suando, com muito medo da situação. O avião vai aumentando a velocidade e nada de levantar vôo. A pista está quase acabando e nada do avião sair do chão. Todos começam ficar cada vez mais preocupados.

O avião correndo e a pista acabando. O desespero toma conta de todo mundo.

Começa uma gritaria histérica no avião. Nesse exato momento o avião decola, ganhando o céu e subindo suavemente.

O piloto vira para o co-piloto e diz:

-Se algum dia o pessoal não gritar, a gente tá ferrado !

MORAL DA HISTÓRIA:

OUVIR OS CLIENTES É FUNDAMENTAL!!!


Enviado por Matias

Links

Explicação sobre a crise de crédito

Como escrever um artigo

Por que os testes não paramétricos não são populares?]

Liquidez: diferentes significados

EBITDA Lucro Antes de Juros, Depreciação e Enrolação: Caso GE

Sobre a validade das Normas Internacionais para as PME

CVM coloca em audiência pública minuta de instrução sobre a obrigatoriedade de envio pelas companhias abertas das suas escriturações mercantis ao Sistema Público de Escrituração Digital – SPED


O seguro do patrimônio da Petrobras

Celular contribuiu para redução do consumo de cigarros

Você é bom em geografia? Então faça este teste

Pesquisa

Na última pesquisa foi perguntado se o leitor do blog olha as demonstrações contábeis da empresa quando compra um automóvel. Sendo um investimento de elevado valor, com vida útil prolongada, seria de esperar que a decisão fosse tomada com cuidado, após muita pesquisa. Para um público leitor do blog, de Contabilidade Financeira, também seria razoável que o mesmo olhasse qual a situação financeira da empresa. Em especial numa situação atual, onde a possibilidade de continuidade é questionável. Entretanto, a grande maioria disse não (18 respostas) ou afirmou que “acompanha as notícias” (12 respostas), o que é um termo, propositalmente muito vago. (Dois leitores afirmaram que olham as demonstrações)

Isto é interessante já que queremos sempre destacar a relevância da contabilidade para o usuário. Além disto, tem sido continuamente defendido no Brasil a necessidade de que as grandes empresas fechadas, incluindo aqui as multinacionais montadoras de automóveis, publiquem suas demonstrações. Mas será mesmo relevante?

Uso de Probabilidade

Uma leitora pergunta : “Oi, gostaria que o sr. citacesse duas situações dentro da contabilidade em que a probabilidade seja considerada indispensável, aguardo sua resposta,”

Pensei em duas situações realmente relevantes.

A primeira, a estimativa da provisão para devedores duvidosos, onde se faz necessário ter uma estimativa da probabilidade default por parte dos clientes.

Uma outra situação é a estimativa do passivo atuarial da empresa. É necessário estimar, por exemplo, qual a probabilidade da estimativa de vida do funcionário/aposentado para determinar o tamanho do passivo.

Destino do Lucro

Questão interessante feita pelo Alvaro Caldas: “como fica a área de “utilização (destinação) do lucro líquido” (SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração Financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997, p. 17) como sendo uma das problemáticas da Administração Financeira? Este problema ainda persiste ou é agora seguido com as possibilidades da Lei 11.638, que alterou a Lei das S/A”

A Lei 11.638 acabou com a conta de Lucros Acumulados. Em minha opinião o problema ainda continua por duas razões. Em primeiro lugar, ainda existem dúvidas sobre a aplicabilidade da Lei para todos os tipos de entidade, em especial as PME, que representam a maioria das entidades. Mas este talvez não seja o melhor ponto da questão. Destaco que apesar do fim da conta de Lucros Acumulados, (1) nada impede que a empresa “acumule” lucros durante o exercício e somente decida sua destinação no final do exercício social. Ou seja, a conta de lucros acumulados poderia continuar existindo ao longo do exercício, para fins internos; (2) a empresa ainda tem que decidir se os lucros irão compor o capital, as reservas ou serão distribuídos. A questão da utilização do lucro líquido, apontada por Sanvicente, está mais próxima de uma das três decisões financeiras: distribuição de dividendos. Esta decisão ainda continua existindo

Espírito Animal

Num artigo recente (A failure to control the animal spirits, Financial Times, 9/3/2009), Robert Shiller, autor famoso da Exuberancia Irracional, faz comentários sobre seu livro mais recente, escrito em parceria com o Nobel de Economia George Akerlof (comprei o livro, mas ainda não terminei de ler).

A idéia é expandir o conceito de Keynes para literatura econômica, em especial a psicologia e economia comportamental.

For example, social psychologists, notably Roger Schank and Robert Abelson, have shown how much stories and storytelling, especially human-interest stories, motivate much of human behaviour. These stories can count for much more than abstract calculation. People's economic moods are largely based on the stories that people tell themselves and tell each other that are related to the economy. (…)

Outro argumento na discussão IFRS x US GAAP

Tenho acompanhado de perto do blog de David Albrecht, que apresenta sempre uma visão crítica da adoção da IFRS nos EUA. Numa postagem recente, Albrecht, em minha opinião, apresentou um argumento pouco convincente.

Para David, para montar um sistema financeiro global é necessário a livre circulação de capitais e, como conseqüência, regras entre os países que sejam razoavelmente equivalentes. Isto inclui a adoção de uma norma contábil única, a IFRS. Entretanto, para David Albrecht, o capital de uma nação deveria ser considerado um recurso estratégico, como um mineral precioso ou as armas do exército. Finalizando seu raciocínio, Albrecht argumenta que:

A minha conclusão é que se você acredita que o capital pode ser considerado um recurso nacional, então você deve apoiar a manutenção do US GAAP. Se você acredita no fluxo livre de capital, então você apóia a IFRS para os EUA.

Lições de Madoff


Uma lição que as pessoas e fundações provavelmente irão tomar com o escândalo Madoff é que em adição a diversificação das suas carteirs entre muitos investimentos (ações, bônus, títulos e caixa) eles também devem diversificar seus investimento entre muitos conselheiros. [mas] isto torna a tarefa de administrar carteiras muito mais difícil e muito menos eficiente. (...)

Outra lição que eu pensão que nós iremos adotar é começar a pesquisar com mais vigor as maçãs podres. (...)

Em nossa pesquisa sobre desonestidade, nos encontramos que quando nós damos as pessoas oportunidade para trambicar, muitas delas trambicam um pouquinho e algumas poucas pessoas fazem muito trambique.


3 irrational lessons from the Bernie Madoff scandal – 13/3/2009

Conselhos

(...) Essa é uma das principais indicações de um estudo preparado pelo pesquisador Wesley Mendes, da Universidade Mackenzie. O levantamento, que valeu ao especialista o prêmio de revelação em finanças do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), considerava inicialmente a composição dos conselhos de 90 empresas que estavam listadas no Novo Mercado, em 2007. E, mais recentemente, incorporou a composição dos conselhos de administração de 403 empresas de capital aberto listadas na BM&F Bovespa.

Um dos pontos que mais que mais chama a atenção no mapeamento, obtido com exclusividade pela Gazeta Mercantil, é a grande concentração de cargos em um número limitado de conselheiros. Trata-se de um grupo de 19 executivos. Geralmente com passagens de destaque na administração federal, ocupam diversos assentos em companhias distintas. Isso, mesmo em um mercado no qual mais de 83% dos conselheiros têm presença em apenas uma empresa de capital aberto.

A lista dos mais influentes conselheiros de administração do País é puxada por Mailson da Nóbrega. O ex-ministro da Fazenda compunha em 2007 o conselho de oito companhias listadas: Abyara, Rodobens, Portobello, Grendene, Arteb, TIM, CSU CardSystem e Banco Pine. "Uma das funções dos conselheiros independentes é a de emprestar seu status para que as companhias acessem recursos do mercado. Isso é muito considerado em empresas que têm em seus conselhos figuras de grande prestígio e trânsito no mercado financeiro e no meio político", diz o pesquisador.

Para Mendes, o fato de um grupo de conselheiros ocupar diversos assentos em diferentes empresas simultaneamente não é um problema em si. Pode significar riscos e vantagens. "A situação traz implícita uma relação de confiança entre as empresas que partilham conselheiros. Há a crença na capacidade que eles têm de transitar no mercado e agregar valor. Pelo lado ruim, há o fato de que coesão demais traz pouca variedade de ideias e pensamentos."

Para Alexandre de Micelli, coordenador do Centro de estudos em Governança Corporativa da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), ter conselheiros em comum pode significar a transferência não apenas de status, mas de problemas. "O conselheiro pode trazer os vícios da estrutura de governança corporativa de uma companhia para outra", critica.

Outra questão que deve ganhar espaço na agenda local de governança é a forma como é composta a remuneração dos administradores das empresas. O objetivo é saber se os valores recebidos são fixos ou têm componentes variáveis. "O relevante da questão é entender que os conselheiros não devem condicionar seu trabalho a questões de curto prazo", diz a coordenadora do núcleo de governança corporativa da Dom Cabral, Elismar Álvares.

Para além da geração de possíveis sinergias, é possível que haja o tráfego de informações entre conselheiros que estão em diversas companhias. "Há uma linha estreita, o que pode significar o uso de informações sigilosas", alerta César Amendolara, sócio do Velloza, Girotto e Lindenbojm. "Esse assunto pode ser estudado na revisão do Novo Mercado."

Grupo de notáveis concentra conselhos
Gazeta Mercantil – 13/3/2009
Finanças & Mercados - Pág. 1)(Luciano Feltrin)


O mistério é a presença do PIOR ministro da fazendo que o país já teve nos conselhos. Qual a razão?

Provisão para tempos ruins 2

A ideia é eliminar o caráter pró-cíclico da atual regulação bancária. Isso faz com que, nos momentos de grande crescimento do crédito, os lucros também cresçam e a alavancagem aumente. Quando é o contrário, os bancos quase deixam de emprestar, como atualmente.

Assim, uma questão em discussão pelos principais bancos centrais é levar os bancos a criar provisões nos períodos de expansão para utilizá-las nos períodos de contração.
(...) Outra questão em debate tem sido a definição do valor de risco de cada operação. A ideia é ter o ciclo econômico completo para avaliar o risco, não apenas pelo período em que ele é menor.

A padronização maior da contabilidade e fiscalização das operações internacionais estão na ordem do dia. Um exemplo são as operações de derivativos de subsidiárias de empresas brasileiras com bancos no exterior que não eram registradas no Brasil. (AM)

Comitê alega momento de estresse e retarda a elevação de capital mínimo
13/3/2009
Valor Econômico

Como avaliar em períodos de crise?

Sabemos que a forma mais adequada para fazer uma avaliação de uma empresa é estimar o fluxo de caixa futuro e trazer a valor presente a partir de uma taxa de desconto que reflita de forma apropriada o risco. Mas o que acontece com o modelo em tempos de crise?

Em primeiro lugar, provavelmente a estimativa do fluxo de caixa futuro tende a ser mais conservadora, seja pelo comportamento previsto da empresa e da economia, seja por aspectos pessoais dos avaliadores. Ou seja, a crise deveria fazer com que os pareceres de avaliação fossem revistos e adequados as novas projeções.

O segundo aspecto é mais curioso e ocorre com a taxa de desconto. Aparentemente o risco está mais elevado. Mas os modelos usados conseguem captar este fato? Considere o modelo do CAPM, que apesar de muito criticado serve como base para muito laudo de avaliação. Por este modelo, a taxa de desconto do fluxo de caixa dos acionistas depende da taxa de juros sem risco, do retorno do mercado e do risco do investimento, mensurado pelo Beta. Como uma das medidas dos governos é a redução na taxa de juros dos seus títulos (que são usadas para medir o retorno do título sem risco), a medida de política econômica tende, a princípio, reduzir a taxa de desconto. E reduzindo a taxa de desconto temos um aumento no valor da empresa. Além disto, o período de euforia terminou e com ele a projeção de crescimento continuado do mercado. A segunda variável – o retorno do mercado – tende a reduzir, o que pode diminuir da taxa de desconto e, novamente, aumentar o valor da empresa. Finalmente sobra a terceira variável do modelo, o risco do investimento ou beta. Entretanto, o modelo do CAPM tem como premissa que a soma dos betas é igual a unidade. Ou seja, a princípio uma crise financeira não afeta o risco.

Mas a análise não é tão simples. Propositalmente falamos do fluxo de caixa dos acionistas. Em situações de crise existe uma tendência a aumentar o custo do financiamento. Aqui podemos ter um efeito, decorrente do aumento do custo do capital de terceiros.

Em resumo temos que a avaliação de uma empresa depende de duas variáveis: o fluxo de caixa e a taxa de desconto. Na crise, o fluxo de caixa previsto tende a reduzir, mas pode ser que o efeito na taxa de desconto seja uma redução. Com isto, não necessariamente os modelos de avaliação consigam traduzir os efeitos da crise sobre os números dos analistas.

Existe outro fator relevante que é o aumento considerável na probabilidade de falência ou concordata, o que afeta muito os valores. (Mas o modelo do CAPM novamente não é bom em captar isto, pois geralmente são construídos a partir de uma amostra de empresas sobreviventes. Isto é chamado de viés de sobrevivência, já que não considera a possibilidade de problemas com as empresas).

Uma alternativa possível é usar o modelo de forma geral e considerar ao final uma probabilidade de sobrevivência. Seria algo parecido com o que Gitman denomina de equivalente certeza. Murphy, em How do you value British banks? (9/3/2009) usa este modelo para os bancos britânicos. Talvez seja uma alternative. Talvez.

Aversão a Perda e Trânsito

É interessante notar que alguns conceitos de finanças comportamentais estão sendo usados em engenharia de transito. Se duas pessoas fazem um determinado trajeto em 30 minutos, o sentimento de ganho ou perda de tempo no trânsito estará associado a sua referência. Se uma das pessoas tem como parâmetro um trajeto de 20 minutos, haverá um sentimento de perda. Se o outro estiver acostumado com um tempo de 40 minutos, acontecerá o sentimento de ganho. Veja mais aqui

Reapresentação das demonstrações

O número de empresas nos EUA que apresentaram novamente as demonstrações contábeis caiu nos EUA no ano de 2008, informa a revista CFO (The State of Restatements: Sharply Falling, Stephen Taub, 10/3/2009). Baseado na pesquisa da Audit Analytics, o número foi de 869 em 2008 versus 1235 em 2007. Este é o menor número desde 2003, um ano após a Sarbox. Além da redução do número, também diminuiu o valor médio envolvido (6,1 milhões de dólares, versus 22,5 milhões em 2006, por exemplo).

Frases sobre Crise e contabilidade

“Se o investidor conhecesse aqueles ativos [instrumentos fora de balanço] (e sua riqueza declinante) eles poderiam avaliar os bancos diferentemente. E talvez a bolha não tivesse ocorrido”

Wayne Landsman, professor de Contabilidade, University of North Carolina.

Segundo Landsman, para mitigar os efeitos ciclicos não é necessário mudar os padrões contábeis mas melhorar os regulamentos bancários.

Fonte: Fair value accounting could have helped avert financial crisis: Prof - Teh Hooi Ling – 9/3/2009 - Business Times Singapore

Particularmente não conheço o professor, mas no mesmo dia uma carta direcionada ao Wall Street Journal, assinada por Harry Wolk (este sim, autor de Accounting Theory, Sage, 7a. edição), Drake University, afirma:

Entretanto, o problema, como Mr. Wallison observa, é que o valor justo não significa uma liquidação imediata. A teoria do valor justo não foi desenvolvida com esta finalidade.

Letters to the Editor - Economy Slides as We Argue Over Asset Valuation – 9/3/2009 - The Wall Street Journal
- A18

Já que a postagem é sobre frases, mas uma, de Ben Bernanke:

"Eu não apoiarei nenhuma suspensão de marcação a mercado", disse Bernanke ao Conselho de Relações Exteriores após ter feito um discurso sobre regulação financeira.
Bernanke: marcação a mercado não deve ser suspensa – 10/3/2009 - Reuters Focus - Alister Bull