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27 maio 2013

Pesquisa Contábil Brasileira: Uma Análise Filosófica


Rodrigo Dias Gomes
O contexto atual da pesquisa contábil e algumas de suas patologias foi o tema da tese doutorado do pesquisador Eric Aversari Martins, apresentada ao Departamento de Contabilidade e Atuária (EAC) da FEA. O trabalho "Pesquisa Contábil Brasileira: Uma Análise Filosófica", orientado pelo professor Luiz Nelson Guedes de Carvalho, fez uma reflexão sobre as mudanças ocorridas na pesquisa em Contabilidade nas últimas décadas, e a dicotomia entre a pesquisa positiva e normativa.

Eric é graduado em Ciências Contábeis pela FEA, com doutorado em Controladoria e Contabilidade. Atualmente, é professor do Ínsper. Ele é filho de Eliseu Martins, professor emérito da faculdade. Em entrevista ao Portal da FEA, ele explicou algumas questões fundamentais para a compreensão da tese.

Qual o ponto central da sua pesquisa, que você julga ser a questão principal?

O ponto central foi buscar entender o processo de mudança de paradigma que a pesquisa contábil feita no Brasil sofreu entre o final da década de 90 e o início do século 21, e quais os efeitos dessa alteração quanto a qualidade e utilidade. Nascida normativa, por volta da década de 60 e 70, ela era fundamentalmente voltada para a prática contábil, para a avaliação e solução de problemas reais das empresas, do sistema normatizador contábil brasileiro e do então incipiente mercado financeiro. Em meados da década de 90 ela passa a adotar uma postura de descrever e explicar a realidade, buscando obter relações entre dados contábeis e variáveis econômicas.

Qual a diferença da pesquisa positiva para a normativa?

A pesquisa positiva trabalha, a posteriori dos fatos, buscando a descrição e a explicação de eventos ocorridos, com isenção de valores e julgamentos nas suas conclusões. Ela tem como objetivo mostrar como as coisas do mundo se comportam e quais as relações entre elas. Nesse sentido, ela é calcada nos mesmos princípios atualmente aplicados nas ciências duras, e é fortemente influenciada pelo positivismo lógico desenvolvido pelo Círculo de Viena e sedimentado por Karl Popper. Já a pesquisa normativa busca intervir no mundo, melhorar práticas, propor mudanças. Assim, ela age a priori dos fatos, buscando prescrever ações. E essa prescrição de comportamento depende daquilo que o pesquisador entende como sendo melhor, como sendo bom. Isso envolve julgamentos de valor que não podem ser comprovados ou refutados, pois são subjetivos e, em última instância, individuais.

No seu entendimento, a pesquisa positiva é mais importante que a pesquisa normativa?

Não. A ideia da hierarquização daquilo que é positivo sobre o que é normativo é influenciada fortemente pelo pensamento do positivismo lógico. Antes do Círculo de Viena essa separação já existia. David Hume, Neville Keynes e Marx Weber são exemplos de pensadores que trataram dessa questão, mas nunca colocaram uma forma de fazer pesquisa como sendo mais importante, melhor ou mais relevante do que a outra. Quando se fala em pesquisa em um campo como a contabilidade, social e aplicada, ambas as formas possuem papéis igualmente relevantes no mundo. Na pesquisa contábil elas possuem uma relação íntima. A pesquisa positiva evidencia mais claramente os efeitos daquilo que a pesquisa normativa gera quando suas propostas são postas em prática, comprovando ou refutando a adequação das ações prescritas. Com isso, novos argumentos podem ser obtidos para fundamentar novas pesquisas normativas, que poderão gerar outros testes positivos que poderão subsidiar outras propostas normativas e assim por diante. Mais importante do que a pesquisa ser positiva ou normativa, é a pesquisa ser bem feita ou mal feita.
Como você enxerga essa transição da pesquisa normativa para positiva?
A transição da pesquisa normativa para a positiva é fruto de um processo de mudança que nasce com inquietações de alguns professores do departamento de contabilidade da FEAUSP preocupados com o problema da ausência de metodologia de pesquisa e de métodos quantitativos, que se inicia em meados da década de 80 e vai até meados da década de 90.

Quem são os grandes responsáveis?

O mais importante nome dessa primeira fase foi o Prof. Sérgio de Iudícibus, que começou a trazer a utilização de métodos quantitativos para a pesquisa contábil brasileira, aplicando-os na solução de problemas práticos, principalmente na área de custos, desenvolvendo o conceito de Contabilometria e criando uma disciplina que trouxe os principais aspectos da pesquisa positiva norte-americana, onde ela já estava se sedimentando. Essa inquietação leva, já em meados de 90, a outro fato importante: a contratação do Prof. Gilberto Martins pelo departamento de contabilidade da FEAUSP, que introduz a metodologia científica mais voltada para trabalhos teórico-empíricos não normativos. Por fim, já no início do século 21, a contratação do Prof. Alexsandro Broedel, um dos pioneiros na área de pesquisa positiva no Brasil, foi extremamente relevante, pois sua atuação tanto na realização de relevantes pesquisas quanto no ensino auxiliou na sedimentação de uma nova forma de se fazer pesquisa contábil que ainda era quase que desconhecida no Brasil.

A que outros fatores pode ser atribuído esse processo?

Dois fatores ambientais geraram solo fértil para a disseminação da pesquisa positiva: o primeiro foi que em 2001 a CAPES avaliou todos os programas de pós-graduação em contabilidade com a nota mínima, 3, e o principal problema era a ausência de publicações científicas. Como a contabilidade não possuía periódicos científicos próprios, a pesquisa positiva contábil foi muito útil para aumentar o volume de publicação dos artigos, que tinham que ser enviados a periódicos das áreas de administração e economia, já também sedimentadas ao redor da pesquisa positiva. O segundo fator: no ano 2000 começou um boom de programas de pós-graduação em contabilidade no país, indo de 4 em 1998 para 18 em 2009. E a população de doutores desses cursos era formada metade por contadores e a outra parte por oriundos da administração e economia, também já fortemente voltados para a pesquisa positiva derivada dessas áreas. O surgimento da pesquisa positiva acabou por matar a pesquisa normativa, que passou a ser rejeitada nos meios acadêmicos da contabilidade, quase que totalmente suplantada por essa nova visão.

Em que ponto isso é prejudicial para a prática da contabilidade no país?
O que eu acho que é prejudicial para a prática contábil não é o surgimento da pesquisa positiva no Brasil, mas o tratamento generalizado que tem sido dispensado para a pesquisa normativa pela academia contábil: ela tem sido ignorada e tratada como indesejável. E isso prejudica a prática, pois uma grande massa crítica de pensadores acadêmicos, estudiosos, deixa de pensar em como intervir e melhorar a prática. Deixam de existir discussões formais sobre assuntos importantes da realidade da prática que necessitam de solução; passam a povoar os periódicos, descrições de fatos com pouca ou nenhuma utilidade na prática, a não ser exclusivamente para acadêmicos. Assim, esse exagero de pesquisa positiva não piora a prática, mas a prejudica, pois deixa de auxiliar na sua melhoria.

Você entende que esse é um fenômeno brasileiro ou acredita que ocorre também no âmbito internacional?

Creio que isso é um fenômeno que também ocorre no âmbito internacional. Críticas semelhantes sobre o excesso de pesquisa positiva e sua pouca utilidade na prática podem ser encontradas em periódicos internacionais de primeira linha, assinadas por pesquisadores internacionalmente reconhecidos, como Kaplan, Hopwood, Chua e Holthausen. Mas o movimento de mudança desse panorama já é maior no exterior. Nos Estado Unidos, Europa e Oceania já existem periódicos exclusivamente dedicados a paradigmas de pesquisa que não o positivismo, e a pesquisas não necessariamente positivas.

Em sua opinião, o que pode ser feito para alterar esse quadro?

Eu entendo que os próprios programas de pós-graduação em contabilidade podem passar a não focar exclusivamente em pesquisa positiva e métodos quantitativos, mas incentivarem outras visões. Em 2012, por exemplo, se somados todos os 18 programas de pós-graduação em contabilidade do Brasil, 31 disciplinas de métodos quantitativos eram oferecidas e somente uma de métodos qualitativos. Isso é um sintoma do foco quase que exclusivo na pesquisa positiva. Ainda, os cursos de metodologia precisam deixar de ser meros manuais de como se faz trabalho científico e se aprofundar nas questões filosóficas subjacentes ao processo de geração de conhecimento. Afinal, antes de se fazer pesquisa é necessário entender o que é pesquisa, como é o processo de geração de conhecimento de forma mais ampla e qual a sua função na sociedade. Ainda, também precisam abordar de maneira mais aprofundada a dicotomia positivo-normativo buscando uma visão conciliatória entre essas posições. Temo que se os programas de pós-graduação não começarem a mudar esse panorama no ensino da metodologia e do processo de pesquisa, a situação atual não será alterada.

Você já observa alguma mudança nesse sentido?

Sim. É importante ressaltar que já existem focos de mudança no pensamento sobre a pesquisa contábil. Na própria USP já podem ser vistas atitudes de alguns alunos, professores e da própria coordenação do curso, que buscam outras formas de pesquisa e de conhecimento alheias ao positivo e ao positivismo. Podem ser encontrados raros trabalhos que indicam a necessidade de utilização de novos paradigmas, bem como pesquisas que destes se utilizam. Novas disciplinas voltadas para visões distintas já estão sendo criadas e oferecidas como alternativa à pesquisa qualitativa tradicional. Já há um movimento de mudança, apesar de pequeno. A semente já está lançada, agora ela precisa ser regada. Mas uma coisa precisa ser evitada: um novo paradigma entrar e substituir o outro. O importante é aumentar as possibilidades. Não sou a favor do fim da pesquisa positiva, pelo contrário, mas sim de uma ampliação do pensamento acerca do processo de geração de conhecimento para abraçar visões diferentes, que aceite paradigmas diversos.

18 setembro 2017

Ensino de Teoria na Pós-graduação

Um artigo de Iudícibus, Beuren e Santos sobre a disciplina de Teoria na pós-graduação no Brasil:

Este estudo objetiva analisar como o ensino da Teoria da Contabilidade ocorre nos Programas de Pós-Graduação de Ciências Contábeis do Brasil. Pesquisa com abordagem qualitativa foi realizada a partir da análise de conteúdo dos planos de ensino de 27 cursos. Os resultados mostram que 30 docentes lecionam a disciplina nos programas analisados. A maior parte deles possui livros publicados em outras áreas, poucos possuem livros no escopo da disciplina analisada. A disciplina é obrigatória para a maioria dos cursos de mestrado, enquanto que nos cursos de doutorado apenas alguns possuem uma disciplina específica, geralmente denominada de Teoria Avançada da Contabilidade. Em relação aos conteúdos, o núcleo fundamental da teoria contábil, princípios, postulados e evolução histórica são discutidos na maioria dos cursos. Em volume pouco considerável, assuntos distintos são disseminados nos cursos, inclusive alguns de outras áreas, por exemplo, governança corporativa, contabilidade ambiental, auditoria, ensino da contabilidade. Em alguns programas predomina a abordagem macroeconômica, com viés positivista. Em relação às referências, destacam-se as obras dos autores Iudícibus, Hendriksen e Van Breda, convergindo com pesquisas realizadas em cursos de graduação. Contudo, outros autores se sobressaem, como Watts e Zimmerman, Kam, Most e Scot, além dos pronunciamentos contábeis.

20 junho 2017

Fim do Programa Multi

Em abril de 2018 o programa Multiinstitucional e Interregional de pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN deixará de existir. Conhecido como Programa Multi ou Multi, o programa foi criado em 1999, num momento que os doutores em contabilidade era raros. Num primeiro momento, quatro universidades uniram seus esforços e fizeram uma proposta de abertura do programa de mestrado em contabilidade. A Capes aprovou com desconfiança e as turmas iniciaram suas atividades em Brasília e no Nordeste, sob a batuta do professor Jorge Katsumi.

Em 2006 as quatro universidades submeteram uma proposta de criação do doutorado. Estranhamente, a proposta aparentemente tinha sido aprovada, mas o processo não andava na Capes. UnB, UFPB e UFRN ficaram sabendo, posteriormente, que uma correspondência da UFPE, encaminhada diretamente para Capes, estava travando o processo. As três instituições romperam o acordo, fizeram um novo convênio, sem a UFPE, e uma proposta de um curso de mestrado e doutorado. Estava criado o segundo programa de doutorado em contabilidade do Brasil.

Em 2013, em comum acordo, as instituições optaram por descontinuar o programa, surgindo três novos programas de pós-graduação, em cada uma das instituições de ensino. No período de existência, o Multi formou 48 novos doutores em contabilidade e 313 mestres. O número de doutores deve aumentar, já que existem um potencial de 15 doutorandos em processo de elaboração de tese. O número de mestres é definitivo.

Mestrado - Das 313 dissertação, 136 foram defendidas no núcleo Brasília e 177 no Nordeste. Com três linhas de pesquisa, o número de defesas estão distribuídos de forma equitativa: 112 dissertação em Contabilidade e Mercado Financeiro; 105 em Contabilidade para Tomada de Decisão; e 96 em Impactos da Contabilidade para sociedade. Os professores Paulo Cavalcante, eu, Dionísio, Lustosa e Aneide e Adilson foram os que mais participaram de bancas examinadoras com 27, 19, 18, 16, 16 e 16, nesta ordem. Eu, Dionísio, Jorge e Lustosa foram os professores com maior número de orientação: 34, 26, 26 e 23. Estes dados são de uma pesquisa de Cecília Alvim, Análise do Programa Multiinstitucional e Interregional de Pós-graduação em Ciências Contábeis da UnB/UFPB/UFRN e sua contribuição para pesquisa em Contabilidade no Brasil, defendida agora na conclusão do curso de graduação. Ela coletou também que dos 313 alunos, 243 trabalham com educação, segundo os dados do Lattes, e 96 trabalham em regime de dedicação exclusiva. Também analisando o Lattes de cada um dos mestres formados no programa, Cecília Alvim identificou que 89 alunos, até o momento, partiram para o doutorado. São números impressionantes, fruto de um sonho que começou a ser realidade em 1999.

Outras pesquisas sobre o tema:

GOMES, R. et al. Um estudo investigativo nas dissertações ... I Congresso UFSC de Iniciação Científica, 2007.
LUCENA, W. et al. O perfil das dissertações do Programa ... Revista Capital Científico, v. 12, n. 2, 2014.
PEDERNEIRAS, M. A ação aglutinadora da ..., Dissertação de Mestrado, 2003
ROCHA, G. Uma análise epistemológica das dissertações ... UnB, 2013.
SANTOS, Nálbia et al. Análise do referencial bibliográfico ... XXXII Anpad, 2009.
SOUZA, S. Uma análise das abordagens epistemológicas ... Dissertação de Mestrado, 2005.

Foto: A primeira defesa de Doutorado (Eliseu Martins, Dionísio, Adilson, eu, Otávio, Ilse, Jorge)

17 setembro 2014

Quarto curso mais procurado

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgaram, no dia 9 de setembro de 2014, os dados do Censo da Educação Superior 2013. O curso de Ciências Contábeis está entre os mais procurados pelos estudantes de graduação e ocupa a quarta colocação no ranking, com 328.031 futuros profissionais.

Em 2013, foram realizadas 7.509.694 matrículas em cursos de nível superior, 7.305.977 em cursos de graduação e 203.717 na pós-graduação. Comparando os resultados de 2012 e 2013, o curso de Ciências Contábeis subiu uma posição na lista de cursos mais procurados, passando da quinta para a quarta colocação, ficando atrás apenas de administração, direito e pedagogia.

Foram 328.031 alunos matriculados em 2013, contra 313.174 no ano anterior. A área contábil sozinha representa quase 5% de todos os cursos de graduação no país, o que significa que um em cada 20 estudantes do nível superior pretende se formar Contador.

A alta procura demonstra ainda o crescimento da profissão contábil, que recentemente atingiu a marca de 500 mil profissionais registrados em todo o Brasil. Os profissionais da Contabilidade paulistas representam quase um terço do total, com 146.152 registros no CRCSP.

O Censo da Educação Superior é publicado anualmente e reúne informações sobre os cursos de graduação e pós-graduação, presenciais e a distância, de todo o país. Os dados foram coletados entre os dias 3 de fevereiro e 15 de maio de 2014 por meio de questionários preenchidos pelas Instituições de Ensino Superior (IES).

O levantamento será utilizado no cálculo dos indicadores de qualidade do MEC, como o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos (IGC). O relatório final do Censo da Educação Superior 2013 será publicado no site do Inep.


Ciências Contábeis é o quarto curso mais procurado, segundo o MEC

Por Comunicação CRCSP – Thiago Benevides
 - (Dica de Alexandre Alcantara, grato)

11 junho 2013

O discreto perfil acadêmico dos economistas

Os impactos positivos motivados por orientações dos economistas brasileiros resultam mais de "think tanks" do que da academia

Os indícios de uma crise econômica brasileira têm incitado analistas a suspeitar da competência de nossos economistas. Embora alguns questionem se economia é uma ciência, não há dúvidas de que ela é ancorada em teorias.

É possível estimar-se a competência de nossos economistas nesse contexto? Há sem dúvida um caminho para isso. Hoje, há bases de dados que permitem medir prestígio público e acadêmico para as diversas áreas do conhecimento.

No primeiro caso, se teria uma medida de visibilidade por meio de exposição na mídia. No segundo, a medida de prestígio seria alcançada pelas publicações em revistas acadêmicas especializadas. É de se esperar que, em ambas as categorias, prestígio tenha uma correlação com competência.

No cenário nacional, já se tem uma surpresa. Ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde os economistas de renome público são também autoridades acadêmicas, no Brasil há uma dicotomia entre os economistas mais dedicados à academia (assim reconhecidos pelo CNPq) e aqueles distinguidos publicamente --são praticamente dois grupos distintos.

A segunda surpresa é que, em ambos os grupos, as publicações acadêmicas são exíguas. A terceira surpresa é que o percentual de economistas nacionais que obtiveram doutorado no exterior sob a supervisão de conceituados acadêmicos é superior aos de todas as demais áreas, alcançando 70%.

O que se pode inferir desses dados? Primeiro, que a contribuição brasileira para o corpo de conhecimento universal em economia é muito baixa. De fato, de acordo com a base Thomson-Reuters, enquanto no cômputo geral de publicações de artigos científicos o Brasil ocupa a 13ª posição, em economia a posição é a 30ª. Em um marco de qualidade e impacto, medido por citações por artigo, a posição é ainda inferior, 42ª.

Essas informações são intrigantes. Elas fazem aflorar dúvidas quanto à aplicação acertada dos conhecimentos da área econômica aos problemas nacionais. Como, porém, deixar de reconhecer dados que falam em favor dos nossos economistas. Um, que os exames de ingresso em instituições nacionais prestigiosas de ensino de economia são muito competitivos, abrindo caminho para alunos de qualidade. E outro, o de que que o ensino em nível de graduação dessas instituições é de boa qualidade.

É difícil se esquivar da impressão de que, no Brasil, há uma linha divisória entre graduação e pós-graduação em economia. Talvez o baixo encanto por produção científica frente à atração que setores não acadêmicos exercem (mercado, consultoria, política e comunicação pública) afastem os economistas de uma pós-graduação árdua, pouco compensadora financeiramente e com baixa exposição pública.

Talvez isso seja parte da explicação pela alta propensão dos egressos da graduação em economia em buscarem doutorado e pós-doutorado no exterior.

Óbvio está que esporadicamente surjam impactos positivos em nossa economia motivados por orientações dos economistas. Porém, é mais provável que essas se encontrem nos "think tanks" do que na academia. Um bem sucedido foi o Plano Real. [Folha de São Paulo]

ROGERIO MENEGHINI, 72, professor aposentado da USP, é coordenador científico do programa SciELO de revistas científicas brasileiras

08 julho 2011

Títulos no Exterior


Nota da Capes sobre reconhecimento de títulos de pós-graduação obtidos em instituições do exterior 
Notícia disponibilizada no Portal www.cmconsultoria.com.br às 09:26 hs.


07/07/2011 - Com relação à audiência pública a ser realizada no dia 7 de julho do corrente ano, no Congresso Nacional, que visa discutir o reconhecimento de diplomas de mestrado e doutorado obtidos em instituições no exterior, a direção da Capes tem a considerar o que se segue:


1. O reconhecimento de títulos de pós-graduação é matéria constitucional que atribui autonomia às universidades brasileiras, sendo ademais regulamentada na LDB e disciplinada pelo CNE, não cabendo, portanto, à Capes interferir nas questões relativas a essa matéria;


2. Por conta dessa determinação legal, até mesmo os bolsistas da Capes, do CNPq e de outras agências de fomento que concluem formação pós-graduada no exterior são obrigados a submeter seus títulos ao reconhecimento das nossas instituições de ensino superior;


3. A posição desta Fundação tem sido, ao longo dos seus 60 anos, a de preservar e fortalecer a autonomia das universidades brasileiras nesta matéria;


4. A direção da Capes, em concordância com a posição das entidades com as quais a agência interage para a execução de suas atividades (vale dizer a Andifes, o Fórum de Pró-Reitores e a Associação Nacional de Pós-Graduandos – ANPG), alerta para o risco de que o reconhecimento de diplomas obtidos em cursos oferecidos no exterior fora dos procedimentos e parâmetros da avaliação da Capes poderá comprometer, irremediavelmente, 60 anos de construção e estruturação de um Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) que hoje constitui-se em um verdadeiro patrimônio da sociedade brasileira e merecedor do reconhecimento e do respeito tanto em nível nacional quanto internacional;


5. As diversas sociedades científicas específicas que representam as 48 áreas do conhecimento de atuação da Capes como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) estão sendo alertadas para se posicionarem a respeito do assunto a ser tratado na audiência pública acima referida.


Brasília, 6 de julho de 2011


Jorge Almeida Guimarães
Presidente da Capes

23 maio 2012

Capes e CNPq reajustam quatro modalidades de bolsas

O Glauber Barbosa (a quem agradecemos) nos enviou uma publicação da assessoria de ocmunicação Social da Capes afirmando o que segue:

A partir de 1º julho próximo [2012], as bolsas de mestrado e doutorado, pós-doutorado e de iniciação científica, tecnológica e à docência, ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) e pelo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) terão aumento sobre o valor atual. A bolsa de mestrado passa para R$ 1.350, a de doutorado para R$ 2.000, a de pós-doutorado vai a R$ 3.700 e a de iniciação científica a R$ 400.

{...]
A bolsa é um instrumento para viabilizar a execução de projetos científicos, tecnológicos e educacionais nas pesquisas e projetos apoiados pelos ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Na última avaliação trienal realizada pela Capes, registrou-se um crescimento de cerca de 20% no número de cursos de pós-graduação em relação à avaliação anterior. Hoje, são mais de 2.800 cursos de mestrado e 1.700 de doutorado.

Bolsas
Nos últimos quatro anos, a Capes expandiu o Sistema Nacional de Pós-Graduação e aumentou a oferta de bolsas. Em 2008, havia cerca de 40 mil bolsistas no país. Em 2011, foram concedidas 72.071 bolsas de pós-graduação e 30.006 no PIBID, num total de 102.077 Bolsas. Já o CNPq, em todas as modalidades, no mesmo período aumentou de 63 mil para cerca de 81 mil bolsas.

24 julho 2019

Qualis novo

Uma discussão para quem está envolvido em pesquisa (e ensino) foi a mudança no Qualis. O que significa isto? Como isto pode afetar a pesquisa contábil? São perguntas interessantes para serem respondidas.

Tudo começou no início dos anos 2000. Com o crescimento da pós-graduação, o governo entendeu que deveria continuar avaliando os cursos de pós-graduação. Em muitos países, isto é uma tarefa de empresas, mas no Brasil, o governo optou por construir uma avaliação para ajudá-lo na concessão de bolsas de estudos, na destinação de verbas e na autorização de funcionamento dos cursos. Um dos grandes problemas deste processo é como avaliar um curso. Muitas vezes os efeitos da educação só serão notados muitos anos depois. Para resolver isto, a avaliação da pós-graduação utiliza os resultados obtidos pelos cursos. Como geralmente estes resultados são publicados em periódicos ou congressos, esta seria uma escolha natural. A questão era como diferenciar uma pesquisa de boa qualidade de outra de baixa qualidade. Sabendo que as melhores pesquisas são publicadas sob forma de artigos em periódicos de boa fama, o governo estabeleceu que este seria o parâmetro.

No exterior, a qualidade geralmente é medida por uma variável chamada Fator de Impacto. Quando um artigo é muito citado, isto poderia indicar que a pesquisa teve uma influencia e foi importante para a sociedade. Por uma série de razões, há quase vinte anos o governo brasileiro decidiu não usar o Fator de Impacto. Quais eram estas razões? São várias as respostas: muitas áreas não publicavam regularmente, não publicavam em um idioma que fosse relevante em termos de ciência (inglês, geralmente) ou não tinham uma tradição de pesquisa. Para suprir o Fator de Impacto, o governo federal criou uma listagem de periódicos com uma classificação respectiva. No início, um especialista olhava a listagem, consultava alguns colegas e com base no seu conhecimento decidia qual nota dar para cada periódico. O processo era realmente rudimentar, mas com o tempo foi melhorando. Os editores de periódicos passaram a ter uma listagem de tarefas que conduzia uma melhoria na classificação: cadastro em algumas bases, publicação em língua estrangeira, corpo editorial de renome etc.

Existia um grau elevado de subjetividade no processo. Mas dois problemas eram notórios. O primeiro era que cada área da Capes tinha sua análise. Por exemplo, a revista Espacios, originária da Venezuela, era considerada de boa qualidade pela área de Educação e na área de História, recebendo a nota B1, a terceira maior nota de um total de oito. Mas em muitas áreas este periódico tinha nota C, a pior de todas. Além desta incoerência, cada área tinha seu critério de análise. A área de Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo tinha uma regrinha interessante: se alguém publicasse em periódico de outra área, a nota da outra área seria válida, menos um grau. Se um pesquisador de contabilidade publicasse uma pesquisa no Advances in Quantum Chemistry, que possui a classificação B3 na área de Astronomia e Física, o artigo seria considerado como equivalente a um B4, um degrau abaixo do B3. Isto fez com que a área de Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo classificasse um artigo publicado na Science, talvez o periódico de maior prestígio em termos mundiais, como sendo A2. O que é um absurdo.

Além disto, em algumas áreas existia um grande número de periódicos de “alta qualidade” (A1, A2 e B1) e em outras este número era menor. Não tínhamos uma distribuição igualitária. Na área Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo eram 323 periódicos A1, mas 427 na classe B2.

O “novo” Qualis resolveu estes dois problemas. Em primeiro lugar, a avaliação de um periódico será a mesma para qualquer área. Afinal, uma boa ciência é sempre boa independente do assunto tratado. Assim, a publicação na Science será sempre A1 (espera-se). Em segundo lugar, o número de periódicos em cada classe será o mesmo. Aqui temos uma consequência interessante: se um periódico melhorar de qualidade, deve também melhorar sua nota. Mas isto irá fazer com que um periódico melhor classificado seja rebaixado.

Como isto pode afetar a pesquisa contábil? Acredito que o novo Qualis irá fortalecer alguns periódicos, mas penalizar outros. Existe hoje uma tendência de cada IFES, cada programa de pós, ter o "seu" periódico. Isto não faz muito sentido nos dias atuais. Provavelmente os periódicos que possuem o patrocínio de mais de uma entidade sairão fortalecidos.

20 junho 2011

Os ensinamentos dos orientadores de pós-graduação

Por Pedro Correia

Os ensinamentos dos orientadores de pós-graduação via aqui:

Não existe nada mais antigo na pós-graduação que a relação de amor entre orientador e orientado. Mas seria injustiça dizer que os orientadores não exercem um papel fundamental na vida profissional de todo pós-graduando. Pensando nisso, elencamos algumas das lições valiosas ensinadas com todo o amor e paciência:

Meu orientador me ensinou hierarquia:
“É porque eu acho que fica melhor assim e pronto.”

Meu orientador me ensinou sobre antecipação:
“Espera só chegar a sua banca que você vai ver.”

Meu orientador me ensinou a ter paciência:
“Envie o trabalho para o meu e-mail que assim que puder eu corrijo.”

Meu orientador me ensinou responsabilidade:
“Se você não vier ao laboratório todo dia, corto a sua bolsa.”

Meu orientador me ensinou economia:
“Vou passar para você fazer os orçamentos do meu projeto.”

Meu orientador me ensinou redação:
“Isso está muito ruim, é melhor reescrever tudo.”

Meu orientador me ensinou sobre administração do tempo:
“Você tem que terminar esses artigos até amanhã.”

Meu orientador me ensinou didática:
“Preciso que você dê uma aula no meu lugar amanhã.”

Meu orientador me ensinou humildade:
“Um dia você vai saber tanto quanto eu.”

Meu orientador me ensinou sobre dedicação:
“O que é que você faz da meia-noite às seis?”

Meu orientador me ensinou sobre disponibilidade:
“Atendo alunos somente com hora marcada.”

Meu orientador me ensinou a importância do descanso:
“Você consegue terminar os resumos do congresso nesse final de semana?”

Meu orientador me ensinou a compartilhar:
“Vamos colocar os nomes dos meus outros orientados no seu artigo também.”

03 agosto 2013

Qualis Periódicos atualizado para a Avaliação Trienal 2013


Foi publicada no dia 31 de julho a atualização final do "Qualis Periódicos", que será utilizada para fins da Avaliação Trienal 2013 (referente ao período 2010-2012).

A Avaliação Trienal da CAPES, para atribuição de nota aos programas de pós-graduação (PPGs), considera cinco quesitos: Proposta do programa; Corpo Docente; Corpo discente, teses e dissertações; Produção Intelectual e Inserção Social.

O "Qualis Periódicos" é o conjunto de procedimentos utilizado na avaliação do quesito "Produção Intelectual". Foi concebido para atender a esta necessidade específica da avaliação dos programas de pós-graduação, e sua utilização para avaliar individualmente professores e alunos não é adequada.

O "Qualis Periódicos" também não é uma base de indexação, pois contém apenas os periódicos que foram informados como sendo aqueles nos quais foram publicados os artigos dos programas de pós-graduação.

Consulte aqui a relação completa dos periódicos e seus respectivos estratos por área de avaliação.

Publicada por Coordenação de Comunicação Social da Capes
Quinta, 01 de Agosto de 2013 16:06

14 outubro 2011

Produção científica

A produção acadêmica contábil pode ser visualizada de maneira crítica, em um processo de análise que vai de sua concepção, passa pela realização da pesquisa e chega à divulgação dos resultados. O trabalho tem por objetivo analisar a natureza epistemológica de dissertações defendidas e aprovadas em dois dos programas de pós-graduação stricto sensu em ciências contábeis brasileiros. Na coleta de dados foram observadas as características epistemológicas relacionadas às abordagens de pesquisa e metodológica, e aos tipos de estudo, de problema e de causalidade de dissertações defendidas e aprovadas em dois programas de pós-graduação em ciências contábeis brasileiros no período de 2002 a 2008. Conforme achados de pesquisa, epistemologicamente, as pesquisas analisadas não apresentam variação significativa das variáveis pesquisadas, mantendo-se equilibradas quando comparadas a pesquisas do gênero realizadas anteriormente. Por outro lado, percebe-se a tendência preconizada em estudos anteriores de supremacia de estudos de natureza positiva sobre os de natureza normativa.

 PARADIGMAS NA PESQUISA CONTÁBIL NO BRASIL: UM ESTUDO EPISTEMOLÓGICO SOBRE A EVOLUÇÃO NOS TRABALHOS DE PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS - Jomar Miranda Rodrigues, Erivan Ferreira Borges, César Augusto Tibúrcio Silva, Cláudio Moreira Santana - Contexto

07 outubro 2011

Os 100.000 da USP

Em comemoração à marca de 100 mil títulos conferidos em seus programas de pós-graduação, a Universidade de São Paulo (USP) realiza, entre os dias 9 a 11 de outubro, o evento "A Pós-graduação construindo o futuro". A solenidade de abertura das atividades acontecerá no dia 9 de outubro, às 19h, no Memorial da América Latina, no Auditório Simon Bolívar. Palestras, premiações e homenagens estão entre as atrações programadas pela pró-reitoria de pós-graduação da USP.

Acesse a
programação.

Postado por Isabel Sales. Fonte: Aqui.

01 fevereiro 2011

Teste 421

Entre os doutores que atuam na pós-graduação em Contabilidade a maioria concluiram seu doutorado em Contabilidade (USP, principalmente). Três outras áreas também são relevantes na sua contribuição para os cursos de pós-graduação na área contábil: administração, economia e engenharia de produção. Você saberia colocar em ordem de docentes que atuam na pós-graduação de contabilidade estas três áreas?

Resposta do Anterior: JK Rowling, Harry Potter e a Pedra Filosofal. Rio de Janeiro: Rocco, p.89, 2000. (Na primeira versão da postagem coloquei "a autora". Por exclusão seria JK Rowling.

16 julho 2010

Convite

PAINEL


Em comemoração aos 10 anos do Programa Multiisntitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis


“O Desenvolvimento dos Cursos de Pós-Graduação Stricto sensu no Brasil: Evolução, tendências e perspectivas.”

Painelistas: Profª. Dra. Sonia Maria Rodrigues Calado Dias,
(Faculdades Boa Viagem – PE)
Prof. Dr. Jaime Evaldo Fensterseifer,
(Universidade Federal de Caxias do Sul – RS)
Prof. Dr. Tomás de Aquino Guimarães
(Universidade de Brasília – DF)

Dia: 13/08/2010
Local: Auditório Joaquim Nabuco – Prédio da FACE
Universidade de Brasília – UnB, Brasília/DF
Horário: 17 horas
Inscrições: Secretaria de Pós-Graduação, Sala FA B101/1, CCA/UnB

07 julho 2020

Qual é a diferença entre mestrado, doutorado e pós-doutorado?

Saiu na Superinteressante:

Graduação
Aqui é o começo de tudo. Ao sair do ensino médio, o jovem pode prestar vestibular e entrar em uma faculdade. Ele escolhe seu curso de interesse, estuda de quatro a cinco anos (geralmente), apresenta seu trabalho de conclusão de curso (TCC) e sai com uma formação profissional de nível superior. Aqui na Super, por exemplo, temos graduandos e graduados nos cursos de jornalismo e design.

Vale lembrar que, ainda nessa fase, o estudante pode optar por fazer uma iniciação científica (IC). Ela nada mais é do que uma pesquisa acadêmica que tem como objetivo abrir as portas do mundo científico para os novos universitários. Ela pode ser realizada por alunos de qualquer área do conhecimento e, muitas vezes, serve como um guia para aquilo que será desenvolvido no TCC do aluno.

Especialização e MBA
Esses dois tipos de curso entram na classificação de pós-graduação como lato sensu (expressão que significa “em sentido amplo”). Eles costumam ter menor duração e não precisam de autorização prévia do Ministério da Educação (MEC) para funcionar, ou seja, as faculdades não têm obrigação de comunicar o governo para criar novos cursos de especialização e MBA’s. Ambos os cursos exigem diploma de graduação.

[...] mestrado, doutorado e pós-doutorado – entram na classificação de stricto sensu (expressão que significa “em sentido específico”). Nessa categoria, o curso deve ser recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e reconhecido pelo Ministério da Educação. O mestrado configura o aprofundamento da pesquisa. A essa altura, o estudante tem a chance de se expandir na área acadêmica, não ficando apenas na pesquisa, mas também ocupando o lugar de docente, tornando-se professor nas universidades.

O mestrado costuma durar dois anos. O trabalho final é uma dissertação que, ao contrário da monografia, deve contar com uma pesquisa empírica (coleta de dados) e trazer contribuições para a área do conhecimento estudada. Quem termina o mestrado recebe a titulação de mestre.

Para o doutorado, é interessante ter também o domínio de línguas estrangeiras, principalmente o inglês, pois este pode ser um pré-requisito para seguir com a pesquisa. Para receber o título de doutor, o indivíduo deve defender uma tese. Isso significa que o pesquisador deve expor o que ele concluiu após seus estudos a uma banca examinadora, formada por nomes relevantes do universo acadêmico que também dominam aquele tema.
O doutorado no Brasil é equivalente ao PhD nos Estados Unidos e Europa. Salvo algumas diferenças, o processo é basicamente o mesmo: o pesquisador começa o PhD após o mestrado, estuda por quatro ou cinco anos e também deve apresentar uma tese ao final do período.

Pós-Doutorado
No pós-doutorado, o pesquisador não precisa mais defender teses ou escrever dissertações. Na verdade, ele se volta totalmente para a pesquisa e aprofundamento, não recebendo um novo título ao final do período. Nesse momento, o pesquisador se torna o orientador daqueles que estão agora buscando por um mestrado e doutorado.
Por outro lado, o cientista deve mostrar relatórios sobre seus estudos para a instituição que o financia como forma de provar seu trabalho e justificar o investimento. Esses relatórios também podem ser publicados como artigos acadêmicos. Geralmente, o pós-doutorado dura dois anos.

Livre-Docência
Para aqueles que pretendem continuar se especializando após o pós-doutorado ou que já possuem cinco anos de doutorado, é possível tentar o título de livre-docência.
Esse é o grau mais alto que um cientista pode alcançar, e é obtido através de concurso público. O candidato deve realizar uma prova escrita e defender uma tese sobre determinado tema frente a uma banca examinadora. Sendo aprovado, se torna livre-docente.

13 maio 2018

Presença do gênero feminino entre os discentes

Objetivo: apesar de existirem movimentos em direção à igualdade de gêneros quanto ao acesso à educação e às oportunidades no mercado de trabalho, a escassa presença da mulher em profissões que no passado eram, predominantemente, masculinas ainda pode persistir. Assim, este estudo objetiva verificar a presença do gênero feminino entre os discentes dos programas de pós-graduação em Ciências Contábeis do Brasil, no período de 2010 a 2016.

Método: na Plataforma Sucupira, foram selecionados os 26 cursos de mestrado acadêmico, os 5 de mestrado profissional e os 13 de doutorado em Ciências Contábeis credenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e com dados disponíveis para a pesquisa até 2016. Nesses, identificou-se um total de 3.013 discentes ingressantes, 2.058 de mestrado acadêmico, 530 de mestrado profissional e 451 de doutorado.

Resultados: os resultados da pesquisa indicam que o número de discentes do gênero feminino ingressantes nos programas de pós-graduação em Ciências Contábeis no Brasil são inferiores ao de discentes do gênero masculino, no período analisado, com visíveis diferenças regionais.

Contribuições: conclui-se que a presença do gênero feminino entre os discentes dos programas pesquisados tem evoluído, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a igualdade de gêneros, o que é especialmente relevante se for considerado que isso pode se refletir em posteriores oportunidades de trabalho, uma lacuna de pesquisa a ser investigada.


Presença do Gênero Feminino entre os Discentes dos Programas de Pós-Graduação de Ciências Contábeis no Brasil
Daniele Cristina Bernd, Marcielle Anzilago, Ilse Maria Beuren

Fonte: Aqui

10 janeiro 2019

Pesquisa em Contabilidade Pública

"Edição 2019 do Meu Mestrado e Doutorado em Contabilidade Pública"

"Futuros mestrandos e doutorandos podem aprimorar e refletir suas propostas de projeto de pesquisa antes de iniciarem o processo seletivo. Essa é a idéia da inicativa Meu Mestrado e Doutorado (MMD) em Contabilidade Pública. Em sua 3a edição, a iniciativa já ajudou candidatos a entrarem em programas de pós-graduação pelo país, dando a chance de refletirem suas propostas de pesquisa.

Essa é uma inicativa da Série de eventos 'Young Reserchers in Public Sector Accounting', para desenvolvimento de jovens pesquisadores no tema, para que tenha contato com o que tem sido pesquisado na área, teorias e métodos. Se você é um orientador no tema, está convidado a se juntar na avaliação dos projetos. Entre em contato com a coordenação. Se você é um candidato a mestrado e doutorado, veja as condições para submissão da proposta e venha discuti-la conosco. Os debates acontecem totalmente online, participantes de todo país podem apresentar suas propostas

Participar da iniciativa não garante vaga em qualquer programa de pós-graduação, e nem orientador. Vagas e orientadores devem ser vistos no programa de pós-graduação de seu interesse.

Submissões: de 10/01/19 a 30/04/2019
Confirmação dos selecionados e do programa: até 30/05/2019
Debate dos projetos (online): 04 e 05/06/2019 das 10h às 13h.

Link para inscrições e submissão: https://www.even3.com.br/MMD2019
Mais detalhes de submissão em https://bit.ly/2ABH4AZ
Modelo do projeto em: https://bit.ly/2VCiOre

25 agosto 2015

I Prêmio Contador Hugo Rocha Braga

Inscrições abertas para o I Prêmio Contador Hugo Rocha Braga

Contabilistas, professores e alunos de cursos de Ciências Contábeis de todo País podem inscrever seus trabalhos até 14 de setembro

Estão abertas as inscrições de artigos e pesquisas acadêmicas na área da Pericial Contábil para a primeira edição do Prêmio Contador Hugo Rocha Braga. Tendo como público alvo professores e alunos de cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Contábeis, e contabilistas com registro regular no Conselho Regional de Contabilidade, o Prêmio é oferecido pela Associação dos Peritos Judiciais do Estado do Rio de Janeiro (APJERJ). A premiação faz parte da programação do 5º Congresso Nacional de Perícias Judiciais (CONAPE), evento que acontece nos dias 3 e 4 de novembro, no Hotel Rio Othon Palace, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Segundo a presidente da Associação, Nina Verônica Santos do Canto, o Prêmio tem como objetivo o estímulo da produção científica na área da Perícia Contábil, visando o desenvolvimento do conhecimento para futuros peritos contábeis, bem como dos profissionais que já atuam na área.

“Com a realização do Prêmio Contador Hugo Rocha Braga a APJERJ estará contribuindo para o incentivo de pesquisas e produção do saber, permitindo aos peritos contábeis o acesso ao conhecimento produzido por acadêmicos e por especialistas da matéria”, explica.

O vice-presidente de Pesquisa e Estudos Técnicos do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro (CRC-RJ), Francisco José dos Santos Alves, lembra que a outorga vem preencher uma demanda existente nos meios acadêmico e profissional. “Hoje, dentro da área contábil, há poucas opções em termos de trabalhos publicados em periódicos indexados, por isso o Prêmio é importante. A iniciativa vai estimular alunos e professores, da graduação e pós-graduação em Ciências Contábeis a publicarem artigos”, comenta.

O nome do concurso é uma homenagem ao contador Hugo Rocha Braga, falecido no ano passado, que muito contribuiu para a área da perícia contábil no País. Presidente do CRC na década de 80 e professor universitário, Hugo Rocha Braga foi o primeiro contador membro da Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e representante do Conselho Federal de Contabilidade junto à Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), na elaboração de novas normas contábeis mundiais.

Os trabalhos inscritos no Prêmio Contador Hugo Rocha Braga podem ser entregues até o dia 14 de setembro, na sede da APJERJ, à Rua México, 148, 7º andar, grupo 705/708, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Os três primeiros colocados receberão certificados, mais premiação em dinheiro. Mais informações sobre o Prêmio Contador Hugo Rocha Braga, podem ser obtidas em www.congressoconape.com/#!trabalhos-academicos/cyzm

5º Congresso Nacional de Perícias Judiciais

O 5º Congresso Nacional de Perícias Judiciais (CONAPE) será realizado pela APJERJ e a Federação Brasileira das Associações de Peritos, Árbitros, Mediadores e Conciliadores (Febrapam). Durante os dois dias do evento, serão realizadas palestras e painéis de debates que permitirão aos profissionais que atuam em Perícias Judiciais, Extrajudiciais, Arbitragens e Mediações aprimorarem seus conhecimentos.

“Nossa expectativa é receber profissionais de todo o país. Será uma oportunidade de trocar experiências e atualizar os participantes sobre o novo Código de Processo Civil, que entra em vigor em 2016”, explica Jarbas Barsanti, presidente da Comissão Organizadora do Congresso.

As inscrições podem ser feitas em www.congressoconape.com. A programação completa e todos os detalhes do evento também estão disponíveis no portal.


18 setembro 2010

Pós-graduação

(...) a área acadêmica de administração no Brasil poderia ter um destaque mundial muito maior do que tem – mas vários fatores impedem que isso aconteça. (...)

Hoje apresento 3 fatores, semana que vem trago mais.

O jogo dos pontinhos da Capes

Para mim, o fator que mais mediocriza a produção acadêmica brasileira. Toda escola que oferece programa de pós-graduação está sujeita a um sistema de medida elaborado pela Capes para manter seus programas. Entre alguns outros critérios, os professores de cada escola de administração que oferece mestrado e/ou doutorado têm que atingir uma certa média de pontos por pessoa para a escola ser considerada boa. Publicações contam pontos dependendo da qualidade do periódico.

Poxa, até aí tudo ótimo, um sistema de avaliação que dá incentivo para a produtividade. Mas... a lista de publicações é ruim - já houve muitas mudanças ao longo dos últimos 10 anos, desde versões que não incluíam nenhum dos periódicos mais importantes da área (ou seja, se alguém publicasse no melhor periódico da sua área não ganhava nenhum ponto) até versões que dão a mesma pontuação para períodicos bons e medíocres (ou seja, publicar nos melhores, que é muito mais difícil, não vale o esforço). E, mesmo com as médias sendo calculadas a cada 3 anos, as escolas colocam pressões em seus professores para fazer pontos no curto prazo – o que faz com que ninguém queira correr o risco de submeter para os melhores periódicos, já que o ciclo para ter um artigo publicado neles leva de 2 a 5 anos. A consequência? Todo mundo finge que está fazendo algo importante, mas na verdade só está pensando em maximizar os tais pontinhos gerando quantidade (ao invés de qualidade).

Como é no resto do mundo? Na sua grande maioria, os sistemas são elaborados pelas próprias escolas. As melhores geralmente colocam como objetivo publicar 5 ou 6 artigos em 6 anos (dependendo do impacto dos artigos e da escola, esse número pode ser menor). Só vale publicação nos periódicos considerados "A", uma lista ao redor de 6 periódicos por área. Conseguindo-se esse objetivo (junto com objetivos de qualidade de ensino e contribuição à instituição), voce está livre para publicar o que quiser na velocidade que quiser (sistema chamado de "tenure"). Não conseguindo, tem que procurar emprego em outra escola. Os prazos são maiores, os objetivos mais ambiciosos, e depois de alguns anos você conquista liberdade para fazer coisas mais arriscadas. No Brasil, ao contrário, você esta sujeito eternamente aos pontinhos, à obrigação de gerar artigos em certa quantidade, artigos que não estabelecerão diálogo com pesquisadores pelo mundo porque foram publicados no periódico onde era mais rápido conseguir os pontinhos.

Triste, mas verdadeiro.

Em terra de economista, quem administra se estrumbica

Nos EUA, professores de business school ganham pelo menos 50% a mais que professores de economia (salários universitários norte-americanos variam de área para área). As melhores escolas da Europa pagam o mesmo ou mais que nos EUA, para atrair bons professores. Se isso é "certo" ou não sob ponto de vista de criação de valor, eu não sei – mas sempre que vejo economistas tentando ser científicos e errando feio em seus conselhos, acho que faz sentido os administradores ganharem mais.

Já no Brasil, com sua eterna obsessão por fatores macro e sua paixão por "especialistas" fazendo previsões, economistas são reis: tem universidades onde professores de economia ganham o dobro dos de administração. Para alguém terminando o PhD em economia, voltar para o Brasil não significa uma perda de salário – às vezes ganhando até mais do que ganharia nos EUA ou Europa. Já para o PhD em administração, a diferença é grande, geralmente ganhando o dobro fora do país. E para os cursos executivos (geralmente adicionais ao salário normal), as diferenças no valor por hora-aula variam de 4 a 10 vezes – pelo simples fato que vim para os EUA, o valor de minha hora-aula cresceu 5 vezes. Mesma aula, mesmo tipo de alunos.

"Ah, mas no Brasil os salários são mais baixos mesmo". Hmm. Isso não é verdade para os economistas, e não é verdade para recém-MBAs, que atualmente conseguem melhores ofertas no Brasil que no exterior. Banqueiro ganha a mesma coisa no Brasil que nos EUA, consultor ganha mais, diretor ganha a mesma coisa ou mais... por que o professor de administração tem que ganhar metade ou menos?

Relacionado a isso, há também as diferenças de salário num mesmo departamento, que criam problemas ainda maiores – disso falarei mais na semana que vem.

Aulas, aulas, aulas

Um professor nas melhores escolas de administração dos EUA ou Europa tem uma carga horária entre 75 e 120 horas de aula.

Por ano.

No Brasil, mesmo as escolas muito generosas pedem no mínimo mais que o dobro disso. E há casos que chegam a mais de 500 horas/ano.

O que o professor das melhores escolas do mundo faz no resto do tempo? Produz artigos, visita empresas, conversa com executivos, dá palestras, viaja, apresenta idéias, expande as fronteiras do conhecimento. Recicla-se. Planeja com cuidado seus cursos. Sobretudo aprende, para fazer com que seus alunos aprendam mais.

O que o professor no Brasil faz com o que resta do seu tempo? Dá mais aulas, para aumentar seu salário (vide discussão do item anterior). E faz pontinhos para a Capes ficar feliz e os burocratas poderem mostrar a pretensa "pujança" do nosso ambiente acadêmico.


O que há de errado na área acadêmica de Administração no Brasil – Parte 1
Por Paulo Prochno

Devo lembrar que no Brasil a área de contabilidade, na pós-graduação, está dentro da Administração na Capes.

08 setembro 2015

Mestrado e Doutorado em Contabilidade

Você terminou a graduação? Temos aqui uma lista de universidades para você continuar os estudos. *.* Como diz o pessoal do PhD Comics, "melhor que um emprego no mundo real". Ah! E realmente... se eu pudesse viveria pra pequisa. E pois é, ser pesquisador bolsista não é considerado um emprego no Brasil. Mas...! Diz que é bolsista da Capes que muita coisa dá certo na sua vida. Tipo o cara do cinema ficar com pena de você e te deixar entrar de graça, o motorista do ônibus também... ;) Se bem que você não terá tempo para cinema.

Agora falando lindamente sério, segue aí uma lista atualizada com os programas de pós-graduação em contabilidade. Muito bom, não é mesmo? Estamos crescendo! Em 2007 tinhamos apenas 12 cursos, sendo apenas um com mestrado e doutorado.

Temos 28 cursos de mestrado, sendo 5 deles profissionalizante.
Estamos com 11 doutorados, sendo 4 no Sul do país, 4 no Sudeste, 2 no Nordeste e 1 no Centro-Oeste. Espero que logo tenhamos uma lista mais abrangente envolvendo o Norte, que já apresenta um mestrado profissionalizante.

IES: Instituição de Ensino
M: Mestrado
D: Doutorado
F: Mestrado Profissionalizante




PROGRAMA
IES
UF
NOTA
M
D
F
Controladoria e Contabilidade
USP
SP
6
6
-
Ciências Contábeis
UFRJ
RJ
5
4
-
Ciências Contábeis
UNISINOS
RS
5
4
-
Administração e Controladoria
UFC
CE
4
4
-
Ciências Contábeis
UNB
DF
4
4
-
Ciências Contábeis
FUCAPE
ES
4
4
-
Ciências Contábeis
UFPB/J.P.
PB
4
4
-
Contabilidade
UFPR
PR
4
4
-
Ciências Contábeis
FURB
SC
4
4
-
Contabilidade
UFSC
SC
4
4
-
Controladoria e Contabilidade
USP/RP
SP
4
4
-
Ciências Contábeis
UFMG
MG
4
-
-
Ciências Contábeis
UFPE
PE
4
-
-
Ciências Contábeis
UNIFECAP
SP
4
-
-
Contabilidade
UFBA
BA
3
-
-
Ciências Contábeis
UFES
ES
3
-
-
Ciências Contábeis
UFU
MG
3
-
-
Controladoria
UFRPE
PE
3
-
-
Ciências Contábeis
UEM
PR
3
-
-
Contabilidade
UNIOESTE
PR
3
-
-
Ciências Contábeis
UERJ
RJ
3
-
-
Ciências Contábeis
UFRN
RN
3
-
-
Ciências Contábeis e Atuariais
PUC/SP
SP
3
-
-
Governança Corporativa
FMU
SP
-
-
3
Ciências Contábeis
FUCAPE
ES
-
-
5
Contabilidade e Controladoria
UFAM
AM
-
-
3
Administração e Controladoria
UFC
CE
-
-
4
Ciências Contábeis
UPM
SP
-
-
4