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11 março 2013

Campeãs Nacionais

Seis anos após os primeiros aportes de capital, o governo deixou de lado a criação das "campeãs nacionais", atropelado pelo esforço de recuperar o crescimento econômico. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já investiu pelo menos R$ 18 bilhões nessa estratégia, com resultados até agora controversos e distantes do sucesso do modelo coreano que serviu de inspiração.

Levantamento feito pelo Estado com ajuda de especialistas e de fontes do banco estatal identificou sete companhias que receberam ajuda para se tornarem "campeãs nacionais": JBS, Marfrig, Fibria, Oi, LBR, Totvs e Linx. Essas empresas tiveram aportes do BNDES para se fundirem com concorrentes ou para realizar aquisições dentro da lógica de consolidar setores e construir líderes globais.

O pedido de recuperação judicial da Lácteos Brasil (LBR) - que surgiu da fusão entre os laticínios Bom Gosto, do empresário Wilson Zanatta, e Leitbom, da GP Investimentos - elevou o tom das críticas. O BNDES reconheceu um prejuízo próximo aos R$ 700 milhões que investiu, o que ajudou a derrubar o lucro da BNDESPar, braço de investimentos do banco de desenvolvimento.

A aposta do BNDES era que a LBR reunia captação de leite, marcas fortes (Parmalat e Poços de Caldas) e a gestão da GP. Foram essas características que derrubaram as resistências no governo, que já havia se reunido "duas ou três vezes" com a antiga Parmalat, sem se arriscar a entrar no negócio. A LBR, no entanto, não conseguiu agregar valor aos produtos e reduzir a dívida.

O fracasso na LBR serviu para desacreditar o discurso das "campeãs nacionais", que já havia sofrido forte abalo em 2011, quando o BNDES analisou um financiamento para a má sucedida empreitada de Abílio Diniz de fundir Pão de Açúcar e Carrefour, atropelando o sócio Casino. "Essa estratégia de campeãs nacionais é um erro. Não atinge os objetivos de internacionalização e concentra mercado", diz Armando Castelar Pinheiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para os defensores da política, é necessário fortalecer alguns setores para permitir que as empresas enfrentem a concorrência de um mundo globalizado. "É preciso separar o joio do trigo. As políticas públicas não podem apoiar consolidação que defenda poder de mercado, mas têm de apoiar consolidações que visem um posicionamento estratégico", diz David Kupfer, coordenador do grupo de indústria da UFRJ e assessor do BNDES.

Frigoríficos. Os frigoríficos abocanharam 65% dos recursos destinados às campeãs nacionais - R$ 8,1 bilhões para o JBS e R$ 3,6 bilhões para o Marfrig. O JBS é hoje o exemplo mais acabado da estratégia para construir multinacionais verde-amarelas, com um faturamento que saltou de R$ 4 bilhões em 2006, antes do apoio do BNDES, para R$ 62 bilhões em 2011, com 70% da receita vinda do exterior.

O JBS profissionalizou a gestão, está reduzindo seu endividamento e trabalhando para consolidar suas aquisições, mas seus produtos ainda têm pouco valor agregado. A situação do Marfrig é mais complicada. Suas vendas também deram um salto, mas as dívidas são muito altas. A empresa ganhou uma trégua do mercado ao conseguir captar recursos no ano passado.

"A política de campeãs nacionais é ótima só para os acionistas. Não faz sentido a intervenção de um banco público", diz Mansueto de Almeida, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Ele afirma que a estratégia foi usada para justificar o antigo papel do BNDES de "hospital" de empresas.

Na sua opinião, é o caso da Fibria, que surgiu da fusão entre Aracruz e Votorantim Celulose, para evitar que a primeira quebrasse após perdas com derivativos "tóxicos". A empresa conseguiu reduzir as dívidas, mas parou de investir. Criada para ser a "super tele" nacional, a Oi engavetou a internacionalização e enfrenta dificuldades para fazer frente aos investimentos que o mercado brasileiro precisa.

Resultados. Para o BNDES, sua estratégia é de longo prazo e, por isso, o banco não divulga se ganhou ou perdeu dinheiro até agora nessas empresas. "Com exceção da LBR, todas foram um bom negócio. Nossa carteira de ações é 'grávida' de bilhões de reais de lucros", diz uma fonte do banco. Os investimentos do BNDESPar são mais amplos que as "campeãs nacionais" e incluem Vale e Petrobrás.

Segundo essa fonte, "o BNDES não se fecha numa sala e aponta campeões. O fundamento é a construção de competitividade para um padrão de competição global. Não é só empilhar tamanho, mas também construir competência".

Uma avaliação simples da variação das ações mostra que os investidores que apostaram ao mesmo tempo que BNDES ainda não foram remunerados. Cálculo feito por Sérgio Lazzarini e Rogério Monteiro, do Insper, mostra que, desde a entrada do banco estatal, as ações de JBS, Marfrig e Oi caíram, respectivamente, 12%, 44,5% e 17%. Os papéis da Fibria, que se recuperam em 2012, estão estáveis.


A reportagem continua...

Totvs e Linx, as apostas do banco no setor de tecnologia

Totvs e Linx. Essas duas "campeãs nacionais" do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não despertam polêmica. Mesmo na visão de críticos da política industrial do governo, o banco estatal está correto ao apoiar essas empresas a adquirirem rivais e consolidar seu mercado.


"É o lado bom dos investimentos do BNDES. Somos críticos, mas temos que dar o devido valor ao que é feito de correto", diz Rodolfo Amstalden, sócio da casa de análise Empiricus. "Com financiamento barato do banco, essas companhias alavancaram o crescimento."

Totvs e Linx são empresas de tecnologia de informação - ambas líderes em seus segmentos. Fornecedora de software de gestão para indústrias, a Totvs recebeu um aporte de R$ 199 milhões do BNDES, através de subscrição de debêntures em 2008, quando comprou a concorrente Datasul. O banco também concedeu um financiamento de R$ 204,5 milhões para o negócio.

A Linx, que faz software para gestão de empresas de varejo, recebeu dois aportes do BNDES: R$ 50 milhões, quando adquiriu três empresas em dezembro de 2009, e mais R$ 35,8 milhões, para permitir a entrada de um sócio estratégico, o fundo General Atlantic, no fim de 2010. A empresa fez recentemente uma oferta pública de ações (IPO) e o banco estatal é dono de 21,7% da companhia.

"O BNDES olhou para nós quando éramos pequenos e nos deu a oportunidade de crescer", diz Alberto Menache, presidente da Linx. Ele conta que, em 2008, quando pleiteava um financiamento, mandou seu diretor financeiro à sede do BNDES no Rio, sem hora marcada, para esperar até que fosse recebido.

O banco estatal tem um amplo programa para o setor de software, por meio de financiamento e compra de participação, e já apoiou 24 empresas. O BNDES Prosoft concedeu R$ 3,2 bilhões ao setor desde suas primeiras operações em 1998.

Apenas Totvs e Linx podem ser consideras "campeãs nacionais", porque utilizaram os recursos para comprar seus concorrentes. Os analistas do setor acreditam que outras companhias devem seguir em breve a mesma estratégia. Juntas, as duas receberam cerca de R$ 500 milhões - pouco menos de 3% dos R$ 18 bilhões destinados às "campeãs nacionais".

A origem da ideia:

A estratégia das "campeãs nacionais" começou em 2007, quando JBS e Marfrig receberam os primeiros aportes do BNDES. E ganhou um escopo teórico, quando o ex-presidente Lula lançou a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em 2008.

Entre os objetivos estratégicos da PDP, estavam a liderança mundial, "mantendo ou posicionando sistema produtivo ou empresa entre os cinco maiores players mundiais". A apresentação da PDP não fala explicitamente em "campeãs nacionais".

"O conceito era simples. Não existe país que se tornou desenvolvido sem multinacionais", diz uma fonte que participou da elaboração da política. Segundo essa fonte, o governo chegou a montar uma lista de empresas, como nomes óbvios como Ambev e Embraer.

A ideia de que é necessário consolidar as companhias acompanha o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, desde 1994. Naquela época, ele coordenou o Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira, que já continha os eixos centrais da PDP.

"A política de desenvolvimento econômico para esses setores requer do Estado atividades de coordenação, visando a indução de configurações industriais (...) através do estímulo à concentração", diz o livro em suas recomendações finais.

No Plano Brasil Maior, do governo Dilma, o foco está no estímulo aos investimentos e na proteção do mercado interno. "O objetivo de buscar a liderança internacional deixou de ser explícito, mas o eixo condutor ainda é aumentar a competitividade", diz uma fonte do governo.

02 novembro 2011

Deloitte e sócio fecham acordo para arquivar acusação



As acusações resultantes da investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no caso Aracruz, que geraram perdas de R$ 4,2 bilhões à companhia por conta de exposição a derivativos cambiais de alto risco em 2008, alcançaram a auditoria da empresa na época, a Deloitte Touche Tohmatsu, e seu sócio responsável pela empresa, José Carlos Monteiro. Ontem, a autarquia informou que fechou um termo de compromisso com ambos, no valor total de R$ 1 milhão.

Eles foram acusados porque as notas explicativas do balanço de 30 de junho de 2008 da Aracruz não evidenciaram os riscos específicos de “ganhos limitados e perdas ilimitadas” dos instrumentos financeiros detidos pela companhia, denominados “sell target forward”. Além disso, as notas não continham o valor de mercado das operações.

No relatório do Comitê de Termo de Compromissos, consta ainda que a nota da empresa divulgou incorretamente que os valores nocionais atualizados dos contratos somavam R$ 573 milhões, quando a exposição chegava a US$ 2,4 bilhões.

Com tudo isso, a Deloitte e Monteiro teriam deixado de seguir regras da CVM para o tema, além de recomendações do Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibracon). Na visão do regulador, caberia uma ressalva sobre as informações da Aracruz de junho de 2008.

Procurados, Deloitte e Monteiro não comentaram o assunto.

Com a assinatura do termo de compromisso, é extinta a discussão sobre culpa ou inocência dos acusados, já que o caso é arquivado e não vai a julgamento.

Durante o processo na CVM, a Deloitte havia apresentado argumentos de defesa alegando, entre outros pontos, que o entendimento das operações detidas pela Aracruz foi emitido com base nas circunstâncias econômicas existentes à época. A variação cambial que disparou as perdas da Aracruz – bem como as da Sadia e outras empresas que fizeram apostas semelhantes – teve início com a quebra do banco americano Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, justamente o término da temporada dos balanços do segundo trimestre.

Antes de alcançarem um acordo no valor de R$ 1 milhão, a Deloitte havia proposto, em 2010, o pagamento de R$ 200 mil pela firma de auditoria e mais R$ 100 mil pelo sócio. A sugestão, contudo, foi recusada pelo Comitê de Termo de Compromisso da autarquia.

A auditoria chegou a sugerir a ampliação dos valores para R$ 300 mil e R$ 150 mil, respectivamente. Mais uma vez, a proposta não foi aceita.

O comitê da autarquia, ao avaliar o contexto das infrações, a gravidade das condutas e o histórico de ocorrências da empresa de auditoria (termo de compromisso do processo da Parmalat de 2005), recomendou que as propostas para o acordo deveriam ser aprimoradas e sugeriu a obrigação de R$ 1,7 milhão pela Deloitte e de R$ 800 mil pelo sócio.

No relatório, o comitê em questão também destaca que o colegiado deveria avaliar se o encerramento do caso por meio de um termo de compromisso seria oportuno, dada a possibilidade de emissão de parecer norteador ao mercado com o julgamento.

Tal discussão ocorreu em novembro de 2010. O termo foi alcançado somente em 13 de setembro passado e divulgado ontem ao mercado.
Fonte: Graziella Valenti e Juliana Ennes, Valor Economico

22 fevereiro 2022

Auditoria e interesses


Francine McKenna tem uma visão crítica das empresas de auditoria. Recentemente ela expressou esta visão comentando que estas empresas deveriam focar na auditoria e seu interesse em questões "modernas" é para otimizar o valor recebido:

That includes employing slick language about “trust” to suggest their interest in quote-unquote “auditing” ESG disclosures, non-GAAP numbers, cybersecurity, or even stablecoin reserves is about enhancing statutory financial audits.

It is not. It's a play to sell more consulting services.

Audit firms claim they can wall off conflicts when providing tax, consulting and other advisory services — whether to audit clients or non-audit clients. But they are pulling your leg. Instead, the consulting push repeatedly compromises the independence and integrity of their audits, destroys professional skepticism, and poisons the professionalism of their entire firms.

A seguir ela escreve sobre a Theranos, Autonomy e Carillion. O texto abaixo:

Theranos

When you're pre-IPO for 15 years and don't have an approved, commercial product, you're in the business of raising money from investors.

What is the auditors' duty in this case?

To protect investors, and the public markets from the company!

I wrote in March of 2018 that ultra-wealthy investors in private company Theranos had abandoned basic due diligence and never requested audited financial statements before handing over hundreds of millions. If the investors who gave Elizabeth Holmes money 2008 had asked for audited financial statements — and we confirmed during Holmes’ recent trial that they had not — those investors would have been disappointed. There were reportedly, none to be had except in its earliest years. EY did give opinions on Theranos’ 2006, 2007 and 2008 financial statements. But then, for some reason, Holmes dumped EY and hired KPMG.

And we also found out during Holmes’ trial that KPMG planned to audit Theranos’ 2009 and 2010 financials and produce one report to cover the two years. However, KPMG disagreed with Holmes about the valuation of stock options and believed Theranos was understating its stock option compensation expense. So KPMG changed its mind about being an auditor and, instead, hung around until 2015 to help lend “credibility” to financial information that was provided to Theranos investors.

That makes two global audit firms hired to provide audit services to Theranos that gave no warning to investors or regulators of the lengths Holmes was going to grow Theranos and misrepresent its success to investors and the media.

Finally, a third firm, PwC, had no interest in providing audit services but was very interested in lucrative advisory work for the law firm defending Theranos against regulatory investigations from September 2016 to the spring of 2019. Theranos had no permanent CFO or external auditor but PwC was comfortable putting up to 40 PwC employees on site to spend more than 10,000 hours to collect text and email messages between Holmes and "Sunny" Balwani, the Theranos COO and Holmes's former boyfriend. PwC was also paid to wind down the company’s operations starting in late 2018.

HP-Autonomy

There was a really great article by the Economist’s Lane Green nearly 10 years ago called Shape shifters.

Green noted the phenomenal growth of Deloitte’s consulting and financial advisory business that year and wondered if Deloitte was “shape-shifting” into a firm with a business model that’s inconsistent with its government-sponsored mandates all over the world to do audits, mandates that create a virtual cash machine for auditors because they limit competition in exchange for focus and devotion to delivering public company audits that protect investors and markets.

Green asked Deloitte global CEO Barry Salzberg, “Do people perceive Deloitte as a consulting firm with an audit business rather than the other way round?”

Salzberg told Green: “We’re not going to take our eye off our professional responsibility with respect to either.”

Hardware firm HP announced it had acquired enterprise software firm Autonomy on October 3, 2011. HP had hired KPMG as a consultant to review Deloitte’s audits of Autonomy’s as part of its acquisition due diligence effort.

EY, HP’s external auditor, signed off on its audit opinion of HP’s full year results as of October 31, 2011 a couple of months later, on December 14.

But by early 2012 a whistleblower, a former Autonomy executive, had warned HP of the possibility it had overpaid for a fraud. HP began an investigation of the allegations in April 2012 and chose another Big 4 firm, PwC, as its independent forensic consultant to investigate the whistleblower’s claims.

HP had put PwC in a difficult spot. PwC Global Chairman Dennis Nally had told the Financial Times just the year before, in June 2011, that he did not believe it was the auditors' job to find fraud. How could PwC say that Deloitte, or KPMG, should have caught the Autonomy fraud if that’s what it found?

If I took a poll of the average investor or public company executive and asked them which Big 4 firm audited the major banks or firms accused of securities fraud in recent years — GE, Colonial Bank, Tesla, Parmalat, Satyam, Lehman Brothers, JP Morgan — I doubt they could give me the name. It’s just a big blur for most when it comes to the auditor.

That’s why a reputational hit to one member of the oligopoly of global audit firms is a reputational hit to the whole lot of them. If PwC found professional malpractice by Deloitte or KPMG, all the largest audit firms would suffer the impact of a negative view of audit and auditors, in general, and suffer from the precedent of any fines, sanctions, or legal settlements against Deloitte or KPMG.

HP’s disclosure of the investigation and a multi-billion dollar material overstatement of goodwill and intangible assets came more than a year after its acquisition of Autonomy.

On November 20, 2012, HP said it was taking a non-cash impairment charge of $8.8 billion related to Autonomy in the fourth quarter of its 2012 fiscal year.

Should EY, HP’s auditor, have more closely scrutinized the values assigned to the assets and liabilities purchased from Autonomy that HP put on its 2011 books or on any of the 2012 quarterly statements? EY is required to review HP’s quarterly financial statements and provide a type of negative assurance that, based on their review, they are not aware of any material modifications that should be made to the statements for them to be in conformity with GAAP.

In September 2020 the UK regulator, the FRC, ordered Deloitte UK to pay a record fine for its Autonomy audit of £15 million plus the investigation legal costs of £5.6m.

The Deloitte Autonomy lead partner was banned from the accounting profession for five years and fined £500,000. Another Deloitte partner was fined £250,000 and “severely reprimanded”. They both had already “early retired” from the firm. Those fines are quite a bit larger than the ones the SEC imposed in 2019 on PwC — $8 million — and on its partner — $25 thousand— for auditor independence issues in 15 clients.

I reported at the time that Deloitte US and other Deloitte member firms played all possible angles with Autonomy – as its auditor in the UK and San Jose, CA, as a customer, as a vendor, and as an alliance partner for Autonomy software implementations. HP’s auditor Ernst & Young had also been a customer of Autonomy.

Sources had told me of at least two large client engagements where Autonomy and Deloitte Consulting worked together at the same time Deloitte UK was auditing the company. Deloitte was a “Platinum” strategic alliance technology implementation partner for HP, too.

Autonomy was a British company that listed on Nasdaq in 2000 but apparently followed the more lax British honor code, versus the Sarbanes-Oxley rules, when choosing which services besides the audit to buy from auditor Deloitte UK and Deloitte US.

The UK media didn’t miss a beat in reporting on Enron-style conflicts when the fraud allegations surfaced in 2012. Deloitte had been selling Autonomy nearly as much in consulting services such as tax compliance and due diligence for acquisitions — £4.44 million in non-audit fees over the prior four years — as they were charging for the audits — £5.422 million. The implication is that Deloitte’s independence may have been compromised.

EY continues to be HP’s auditor today. Why would either firm give up such a mutually beneficial relationship?

In September of 2012, EY went to Washington DC to explain how it helped its audit client HP develop and implement a strategy to move profits offshore to avoid U.S. taxes. That Congressional testimony was given smack in the middle of HP’s Autonomy investigation, while EY likely knew PwC would find a significant overstatement of the Autonomy acquisition goodwill and that the writedown would have to be announced in less than two months. The EY tax partner for audit client HP testified in defense of HP’s tax avoidance strategy and then charged HP $2 million dollars for the trip, according to HP's 2013 proxy.

Despite numerous reports of HP and whistleblowers reporting the findings of fraud and lack of action by auditors and advisors to the SEC, neither the SEC nor the PCAOB ever insisted on a restatement by HP and never charged Deloitte or individual partners at Deloitte US, EY or KPMG with anything.

Carillion

Finally, we have UK company Carillion, a multinational construction and facilities management services company that in January 2018 became the was the largest ever liquidation in the UK. Carillion continues to be a painful portion of the KPMG UK’s “partner matters” litigation portfolio.

On February 3, 2022, the Financial Times reported that KPMG UK had been sued for £1.3 billion by the liquidators of PwC UK was appointed by the UK High Court as Special Managers for the Official Receiver of Carillion.

Deloitte and KPMG, were ruled out of the liquidation role because they were already Carillion’s internal and external auditors, respectively. EY had advised Carillion on restructuring options before its collapse.

Responses to questions posed to the firms about their Carillion work from two parliamentary Committees revealed they collected nearly £72m for work linked to Carillion in the 10 years leading up to its collapse.

Expressions like “feasting on what was soon to become a carcass” were used by MPs to describe a picture of the Big 4 thriving while exploiting its vulnerabilities as Carillion began to rot.

However, PwC had conflicts at the time of its appointment in 2018, according to the FT. Carillion’s pension trustees had engaged PwC in 2017 to advise as financial difficulties increased. The contract was ongoing since PwC would be one of Carillion’s creditors that PwC, as an agent for the receiver, is supposed to treat impartially. The Insolvency Committee claims that PwC put up “ethical walls” to prevent conflicts between all of its activities for Carillion and its creditors.

The liquidators, with PwC’s help, are now suing KPMG UK saying the firm auditor missed “red flags” that Carillion’s accounts were misstated because it was apparently insolvent for more than two years before it collapsed. Carillion had liabilities of £7 billion and just £29 million in cash when it went into liquidation.

The FT quoted one MP saying he would not hire KPMG to audit “the contents of my fridge” and posited that it was KPMG’s Carillion failure that prompted the UK’s latest round of calls for substantial reforms to UK audit and corporate governance rules.

KPMG has been investigated by the UK FRC, which is comparable to an SEC/PCAOB combined in terms of its authority over the audit firms. KPMG has voluntarily ceased bidding for UK government contracts after scandals.

Now the FRC says KPMG auditors misled regulators during inspections of their work on the Carillion audit and it threatens to “further damage the reputation of KPMG,” as if it could get any worse. Another scandal related to KPMG’s restructuring advisory activities for bedmaker Silentnight resulted in a £13 million fine in August 2021. KPMG has since sold the restructuring unit.

One good thing is KPMG’s UK chief executive Jon Holt acknowledged that it was “clear . . . misconduct has occurred [by KPMG regarding the Carillion inspections] and that our regulator was misled”.

However, Holt and his Big 4 UK colleagues are crying in their tea towels about their damaged reputations all the way to the bank.

KPMG’s UK partners took home an average of $934k last year in a booming deals market. It was the biggest payday for KPMG partners since 2014. And it is even better at the other UK Big 4 firms Deloitte partners received an average of $1.2 million last year plus an extra $267k from the sale of its restructuring division. EY and PwC partners took home a record average of $1.02 and $1.2 million, respectively.

Foto: NeoOnBRAND

25 maio 2009

Teste #78

O teste a seguir apresenta um exemplo de aplicação da análise custo-volume-lucro numa situação diária:

Você pegou um taxi no aeroporto numa cidade que você não conhece. Você deseja ir para o seu hotel. Tem-se aqui um caso de informação assimétrica. A remuneração do taxista depende inclui uma parte mais fixa e uma parte variável. O taxista pode fazer um caminho mais longo ou um caminho mais curto, para fazer mais viagens no dia. Considere que a distância entre o aeroporto e o hotel seja de 5 quilômetros, se o taxista tomar o caminho mais curto, ou 10 quilômetros, se tomar o caminho mais longo. Caso o taxista opte por fazer o caminho mais longo ele terá 15 clientes no dia; se a opção for o caminho mais curto, serão 27 clientes. Suponha também que a parte variável seja R$6,00 por quilômetro. Desconsidere os custos na sua resposta.

a) Admita que não exista uma parte fixa. Qual a decisão do taxista?
b) Suponha que em cada corrida exista uma parte fixa de R$10. Qual a decisão do taxista?
c) Qual o problema associado a questão do taxista? Qual o contrato que reduziria este problema?
d) Existe um ponto de indiferença na cobrança da parte fixa?

Resposta do Anterior: Enron Corporation – 2001; Artur Andersen – 2002; Lehman Brothers – 2008; Chrysler – 2009; Parmalat – 2003; Barings Bank – 1995. Fonte: aqui

03 novembro 2015

O significado dos problemas da Valeant

Saiu na The Economist:

Fonte: Aqui
It is fashionable to lament the vapidity and short-termism of institutional shareholders. Without them, it is argued, companies would invest for the long term, run by their enlightened managers. But a rash of creative-accounting incidents is a reminder that firms may go astray. On October 26th Valeant Pharmaceuticals, a drugs company, tried to rebut claims it was massaging its figures. A day later IBM said regulators were investigating how it books its sales. Tesco, a British grocer, is on the rack after admitting inflating its profits. Shares in Noble Group, a Singapore-listed commodities firm accused of questionable book-keeping, have collapsed. In May Hong Kong’s regulators suspended trading in Hanergy, a solar-panel firm. These episodes have had a brutal impact on shareholder wealth, with a total loss of $80 billion.

The last outbreak of outright book-cooking was in 2001-03 when Enron, MCI-WorldCom and Parmalat were found to be engaged in fraud. Together they had $170 billion of assets and all went bankrupt. So far, today’s scandals are different: the firms are accused not of breaking the law but of creative accounting, or stretching the rules to paint an optimistic picture to outside investors. The specific transactions under the microscope are mostly small. For Valeant, Tesco and Noble they accounted for less than 10% of total sales, profits or assets. Despite this, they have led to an outsized slump in market values. The magnified reaction betrays the mistrust in which many big firms are held.

A firm’s market value is supposed to equal the net present value of its future cash flows. In practice it reflects an unstable balance between two versions of the truth. First, the story managers tell, which is usually self-serving and emphasises their brilliance. Second, the numbers. They can be manipulated but are open to scrutiny. Over the years the gap between these two versions of reality has grown. Many bosses of big listed firms are now practised propagandists, in the same way campaigning politicians are, probably because their pay is linked to the share price. Plain talkers struggle. Lawyers script firms’ every utterance, making it hard to have frank discussions with outsiders. Investors have grown cynical and trigger-happy.

An extreme symptom of these tensions is the advent of firms whose integrity is continually contested, just like the character of a presidential candidate. Valeant is backed by two respected hedge funds, ValueAct and Pershing Square, whose boss, William Ackman, has publicly celebrated it. But Valeant has been accused of creative accounting by both James Chanos, a famed short-seller, and Allergan, a rival drugs firm it tried to buy in 2014. Herbalife, a direct-sales firm, has also been the subject of a war of words on Wall Street. Noble, when attacked by an ex-employee and short-sellers over its accounts, adopted the American tactics of indignant rebuttals and legal threats. Although couched in the politically correct language of transparency, the impression left by such cases is of a bunker mentality.

That some communication by bosses and big firms is now guff, or worse, is a huge regret. Rule-setters can only do so much, leaving creative accountants always a step ahead. In the 1980s and 1990s the most common ruses were the use of provisioning and capitalised costs to understate expenses in the profit-and-loss account, and dodgy pension accounting. Once these were stamped out, the game shifted to issuing debt disguised as equity, as practised by most banks in 2003-08 to disastrous effect. Today, four of the five cases in the news involve dealings with notionally arm’s-length entities—perhaps this is the latest area of innovation. With half of America’s big firms experiencing shrinking profits, the urge to juice the numbers may be rising. The boom in unlisted technology firms with billion-dollar valuations, the “unicorns”, is also a worry. Lacking outside scrutiny, showered with praise and supposedly worth a combined $200 billion-plus, there will surely be a few spectacular frauds.

[...]


08 março 2009

Uma alerta importante

(...) Existe uma visão idealizada da web como uma espécie de armazém geral do conhecimento humano, e no sentido da amplitude daquilo que se pode descobrir com uma busca aleatória no Google, isso é verdade. Mas apesar de toda essa abertura, a rede provou ser um receptáculo ineficiente para a preservação histórica, e boa parte do que ela abriga fica perdido em um labirinto de páginas alteradas, links quebrados e sites eliminados.

O diretor da British Library recentemente alertou em artigo para o jornal Observer que, se essa memória digital não for reparada, corremos o risco de "criar um buraco negro para os futuros historiadores e escritores".

(...) À medida que proporção cada vez maior de nossa memória coletiva ganha abrigo on-line, cresce o perigo de que percamos o conteúdo e contexto de eventos acontecidos até mesmo há poucos dias, quanto mais há semanas, meses ou décadas. Tente recuperar links de escândalos antigos ou imagens inconvenientes na web, por exemplo Enron, Parmalat ou outros nomes corporativos que entraram em colapso. A maior parte deles desapareceu, apesar dos esforços de sites como a Wikipedia ou Smoking Gun ou combinação de forças da blogosfera para a preservação.

O modo como a World Wide Web evoluiu ao longo dos últimos anos tornou possível deixar obscuro ou mesmo apagar fatos inconvenientes. Isso não era a intenção do inventor da web, Tim Berners-Lee, cujo objetivo era fazer com que cada endereço apontasse para uma página de dados. Em vez disso, os projetistas da rede acharam conveniente criar endereços dinâmicos que podem tornar impossível encontrar informações em uma segunda visita a um mesmo site. Vivemos em uma época em que a capacidade de registrar e preservar o que fazemos em nossas vidas nunca foi tão grande. Mas usar a web para preservar essas memórias torna mais e mais provável que as gerações futuras vejam os primeiros anos da Internet como décadas perdidas

Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8 – Reuters - Conteúdo da imprensa corre risco na web - 2/3/2009


Isto é relevante pois temos a mania de citar e usar a internet. Mas, e se um dia os computadores do Google apagarem os arquivos existentes?

08 junho 2009

Gol


Legislação & Tributos
Decisão do Supremo pode livrar Gol de assumir passivo da Varig
29 Maio 2009
Valor Econômico


Apesar de não ter julgado a responsabilidade da Gol Linhas Aéreas pelas dívidas trabalhistas cobradas na Justiça por ex-trabalhadores da antiga Varig, adquirida pela companhia em 2007, a decisão tomada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deverá, na prática, livrar a empresa aérea de responder por aproximadamente quatro mil processos trabalhistas. O Supremo definiu que cabe à 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde tramita o processo de recuperação judicial da antiga Varig, decidir se há ou não sucessão na venda de seus ativos à Gol. Os ministros também decidiram que é o juiz dessa vara o responsável pela habilitação dos créditos trabalhistas dos ex-funcionários da velha Varig no processo de recuperação judicial da empresa. Como a opinião do juiz Luiz Roberto Ayoub, titular da 1ª Vara Empresarial do Rio, já é conhecida no sentido de que não há sucessão no caso Varig/Gol, na prática o rumo dessas cobranças trabalhistas já fica, de antemão, conhecido.

(...) O entendimento do Supremo, para advogados especializados em falências e recuperações, foi considerado mais do que acertado. Para o advogado Julio Mandel, do escritório Mandel Advocacia, a decisão deve acabar ou ao menos reduzir a infinidade de conflitos de competência que cercam os processos de recuperação judicial atualmente - e, com isso, as diferentes decisões que poderiam ser dadas para cada trabalhador que entrasse na Justiça. "É necessário centralizar a habilitação desses créditos em um único juiz (no caso o da recuperação) para evitar que o comprador de boa-fé seja considerado sucessor por um juiz que não é do processo principal", afirma. Mandel, como advogado da Parmalat Alimentos, em processo de recuperação judicial, espera que as duas decisões do Supremo tomadas na quarta-feira e ontem (veja quadro ao lado) tenham reflexos sobre os processos que pedem a sucessão de dívidas sofridos pelas empresas que compram ativos das companhias em recuperação movidos por seus credores. (...)

O medo de empresas que adquiriram ativos de recuperandas era justamente o de que a questão da sucessão pudesse ser julgada pela Justiça do trabalho. Isso porque já é consolidado o entendimento dos juízes trabalhistas de que ocorre a sucessão quando há compra de uma empresa pela outra.

Apesar de o Supremo ter julgado os principais pontos de controvérsia da nova lei, ainda ficou em aberto a definição do que seria uma "unidade isolada produtiva". A questão, para alguns juristas, seria a única saída para que as empresas que adquirissem ativos fora desse perfil pudessem ser responsabilizadas pelos débitos trabalhistas.


(Gráfico, cotação da ação da Gol)

22 maio 2009

Teste #77

As grandes falências. Associe a data com a empresa:

Falências e Concordatas:
Artur Andersen
Barings Bank
Chrysler
Enron Corporation;
Lehman Brothers
Parmalat

Ano
1995
2001
2002
2003
2008
2009

Resposta do Anterior: Fonte: Aqui, exceto o simpático Professor Larry, físico de Numb3rs.

26 maio 2010

Auditores e a Crise

Auditores entram na mira das autoridades europeias
Autor(es): Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres
Valor Econômico - 26/05/2010

Michel Barnier, o novo comissário de Mercado Interno da Comissão Europeia, recentemente colocou as firmas de auditoria em alerta vermelho no Reino Unido.

Os bancos, fundos hedge e agências de avaliação de crédito foram apontados como alguns dos responsáveis pelo desencadeamento da crise financeira, mas Barnier agora está "convencido" de que é a vez das firmas de auditoria serem colocadas sob o microscópio das autoridades reguladoras europeias. "Essa convicção é reforçada pelas dúvidas levantadas recentemente no contexto da auditoria do banco americano Lehman Brothers", disse.

Até a publicação do relatório do promotor público americano Anton Valukas sobre o colapso do Lehman, alguns auditores vinham dizendo que comparado às turbulências pós-Enron, os dois últimos anos foram uma "crise boa".

Mas desde a publicação do relatório de Valukas em março, que criticou os auditores do Lehman Brothers, a Ernst & Young, as atenções reguladoras e políticas sobre o setor de auditoria no Reino Unido e outros países se intensificaram. Os auditores agora enfrentam investigações da Comissão Europeia, do Comitê de Informações Financeiras britânico e da nova coalizão entre os conservadores e os liberais no Reino Unido. Uma investigação desencadeada por críticas do comitê legislativo do Tesouro do governo britânico anterior também está chegando ao fim.

Além disso, num caso não relacionado à crise financeira, mas que provavelmente vai intensificar as atenções sobre a profissão, o Joint Disciplinary Scheme do Reino Unido deverá apresentar em breve seu esperado veredito sobre uma das mais contenciosas e duradouras sagas empresariais já registradas no país: o colapso da Equitable Life uma década atrás e o papel desempenhado por seus auditores, mais uma vez a Ernst & Young.

Como resultado, executivos graduados dos quatro maiores grupos de contabilidade do mundo - PwC, Deloitte, KPMG e Ernst & Young -, que juntos auditam mais de 90% das maiores empresas do mundo, dizem estar esperando uma atenção maior sobre suas atividades nos próximos meses do que em qualquer outro período desde os escândalos contábeis da Enron, WorldCom e Parmalat.

Jeremy Newman, presidente da BDO International, um dos seis maiores grupos de contabilidade do mundo, diz que esse "escrutínio renovado" também deverá reviver as discussões anteriores sobre o que os usuários podem esperar de uma auditoria e a chamada "lacuna de expectativa" que existe entre os auditores e muitos investidores. "Precisamos reconhecer que a natureza do negócio mudou. Ele está mais rápido, mais conectado e mais globalizado, e muito diferente da natureza que tinha no século passado, e sendo assim é correto perguntar se a auditoria vem acompanhando essa mudança. A resposta pode ser 'sim' ou 'não', mas é uma pergunta válida a ser feita."

A questão mais ampla a ser debatida hoje é parecida com a da era pós-Enron. Será que os auditores, assim como as agências de avaliação de crédito, sofrem de um potencial conflito de interesses pelo fato de serem pagos por aqueles que julgam, que podem lhes conceder outros trabalhos?

Essa questão foi levantada pelo relatório do examinador do Lehman Brothers, que revelou o agora infame truque contábil chamado Repo 105, que permitiu ao Lehman maquiar suas contas. A E&Y, que ganhou US$ 31 milhões do Lehman, nega qualquer irregularidade e parece ter seguido as normas contábeis dos Estados Unidos.

Com honorários desse porte disponíveis, políticos e autoridades reguladoras estão avaliando se esses auditores são tentados a partir para práticas que atendem as regras, mas podem apresentar um quadro enganoso sobre a saúde financeira de um cliente.

A falha da profissão em mostrar problemas no setor bancário vêm levantando dúvidas sobre qual é a real utilidade das auditorias, e se todo o parecer de auditoria não exigiria uma reorganização para ser mais prospectivo.

Os auditores respondem afirmando que fazem o que é exigido deles pelas leis que governam sua profissão e a discussão surgiu de um mal-entendido fundamental sobre o que uma auditoria envolve. Segundo afirmam eles, não se trata de uma previsão detalhada do futuro.

Michael Izz, executivo-chefe do Instituto dos Auditores Independentes da Inglaterra e País de Gales, diz: "Acho que há coisas que podemos fazer melhor. O valor da auditoria nos mercados de capitais modernos ainda é muito importante, mas se há algo que podemos discutir para tornar os serviços de auditoria mais úteis, então o diálogo precisa ser aberto".

Os contadores também estão cientes de que se ficar provado que o setor não está sendo eficiente, desta vez ele poderá enfrentar por uma regulamentação internacional ou pan-regional mais rígida, uma medida que a Comissão Europeia vê com bons olhos.

Especialistas não descartam isso, mas afirmam que o resultado mais provável é que nos auditores acabarão fornecendo mais informações aos investidores, em troca de algum relaxamento nas leis de responsabilidade.

Guy Jubb, da Standard Life Investment, que gerencia 138,7 bilhões em ativos, diz que se as forças do mercado não conseguirem uma mudança, "então o caso da intervenção reguladora para resolver o problema da estrutura do mercado de auditoria se tornará ainda mais premente".


Enviado por Caio Tibúrcio

17 março 2009

Teste #38

Grau de Dificuldade: **
Um guru foi consultado por um administrador que estava em apuros. Usando sua sapiência, o guru enviou o seguinte torpedo (SMS) pelo seu celular:

6 22492 3´ 6 734.

Resposta do Anterior: 1. Sim, Lay, executivo envolvido no escândalo da Enron, nasceu em 1942 e o handebal foi inventado na Alemanha em 1915; 2. Sim. Dennis, executivo vinculado ao escândalo contábil da Tyco, nasceu em 1946 e o autorama foi inventado em 1912; 3. Não. Tanzi, ex-executivo da Parmalat nasceu em 1938 e Valentino, ator, sex-simbol e italiano de nascimento, morreu em 1926.

14 junho 2008

Links

1. SEC anuncia uma comissão para modernizar a contabilidade de empresas de petróleo e gás (SEC Staff Recommends Commission Action to Modernize Oil and Gas Reporting Requirements)

2. O Fasb anunciou planos para melhorar (o que não é muito difícil) o FAS 133, Accounting for Derivative Instruments and Hedging Activities, reduzindo as mais de 800 páginas de regras e orientações. Data proposta da nova regra: 2009

3. Dois bancos suíços encerram sua participação no caso Parmalat

4. Rede Globo manipula o som do jogo Coríntians e Sport para parecer que a torcida corintiana era maior aqui e aqui

07 agosto 2007

Sarbox completa cinco anos

Uma reportagem traduzida sobre os cinco anos da SOX no Valor Econômico. Trata-se de um artigo originalmente publicado no The Economist de 28/07/2007 (Five years under the thumb - Sarbanes-Oxley - Sarbanes-Oxley)


Sob ataque, SOX completa cinco anos
Valor Econômico - 07/08/2007

Para os líderes da América empresarial, foram cinco longos anos. A lei Sarbanes-Oxley, conhecida como SOX, foi sancionada em 30 de julho de 2002 por George W. Bush, que classificou suas novas e duras regras como "a mais ampla reforma das práticas de negócios americanas desde que Franklin Roosevelt foi presidente". A esperança era restabelecer a confiança pública nas companhias americanas, que havia sido gravemente abalada por grandes escândalos como os que levaram à falência da Enron e da WorldCom.A lei criou uma nova autoridade reguladora para o setor da contabilidade: o Conselho de Supervisão Contábil das Companhias Abertas (Public Company Accounting Oversight Board - PCAOB). Para evitar alguns conflitos de interesses óbvios, os auditores foram proibidos de fazer uma variedade de trabalhos não ligados a auditorias para os clientes.

As empresas tiveram que estabelecer comitês de auditoria independentes, empréstimos das empresas para seus executivos foram proibidos, altos executivos tiveram que certificar as contas de suas empresas e informantes ganharam uma maior proteção ao emprego nos casos em que reportam suspeitas de atividades fraudulentas.No agora notório artigo 404 da legislação, os administradores passaram a ser responsáveis pela manutenção de "uma estrutura adequada de controles internos e procedimentos para a elaboração das demonstrações financeiras". Auditores das companhias passaram a ter de "atestar" a avaliação desses controles pelos executivos e a revelar qualquer "inconsistência". O não cumprimento poderia resultar em novas e duras penalidades criminais.Controvertida desde o começo, a SOX passou a ser desdenhada por muitos empresários americanos (e de outros países onde ela alcançou grandes companhias estrangeiras). Até mesmo seus autores têm lá suas reservas, reconhecendo que sua apressada transformação em lei significou que partes suas foram mal esboçadas. "Francamente, eu a teria feito de maneira diferente", disse em março Michael Oxley, um dos ex-congressistas que elaboraram o projeto da lei. Ele acrescentou que o mesmo se aplicava a seu co-autor, Paul Sarbanes. "Mas os tempos não eram normais."Os ataques dirigidos à SOX são numerosos e sérios. No topo da lista está o preço ao enquadramento. Logo ficou claro que os custos de implementação das disposições da SOX, especialmente o artigo 404, superavam em muito as somas modestas inicialmente previstas. A lei é hoje amplamente tida como uma licença para as firmas de auditoria imprimirem dinheiro - o que é irônico, já que indiscutivelmente foram essas empresas, movidas a comissões, que encorajaram a contabilidade frouxa que levou à implementação da lei.Além de seu custo imediato, a SOX é acusada de minar o espírito empreendedor dos Estados Unidos. Menos de um ano após a lei ter entrado em vigor, William Donaldson, então presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão regulador do mercado de capitais nos EUA, se perguntou se ao "dar asas para um grande número de advogados pelo país", a lei não estaria levando a uma "perda do entusiasmo pela tomada de riscos" por causa de uma "enorme preocupação com os perigos e riscos de se cometer o menor erro". Outros afirmam que a lei teve o efeito oposto ao desejado. Eles alegam que em vez de restaurar a confiança nas companhias abertas, ela enfraqueceu os mercados de ações dos EUA, ao carregar as companhias domésticas para os braços dos fundos de private equity e levar empresas estrangeiras e listarem suas ações em outros mercados mundiais.Até onde essas acusações são plausíveis? Um exército de acadêmicos entrou na grande discussão sobre a SOX. Mas suas análises esbarram em duas dificuldades. Primeiro, a SOX foi a primeira de uma série de iniciativas tomadas depois do colapso da Enron, que foram de exigências mais duras para a listagem de ações a sentenças de prisão mais duras para executivos mal intencionados. Desembaraçar os efeitos da SOX dessas outras mudanças é difícil. Também não é fácil saber como os investidores e empresários - que estavam tentando assimilar o estouro da bolha do mercado de ações do fim dos anos 1990 - teriam reagido aos escândalos empresariais sem a SOX.Alguns acadêmicos concluíram que os custos da SOX até agora superam os ganhos. Um discutido estudo feito em 2005 por Ivy Zhang, na época da William E. Simon Graduate School of Business Administration, estimou que os custos da lei superavam quaisquer benefícios na surpreendente cifra de US$ 1,4 trilhão. Esse número controvertido surgiu de uma estimativa econométrica da "perda em valor de mercado total com os eventos legislativos mais significativos" - em outras palavras, o estudo assume que, depois de levar em conta outras notícias, toda queda nos preços das ações na medida em que as novas regras eram implementadas se devia à SOX.Num estudo mais recente, Leonce Bargeron, Kenneth Lehn e Chad Zutter, da Universidade de Pittsburgh, afirmam que a SOX teve "um efeito desencorajador sobre a tomada de riscos" pelas companhias abertas americanas. Usando um exemplo de companhias britânicas como referência, o estudo constatou que as empresas americanas reduziram significativamente seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento e investimentos em geral, ao mesmo tempo em que aumentaram suas posições de caixa. Eles concluíram que coletivamente isso revela "uma redução estatisticamente significativa na tomada de riscos depois da adoção da SOX".Os acadêmicos encontraram uma segunda medida para dar suporte às suas conclusões. O desvio padrão dos retornos proporcionados pelas ações - uma medida de risco - também caiu para as empresas americanas em relação às companhias britânicas. Por outro lado, o estudo também mostrou que o grau de risco a que as companhias americanas estavam expostas depois da implementação da SOX era maior que em meados da década de 1990, antes da bolha do mercado de ações fugir de controle. E a relação de pesquisas e desenvolvimento e investimentos totais sobre os ativos - e assim, supostamente, o apetite pelo risco - era consideravelmente maior nos EUA que no Reino Unido, antes e depois da SOX.Bargeron, Lehn e Zutter também analisaram 9.258 aberturas de capital nos EUA e Reino Unido entre 1990 e 2006. Eles descobriram que após a SOX, a probabilidade das listagens de ações no Reino Unido aumentou bastante. Isso parece dar suporte à visão de que a SOX enfraqueceu os mercados de ações americanos ao jogar as companhias domésticas nos braços dos fundos de private equity e levar as empresas estrangeiras a listarem suas ações em outros mercados. Outros, porém, rebatem essa afirmação. Nos últimos 12 meses foram realizadas várias sindicâncias oficiais sobre a competitividade dos mercados financeiros americanos, apoiadas pelo secretário do Tesouro dos EUA e o prefeito de Nova York, entre outras autoridades. Nenhuma delas lançou muita culpa sobre a SOX, apontando ao invés disso para uma série de problemas que incluíram o vício dos EUA pelos litígios.Kate Litvak, da Texas Law School, usou uma técnica diferente para medir o efeito da SOX sobre os mercados de capital americanos. Num estudo recente ela examinou seu impacto sobre as ações das empresas listadas nos EUA e fora do país. As ações de empresas com listagens cruzadas tendem a ser negociadas com um ágio sobre as ações de empresas parecidas que não são. As empresas com listagens cruzadas parecem ganhar uma credibilidade extra ao se sujeitarem tanto a regras rígidas de governança fora dos EUA como dentro. Litvak constatou que o ágio da listagem cruzada caiu depois da SOX, sugerindo que os investidores acreditaram que para as empresas com listagens cruzadas, os custos da legislação iriam em média superar os benefícios.Num estudo publicado no ano passado pela Universidade do Sul da Califórnia, Ehud Kamar, Pinar Karaca-Mandic e Eric Talley investigaram se a SOX vem forçando empresas a saírem do mercado aberto. Usando uma amostra de 8.266 aquisições feitas por fundos de participação em empresas em 76 países entre 2000 e 2004, eles constataram que depois da implementação da lei aumentou a probabilidade das pequenas empresas abertas americanas serem vendidas para esses fundos, do que as pequenas empresas abertas de outros países. Mas não houve mudança na probabilidade relativa de grandes empresas americanas abertas fecharem o capital. Isso parece dar suporte ao ponto de vista de que a SOX é particularmente onerosa para as companhias menores.Mas nem todos os acadêmicos são contra a SOX. Luigi Zingales, da Universidade de Chicago, afirma que ela foi um triunfo das relações públicas, restaurando rapidamente a confiança. "O fato de ela estar lá, ser forte e ter sido implementada rapidamente foi muito importante", diz ele. Isso, observa, foi um grande contraste com a Itália, país onde ele nasceu, que demorou "dois anos e muita discussão boba" para implementar uma nova lei depois do escândalo na Parmalat.Criar o comitê de auditoria independente e dar a ele, e não ao presidente da empresa, a responsabilidade pela contratação dos auditores, também foi um grande passo à frente, afirma Zingales. Isso pode ter contribuído para melhorar o desempenho dos auditores, o que Zingales, Alexander Dyck e Adair Morse relatam em seu estudo "Who Blows Whistle on Corporate Fraud?". Os três economistas examinaram 230 supostas fraudes empresariais ocorridas nos Estados Unidos entre 1996 e 2004. Eles constataram que, antes da SOX, apenas um terço das grandes fraudes eram descobertas por aqueles que tinham responsabilidade de fazer isso, como os auditores, autoridades reguladoras setoriais ou a SEC. Os funcionários eram sempre os que informavam a existência de irregularidades administrativas. Depois da SOX, porém, a proporção de fraudes graves descobertas pelos profissionais responsáveis por isso aumentou para 50%. Em especial, houve um "aumento surpreendente no papel dos auditores [um crescimento de quatro vezes no número relativo de detecções de fraudes] e da SEC [cuja importância dobrou, embora a partir de um nível muito baixo]".Aliás, os economistas admitem que "não podem determinar" qual parte das reformas pós-Enron levou os auditores a aperfeiçoar as análises que fazem das companhias. Será que foi a separação de seus negócios de consultoria dos de auditorias para clientes? Ou o efeito salutar do fim da Arthur Andersen, ou a exigência de um maior ceticismo profissional contida no artigo 404 da lei? Em outras palavras, eles não sabem se essa é uma "mudança permanente ou uma reação temporária a um evento que ressaltou os riscos de uma auditoria ruim".Os profissionais podem ter um olho mais aguçado, mas as dicas bem-sucedidas passadas por funcionários diminuíram depois da SOX, de 20,7% dos casos para 15,6%. Isso, afirmam os três economistas, "sugere que os incentivos modestos da SOX não são muito eficientes". Eles parecem ter provocado um aumento das acusações frívolas da parte de funcionários insatisfeitos, ao invés de levar a dicas sobre fraudes graves. Segundo os economistas, seria muito melhor copiar os incentivos à prática de manutenção de informantes usados no sistema americano de saúde, que já levaram a uma taxa maior de detecção de fraudes, mas limitaram o crescimento de acusações frívolas.Outro bom sinal é que os custos de enquadramento à SOX estão caindo. Segundo o mais recente estudo anual sobre o enquadramento realizado pelo Financial Executives International, um clube de diretores financeiros, até mesmo o odiado artigo 404 está custando menos. O conjunto de 200 empresas englobadas pelo grupo, com receitas médias de US$ 6,8 bilhões, constatou que o custo típico de adequação ao artigo 404 era de US$ 2,9 milhões em 2006, 23% menor que em 2005. A adaptação ao artigo 404 envolvia custos iniciais elevados, mas agora "ganhos de eficiência estão sendo realizados", afirma Michael Cangemi, o presidente do grupo.Melhor ainda: sob pressão da SEC, o PCAOB, o conselho de supervisão contábil das companhias abertas, mudou suas diretrizes sobre como implementar o artigo 404. Até agora, os auditores vinham sendo encorajados a serem zelosos com os controles internos, repetindo grande parte de todo o trabalho dos auditores internos de uma empresa, e a testarem o vigor dos controles internos contra todos os riscos imagináveis. O novo padrão de auditoria, que foi aprovado pela SEC na semana passada, permite uma abordagem mais pragmática e mais ajuizada. Algumas estimativas sugerem que as taxas de enquadramento poderão cair até pela metade.Mesmo assim, como parece sempre acontecer com a SOX, nem todo mundo gostou dessa reforma. Stephen Bainbridge, autor de "The Complete Guide to Sarbanes-Oxley", afirma que "nada que a SEC tenha feito ou pretenda fazer vai mudar a estrutura existente de incentivos para administradores e diretores. A cúpula de uma empresa continuará tendo muitos incentivos para gastar o dinheiro dos acionistas para se proteger das obrigações previstas na SOX".Outros são mais otimistas e vêem a SOX como parte das inevitáveis oscilações do negócio das regulamentações nos EUA. Mark Roe, da Harvard Law School, afirma em um estudo que escândalos como os que derrubaram a Enron são resultado de duas "instabilidades principais" no sistema de governança dos EUA: a separação do direito de propriedade do controle das grandes empresas, e as fraquezas decorrentes do sistema descentralizado de regulamentação dos EUA. Essas duas instabilidades se combinaram para criar um tipo de "problema fundamental da grande empresa" em cada uma das décadas desde a Segunda Guerra Mundial.Se a história servir de guia para o resultado de reformas como a SOX, os EUA irão "resolver os problemas atuais - ou ainda mais provável, reduzi-los a proporções administráveis -, mas algum momento depois, em algum outro lugar, outra peça do aparato empresarial vai falhar", afirma Roe."Nós vamos remendar a coisa, seguir em frente e conseguir alguma coisa. Isso é o que vai acontecer desta vez, e é o que vai acontecer da próxima vez." Tradução de Mário Zamarian

13 novembro 2010

Por que a Deloitte erra Tanto


O economista aposentado Enrique Garcia tomou um empréstimo consignado, garantido por sua aposentadoria, no Banco PanAmericano, que já foi pago. Pouco mais de um ano depois, o microempresário Fábio Casagrande financiou a compra de seu Ford Ka com a ajuda do banco.

Eles não se conhecem, mas têm uma coisa em comum: os pagamentos de Garcia foram usados para quitar as dívidas de Casagrande. Os empréstimos concedidos pelo PanAmericano eram empacotados em grandes carteiras, posteriormente vendidas várias vezes para bancos diferentes. O dinheiro dos novos créditos pagava os juros dos antigos.

O objetivo da fraude era engordar os ativos e os lucros do banco, e turbinar a remuneração dos executivos. Foi essa pirâmide financeira fraudulenta que gerou o rombo de R$ 2,5 bilhões no banco de Silvio Santos, em um processo construído pelo menos há quatro anos – e, por incrível que pareça, a Deloitte, responsável pela auditoria dos balanços, não enxergou nada.

“As auditorias, a interna e a externa, não perceberam o que estava acontecendo”, diz Celso Antunes da Costa, novo diretor-superintendente do Panamericano que tomou posse na terça-feira 9. Em teoria, as empresas de auditoria são pagas para garantir a confiabilidade das informações publicadas pelas empresas.

Na prática, a Deloitte chancelou o balanço do PanAmericano referente ao segundo semestre de 2010 sem ressalvas, o que certamente prejudicou clientes, aconistas e colocou em risco a própria economia. Como um rombo desse tamanho passou despercebido? “Pode ser que alguém do banco ou da auditoria tenha indicado que havia diferenças de valores, mas, se isso ocorreu, a apuração não avançou”, diz Costa, que já colocou na agenda a busca de outra auditoria. “Não há clima para continuarmos com a Deloitte.”

O erro de R$ 2,5 bilhões da auditoria no PanAmericano é mais uma derrapada em uma lista de casos parecidos. A Deloitte estava encarregada de auditar as contas da Parmalat, que quebrou em 2003 deixando um buraco de US$ 1,8 bilhão. Também era a responsável pelas contas da empresa de lentes de contato Bausch & Lomb, cujos executivos da subsidiária brasileira desviaram US$ 25 milhões (na época, a Deloitte negou que auditava as contas da empresa).

Mais recentemente, a Deloitte também olhava os números da Aracruz, empresa de celulose que perdeu R$ 1,95 bilhão em operações com derivativos cambiais em 2008. A Deloitte tinha de garantir que as informações prestadas pelo banco fossem consistentes, mas não foi a única empresa a esquadrinhar os números do PanAmericano.

A venda de 36% do seu capital total e 49,99% das suas ações ordinárias para a Caixa Econômica Federal teve a assessoria do banco Fator e da auditoria KPMG, que também não perceberam nada de errado nos números. Durante a negociação, o Fator encontrou divergências em dívidas trabalhistas e tributárias, que reduziram a avaliação do PanAmericano em R$ 100 milhões, mas essas diferenças são normais em vendas de empresas, diz Venilton Tadini, diretor de banco de investimentos do Fator.

Ele afirma que seria impossível encontrar o rombo nos ativos “Não tivemos acesso completo aos dados, não podíamos ver quem eram os compradores das carteiras de crédito.” O executivo diz que nem o Fator nem a KPMG puderam ir fundo na pesquisa. “Não fomos autorizados a consultar a Deloitte, pois o banco temia ter de divulgar ao mercado que estava procurando um sócio”, diz ele. “Se o negócio não fechasse, o PanAmericano quebrava, pois a confiança do mercado ficaria arranhada.”

Isso já ocorreu. A recepcionista Janaína dos Santos tomou um empréstimo no Panamericano há dois meses para financiar a compra de um carro. “Não dá para confiar em um banco que tem fraude”, diz. Procurada, a Deloitte divulgou uma nota em que diz ser “uma empresa presente no Brasil desde 1911, que atende a cinco mil clientes e com quatro mil profisionais pautados pela mais estrita ética, transparência e profissionalismo”. Ah, bom.

Por que a Deloitte erra tanto - Por Cláudio Gradilone

27 maio 2009

Falências

STF analisa hoje sucessão em nova Lei de Falências
Valor Econômico - 27/5/2009

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode definir hoje um dos pontos mais controversos da nova lei de falências. Na prática, ao julgar a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo PDT, a corte decidirá se há sucessão trabalhista na compra de ativos de empresas em recuperação judicial ou falida. O resultado da decisão, se for favorável à transmissão das obrigações trabalhistas, atingirá diretamente as empresas e negócios envolvidos em processos de recuperação judicial ou falência e as aquisições dessa natureza - como nos casos da Varig e da Parmalat, primeiras empresas a entrarem em recuperação no país. Além da Adin, também está previsto para ser julgado hoje um recurso extraordinário de uma ex-trabalhadora da Varig contra a VRG, ou a "nova Varig", adquirida pela Gol.

Nesse caso, o que o Supremo decidirá é se os processos que pedem à VRG o pagamento de dívidas trabalhistas devem ser julgados pela Justiça do trabalho ou concentrar-se na vara de falências da Justiça estadual, no caso a 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, responsável pela recuperação judicial da velha Varig e sob o comando do juiz Luiz Roberto Ayoub. (...)

07 junho 2010

Atraso na Convergência

Conforme postado anteriormente neste blog, a convergência sofreu um atraso. Na postagem, comentei uma reportagem do Financial Times sobre o assunto, onde destaquei que o principal derrotado teria sido David Tweedie, presidente do Iasb. Eis o texto completo do artigo em português, publicado no Valor Econômico (via Manual de contabilidade Simplificada:

Valor Econômico

Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres

Bob Herz, presidente do Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), responsável pelas normas contábeis dos Estados Unidos, confirmou o que já era um dos segredos mais mal guardados da profissão.

As principais reguladores contábeis do mundo não cumprirão o prazo, até junho de 2011, determinado pelo G-20, Grupo dos 20 países mais industrializados, para criar um padrão contábil mundial único.

A convergência global das normas de contabilidade vem sendo o santo graal dos contadores há mais de 30 anos. Argumentam que se as maiores companhias do mundo conseguissem harmonizar seus balanços financeiros melhorariam os fluxos de capital, atenderiam melhor os investidores e reduziriam a possibilidade de fraudes empresariais, como as da Enron e Parmalat.

Desde a recente crise financeira, autoridades reguladoras e políticos compartilham cada vez mais dessa opinião.

A iniciativa pela convergência assumiu um caráter mais premente depois que o promotor americano Anton Vakulas ter revelado em março que o Lehman Brothers havia transferido US$ 50 bilhões de suas contas no fim de trimestres graças ao artifício contábil Repo 105.

Embora admissível pelas regras americanas, o uso da Repo 105 não era permitido pelas internacionais.

Agora, no entanto, os responsáveis por criar as normas contábeis mundiais - o Fasb, dos EUA, e o Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) - sinalizaram após semanas de especulações que estão reavaliando o cronograma da convergência.

Essa sinalização chega na esteira das queixas de investidores e empresas de que as autoridades estão apressando o processo e poderiam prejudicar a contabilidade das companhias no futuro.

Herz disse que os responsáveis por criar as normas podem aguardar que o processo de convergência - que inclui mais de uma dezena de projetos - ocorra no início de 2012.

Especialistas dizem que o atraso é um contratempo, mas pode não ser muito desastroso.

"É importante para nós termos padrões confiáveis e de boa qualidade, e se for preciso demorar mais um pouco eles deveriam usar o tempo que for necessário", diz Pauline Wallace, chefe de assuntos regulatórios da auditoria PricewaterhouseCoopers.

Canadá, Brasil e, possivelmente, Japão adotarão as normas internacionais ao longo deste ano e "havia pressões para ter a convergência até lá [junho de 2011]" para incrementar a força do processo, diz David Larsen, da firma de assessoria financeira americana Duff Phelps.

Há receios entre os integrantes do Comitê de Supervisão Bancária da Basileia sobre como calcular as taxas de alavancagem, porque os responsáveis pelas normas ainda não chegaram a um acordo sobre as grandes diferenças entre o que deve ficar fora e dentro do balanço patrimonial.

Os investidores continuam esperançosos. Peter Vipond, diretor de regulamentação financeira da Associação de Seguradoras Britânicas (ABI, na sigla em inglês), um dos maiores grupos de investidores do Reino Unido, afirmou que, embora o grupo apoie a convergência, isso não deve ocorrer à custa da qualidade das normas.

De fato, alguns contadores dizem que o principal derrotado poderia ser David Tweedie, presidente do Iasb, cuja data de aposentadoria coincidiria com o prazo para a convergência, junho de 2011, algo que traria brilho adicional a seu legado.

Tweedie, cuja anúncio de substituição é esperado em julho, disse repetidas vezes que tal atraso poderia ser prejudicial para o processo de convergência porque o novo presidente poderia levar tempo para estabelecer-se em seu novo cargo.

Fonte: Valor Econômico

15 janeiro 2009

Escândalo Contábil e a Contabilidade

Um novo escândalo e novamente a discussão sobre o papel da contabilidade, mais especificamente da auditoria.

O que não enxerga é o Mizaru. O que não escuta é o Kikazaru. E o que não fala é o Iwazaru. Estes são os Três Macacos Sábios esculpidos na porta do Estábulo Sagrado do templo xintoísta do século 17 que está na cidade de Nikko, Japão.

Pois já passou da hora para que as empresas de auditoria adotem os três macacos como símbolos da corporação. São tantos os casos de fraude contábil e de desastres relacionados a elas que um dia alguém precisa se perguntar para que mesmo servem os auditores.

(...) Esta é uma lambança velha de guerra. Aqui no Brasil, eles não enxergaram a megafraude que até agora não se sabe se foi de R$ 10 bilhões ou de R$ 15 bilhões, no antigo Banco Nacional que quebrou em 1986. Em 2007, o auditor Marco Aurélio Diniz, que assinou os balanços em nome da KPMG, foi condenado por omissão. No naufrágio do Banco Econômico, o auditor que até a véspera avisava que tudo ia bem a bordo era a Ernest & Young.

Atrás do escândalo Enron, em 2001, nos Estados Unidos, estava a Arthur Andersen. E foi este caso que levou o Congresso americano a aprovar novas normas contábeis, muito mais severas, que ficaram conhecidas com a Lei Sarbanes Oxley. Duas outras gigantes do ramo, a Grant Thornton e a Deloitte & Touche deixaram acontecer outra fraude e tanto, desta vez na Parmalat italiana, caso também conhecido como o Enron da Europa.

Para todos os fins, uma auditoria serve para atestar a confiabilidade dos balanços das empresas. Qualquer condomínio tem quem se encarregue da conferência das contas de responsabilidade do síndico. Se essa exigência é necessária até mesmo para organizações simples, imagine o que não seria das complexas se não houvesse gente capacitada para aferir essa numerália toda.

Nesta crise foram inúmeros os casos em que os dados constantes nos balanços de tantos bancos, seguradoras, sociedades de crédito imobiliário, fundos de investimento, etc. foram escrutinados por auditores e que depois se revelaram nem um pouco confiáveis. Eles não enxergaram nem relataram, por exemplo, que os bancões e outras instituições dos Estados Unidos e do resto do mundo estavam excessivamente alavancados e que, por isso, trilhões de dólares corriam risco de virar pó, como depois viraram.

Os cartolas da contabilidade vão recitar o mantra de sempre: que todas as normas e procedimentos da profissão foram religiosamente cumpridos.

Mas, se é assim, para que servem eles se os atestados que assinam não valem nada? Os três macacos pelo menos são mais sinceros. Dizem que enxergar, ouvir e falar não é com eles.

Mizaru, Kikazaru e Iwazaru
O Estado de São Paulo - 15/01/2009

15 fevereiro 2009

Auditoria e Reputação

No livro Teoria da Contabilidade afirma-se que as empresas de auditoria possuem interesse em realizar um bom trabalho para defender sua reputação. Neste sentido, preservar o “nome” da empresa de auditoria seria um motivo suficiente para a busca por um bom trabalho. Entretanto, este aspecto talvez não seja suficientemente forte num ambiente de oligopólio. Um texto a revista Business Week (For Accounting Giants, nowhere to Hide?, Nanette Byrnes & Michael Orey, 16/2/2009, 56, Volume 4119) mostra que o arranjo realizado por estas empresas pode estar com os dias contados.

Apesar das grandes empresas de auditoria (PricewaterhouseCoopers, KPMG International, a Deloitte Touche Tohmatsu e Ernst & Young) possuírem receitas de mais de 100 bilhões de dólares no ano passado, sua exposição ao risco é limitada devido ao fato de estarem constituídas como uma rede de empresas independentes. Ou seja, ações judiciais são limitadas.

Agora, dois casos podem ameaçar esta situação. Em janeiro o juiz do distrito de Nova Iorque decidiu que um júri irá analisar “se Deloitte é responsável por alegada negligência contabilidade italiano pela sua operação em 2003 o colapso do produtor de leite Parmalat”. Na terça-feira dia 17 de fevereiro, “um tribunal estadual júri, em Miami está agendado para considerar se a [empresa] baseada em Bruxelas BDO International deve ajudar a pagar de US $ 521 milhões do veredicto.”

Estes problemas acontecem num instante em que as empresas de auditoria podem enfrentar a possibilidade de assumir responsabilidade por casos como o da empresa indiana Satyam e os fundos Madoff. As empresas de auditoria estão se defendendo afirmando que são independentes.

18 outubro 2007

Contabilidade criativa na Espanha

O tratado de Maastricht, assinado em 1992, exigiu que os países do clube do euro tivessem um déficit público inferior a 3% do PIB. Alguns países se destacaram por estar fora deste limite.

A solução foi atacar não o numerador, ou seja, o gasto público, mas o denominador da equação, o valor do PIB.

Uma reportagem de um periódico da Espanha destaca a contabilidade criativa para obter este número:

La opción más obvia consistía en incluir, a efectos estadísticos, actividades paralegales, como la prostitución y el juego, de forma que el cociente resultase menos estridente.

Esta simple anécdota pone sobre la mesa un asunto de actualidad en estos momentos: el empleo de la contabilidad creativa no se ha limitado a empresas como Parmalat, Ahold o Enron; las entidades públicas, en mayor o menor medida, han empleado la contabilidad creativa para alterar sus cuentas, desviando sin embargo todo el foco mediático hacia el sector privado, al que han regulado, han impuesto muy estrictos estándares contables y han aplicado contestables medidas de buen gobierno.

A pesar de ser bien recibidas por el legislador, su resistencia a aplicarlas y a atajar las prácticas de prostitución contable [grifo meu], que afectan al sector público, delata una actitud farisaica.

Centrémonos en un par de ejemplos que dejan constancia de este proceso: los déficit de pensiones y la deuda fuera de balance. La contabilidad internacional, al igual que la norteamericana, fuerza a cualquier compañía con fondos de pensiones internos a informar al mercado del déficit o superávit que tiene el fondo de pensiones, valorando los activos a precio de mercado y descontando las obligaciones futuras a los empleados a una tasa de descuento muy cercana al coste de la deuda de la empresa. Con esta medida, se ha intentado aplacar el muy extendido uso de prácticas contables apoyadas en cálculos actuariales, que pretendían simular que las promesas realizadas a los trabajadores mediante las pensiones estaban cubiertas con creces con los fondos actuales, cuando en realidad se debía mucho más dinero que el que realmente se tenía.

(...) La deuda fuera de balance a la que han acudido como instrumento contable muchas administraciones se puso de moda con la bancarrota de Enron. La firma tejana procedía a titulizar todo tipo de activos, con el objeto de sacarlos de balance, así como la cuantiosa deuda que los soportaba. El abuso de esta práctica provocó la caída de la empresa, y desde entonces los esfuerzos contables tienden a dificultar las prácticas conducentes a ocultar la deuda fuera del balance de situación.

Sin embargo, los entes públicos han practicado, practican y practicarán la financiación fuera de balance con total impunidad: las comunidades autónomas emplean la deuda fuera de balance de una forma agresiva, hasta el punto de que la deuda regional así “contabilizada” alcanza ya los 7.080 millones de euros, alrededor del 1% del PIB español.

Mediante el aparcamiento de esta deuda en empresas mixtas se acometen cuantiosas inversiones en infraestructuras, de forma que la Unión Europea no contabilice estos compromisos como deuda pública. Este esquema ha sido agresivamente utilizado en Cataluña, donde la deuda alcanza 3.502 millones de euros; en la Comunidad Valenciana, donde asciende a 1.538, y en la Comunidad de Madrid, con 488 millones.

Así, por ejemplo, esta última lo puso en práctica a través de la sociedad Mintra, encargada de la ampliación del metro. La deuda acumulada de Mintra ascendió a 3.000 millones de euros; sin embargo, no fue consolidada en las cuentas de la Comunidad de Madrid hasta que la Unión Europea lo forzó. (...)

El Producto Interior Bruto y la prostitución
Gaceta de los Negocios -18/10/2007

07 julho 2011

Adoção das IFRS na Europa

Só 20% das empresas europeias aderiram às normas do IFRS

Para especialista italiano adoção não significa necessariamente imunidade a fraudes
Só 20% das empresas européias adotam novas normas contábeis, o IFRS (International Financial Reporting Standards), afirmou o especialista da área contábil da Universidade de Parma na Itália, Andrea Cilloni em palestra na Trevisan Escola de Negócios. De acordo com o professor, a baixa adesão ao IFRS se deve pelo fato de que na Europa as pequenas e médias, que representam 65% da economia, entendem que não precisam desse enquadramento.
“O padrão internacional deve ser aplicado apenas se o objetivo for reduzir o custo de capital para o investidor, o que se aplica em geral para as grandes empresas de capital aberto; de outra forma, seria apenas um custo desnecessário”, disse.

Influências políticas

Para Cilloni, o que tem acontecido nos países é uma adaptação das normas internacionais para os princípios locais, e não uma adoção pura e simples. “O único país que adotou de fato os IFRS como foram desenvolvidos em Londres foi a África do Sul”.

Além disso, o professor italiano demonstrou as fortes influências políticas que afetam a sua aplicação, em detrimento de conceitos estritamente técnicos. “Tem mais a ver com uma disputa de poder entre Europa e Estados Unidos do que exatamente um padrão de excelência técnica dos princípios contábeis”, afirmou.

Fraudes

“A SEC (Security and Exchange Comission – órgão regulador do mercado de capitais nos EUA) até hoje aceita os princípios contábeis locais”. Cilloni explicou que a adoção dos IFRS não significa necessariamente que a empresa estará mais imune a fraudes.
“A Parmalat, por exemplo, foi a primeira companhia a utilizar na totalidade o padrão internacional, e isso não impediu a sua derrocada por conta de fraudes contábeis”.

Fonte: Monitor Mercantil – Digital

12 outubro 2010

Cisco

A Justiça determinou o bloqueio dos bens da Cisco do Brasil no processo em que a companhia é acusada de importação fraudulenta com uso de empresas fantasmas.

Duas delas foram usadas para fazer doação de R$ 500 mil ao PT, na campanha presidencial de 2006, conforme a Folha revelou em 2007.

Com a decisão, a Cisco ficou sem poder movimentar bens e contas bancárias. Recorreu, mas conseguiu liberar somente ativos financeiros. Na última semana, cartórios e juntas comerciais já registravam os bloqueios.

A Cisco é a maior empresa do mundo em equipamentos para redes de computadores. Aparece na 58ª posição no ranking das 500 maiores empresas da revista "Fortune" de 2010. No ano passado, suas vendas somaram US$ 40 bilhões (R$ 68 bilhões).

O congelamento dos bens é o desdobramento de uma das maiores autuações da história brasileira -a Cisco e uma rede de empresas foram multadas pela Receita Federal em R$ 3,3 bilhões devido ao suposto esquema, desvendado pela Operação Persona, realizada pela Polícia Federal em 2007.

A Receita já aplicou multas maiores por sonegação. A Parmalat, por exemplo, foi autuada em R$ 10,7 bilhões, mas conseguiu reduzir o valor para R$ 12 milhões.

Segundo a PF e a Procuradoria da República, a Cisco usava uma rede de empresas fantasmas para importar dos EUA, por valores até 70% abaixo do preço real, equipamentos usados em redes de computadores.

A empresa importou R$ 724 milhões em equipamentos com preços subfaturados, de acordo com a PF.

Em 13 de setembro, a juíza Simone Ribeiro, da 11ª Vara das Execuções Fiscais de São Paulo, acatou pedido da Procuradoria da Fazenda e mandou congelar cautelarmente bens da Cisco, da Mude -distribuidora da Cisco- e de executivos supostamente envolvidos nas importações.

A medida foi tomada, diz a juíza, porque a dívida com a Receita supera em 30% a soma dos bens dos réus, avaliados em R$ 105,3 milhões. O maior patrimônio é o da Cisco, de R$ 49,4 milhões.

DOAÇÃO AO PT

Segundo a investigação da PF, a empresa usou a ABC Industrial e a Nacional Distribuidora de Eletrônicos como biombo para esconder as importações fraudulentas.

As mesmas ABC e Nacional foram usadas para dar R$ 500 mil ao PT porque a lei americana proíbe que corporações daquele país façam doações a partidos.

Após a Folha ter revelado que a companhia articulara a doação ao PT, a Cisco afastou dois funcionários que teriam participado das negociações.

As investigações da PF apontaram indícios de que a doação seria uma compensação para favorecer uma das empresas do esquema, a Damovo, revendedora da Cisco, na disputa por um contrato de R$ 9 milhões com a Caixa Econômica Federal.

Em uma conversa gravada com autorização da Justiça, Sandra Tumelero, então gerente de contas da Cisco que atendia a Caixa, dizia já ter os "recibos" em mãos.

A Polícia Federal apreendeu na época dois recibos, de R$ 250 mil cada um. Estavam com um diretor da Mude.

O então tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, confirmou as doações. Em nota, fez a ressalva de que o partido não tinha "obrigação nem possibilidade de aferir se a empresa é suspeita de alguma irregularidade fiscal ou de outra natureza, ou se é investigada pelos órgãos públicos".


Justiça bloqueia bens da Cisco do Brasil - 12 Out 2010 - Folha de São Paulo - José Ernesto Credendio & Mario Cesar CArvalho