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27 março 2025

Tesla tem contabilidade questionada

Um texto da Fortune, publicado no site Estadao,  afirma existir uma diferença de 1,4 bilhão na Tesla. Essa diferença estaria entre as despesas de capital da empresa e a avaliação dos ativos nos quais esse dinheiro foi gasto. O questionamento foi feito pelo Financial Times, mas alguns especialistas dizem existir explicações:

Vários especialistas em contabilidade, no entanto, dizem que há justificativas plausíveis para a variação que pode não aparecer nos demonstrativos financeiros da Tesla. Você esperaria que os números relevantes somassem para uma empresa doméstica sem grandes vendas de ativos ou prejuízos, disse Tim Morrison, professor de contabilidade na Notre Dame e ex-parceiro de auditoria na Ernst & Young. A Tesla, claro, vende carros em todo o mundo e tem fábricas em três continentes. A PwC auditou os demonstrativos financeiros da Tesla desde 2005.

Desonestidade

 O resumo

Uma suposição fundamental sobre o comportamento humano, que sustenta as teorias dos traços de personalidade, é que, em certa medida, os indivíduos se comportam de maneira consistente em situações estruturalmente comparáveis. No entanto, especialmente no que diz respeito a comportamentos antiéticos, essa suposição de consistência tem sido severamente questionada, pelo menos desde o início do século XIX. Neste estudo, oferecemos um teste rigoroso dessa suposição de consistência em um exemplo proeminente de comportamento antiético — a desonestidade — com uma amostra ampla (N = 1.916) e demograficamente diversa. O comportamento desonesto foi medido três vezes — com até três anos de intervalo — utilizando diferentes variantes de paradigmas bem estabelecidos e incentivados de trapaça. Uma vantagem central desses paradigmas é que mentir é lucrativo individualmente, mas não leva à autoincriminação. Além de variar a tarefa específica em cada medição, também manipulamos experimentalmente a natureza dos incentivos (ou seja, dinheiro vs. evitar tarefas tediosas), assim como sua magnitude.

A consistência do comportamento desonesto foi estimada por meio de um modelo estatístico recém-desenvolvido. Os resultados mostraram forte consistência do comportamento desonesto entre os diferentes contextos na maioria dos casos. Além disso, traços de personalidade teoricamente relevantes (como Honestidade-Humildade e o Fator Sombrio) apresentaram relações significativas tanto com a desonestidade quanto com sua consistência. Assim, contrariando suposições de longa data, há uma consistência notável no comportamento desonesto que pode ser atribuída a fatores disposicionais subjacentes. De modo geral, os achados atuais têm importantes implicações para a compreensão teórica da desonestidade, ao fornecerem evidências robustas de que (des)honestidade pode ser entendida como um traço de personalidade, bem como para a prática (por exemplo, intervenções voltadas à promoção da honestidade). Além disso, a nova abordagem estatística desenvolvida pode ser útil para pesquisas futuras em diversas áreas científicas.

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IA e economia

Why LLMs are so good at economics

Consigo pensar em algumas razões:

Pelo menos por enquanto, mesmo os LLMs muito bons não podem ser considerados confiáveis em termos de originalidade. E, pelo menos por enquanto, um bom raciocínio econômico não exige originalidade — muito pelo contrário.

Boas cadeias de raciocínio em economia não são muito longas nem complicadas. Se se estendem por demais, provavelmente há algo errado com o argumento. O comprimento dessas cadeias eficazes de raciocínio está bem dentro das capacidades dos melhores LLMs atualmente.

Grande parte da boa economia exige uma síntese entre considerações teóricas e empíricas. Os LLMs são especialmente bons em fazer sínteses.

Em argumentos e explicações econômicas, frequentemente há múltiplos fatores envolvidos. Os LLMs são muito bons em listar múltiplos fatores — às vezes são “bons até demais” nisso, “aargh! não aguento mais uma lista, por favor…”

Artigos de periódicos econômicos costumam ter alta qualidade e, em geral, são consistentes entre si, baseando-se em ideias comuns como curvas de demanda, custos de oportunidade, ganhos com o comércio, e por aí vai. As chances são de que um bom LLM tenha sido treinado com “o material certo”.

Muitas ideias centrais da economia são “difíceis de perceber do zero”, mas “fáceis de entender uma vez que você as vê”. Isso também favorece os modelos, que são excelentes em digerir conteúdo.

E, por isso, LLMs de qualidade tendem a se sair melhor em economia do que em muitas outras áreas de investigação.

Penso que muito se aplica na área de contabilidade. 

26 março 2025

Estranho argumento

 Lendo notícias passadas encontrei isso:

“Temos uma nova administração compatível com criptografia e Bitcoin, com discussões em andamento para uma reserva em bitcoin dos EUA, e também regras do FASB Financial Accounting Standards Board que agora permitem que as empresas mantenham Bitcoin em seus balanços sem penalidade”, disse James Lavish, sócio-gerente do Bitcoin Opportunity Fund, observou. “Isso legitima ainda mais o Bitcoin como um ativo corporativo.”

De acordo com os padrões contábeis implementados pelo FASB, as entidades devem mensurar ativos criptográficos a valor justo a cada período de relatório. A nova regra começou a valer em 15 de dezembro. As alterações também exigem que uma entidade forneça divulgações sobre participações significativas, restrições contratuais de venda e alterações durante o período de relatório.


 

Utilizar o custo histórico — uma regra antiga — foi considerado uma penalidade. O motivo é que, quando o Bitcoin está se valorizando, esse aumento não aparece nos resultados da empresa. Da mesma forma, uma eventual perda também não é registrada quando há desvalorização. Além disso, Lavish considera que a forma de mensuração tem o poder de legitimar algo como um ativo. No entanto, acredito que essa legitimação está presente no reconhecimento do item em si, e não no montante registrado como ativo.

Mudança econômica

 O bilionário fundador e presidente da Amazon, Jeff Bezos, anunciou sua mudança da região de Seattle para a Flórida no final de 2023. No anúncio, Bezos mencionou que as operações de sua empresa de foguetes, a Blue Origin, estavam cada vez mais concentradas em Cabo Canaveral. O que não foi mencionado na publicação é que o bilionário economizaria uma fortuna em impostos. Só em 2024, ele poupou cerca de US$ 1 bilhão (R$ 6,18 bilhões) em tributos.

Com isso, na segunda metade de 2023, ele desembolsou US$ 234 milhões (R$ 1,447 bilhão) para comprar três mansões em Indian Creek, uma ilha artificial conhecida como o “bunker dos bilionários” da Flórida; registrou-se para votar no estado; e apresentou uma declaração de domicílio na Flórida — três passos cruciais para estabelecer residência legal no estado, que é famoso por não cobrar impostos sobre renda, ganhos de capital ou herança.


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Quando a contabilidade entra em campo

O artigo "Manchester City could cripple football", publicado no UnHerd, discute as acusações enfrentadas pelo Manchester City por supostas violações das regras de Fair Play Financeiro (FFP) entre 2009 e 2018. Essas acusações incluem inflacionar artificialmente o valor de patrocínios de empresas ligadas à propriedade do clube e realizar pagamentos a terceiros para complementar os salários oficiais de jogadores e técnicos. Se consideradas procedentes, tais infrações podem resultar em penalidades severas, como multas substanciais, dedução de pontos ou até mesmo rebaixamento do clube. ​




O artigo destaca que, sob as Regras de Lucro e Sustentabilidade introduzidas pela Premier League, os clubes podem perder no máximo £105 milhões em um período de três anos. Recentemente, outro clube, o Everton foi penalizado com a dedução de pontos por exceder o limite permitido de perdas financeiras. Há outros antecedentes também. Caso o Manchester City seja considerado culpado, as sanções podem ser ainda mais severas, dada a magnitude das acusações e a alegada falta de cooperação durante as investigações. ​

O que torna a discussão interessante é que o City seria um clube atuando em um setor onde deveria prevalecer o aspecto esportivo, mas a discussão sobre a não esportividade financeira é crucial. Além disso, dado que o City é propriedade de um governo e parece estranho falar em fair-play financeiro com a presença do estado entre os atores.

A relação com a contabilidade é evidente, pois as acusações centram-se na manipulação de demonstrações financeiras para aparentar conformidade com as regulamentações financeiras. 

Balanço do Estado de São Paulo não representam sua situação financeira


Este estudo tem o objetivo de analisar se existem inconsistências contábeis nos balanços patrimoniais do Estado de São Paulo nos anos de 2022 e 2023, utilizando a Teoria da Divulgação como suporte teórico. Os dados desta investigação foram extraídos do Portal de Transparência do Estado de São Paulo, do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro – SICONFI, do site Visão Integrada das Dívidas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e do Sistema de Análise da Dívida Pública, Operações de Crédito e Garantias da União, Estados e Municípios – SADIPEM. Os resultados revelaram a existência de inconsistências contábeis nos Balanços Patrimoniais
dos anos 2022 e 2023 do Estado de São Paulo: divergência entre os valores do Passivo Exigível com o Passivo Real; inconsistências nos valores dos Restos a Pagar processados e não processados; o ativo e o passivo não representam a situação financeira e patrimonial do Estado de São Paulo, pois foram encontradas divergências nos valores divulgados. Por fim, com base na Teoria da Divulgação (Theory of Disclosure), conclui-se que os valores registrados nos balanços patrimoniais dos anos de 2022 e 2023 não refletem adequadamente a real situação do Patrimônio Público do Estado de São Paulo.

Fonte: aqui