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22 dezembro 2011

Cinco Erros Cometidos ao Investir

Ao fazer um investimento, uma pessoa pode cometer alguns erros que poderiam ser evitados. As pesquisas em finanças comportamentais mostram, há tempos, alguns destes erros. A lista a seguir foi feita por Elie Rosenberg (You Just Made These 5 Investing Mistakes):



Ancoragem
Significa tomar a decisão baseada em um conjunto de variáveis, deixando de observar o todo. A ancoragem ocorre, por exemplo, quando você compra um automóvel e observar somente a quilometragem e o modelo. Outras variáveis relevantes não são consideradas. Uma pesquisa clássica mostrou que se os indivíduos colocassem os dois últimos números da previdência social isto afetaria a resposta das perguntas feitas a seguir.

Em finanças pessoais isto pode ocorrer quando o investidor considera que se o mercado deu um retorno de 40% no ano anterior este seria o patamar para este ano.

Confirmação
É a tendência que temos de interpretar as informações para “confirmar” nossa teoria. Um investidor que não gosta de ações de empresas estatais poderá considerar sua decisão acertada quando observa o desempenho da Petrobrás este ano. Outro investidor, que é avesso ao risco, poderá usar a informação do mercado acionário deste ano para “confirmar” sua decisão de não investir em ações

Excesso de Confiança
As pessoas geralmente se acham acima da média nas coisas que fazem.  É comum um investidor pensar que podem “ganhar do mercado”. Isto faz com que arrisque mais do que deveria nas decisões de investimento.

Um investidor que bateu o desempenho da bolsa de valores em 2010 pode achar que é mais esperto que o mercado; no ano seguinte, seu excesso de confiança pode fazer com que suas decisões sejam mais arriscadas mais do que deveria.

Reação Exagerada e Disponibilidade
Podemos mudar nossa forma de pensar com um evento; entretanto, muitas vezes este evento não possui uma ligação racional com as decisões que estão sendo tomadas. O viés da disponibilidade é atribuir um peso maior aos eventos recentes.

Geralmente ambos ocorreram quando os investidores reagem às notícias ruins. Se uma empresa anunciou que irá reduzir o preço dos seus produtos, isto poderá ter um efeito sobre a receita e seu resultado. Entretanto, se a redução do preço for sazonal, isto não deveria provocar efeito sobre o preço da ação.

Efeito Manada
É a tendência de seguir os outros investidores. Se as pessoas estão comprando ações, o investidor tende a alocar seus recursos no mercado acionário. Entretanto, geralmente nestes casos o investidor está entrando no mercado num momento de alta, e o seu lucro, se houver, será reduzido.

07 dezembro 2011

Aparência

Uma pesquisa interessante sobre o papel da aparência no nosso julgamento é apresentada numa reportagem da revista Wired (The Psychology of Nakedness).

O estudo comparou a percepção das pessoas a uma série de fotografias. Um dos exemplos encontra-se a seguir. Numa das imagens existia uma mulher, Erin, onde aparecia somente seu rosto. Após olhar esta foto, foi informada aos alunos que participaram da pesquisa uma descrição de Erin. Após ler este perfil de Erin, os estudantes tinham que avaliar a capacidade dela em relação a diversas características.
Para outro grupo de estudantes mostrou outra foto de Erin, agora aparecendo parte do seu corpo (foto abaixo). O mesmo perfil foi apresentado a este grupo de alunos e também foi solicitado avaliar a capacidade dela. Observe que a fotografia é a mesma, mas o resultado foi totalmente diferente.

05 dezembro 2011

Gatilho Emocional

Em algumas pesquisas científicas é necessário associar o estado emocional de uma pessoa com suas decisões. No passado, para induzir o medo, os cientistas aplicavam choques elétricos nas "cobaias". Nos dias de hoje é difícil imaginar isto acontecendo.

Para resolver este problemas, os cientistas usam vídeos que disparam "gatilhos" emocionais. Após assistirem estes vídeos, as pessoas estarão prontas para submeter a pesquisa.

Em 1995 dois cientistas fizeram uma pesquisa para determinar quais os vídeos eram mais efetivos em produzir emoções, como tristeza ou alegria. O resultado mostrou que para induzir repulsa a recomendação seria um curta metragem sobre amputação. Para disparar alegria nos pesquisados, a cena famosa do falso orgasmo de When Harry Met Sally (no Brasil, Harry e Sally, Feitos um para o Outro, foto acima). Para tristeza, uma cena do filme The Champ (O Campeão, no Brasil), onde o garoto chora sobre o corpo do pai morto (foto abaixo).

20 outubro 2011

Contador e Finanças Comportamentais


Recentemente terminei de ler o livro Pense Duas Vezes, de Michael Mauboussin (Best Business, 2011). Talvez pelo por não esperar muito da obra, foi uma surpresa agradável sua leitura. Este é um livro de finanças comportamentais e poderia ser indicado para os iniciados da área.

Veja o seguinte trecho:

Muitas decisões ruins resultam de incentivos inadequados em vez de erros. Os vieses que acompanham os incentivos, em geral, são subconscientes. Max Bazerman, professor na Harvard Business School que estuda o processo decisório, e alguns pesquisadores pediram a mais de cem contadores que revisassem cinco vinhetas contábeis ambíguas e que julgassem a contabilidade em cada uma. Metade dos contadores foi informada que tinha sido contrata pela empresa e o restante foi informado que havia sido contratados por um outra empresa. Quem desempenho o papel de auditor da empresa tinha 30% mais chances de achar que as opções estavam de acordo com os princípios contábeis, sugerindo que mesmo uma relação hipotética com a empresa afetara o julgamento. Os pesquisadores escreveram: “Talvez a característica mais notável dos processo psicológicos em ação nos casos de conflito de interesse é que eles podem ocorrer sem qualquer intenção consciente de favorecer a corrupção.” Os incentivos são um fato que contribui muito para a visão de túnel. 

Ou seja, quando um auditor comete um erro no seu parecer, talvez não seja um erro deliberado, mas uma tendência natural dos indivíduos a defenderem o ponto de vista da empresa para o qual foi contratado.

29 setembro 2011

Excesso de Confiança


Quando um professor aplica uma prova individual ele tenta medir o conhecimento de cada aluno. Entretanto, em algumas situações, um professor pode elaborar uma avaliar com consulta, incluindo ao colega. De uma maneira geral, acreditamos que o resultado da avaliação tende a melhor, premiando o grupo como um todo.

Uma pesquisa recente, realizada em Nottingham, mostrou que isto nem sempre é verdadeiro. Duas telas feitas, uma de Klee e outra de Kandinsky, foram apresentadas para dois grupos de pessoas. O primeiro grupo, as decisões deveriam ser individuais. No segundo grupo, as pessoas podiam discutir antes de tomar a decisão. O grupo que fez a consulta teve resultado pior. Ou seja, a consulta dentro do grupo piora o processo decisório, mesmo que as pessoas tenham considerado interessante a conversa no grupo.

Isto é estranho já que para grandes grupos o processo decisório parece melhorar (vide o livro A Sabedoria das Multidões).

Uma possível explicação para o resultado é que este tipo de decisão não é possível provar, de antemão, que um dos componentes do grupo conhece realmente a distinção entre os dois pintores. Ou seja, a resposta não é “demonstrável”. Nestas situações, os membros do grupo são influenciados pelo excesso de confiança daqueles que se julgam especialistas. É como o jogo de conhecimento, onde é possível perguntar aos universitários. Se o universitário diz que “tem certeza” da resposta, o inocente tende a ser conduzido pelo excesso de confiança do especialista (neste caso, o universitário).

(Foto: aqui)

31 agosto 2011

Efeito manada

(...) O bom e velho efeito manada, com os investidores vendendo ações a qualquer preço. Mas para ganhar dinheiro na bolsa não é interessante comprar papéis justamente num momento de baixa? Ao se desfazer dos ativos, o investidor pode até estar cometendo um erro, mas errar em companhia da maioria é menos estressante, diz Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais da Santander Asset Management e especialista em finanças comportamentais. Já conviver com as consequências de um erro em virtude de um posicionamento oposto ao do grupo é um constrangimento que a maioria evita.

Segundo Mosca, existem quatro elementos principais que definem um movimento de manada. O primeiro é exatamente a necessidade que as pessoas têm de agir como a maioria; outro é a percepção de que as pessoas que estão a sua volta possuem uma boa razão para fazer o que estão fazendo, no caso, vendendo as ações. O terceiro elemento é a vontade de não ser o último a entrar ou sair do mercado e, por fim, a necessidade de fazer parte do grupo, independentemente deste estar certo ou errado.

A prova de que o investidor está se deixando levar muito mais pela emoção do que pela razão é que ele vendeu suas ações, ignorando qualquer notícia positiva que saísse. "O mundo não foi apenas desgraça nos últimos dias, saíram dados positivos da economia americana, o Banco Central Europeu voltou a injetar liquidez nos países e o investidor não colocou nada disso na balança na hora de decidir o que fazer com os papéis", diz Mosca. (...)

O velho efeito manada amplifica as perdas - Daniele Camba - Valor Econômico - 08/08/2011

É interessante notar que o efeito manada não tem sido considerado relevante pelos teóricos de finanças comportamentais. Wilkinson, em An Introduction to Behavioral Economics, não aborda este conceito.

04 agosto 2011

Emoção ao investir


Efeito manada, excesso de otimismo, aversão à perda, autoconfiança exagerada. Esses são alguns sintomas comuns em investidores e que têm sido foco de diversos estudos ao redor do mundo sob o tema das finanças comportamentais.

Despertar a consciência do investidor sobre os sintomas psicológicos que surgem a partir da relação com investimentos e dinheiro é uma maneira de aguçar a razão e evitar que a emoção influencie nas decisões, segundo especialistas.

De acordo com dados levantados pelo banco Santander, 40% dos clientes que fizeram cursos ou participaram de palestras sobre finanças comportamentais obtêm melhores rentabilidades nos investimentos.

"Isso ocorre porque o investidor percebe que é preciso raciocinar antes de tomar a decisão e não simplesmente fazer porque os outros fizeram", analisa Vera Rita de Mello Ferreira, psicanalista especializada em psicologia econômica e autora de dois livros sobre o tema.

Aquiles Mosca, estrategista de Investimentos Pessoais do Santander, cita um estudo da Universidade de Cambridge para comprovar a falta de racionalidade que há na relação com os investimentos. "O maior medo do ser humano é falar em público. Em segundo lugar está a morte. E a terceira aflição é o futuro financeiro. Se há esse medo, há emoção em excesso."

Aconselhamento. Um levantamento da Infomoney feito com centenas de brasileiros mostra que somente 4,75% dos investidores tomam decisões com base na opinião de profissionais especializados; 30,71% decidem unicamente por sua própria análise; 22,57% são pouco influenciados pela soma de análises próprias e profissionais; e 41,97% ponderam as opiniões de conhecidos e as percepções próprias.

Para Bernardo Nunes, que está desenvolvendo uma tese de doutorado sobre finanças na Nova School of Business Economics de Lisboa, o investidor que passa a conhecer "os vieses e desvios da racionalidade mais comuns pode evitar uma boa parte das perdas e passa a lidar com o assunto finanças de uma forma mais eficaz".

Institucional. Os estudiosos do assunto afirmam que já há uma incorporação do tema nos escopos mais tradicionais da economia, apesar de ainda haver preconceito dos economistas mais antigos. "Depois da crise financeira de 2008, certamente as finanças comportamentais ganharam ainda mais relevância", diz Vera Rita.

O próprio Santander é um exemplo de incorporação do tema. Há pouco mais de dois anos, as finanças comportamentais são tema de cursos e palestras do banco. "Há benefícios ao banco. Por exemplo, 12% dos clientes que participam desses cursos e palestras tornam-se mais promotores do banco", conta Mosca.

Nunes conta que Áustria, Inglaterra, Holanda e Suécia são os países mais avançados nesse processo em termos acadêmicos. "Na psicologia econômica como um todo", diz.

Especificamente sobre as finanças comportamentais, que são um braço da psicologia econômica, os Estados Unidos lideram a incorporação, tanto no meio acadêmico quanto no prático, de acordo com Nunes.

"Nos Estados Unidos, as certificações profissionais de finanças, como a CFA, incorporam questões de finanças comportamentais nas provas", explica. "No Brasil, o assunto também já é tratado na certificação CGA, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais)", exemplifica.

Conhecimento ajuda a domar a emoção ao investir - Roberta Scrivano - O Estado de S.Paulo - 4 de out de 2010


02 agosto 2011

Dispersão da Beleza


A existência de sítios de relacionamento tem gerado pesquisas interessantes. Com uma extensa base de dados, alguns pesquisadores encontraram uma fonte quase “inesgotável” para novos achados. Uma destas pesquisa foi destaque em vários endereços da internet recentemente. (aqui e aqui, por exemplo)

O gráfico abaixo foi obtido no sítio do OK Cupid, um endereço de encontros na internet. De um lado, o número de mensagens recebido pelas mulheres. No eixo horizontal, a nota dada para sua “atratividade”.


É perceptível que quanto maior a atratividade, maior o número de mensagens. Mas existe um ponto interessante: uma mulher com uma nota elevada para sua aparência pode receber poucas mensagens! A foto abaixo mostra duas mulheres com notas parecidas de atratividade: 3,4 e 3,3. A segunda mulher recebe muito mais mensagens que a primeira. Qual a razão?

A explicação está na própria figura. A mulher do lado esquerdo recebe muitas notas “quatro”, alguns “três” e “cinco”, mas poucas notas reduzidas. Ou seja, existe um certo consenso que ela é bonita. Já a mulher do lado direito recebeu muitas notas “cinco” e “um”. Ou seja, existe divergência se ela é bonita ou não. Mas é ela que recebe mais mensagens dos potenciais candidatos: 2,3 vezes a média, enquanto a mulher do lado esquerdo recebe 0,8 vezes a média.

Parece existir algo curioso aqui: quanto mais os homens discordam da beleza de uma mulher, mais ela recebe mensagens dos pretendentes. O gráfico abaixo ilustra o número de mensagens em relação a média (eixo vertical) e a diferença de opinião dos homens, conhecida na estatística como dispersão. Quanto maior a dispersão, ou seja, quanto maior a diferença de opinião sobre a atratividade de uma mulher, maior o número de mensagens.

Qual a possível explicação desta “incoerência”? Se o leitor assistiu o filme sobre a vida de NashUma Mente Brilhante, deve lembrar-se de uma cena em que ele vai ao bar com alguns amigos. Na mesa oposta, um grupo de mulheres, onde se destacava uma muito bonita. Nash explica que a melhor estratégia é abordar a segunda mais bonita, não a mais bonita. Como todos os homens estarão interessados no maior “prêmio”, a concorrência para a segunda mais bonita é menor e as chances de sucesso são maiores. Trata-se de uma situação típica da Teoria dos Jogos.

O mesmo pode ser aplicado aos achados do sítio de relacionamento. Se um homem estiver interessado na morena da direita e ele suspeitar que outros fossem achá-la pouco atraente, isto significa menos concorrência. A chance de ela receber uma mensagem aumenta. A loura da esquerda será considerada “bonita” por quase todo mundo; um homem pensaria que o número de mensagens que ela recebe é grande e sua chance é pequena.

De posse disto, como a mulher pode aumentar o número de mensagens? Apesar de a atratividade ser difícil de ser mudada, a mulher pode influenciar na dispersão. A sugestão é interessante: utilizar algo que nem todos os homens gostam e destacar isto na foto. Por exemplo, uma tatuagem. Nem todos os homens admiram uma mulher com tatuagem. Ao colocar a foto destacando a tatuagem, isto provavelmente irá aumentar a dispersão.

22 junho 2011

Jogo da Confiança

Pesquisa tenta mapear o que faz os grandes investidores locais e estrangeiros terem maior ou menor segurança para aplicar seu dinheiro no Brasil ou em outros mercados pelo mundo.

O que leva um investidor que mal sabe onde fica o Brasil a destinar parte de seus recursos ao país? E que fatores o fazem sair do país tão rápido quanto entrou? Ou por que o estrangeiro confia mais que o brasileiro no mercado local?Para responder a essas perguntas, a advogada Anna Lygia Costa Rego, do escritório Trench, Rossie Watanabe Advogados, procurou 50 investidores, locais e estrangeiros e reguladores do mercado, para saber o que os faz confiar no país e o que mais eles temem. O resultado da pesquisa revela que alguns vícios dos grandes investidores são iguais aos de qualquer pequeno aplicador na hora de tomar decisões. O trabalho transformou-se em tese de doutorado defendida no ano passado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Perguntados sobre se confiam no Brasil, 75% dos estrangeiros responderam que sim, número que cai para 45% no caso dos brasileiros. Segundo Lygia, isso mostra que os motivos para estrangeiros e locais confiarem no país são diferentes, apesar de os dados econômicos analisados serem os mesmos.

Para Lygia, há um certo exagero nas duas pontas. "De 1990 para cá, a confiança dos estrangeiros no Brasil melhorou muito, mas nem tanto com os locais", diz. Entre os brasileiros ouvidos estão representantes de corretoras, escritórios de advocacia e bancos. "Os outros 55% locais confiam desconfiando, são muito céticos com o futuro do país."

O principal problema do Brasil para os brasileiros é a morosidade do Judiciário, enquanto, para o estrangeiro, é a corrupção, diz Lygia. Já com relação à confiança, para o estrangeiro, é mais importante o retorno do investimento do que o arcabouço legal. Já para o brasileiro, o fator de confiança é a estabilidade econômica e o controle da inflação.

Um ponto importante na pesquisa de Lygia é que, depois do controle da inflação, o principal fator de confiança dos investidores locais é o crescimento econômico. Somente em terceiro lugar aparece a segurança jurídica, que deveria ser justamente o que garantiria o cumprimento das regras dos mercados. A explicação de Lygia é que, apesar de não ser citada, a segurança jurídica aparece subliminarmente. "Os reguladores também afirmaram que os fatores econômicos vêm antes na definição da confiança", diz.

O fundamento do trabalho de Lygia é que, apesar de toda a base racional dos investimentos, tudo está lastreado na confiança. "Se não confia na contraparte, ou o banco exige tanta garantia que torna a operação inviável ou nem faz." Confiança, admite ela, pode ser um tema abstrato, mas está presente no dia a dia de todos. "Um empresário tem de confiar em seus funcionários, senão a empresa não funciona, pois não há como fiscalizar todos o tempo todo", diz.

Ao mesmo tempo, sabe-se que reconquistar a confiança é um processo muito mais complexo do que criá-la. "Por isso resolvi trabalhar com essa variável no campo do investimento", afirma.

De acordo com ela, a primeira observação é que aumentar a regulamentação é a primeira medida para tentar recuperar a confiança abalada entre os agentes econômicos. Um exemplo disso é a lei americana Sarbanes-Oxley depois do caso da quebra fraudulenta da empresa de energia Enron em 2001. E que se repete hoje com a tentativa do governo americano de reforçar a fiscalização sobre os bancos e os derivativos depois da crise de 2008.

Segundo Lygia, apesar de a questão da confiança ser tratada por muitos grandes gestores internacionais de recursos como derivada de fatores técnicos, há uma questão afetiva e que envolve a psicologia do investidor. "Recorri a dois autores, os israelenses Daniel Kahneman e Amos Tversky, e sua ciência cognitiva, as escolhas irracionais humanas, para explicar como se dá a criação da confiança", explica.

Os estudos dos dois autores, que renderam a Kahneman o Prêmio Nobel de Economia de 2002, conseguiram convencer os economistas mais ortodoxos de que nem sempre a racionalidade é que comanda as decisões.

Ela dá os exemplos também de outros autores como Kenneth Arrow, que classifica que os países mais atrasados do mundo são os que apresentam maior falta de confiança de seus agentes. Cita também o ex-presidente do Fed, o banco central americano, Alan Greenspan, que se surpreendeu ao analisar os mercados dos EUA e concluir que todas as transações são feitas por necessidades espontâneas dos agentes e muitas delas são acordos verbais que depois são registrados oficialmente. Dessa forma, a confiança seria o maior valor de uma empresa.

Um exemplo de como essa confiança pesa no mercado é novamente o caso Enron. A descoberta das irregularidades em uma das maiores empresas do mercado americano abalou não só a confiança nas empresas, como também nas auditorias em geral e no mercado.

O que Lygia tenta mostrar é como a confiança entra na questão dos erros dos investidores, usando as teorias de Kahneman e da irracionalidade na hora da tomada das discussões. E como isso leva um investidor a confiar em determinado mercado e não em outro. O que fica claro é que, se um país perde a confiança dos investidores, ele demora a recuperá-la, mesmo que os fatores que tenham levado ao problema já tenham sido eliminados. Foi assim com o Brasil na década de 90 após a crise da dívida externa.

Isso é reforçado pelo fato de todos os investidores internacionais olharem apenas duas ou três fontes de informações, em geral grandes bancos ou agências de rating. Isso tudo acentua movimentos de manada como os que ocorreram na época das crises dos mercados emergentes nos anos 90 e mais recentemente em 2008. "O medo das perdas faz os investidores tomarem decisões rápidas e acompanhando o mercado", diz.

Lygia chama a atenção para o fato de que os investidores usam as mesmas palavras para definir a confiança, tanto na China quanto no Brasil. Uma das razões para isso é o efeito da imprensa como formadora de opinião e fonte das probabilidades de ocorrência de problemas.

Por isso, as pessoas usam exemplos de confiança dados pela imprensa para basear suas opiniões. "Hoje a confiança não é vista como uma questão técnica pelos investidores, assim como a transparência também não era há alguns anos", diz Lygia.

A proposta de Lygia é tentar criar um sistema para analisar os fatores que influenciam a confiança e usar isso como política pública, corrigindo os fatores que possam distorcer a imagem do país lá fora ou internamente.


Fonte: Angelo Pavini -Valor Econômico -21/06/2011

08 junho 2011

Depleção

Uma teoria na tomada de decisões que estamos começando a compreender melhor, teoria da depleção, sustenta que a nossa capacidade de fazer qualquer tipo de decisão difícil também é afetada pela fadiga. Na maior parte do nosso dia-a-dia, sentir cansado no final de um longo dia de trabalho não leva a muitas decisões terríveis, talvez uma barra de chocolate aqui ou ali, ou fast food quando deveríamos ir para um envolvimento saudável.No entanto, algumas vezes os efeitos são mais significativos. 
Considere os resultados dramáticos de um estudo recente realizado por Shai Danziger, Levav Jonathan e Avnim Liora-Pesso, investigando um grande conjunto de decisões sobre liberdade condicional de juízes em tribunais israelenses. Sua conclusão é surpreendente. Os juízes tendem sistematicamente a conceder liberdade condicional quando eles são mais dispostos: no início do dia. Depois, alterar a probabilidade de concessão de liberdade condicional (...).Mas o efeito não é o mesmo em todo o dia - depois da sua hora de almoço, onde recebem alguma energia extra que os rejuvenesce, as suas decisões parecem muito mais os que eles fizeram no início do dia. 
 Depletion – Dan Ariely 

15 maio 2011

O mundo das finanças, as esfirras e o efeito contágio

Postado por Pedro Correia


O mundo tem acompanhado com atenção o desenrolar da situação política no Egito. Após anos de ditadura, a população finalmente decidiu dar um basta ao governo de Mubarak. Inspirados pelos acontecimentos na Tunísia, porém seguindo uma dinâmica política, econômica e social distinta, os egípcios tomaram as rédeas de seu futuro.

Muito bom, certo? Afinal, ninguém deseja que uma ditadura como essas continue. Porém, aparentemente, para os mercados, não. Basta ver as fortes quedas dos principais ativos de risco, principalmente, os associados a mercados emergentes e, sobretudo, os árabes. Informações concretas, como o fato do Egito não ameaçar a oferta global de petróleo ou de que o canal de Suez pode ser facilmente contornado sem ameaçar a distribuição dessa commodity, parecem não ser muito importantes.

Não foi raro ouvirmos recentemente em entrevistas, relatórios, análise em comitês de investimentos e conversas informais, que a situação poderia se alastrar para outras nações do mundo árabe e aí sim afetar fortemente a produção e o transporte de petróleo. Isso seria um risco enorme para a frágil recuperação mundial. A estabilidade dos regimes na Argélia, Marrocos e até Arábia Saudita estariam em risco.

O fato desses comentários serem feitos por profissionais que jamais pisaram em qualquer um desses países e de que teriam muita dificuldade em dizer se são governados por presidentes, reis ou primeiros ministros (nem ouse perguntar o nome dos governantes dessas nações...), parece ser de pouca importância. O mais próximo que chegaram de algo minimamente relacionado ao mundo árabe muito provavelmente foi uma esfirra ou um quibe cru. Dizer que o regime saudita corre risco de ruir, atualmente, equivale a falar que a rainha da Inglaterra deveria ter ficado alarmada com os tumultos políticos de 2005 na Ucrânia.

Mas por que isso ocorre? Afinal, os mercados não são racionais? Os agentes não usam toda a informação que possuem para tomar a melhor decisão? A cadeira de finanças comportamentais denomina esse tipo de análise superficial e o processo decisório resultante de efeito disponibilidade. Segundo esse conceito, os indivíduos se valem de elementos simples, de fácil acesso e assimilação para construir previsões e estimativas, que são fortemente influenciadas por informações que estejam imediatamente disponíveis.

Registrada pela primeira vez na literatura acadêmica por Amos e Tversy (1974), o efeito disponibilidade está ligado ao princípio de que as pessoas avaliam a probabilidade de um evento ocorrer baseadas na facilidade com a qual encontram exemplos similares ou na facilidade com que tais exemplos vem à mente.

Em um estudo criativo, os dois pesquisadores pediram a uma amostra representativa da população americana que estimasse o que é mais frequente, palavras em inglês que começam com a letra K ou palavras em inglês onde a letra K aparece em terceiro lugar (terceira letra da esquerda para a direita)? 70% dos respondentes estimou que as palavras que começam com a letra K são mais numerosas. Na verdade, as palavras onde a letra K aparece em terceiro lugar são 2 vezes mais frequentes! O fato de ser mais fácil pensar em palavras que começam com K explica porque um percentual tão elevado errou feio a estimativa.

Outros exemplos da vida cotidiana também são capazes de evidenciar tal tendência. Por exemplo, um motorista que acabou de sofrer um acidente tende a dirigir com mais cautela nas semanas seguintes à colisão, ainda que a probabilidade objetiva de que sofra um novo acidente não tenha sofrido alteração. O que aumentou momentaneamente foi a probabilidade subjetiva que a vítima do acidente atribui à possível repetição de tal evento.

No mundo financeiro, em que o dinamismo e a velocidade das transações e, consequentemente, das análises, só aumenta, o efeito disponibilidade, bem como o efeito contágio resultante, tem origem na insuficiência de informação ou na simples ignorância quanto a determinado tema. Dessa forma, os indivíduos recorrem e atribuem um peso maior ao raciocínio por analogia e pouco ou nenhum peso ao raciocínio lógico no momento de fazer um julgamento e tomar uma posição. E mais uma vez, lá se vai a hipótese de racionalidade por água abaixo.

Aquiles Mosca é estrategista de investimentos pessoais e superintendente executivo comercial do Santander Asset Management. É autor dos livros "Investimento sob medida" e "Finanças Comportamentais".

Fonte: Valor Econômico

10 abril 2011

Neurocontabilidade

Por Pedro Correia

O título deste artigo é interessante:Is Neuroaccounting Waiting in the Wings? .


De acordo com o resumo, o working paper disserta sobre a utilização da neuroeconomia e amplia a discussão para as razões pelas quais esta disciplina emergente, deve ser de interesse para pesquisadores da contabilidade comportamental.


Os autores avaliaram a contribuição e potencial da neuroeconomia para o estudo do comportamento econômico humano. Outrossim, examinaram o que os contadores comportamentais podem aprender com neuroeconomia[1] e se devemos esperar que um sub-campo semelhante surja dentro da contabilidade comportamental num futuro próximo.


No entanto,os autores concluíram que um sub-campo separado dentro da contabilidade comportamental, não é provável num futuro próximo,principalmente, por razões práticas. Assim, os autores sugerem que os pesquisadores da contabilidade comportamental sigam de perto a neuroeconomia, que é ramo da medicina e economia que procura determinar como as decisões são tomadas no cérebro das pessoas.


Em verdade, sugerem uma integração entre contadores comportamentais e neuroeconomistas de modo a examinar questões de interesse mútuo.


[1] George Lowenstein fez um comentário interessante sobre neuroeconomia:


Neuroeconomics is still in its infancy, and many of the existing findings are speculative or contradictory. (…) I believe that there is a danger that the field has been oversold, and perhaps “over-bought,” leading to inevitable disappointment and disillusionment.


Postagens sobre neuroeconomia.

17 março 2011

Maldição do Vencedor

Maldição do Vencedor - Postado por Pedro Correia
A revista Conjuntura Econômica de fevereiro traz uma entrevista especial com o economista Paul Milgrom. Milgrom é conhecido no meio acadêmico por suas contribuições para a área de leilões, contratos e economia industrial. Fora da academia ele tem contribuído em diversas áreas, principalmente em leilões. Em particular, desenhou o leilão ascendente simultâneo (LAS) usado nos EUA e em vários outros países para vender espectro de rádio, e que tem gerado centenas de milhões de dólares de receita para os governos. Além disso, é consenso entre economistas que as contribuições de Paul Milgrom nas áreas de teoria de leilões, teoria dos jogos, organizações e finanças, o fazem merecedor de um Prêmio Nobel.

Segue trecho da entrevista, em que ele comenta sobre "a maldição do vencedor":

O governo brasileiro cederá à Petrobras os direitos de exploração dos blocos de pré-sal adjacentes àqueles que já são de sua propriedade, com o argumento de que ela tem “melhor informação sobre a viabilidade desses blocos”. É uma boa ideia?

Esse é um exemplo clássico da “maldição do vencedor”, e também ilustra uma situação na qual o leiloeiro se sai melhor quando distingue participantes fortes e fracos. A “maldição do vencedor” funciona assim: se um participante– digamos a Petrobras – está mais informado que os outros e se um participante menos informado vence o leilão, então o vencedor está “amaldiçoado”. A razão é simples: caso os direitos valessem muito a Petrobras teria dando lances agressivos para adquiri-los. Uma maneira simples de lidar com a “maldição do vencedor” é excluir o participante forte, bem informado. Se essa é uma boa ideia depende de uma análise específica. Por exemplo: é necessário avaliar a possibilidade de que a Petrobras distorça o resultado de qualquer maneira, vendendo ou trocando sua informação superior com outro participante. Outra questão é o número de participantes. E, dependendo dos fatos, pode haver outras maneiras menos custosas de mitigar a “maldição do vencedor” do que excluir a Petrobras.
Entrevista completa em português: aqui.
Entrevista completa em inglês: aqui

16 março 2011

5 Grandes Livros de Finanças Comportamentais em Língua Portuguesa

O Mito dos Mercados Racionais – Justin Fox – conta a história do conceito de mercado racional. São 16 capítulos que tratam de finanças modernas.

Psicologia Econômica – Vera Ferreira – Uma tese que foi transformada em livro. É bastante completo no assunto. Para os leitores com maior rigor acadêmico

Finanças Comportamentais – Aquiles Mosca – Coletânea de artigos que foram publicados no Valor Econômico. Estilo acessível é um atrativo

Previsivelmente Irracional – Dan Ariely – Acho que este deveria ser a primeira leitura em Finanças Comportamentais. Apesar do autor evitar os conceitos, é um livro muito acessível e interessante. 

Positivamente Irracional – Dan Ariely – Segundo livro de Ariely, ainda uma boa leitura.

02 março 2011

Paradoxo da Megasena

Paradoxo da Megasena - Postado por Pedro Correia
Há no mundo da probabilidade um paradoxo aparente: a tendência do retorno a média [1] e a repetição de eventos independentes.
O paradoxo é aparente, pois o retorno a média é uma variável aleatória que possivelmente garantiria que uma determinado valor deveria acontecer após um certo número de repetições.
Essencialmente é o seguinte: Considerando uma moeda não viciada (ou dado, ou o que seja), a chance de sair cara é 1/2 e coroa é 1/2.

Pergunta 1: Qual é a chance de não sair cara em 10 repetições?

Pergunta 2: Dado que não saiu cara em 9 repetições, qual é a chance de sair cara na décima repetição?

Já adiantando, a resposta a pergunta 1 é a mesma de sair somente 10 coroas em 10 repetições. Ou seja (1/2)^10 ou 1 em 1024.

A resposta a pergunta 2 é mais curiosa: 1/2. O fator é que as repetições são independentes. Isto não é simples de ver, mas pode ser obtido da seguinte fórmula:

P(cara na décima tentativa 9 coroas nas tentativas anteriores)=P(cara na décima tentativa e 9 coroas nas tentativas anteriores)/P(9 coroas nas tentativas anteriores) = (1/2*1/512)/(1/512) = 1/2

No caso, a nossa cara tem de ocorrer na décima tentativa e por este motivo não é o mesmo que nas tentativas de Bernoulli, em que a cara pode ocorrer na primeira, segunda, terceira,..., ou décima tentativa. Neste caso temos:

P(1 cara e 9 coroas) = 10*(1/2)^9*1/2 = 10/1024

O fato é que se jogarmos a moeda 9 vezes e sair coroa, a probabilidade de sair cara na décima jogada é exatamente 50%. Note que isto parece contradizer a resposta da pergunta 1.

O que isto serve para cada um de nós? [2]

Digamos que você jogue na Megasena religiosamente a 10 anos o jogo de 1 dezena (chances de ganhar 1 em 50063860). Se você não acertou as seis dezenas ao longo das N apostas, a chance de acerta na aposta N+1 é exatamente 1 em 50063860 (e não 1 em 96154 como se imaginava pelas repetições).

Ou seja: o fato de você ter apostado 10, 20 ou 30 anos religiosamente na Megasena não aumenta em nada a sua chance de ganhar o próximo sorteio.

Texto de Leonardo de Menezes - Professor da UnB. Especialista em Engenharia Elétrica – Eletromagnetismo
[1]- Segundo Peter Berstein foi Francis Galton, em 1875, que descobriu a regressão média, que é denominado também como retorno a média. Assim, ao tomarmos uma decisão baseada na expectativa em que as coisas voltarão ao "normal", estamos empregando a noção de regressão à média. Mais um exemplo aqui.
[2]-O desenvolvimento da teoria das probabilidades se deu a partir da curiosidade dos homens em entender os jogos de azar. A compreensão de alguns desses jogos permitiu que os indivíduos tomassem decisões de modo mais racional, pois foi possível quantificar o risco a ser enfrentado, assim como entender a natureza da tomada de decisões. Além disso,em regra geral : eventos anteriores não afetam probabilidades ou riscos futuros.

15 dezembro 2010

Excesso de Confiança

Mais de 90% das decisões e reações feitas atrás do volante dependem de boa visão. Enquanto muitas pessoas acham que dias claros e ensolarados são ótimos para dirigir, a verdade é que o brilho cegante do sol, da neve e dos outros veículos é um fator que contribui muito com o número de acidentes de carro fatais. Além disso, pesquisa recente encomendada pela Essilor of America, Inc., líder mundial em lentes para óculos, revelou o fato perturbador de que 20% das pessoas que usam óculos às vezes dirigem sem os óculos de grau e usam óculos escuros sem grau, deixando a direção diurna perigosa sem necessidade.


Uma em cinco pessoas que usam óculos dirigem sem, informa pesquisa - PR Newswire

Isto recebe o nome de excesso de confiança, em finanças comportamentais.

Insistência irracional

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou hoje que os novos investimentos na Bolívia tem por objetivo garantir o cumprimento dos contratos de exportação de gás para o Brasil. A empresa confirmou hoje que vai assumir a operação do campo Itaú, com uma participação de 30%, projeto que era operado pela companhia francesa Total.


Gabrielli defende novos investimentos na Bolívia - Estado de São Paulo

Isto é conhecido em finanças comportamentais como insistência irracional.

09 setembro 2010

Aversão a perda

O gráfico a seguir, do New York Times, mostra o número de casas vendidas, entre 1963 a 2010.



Como é possível perceber, o número de transações atingiu o menor nível no período com a crise financeira. Uma possível explicação denomina-se aversão a perda. Diante da possibilidade de vender seu imóvel por um preço muito inferior , as pessoas preferem não efetuar a venda.

A questão da aversão a perda na área imobiliária já tinha sido documentada anteriormente (vide, por exemplo, estudo de Mayer e Genesove, num condomínio de Boston.

Fonte: aqui

04 setembro 2010

Confiança


Um artigo recente de Thaler para o NY Times (The Overconfidence Problem in Forecasting, 21 de agosto de 2010) discute a questão do excesso de confiança.

A maioria de nós pensa que estamos "melhor do que a média" na maioria das coisas.Nós também somos "descalibrados", significando que o nosso sentimento de probabilidade de eventos não está alinhado com a realidade. Quando dizemos que temos a certeza sobre um determinado fato, por exemplo, pode muito bem ser correto apenas a metade do tempo. (...)

Alguns economistas questionam se tais resultados experimentais são relevantes em mercados competitivos. Eles sugerem que os alunos, que muitas vezes servem como cobaias em tais testes, são confiantes, mas que os gestores do topo de grandes empresas são bem calibrados. Um estudo recente, no entanto, revela que esta visão é ela mesma confiante demais.


Num estudo de Itzhak Ben-David, John R. Graham e R. Campbell Harvey mostrou que a confiança excessiva também ocorre nos CFO quando se trata de prever o comportamento do índice SP 500. E são mal calibrados.

Muitos destes executivos não percebem que lhes falta capacidade de previsão.


Os efeitos são relevantes para as empresas:

Por exemplo, num artigo de 1986, o economista Richard Roll da Universidade da Califórnia, Los Angeles, sugere que excesso de confiança, ou o que ele chamou de arrogância, poderia explicar por que as empresas pagam grandes prêmios para assumir outros negócios. (...)

PROFESSOR ROLL recentemente escreveu outro artigo sobre este tema com três colaboradores franceses. Neste caso, eles investigaram uma forma particular de hubris - narcisismo - usando um indicador simples e discreto (...) o número de vezes que uma pessoa usa o pronome de primeira pessoa na comunicação. Eles descobriram que o CEO mais narcisista fazem aquisições mais agressivas a preços mais elevados (...)