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18 novembro 2010

Panamericano: Deloitte

De acordo com a empresa, números do terceiro trimestre não foram auditados

A auditoria Deloitte Touche Tohmatsu Limited, contratada pelo banco Panamericano para verificar os dados financeiros da empresa trimestralmente, negou que tenha 'maquiado' o rombo nos resultados auditados no terceiro trimestre, como havia afirmado o jornal Folha de S. Paulo na edição desta quarta-feira. Segundo a reportagem, a Deloitte teria tratado do rombo em uma nota técnica, no final do documento.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a auditoria negou que tenha emitido qualquer relatório sobre o banco no terceiro trimestre. E que, portanto, tal relatório não poderia ter ido parar nas mãos do Banco Central. A empresa também negou que a subsidiária brasileira possa ser descredenciada da matriz alemã devido ao ocorrido com o banco Panamericano. "Trata-se de um absurdo sem igual, sem qualquer vínculo com a verdade", afirmou a Deloitte em comunicado.


Auditoria Deloitte nega ter "maquiado rombo" no balanço do banco - Veja

16 novembro 2010

A solução do Panamericano


O empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garantido pelos bens do empresário Silvio Santos transformou o Banco PanAmericano numa exceção entre as instituições financeiras que tiveram problemas nos últimos anos. O caso foi resolvido depressa, os depositantes não perderam dinheiro e preservou-se o sistema financeiro.

Isso não ocorreu com os bancos estaduais e nas diversas quebras de bancos privados, como Econômico, Nacional, Bamerindus e Banco Santos (quadro abaixo). Os ativos e passivos dos bancos que sofreram a intervenção do Banco Central caíram nas costas da viúva. Não há dados consolidados, mas as barbeiragens dos banqueiros custaram R$ 130 bilhões desde 1994, algo como 2,5% do PIB.

Isso inclui programas como o Proer e o Proes, lançados logo após o Plano Real para evitar o colapso do sistema financeiro nacional. As 53 instituições em processo de liquidação tornaram-se problemas quase insolúveis. O BC tem de analisar os números e cobrar e pagar o que for possível.

O processo é caro, e tem de ser custeado pela massa falida do banco. O Proer custou R$ 44 bilhões aos cofres públicos e apenas R$ 17 bilhões foram recuperados. No Proes, dos bancos estaduais, a União colocou R$ 90 bilhões e não há ideia de quanto será recuperado. Os processos de liquidação mais antigos foram iniciados há décadas e só serão finalizados quando as infindáveis pendências judiciais forem resolvidas. Esses procedimentos são conduzidos por liquidantes designados pelo BC, em geral seus funcionários aposentados.

Hoje, só o Bamerindus quitou suas dívidas com o Proer, um passivo de R$ 2,7 bilhões assumido pelo FGC em 2009. Nesse aspecto, a solução para o PanAmericano não é apenas inovadora como também mais benéfica para os cofres públicos. Com o tempo, pode se tornar um produto de exportação brasileiro, assim como a declaração online do Imposto de Renda e as urnas eletrônicas.


Um modelo inovador - Por Rodolfo Borges e Rodrigo Queiroz - Isto é Dinheiro

15 novembro 2010

Panamericano: governança

Os controles de governança corporativa do PanAmericano iam além da estrutura mínima exigida pelos órgãos regulatórios e eram considerados satisfatórios pelos especialistas.

Além do conselho de administração com membros independentes e da diretoria - componentes obrigatórios para empresa aberta -, o banco mantinha comitê de auditoria e conselho fiscal.

A exigência do conselho fiscal existe para as instituições financeiras, mas com prazo de início de operação não determinado. O PanAmericano mantinha o conselho estabelecido desde agosto de 2009 com três integrantes efetivos e três suplentes.

Bancos médios com perfis semelhantes, como BIC Banco e Cruzeiro do Sul, por exemplo, não possuem conselho fiscal instalado, segundo documentos na CVM.

"Sob análise externa, as práticas de governança da empresa estavam em um nível bom", diz Heloísa Bedicks, superintendente do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

Aos olhos dos investidores, as informações também eram satisfatórias e as perspectivas eram de valorização das ações em curto prazo, de acordo com Victor de Figueiredo, da corretora Planner.

A divulgação do balanço, prevista para a última sexta (12) foi suspensa pelo banco, assim como a teleconferência prevista para amanhã.

RESPONSABILIDADES

Nos Estados Unidos, segundo a lei fiscal Sarbanes-Oxley instituída depois do escândalo contábil envolvendo a empresa de energia Enron, presidentes e diretores financeiros das companhias abertas são responsáveis formais pelos dados dos balanços e podem ser presos em caso de fraudes contábeis.

No Brasil, não há leis específicas como essa, mas diretores e conselheiros podem ser responsabilizados.

"O conselho de administração e os diretores são considerados administradores e respondem com seus bens pessoais", afirma Heloísa Bedicks, do IBGC.

Segundo Roberta Prado, professora da DireitoGV, a punição, varia a cada caso. "Existem regras que dizem que se o administrador agir de maneira informada, refletida e isenta, não pode ser responsabilizado pelo que deu errado", diz.

Para Andre Camargo, do Insper, é possível que novas formas de regulação surjam depois de casos esse.

"O mercado sozinho não vai elevar sozinho o nível de regras de governança corporativa. Vamos precisar que haja uma força movida pelo estado trazendo políticas públicas mais definidas. Mas importar leis simplesmente não vai adiantar. É necessário melhorar o nível da fiscalização", resume.


Banco "maquiava" transparência e gestão - 15 Nov 2010 - Folha de São Paulo - CAMILA FUSCO - DE SÃO PAULO

Panamericano: efeito sobre a contabilidade

O caso PanAmericano levanta dúvidas sobre a confiabilidade da principal fonte de informação dos investidores.

Os analistas concordam com o fato de que os erros nos balanços do PanAmericano, que não foram detectados pelas empresas que auditaram suas contas, cria desconfiança sobre a veracidade das informações dos balanços de outras companhias.

"Cria um pouco de insegurança. Por isso, tem que ser esclarecido. As contas do PanAmericano passaram por três auditorias. Fica um mal-estar. A partir do momento que for esclarecido, a desconfiança desaparece", acredita Pedro Galdi, da SLW.

Para João Augusto Sales, da Lopes Filho, o anúncio feito pelo Banco Central de que vasculhou outros bancos e não encontrou problemas foi o que acalmou o mercado.

Segundo ele, os balanços do setor são mais difíceis de serem auditados.

"Se um banco quiser fraudar, quando é muito benfeito, os auditores não pegam. O Banco Central pega depois", disse.

A analista da Ativa Corretora Luciana Leocadio diz que os balanços dos bancos têm que ser acompanhados de perto, pois são diferentes dos de outros setores, o que dificulta a auditoria.

"É um risco, sem dúvida, do setor", afirma.


Caso provoca desconfiança sobre balanços - 15 Nov 2010 - Folha de São Paulo

Panamericano: tamanho do prejuízo

O rombo no Banco PanAmericano e na empresa de cartão de crédito do grupo Silvio Santos pode ser maior do que os R$ 2,5 bilhões informados até agora.

A cifra é resultado da soma de um buraco de R$ 2,1 bilhões em operações de crédito do banco e de R$ 400 milhões na área de cartões.

Mas a informação de que há um rombo dessa magnitude nas operações de cartão de crédito foi passada ao Banco Central pelos próprios dirigentes da holding do apresentador, segundo a Folha apurou.

Como R$ 400 milhões é uma estimativa dos dirigentes do grupo de quanto seria necessário para cobrir "potenciais problemas" com cartões e não foi determinado por fiscalização ou auditoria externa, há risco de que seja impreciso.

O que significa que o rombo total pode ser maior que os R$ 2,5 bilhões reportados, segundo a Folha apurou.

De acordo com auditores do BC, as informações declaradas pelo grupo em relação ao rombo na empresa de cartões de crédito ainda não foram conferidas.

Uma autoridade envolvida na fiscalização do PanAmericano disse à Folha que o tamanho exato do rombo só vai ficar claro à medida que avance o trabalho de escrutínio nas contas da empresa de cartões do grupo -e do próprio banco- tocado até agora principalmente pela nova diretoria.

A suspeita maior é de que os problemas na empresa de cartão de crédito sejam de natureza parecida com o que ocorria nas operações de empréstimo do banco: valores a ser recebidos de clientes no futuro eram inflados nos balanços, aumentando artificialmente o resultado.

FALTA DE FISCALIZAÇÃO

Os dirigentes do grupo de Silvio Santos se manifestaram a respeito da existência de um rombo na área de cartões apenas depois que o BC havia detectado a fraude.

O BC não fiscaliza a área de cartão de crédito, o que facilita desvios. A falta de fiscalização também dificulta a apuração de problemas.

Especialistas em direito bancário, como o advogado Jairo Saddi, coordenador do curso de direito do Insper, defendem há anos a inclusão do setor de cartões de crédito como atividade financeira, o que implicaria na fiscalização do Banco Central.

A autoridade monetária, no entanto, resiste à ideia.

As primeiras irregularidades encontradas pelo BC no PanAmericano foram operações de venda de uma mesma carteira de crédito para duas instituições diferentes.

Vender para outro banco o direito de receber as prestações de empréstimos concedidos é prática comum.

Bancos de porte médio como o PanAmericano fazem isso para levantar dinheiro rapidamente a fim de conceder novos empréstimos.

PREJUÍZO DISFARÇADO

Segundo a Folha apurou, não há dúvida entre autoridades envolvidas no caso de que as irregularidades no PanAmericano foram resultado de fraude e não de erro.

Há indícios de que executivos do banco armaram essas operações fraudulentas para cobrir o resultado deficitário do banco, transformando prejuízo em lucro.

Os problemas financeiros do PanAmericano foram resultado da combinação de dois fatores: custos altos e inadimplência elevada.

Sem base significativa de correntistas, o banco pagava caro para captar recursos no mercado. Além disso passou a ter problemas de inadimplência (o foco do banco são crédito consignado e financiamento de veículos).

O banco tinha de lidar ainda com outros custos altos -também amargados pelos demais bancos, especialmente os de médio porte- como o pagamento de comissões para os "pastinhas".

É como são chamados os trabalhadores autônomos que captam clientes para os bancos, batendo de porta em porta, visitando empresas e repartições públicas.


Rombo em banco pode supercar R$ 2,5 bi - 15 Nov 2010 - Folha de São Paulo - ÉRICA FRAGA

Panamericano: aplicação suspeita

Titular de aplicação de R$ 400 milhões que obteve rendimentos três vezes superiores às de mercado no banco PanAmericano, controlado por Silvio Santos, o empresário Adalberto Salgado Junior, 49, de Juiz de Fora (MG), já foi preso por suspeita de crime contra a ordem tributária.

Acusado do mesmo delito, responde a ação penal na Justiça Estadual de Minas desde setembro deste ano.

O empresário tentou suspender o processo no Tribunal de Justiça, mas o pedido foi negado.

Com pena de reclusão de dois a cinco anos, o crime contra ordem tributária é caracterizado como "suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social".

Procurado ontem e sábado em Juiz de Fora, o empresário não telefonou de volta. Segundo o porteiro do prédio onde mora, em área nobre da cidade, ele não estava em casa ontem.

A prisão foi relatada pelo próprio empresário ao prestar depoimento à Polícia Federal em julho de 2009.

Em Juiz de Fora, o empresário é conhecido por andar pelas ruas a bordo de uma Ferrari vermelha, relataram taxistas à reportagem.

NEGÓCIOS

Filho do empresário Adalberto Salgado, 82, um dos pioneiros no ramo cerealista, "Adalbertinho", como é chamado pelo pai, herdou quatro apartamentos de mãe e começou a investir em postos de combustível, imóveis e na área de "factoring" (compra de cheques e promissórias).

Ele é suspeito de receber mais de R$ 120 milhões de rendimento por ano numa aplicação no PanAmericano, que recebeu aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (formado por contribuições dos bancos).

De acordo com técnicos do Banco Central, as aplicações de Salgado Junior podem ter rendido a juros inflados artificialmente para camuflar saída de recursos.


Dono de aplicação suspeita foi preso por crime fiscal em Minas Gerais - 15 Nov 2010
Folha de São Paulo - HUDSON CORRÊA

Panamericano: processo III

Executivos que comandavam o banco de Sílvio Santos terão que explicar como a instituição acumulou um rombo de R$ 2,5 bilhões

O Banco Central (BC) vai intimar até sexta-feira os ex-diretores do Banco Panamericano para que expliquem as inconsistências contábeis que levaram a instituição a acumular um rombo de R$ 2,5 bilhões.

A autoridade já encontrou indícios suficientes para abrir um processo administrativo contra os executivos. O primeiro passo é a intimação. Eles terão entre 15 e 30 dias para se defender.

Também até o fim desta semana, o BC encerrará as investigações dentro do banco. O resultado será enviado para o Ministério Público em São Paulo. Técnicos do BC entraram no Panamericano em meados de setembro, depois de identificar problemas na contabilidade.

Segundo o BC, o Panamericano tinha uma estrutura de despesas incompatível com as receitas. Com isso, apurava seguidos prejuízos, que eram mascarados pelas fraudes contábeis. A principal delas era a não contabilização da venda de carteiras de crédito para outras instituições financeiras (normalmente de grande porte, como Bradesco, Itaú, Santander e HSBC).

O Panamericano continuava computando como sua as receitas decorrentes desses empréstimos, inflando os resultados e encobrindo os prejuízos. Ainda não se sabe por que o banco acumulava perdas. Umas das hipóteses é a concessão de empréstimos em um ramo altamente arriscado: automóveis usados.

A antiga diretoria do banco era encabeçada por Rafael Palladino (diretor superintendente, primo de Íris, mulher do empresário Silvio Santos) e Wilson Roberto de Aro (diretor financeiro).

Conforme antecipou o Estado na edição de sábado, o BC também identificou indícios de desvio de dinheiro por parte dos ex-diretores do Panamericano. Oficialmente, a instituição nega a hipótese. Por meio da assessoria de imprensa, informa que o foco da investigação é a fraude nas carteiras de crédito.

O BC também já encontrou no banco Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com taxas de remuneração elevadas para os padrões brasileiros. A informação também é negada oficialmente pela instituição.

O Panamericano foi uma das instituições que mais recorreram a um tipo de CDB regulamentado pelo BC no auge da crise de 2008, que previa um seguro anticalote para aplicações de até R$ 20 milhões. Em abril de 2009, esses CDBs chegaram a representar 50% das receitas do banco.

Fraudes escondidas. A contabilidade do Panamericano passou por vários crivos ao longo dos últimos anos. Nenhum deles detectou as fraudes. Segundo o BC, a maquiagem dos números começou em 2006. Em novembro do ano seguinte, o Panamericano emitiu ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com a operação, arrecadou quase R$ 777 milhões.

No fim do ano passado, os auditores e negociadores da Caixa Econômica Federal também mergulharam nas contas do Panamericano quando o banco estatal comprou 49% do capital votante do banco de Silvio Santos por R$ 739 milhões. Mais uma vez, ninguém viu.

A Caixa deve interpelar a KPMG e o Banco Fator para prestarem esclarecimento sobre a auditoria que fizeram nas contas do Panamericano. A interpelação extrajudicial tem como objetivo saber por que as empresas não identificaram a fraude que resultou no rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano. A partir daí, a Caixa decidirá se entrará ou não com alguma medida judicial.

Por enquanto, o banco público avalia que não há motivos para acionar judicialmente as companhias, pois não houve prejuízos financeiros. Toda a “inconsistência patrimonial” detectada pelo BC foi coberta com um aporte do acionista controlador, no caso, o Grupo Silvio Santos.

Salvamento. Para escapar de uma eventual liquidação do banco pelo Banco Central foi montada uma operação de socorro em que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), um organismo dos bancos, forneceu um empréstimo de R$ 2,5 bilhões ao Banco Panamericano em troca foi exigido que o apresentador Sílvio Santos colocasse como garantia o seu patrimônio. O financiamento foi feito em dez anos com carência de três.


BC vai intimar até sexta ex-diretores do Panamericano - Leandro Modé - 15 Nov 2010
O Estado de São Paulo

Panamericano: processo II

O Grupo Silvio Santos anunciou ontem, em comunicado publicado em diversos jornais, que vai processar, nas esferas cível e criminal, os ex-executivos do PanAmericano e a empresa de consultoria Deloitte, contratada para auditar os balanços do banco. A decisão de acionar judicialmente os ex-gestores do banco e a consultoria foi tomada cinco dias depois de o grupo fechar um acordo com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), pelo qual recebeu um aporte de R$2,5 bilhões, dando como garantia as 44 empresas que compõem a holding.

O socorro do FGC foi negociado pelo próprio Silvio Santos depois que, em 11 de setembro, ele foi informado pelo Banco Central (BC) de que os balanços do PanAmericano apresentavam graves indícios de fraudes e manipulações patrimoniais. No comunicado, o grupo faz referência às “irregularidades apontadas pelo BC” para explicar as ações na Justiça.

Entre os oito ex-gestores do banco demitidos na última terça-feira, o ex-superintendente Rafael Palladino e o ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores Wilson de Aro devem ser os principais alvos dos processos. Primo de Iris Abravanel, mulher de Silvio, Palladino, um ex-professor de educação física, estava no grupo desde 1991. Ele e De Aro, que tinha quase 40 anos de casa, eram os homens de confiança do grupo à frente do PanAmericano e seriam os principais responsáveis pela crise no banco.

SBT veicula anúncios pedindo confiança

Além de trocar toda a diretoria, também na semana passada o banco mudou todos os membros do Conselho de Administração. Na presidência, Luiz Sandoval, que dirige a holding SS Participações, deu lugar a Maria Fernanda Coelho, presidente da Caixa Econômica Federal, que detém 37% do capital do PanAmericano.

Por ordem de Silvio Santos, desde a última quinta-feira, em todos os intervalos de programas do SBT, é veiculado um comunicado explicando o que aconteceu com o banco. Com duração de 40 segundos e tendo a logomarca do PanAmericano ao fundo, um locutor conta que o banco tomou um empréstimo de R$2,5 bilhões junto ao FGC e deu como garantia as empresas do Grupo SS. Afirma que as empresas “valem no mercado mais do que o empréstimo”, e que todo o dinheiro emprestado foi usado para reforçar o caixa do banco. E termina dizendo:

“As pessoas e as empresas que confiam no nome Silvio Santos estão absolutamente garantidas, não tiveram e nem terão, em hipótese alguma, qualquer prejuízo. Continue confiando na credibilidade do Grupo Silvio Santos”.


Silvio Santos processa ex-executivos - 15 Nov 2010 - O Globo
Ronaldo D’Ercole

Panamericano: processo

O Grupo Silvio Santos decidiu processar os ex-diretores-executivos do Banco PanAmericano e também a Deloitte, empresa de auditoria externa contratada para fazer a revisão das demonstrações financeiras do banco.

O processo ocorrerá nas esferas cível e criminal, segundo comunicado distribuído ontem pelo grupo.

O grupo não informou como será a contestação nem os advogados contratados no caso.

Os integrantes do conselho e da diretoria executiva são responsáveis diretos pelas operações do banco e podem responder com os próprios bens em caso de má gestão ou de fraude.

Entre os diretores que serão processados estão Rafael Palladino, ex-superintendente do banco e parente de Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos.

Também serão processados Wilson Roberto de Aro, ex-diretor financeiro, e Adalberto Saviolli, ex-diretor de Crédito do banco.

SUSPEITA DE OMISSÃO

Além dos diretores, a empresa de auditoria e seus profissionais também respondem financeiramente pelos prejuízos sofridos por clientes e demais empresas por conta de eventual omissão.

Para se proteger nesses processos, as auditorias e seus profissionais costumam fazer seguros específicos para cobrir demandas judiciais. Os seguros não cobrem fraude.

Procurada, a Deloitte informou, em nota, que "está à disposição e colaborando com as autoridades para a devida apuração dos fatos e que se defenderá vigorosamente na Justiça de qualquer acusação relacionada ao caso do Banco Panamericano".

A Folha não conseguiu localizar ontem os ex-diretores do PanAmericano para que comentassem a ameaça de processo.


Ex-diretores e auditoria serão processados - Folha de São Paulo - 15 nov 2010

14 novembro 2010

Panamericano e agências de ratings

As agências de classificação de risco de crédito confiaram às cegas na auditoria feita nas contas do banco Panamericano e elevaram as notas da instituição financeira a um grau de investimento considerado seguro. As três principais empresas que fazem essa avaliação - Fitch, Moody’s e Austin Rating - agora estão revendo a nota.

“Como não temos papel de investigação, confiamos na integridade das informações sobre a empresa”, afirma Maria Rita Gonçalves, diretora de instituições financeiras da Fitch.

A compra de parte do banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal, em dezembro do ano passado, convenceu a Fitch a elevar, em julho deste ano, a nota do banco de Silvio Santos de BBB+ para AA+, um nível altamente seguro. “A elevação dos ratings do Panamericano baseou-se no suporte que a Fitch acredita que o banco receberia da Caixa em momentos de estresse”, explica Maria Rita.

Na última quinta-feira, no entanto, a agência rebaixou a avaliação do banco para A-, com perspectiva negativa.

A Austin Rating mantinha nota A para o Panamericano. Diferentemente da Fitch, não elevou a nota quando a Caixa comprou parte do banco. Sexta-feira, a Austin comunicou a retirada dos ratings do Panamericano e de suas debêntures, com o argumento de que é impossível continuar a monitorar o banco.

A Moody’s tem sido mais conservadora na avaliação. Desde abril de 2007, mantém a mesma nota para o Panamericano (Ba2 - nível considerado baixo na escala). Depois do anúncio do rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição, a Moody’s também colocou em revisão para possível rebaixamento todos os ratings atribuídos ao banco.

“A Moody's espera concluir a revisão dos ratings após o anúncio de resultados do terceiro trimestre”, diz Eduardo Barker, porta-voz da empresa. O balanço trimestral sairia na próxima terça-feira, mas foi adiado por tempo indeterminado.

Vítimas. As empresas de classificação de risco são unânimes em afirmar que a matéria-prima do trabalho que desenvolvem é a informação pública, e auditada, fornecida pelo banco.

Ao serem questionadas sobre os ratings altos do Panamericano, dizem que não têm poder de fiscalização. “Trabalhamos com dados públicos. Somos vítimas do erro deles”, diz Luís Miguel Santacreu, analista da Austin Rating. Segundo ele, a responsabilidade sobre as informações é da Justiça, dos auditores e do Banco Central (BC).

Ineficiência. Para o professor de Finanças Internacionais da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA/USP) Manoel Enriquez Garcia, houve falta de eficiência no levantamento de informações para a composição do balanço feito pelas auditorias (no caso, a Delloite).

“Não foram feitas as devidas diligências na apuração das informações da auditoria”, diz Garcia. “É preciso entrar no nível dos detalhes, checar junto aos órgãos competentes todos os contratos, passivos e ativos do banco para saber a autenticidade das informações passadas pela empresa auditada.”


Agências de rating deram boas notas ao banco - Denise Ramiro - 14 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Panamericano e Jequiti

Negócio de venda direta de cosméticos é cortejado por concorrentes e fundos de investimento, diz Carmo Jr., presidente da empresa

A Jequiti Cosméticos, uma das 44 empresas do Grupo Silvio Santos, é considerada pelo presidente da companhia, Lásaro do Carmo Jr, a “joia da coroa” do conglomerado e deve ter papel preponderante na operação de salvamento do Banco Panamericano.

Segundo o Estado apurou, ela é avaliada em R$ 800 milhões pelo mercado. A outra empresa mais valiosa do Grupo é o próprio Panamericano, cujo valor do controle é estimado em R$ 1 bilhão. O patrimônio do Grupo é calculado pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em R$ 2,7 bilhões, mas somente a venda dessas duas empresas pode render quase R$ 2 bilhões.

Além de mais valiosas, as empresas do grupo ligadas ao varejo - além do banco e da empresa de cosméticos, inclui o Hotel Jequitimar e outros empreendimentos imobiliários - têm mais liquidez e, portanto, são as mais fáceis de serem passadas para frente. O mesmo não acontece com a Liderança Capitalização (Tele sena) e o Baú da Felicidade. E a situação fica ainda mais difícil no negócio das emissoras de TV. Além de se tratar de concessão a pessoa física, há restrições à participação de estrangeiros nos meios de comunicação.

“Todo mundo está de olho na Jequiti: fundos de investimento e empresas concorrentes. No momento, a empresa ainda não está à venda. Temos solidez e queremos alçar voos maiores”, diz Carmo Jr. Ele não revela se a empresa, especializada em venda direta de cosméticos e que concorre com gigantes do setor, como Avon e a Natura, tem lucro. Mas ressalta que a geração de caixa é positiva. Isto é, a companhia se sustenta operacionalmente e não precisa recorrer com regularidade a bancos.

Salto. Outro fator que faz da empresa a “joia da coroa” é a sua rápida evolução. Fundada em 2006, a Jequiti deve fechar este ano faturando entre R$ 380 e R$ 400 milhões, com crescimento de 80% em relação a 2009. Desde 2007, a receita foi multiplicada por 20. Hoje tem 160 mil revendedoras. Até dezembro serão 170 mil.

Se a projeção de vendas para este ano se confirmar, a Jequiti responderá por cerca de 10% da receita do grupo. A perspectiva é de que o faturamento atinja R$ 1 bilhão até 2013 e essa unidade se torne o pilar do conglomerado até 2015, ao lado do Banco Panamericano, prevê o executivo.

Apesar do revés sofrido na semana passada, com a descoberta de uma fraude no Panamericano, que levou Silvio Santos a ter de dar o conglomerado em garantia para obter um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do FGC, Carmo Jr. está otimista. Diz que os planos da Jequiti de ter a primeira fábrica e de construir novos centros de distribuição em Recife (PE), Porto Alegre (RS) e Belém (PR) estão mantidos.

“Continuamos em voo de cruzeiro e vamos ter de trabalhar mais”, afirma o executivo. Ele conta que o projeto da fábrica está pronto. A meta é iniciar as obras em janeiro de 2011 e colocá-la em operação no início de 2013.

A indústria, que será erguida no complexo Anhanguera, onde fica o SBT, está orçada em R$ 80 milhões. A companhia vai buscar no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros agentes financiadores os recursos.

“Não ter uma fábrica é um fator limitador de crescimento”, diz Carmo Jr. Atualmente, a empresa vende 750 itens, dos quais 500 cosméticos e 250 não cosméticos. A formulação dos cosméticos é desenvolvida pela Jequiti e os produtos são fabricados por sete indústrias.

Segunda-feira passada, véspera do anúncio da operação de salvamento do Panamericano, a Jequiti ganhou o 18.º Prêmio Atualidade Cosmética, como melhor empresa do ano, à frente de Natura e Unilever, pelo crescimento de 153% no primeiro semestre.

O Brasil é o terceiro maior mercado de cosméticos do mundo, com vendas de R$ 12,9 bilhões em 2009. A venda direta é o canal que mais cresce depois das franquias. Procuradas pelo Estado, a Natura informa que não se interessa pela Jequiti e a Avon não fala sobre a concorrência.


Jequiti é a 'joia da coroa' do Grupo SS - Márcia De Chiara e Marcelo Rehder - 14 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Desvio de dinheiro no Panamericano II

O Banco Central encontrou o primeiro indício concreto de desvio de dinheiro no PanAmericano.

Um único cliente pessoa física recebia mais de R$ 120 milhões de rendimento por ano numa aplicação na instituição, a taxas muito superiores às de mercado.

Técnicos do BC suspeitam que os juros do investimento eram inflados artificialmente para camuflar a saída dos recursos. Não se sabe ainda se o cliente está envolvido no suposto esquema.

O titular da aplicação é o empresário Adalberto Salgado, de Juiz de Fora (MG). Ele mantinha R$ 400 milhões num CDB (Certificado de Depósito Bancário) do PanAmericano, que o remunerava a mais de 30% ao ano.

O BC já havia identificado problemas na contabilidade, mas não tinha indícios de desvio de dinheiro.

O CDB é um instrumento usado pelos bancos para captar recursos. O investidor empresta dinheiro ao banco e recebe juros baseados no CDI -taxa cobrada nas transações entre instituições financeiras. O CDI segue a taxa básica da economia (Selic), hoje em 10,75% ao ano.

Em sua aplicação, o empresário obteve 20% ao ano de retorno mais o total do CDI -cerca de 30,75%. O prazo da aplicação é de cinco anos.

Bancos menores e de médio porte, como o PanAmericano, costumam pagar taxas superiores ao CDI dependendo do valor investido e do prazo. Ainda assim, segundo executivos do mercado, uma taxa polpuda chegaria a, no máximo, em torno de 105% do CDI (cerca 11,3% ao ano). (...)


Cliente ganha R$ 120 mi em banco de Silvio - 14 Nov 2010 - Folha de São Paulo
LEONARDO SOUZA & MARIO CÉSAR CARVALHO

13 novembro 2010

Desvio de dinheiro no Panamericano

Além da fraude contábil para esconder prejuízos, funcionários fizeram operações suspeitas na área de cartões de crédito

A investigação do rombo no Panamericano aponta para o desvio de recursos por funcionários do banco. O foco está na área de cartões de crédito. Durante a investigação, diretores já demitidos admitiram que financiavam o saldo de devedores dos cartões em valores superiores à dívida real.

Assim, o dinheiro que saía do caixa do banco era superior ao que os clientes financiavam. Do rombo total de R$ 2,5 bilhões do Panamericano, R$ 400 milhões tiveram origem nos cartões.

Se a suspeita for confirmada, como acreditam pessoas envolvidas na investigação, serão ao menos duas as causas do rombo: desvio, provavelmente para o bolso de funcionários, e maquiagem dos balanços para esconder os maus resultados do banco.

Ao contrário do que ocorreu na venda de carteiras de crédito para outros bancos, nos cartões houve efetiva saída de dinheiro. “Os recursos saíram do banco. O trabalho agora é descobrir onde foram parar”, afirma uma fonte a par do assunto. “Ainda está tudo muito nebuloso.”

Para fazer financiamentos a mais, os executivos usavam as procurações que os clientes no Brasil concedem à administradora quando aderem ao cartão. Com elas, a administradora ia ao banco para contratar financiamento em nome do cliente quando este parcelava o saldo devedor.

Ontem, o Ministério Público Federal em São Paulo recebeu a notificação do Banco Central (BC) para investigar o caso. Também ontem, a Polícia Federal (PF) informou que abriu investigação.

Internamente, as irregularidades serão apuradas pela nova diretoria e pela PriceWaterhouseCoopers, auditoria indicada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que emprestou R$ 2,5 bilhões para Silvio Santos salvar o Panamericano.

Um dos obstáculos que os investigadores vão encontrar é que o setor de cartões de crédito no Brasil vive uma espécie de ‘limbo jurídico’. Nenhum órgão de governo é responsável pela fiscalização da área. Além disso, a administradora de cartões do Panamericano não está subordinada ao banco.

A hipótese de que os antigos diretores forjaram os balanços para engordar os bônus perdeu força porque o Panamericano não tinha essa política de remuneração. Segundo um documento enviado pelo banco à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os diretores ganhariam este ano R$ 4,542 milhões entre salários e benefícios diretos ou indiretos. Não havia previsão para remuneração variável.

Crivos. A contabilidade do Panamericano passou por vários crivos ao longo dos últimos anos. Nenhum deles detectou as fraudes. Segundo o BC, a maquiagem dos números começou em 2006. Em novembro do ano seguinte, o Panamericano emitiu ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Com a operação, arrecadou quase R$ 777 milhões. “Abrir capital na bolsa é muito chato”, afirma um banqueiro. “Envolve advogados, auditores, investidores. Como é que ninguém viu?”

No fim do ano passado, os auditores e negociadores da Caixa Econômica Federal também mergulharam nas contas do Panamericano quando o banco estatal comprou 49% do capital votante do banco de Silvio Santos por R$ 739 milhões. Mais uma vez, ninguém viu.


Investigação indica desvio de dinheiro no Panamericano - David Friedlander e Leandro Modé - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Caixa, Panamericano e Consultorias

A Caixa Econômica Federal deve interpelar a KPMG e o Banco Fator para prestarem esclarecimento sobre a auditoria que fizeram nas contas do Banco Panamericano. A interpelação extrajudicial tem como objetivo saber por que as empresas não identificaram a fraude que resultou no rombo de R$ 2,5 bilhões no Panamericano. A partir daí, a Caixa decidirá se entrará ou não com alguma medida judicial.

No momento, a avaliação da estatal é de que não há motivos para acionar judicialmente as companhias, pois não houve prejuízos financeiros. Toda a “inconsistência patrimonial” detectada pelo Banco Central foi coberta com um aporte do acionista controlador, no caso, o Grupo Silvio Santos.

“Não cabe nesse primeiro momento uma ação judicial. Por isso, estamos estudando interpelar as empresas extrajudicialmente para questionar o trabalho realizado. Se não formos convencidos (das respostas aos questionamentos), entraremos com ação na Justiça”, explicou uma fonte ao Estado. “Os representantes da Caixa já estão no banco e agora será possível verificar mais de perto o que aconteceu”, acrescentou.

No final do ano passado, após as auditorias internas e externas não identificarem problemas nos balanços patrimoniais do Panamericano, a Caixa adquiriu 49% das ações da instituição do Grupo Silvio para ampliar a atuação em setores em que não tem muita presença como, por exemplo, financiamento de carros usados.

Na ocasião, o governo federal estimulou a compra de carteiras de crédito de bancos pequenos e de médio porte devido à falta de liquidez provocada pela crise econômica mundial. O objetivo era impedir que essas instituições quebrassem.

O que a Caixa considera inaceitável e está apurando é o motivo pelo qual as empresas de auditoria KPMG, Banco Fator e Delloite não identificaram indícios de irregularidades nos balanços do Panamericano.

Neste primeiro momento, segundo a fonte, serão interpeladas extrajudicialmente a KPMG e Banco Fator.

Fantasma do Nacional. No BC, o clima entre os técnicos da fiscalização não é dos mais tranquilos. A avaliação é que um caso como esse não deveria passar, principalmente em área de crédito onde as instituições financeiras têm intensificado as operações. Desde o caso do Banco Nacional (que teve a liquidação decretada em novembro de 1995 por incluir em seus balanços créditos fictícios), houve aumento no quadro de funcionários na área de fiscalização, assim como os investimentos em sistema de monitoramento.

Oficialmente, no entanto, o BC informa que “agiu na hora certa, pois, a autoridade reguladora e fiscalizadora age a tempo e a hora quando: detecta o problema, determina a solução do problema, a solução é implementada antes que haja qualquer prejuízo ao poder público, a credores e a terceiros”.

O problema, segundo algumas fontes, é que a fraude no Panamericano estaria acontecendo há três ou quatro anos e nada foi constatado nas fiscalizações do BC.

Na terça-feira à noite, o Panamericano divulgou fato relevante informando o aporte de R$ 2,5 bilhões do Grupo Silvio Santos para cobrir “inconsistências patrimoniais” encontradas pelo Banco Central.


Caixa decide interpelar consultorias - Edna Simão - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Efeitos sobre o SBT

Agências de publicidade pedem descontos nos anúncios veiculados em emissoras de televisão que enfrentam crise ou estão à venda

Se a especulação sobre a venda da rede SBT persistir, segundo diretores de planejamento de mídia das principais agências de publicidade consultadas pelo ‘Estado’, a emissora ficará vulnerável. “O SBT pode começar a perder entre 20% e 30% da sua receita já no começo do ano”, diz um deles. “Todos vão querer negociar a compra de mídia na emissora com pesados descontos. Nessa hora, não há solidariedade. Há negócio”, diz outro.

A situação, lembram eles, não será diferente do que viveu a Rede Globo por volta de 2003, quando passou pela reestruturação de sua dívida tendo de vender participação em várias afiliadas. “No momento da negociação do comprometimento anual de pagamento antecipado, houve descontos de compra de mídia de até 80% do valor do volume contratado no ano”, relembram.

É prática do mercado de propaganda o uso do “comprometimento anual”, um recurso para compra antecipada de espaços de veiculação de anúncios com descontos proporcionais ao volume contratado. É uma forma de a emissora fazer caixa. É feito no começo do ano, à medida que as grandes empresas definem suas verbas de marketing. Fora isso, nessa mesma época, as emissoras também negociam os patrocínios para os pacotes de programação anual, como grade de esportes, séries e reality shows, entre outros.

Imagem. Não é à toa que Sílvio Santos se preocupa em preservar sua boa imagem. Ele tomou para si a tarefa de escrever do próprio punho o anúncio que pôs no ar desde ontem. Nenhuma agência de propaganda, como seria usual, foi convocada para a tarefa. No comunicado, ele destaca que as empresas do Grupo Sílvio Santos valem mais do que o empréstimo que se viu obrigado a contrair para cobrir o rombo no Banco Panamericano, que pertence ao grupo.

Preservar a imagem trata-se de - mais do que uma vaidade natural para um ídolo popular - uma forma de evitar prejuízos para o SBT. A comercialização dos espaços publicitários em qualquer emissora leva em consideração dois aspectos: audiência e credibilidade. A audiência do SBT tem se mantido estável, em torno dos 6 pontos de média por dia no último ano. Mas a credibilidade pode ficar abalada com o risco de venda e isso provocar perda de receita a médio prazo.

“Ninguém vai patrocinar uma novela com duração de oito ou dez meses sabendo que a emissora pode ser vendida a qualquer momento”, explica Angelo Frazão, consultor de mídia com mais de 30 anos de experiência. “O veículo só perde relevância para o anunciante quando perde audiência ou quando a credibilidade é afetada.”

A emissora é muito próxima da imagem de Sílvio. Tão próxima que, como avalia Fernando Mazzarolo, presidente da agência de propaganda WMcCann, só não foi atingida ainda porque Sílvio foi ágil na adoção de uma postura pública, com o empenho do próprio patrimônio. Uma atitude rara nessas situações, o que repercutiu positivamente tanto nas redes sociais como entre os profissionais do meio. “Todo o processo vem sendo bem conduzido”, diz Mazzarolo.


Escândalo ameaça receita do SBT - Marili Ribeiro - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Processos do Panamericano

O Grupo Silvio Santos vai processar, nas esferas cível e criminal, os ex-diretores executivos do banco Panamericano e a auditoria externa contratada para revisar as demonstrações financeiras do banco (Deloitte). A informação consta de um comunicado divulgado pelo grupo. O ‘Estado’ apurou que o empresário Silvio Santos tem dito a pessoas próximas que está “imbuído em pôr os envolvidos na fraude do Panamericano na cadeia”.

A diretoria do banco era presidida por Rafael Palladino. Também integravam o primeiro time Wilson Roberto de Aro (diretor financeiro e de relações com investidores), Adalberto Savioli (crédito), Luiz Carvalho Bruno (jurídico), Carlos Roberto Vilani (comercial), Eduardo de Ávila Pinto (tecnologia da informação), Elinton Bobrik (novos negócios) e Mario Tadami Seó (investimentos).

Os dois principais executivos eram Palladino e de Aro. Foram eles, por exemplo, que comandaram o processo de IPO (abertura de capital na bolsa) em 2007. Visitaram investidores no Brasil e no exterior para vender o banco. Segundo uma pessoa que acompanhou o processo, eram duros de negócio. Não falavam inglês e “não eram sofisticados”.

Formado em educação física e ex-personal trainer, Palladino é primo de Íris Abravanel. Roberto de Aro é administrador de empresas e começou a trabalhar no Grupo Silvio Santos em 1974. Praticante de tênis, mora em um luxuoso apartamento nos Jardins, bairro nobre de São Paulo.

Dificuldades. No fim de 2008, quando o Brasil sofria os efeitos mais intensos da crise mundial, o banco Panamericano chegou a suspender resgates de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) de grandes clientes. A atitude, claro, irritou os detentores dos títulos, que queriam ver seu dinheiro na mão e não conseguiram. Por isso, o banco deixou de ser opção de investimento para várias entidades do mercado, como fundos de pensão.

Ainda que o problema tenha ocorrido em meio à pior crise global desde 1930, evidencia que as dificuldades do Panamericano começaram lá atrás - e independem das fraudes contábeis descobertas pelo Banco Central (BC).

Por trás dessas dificuldades, explica um analista que pede para não ser identificado, está a opção do banco em se especializar numa área com altíssimos índices de calote: financiamento de automóveis usados.

No segundo trimestre, o BC pediu para o Panamericano reforçar as provisões contra calotes duvidosos em R$ 120 milhões (o total acabou subindo para R$ 577 milhões, o equivalente a pouco mais de 6% da carteira de crédito, porcentual pequeno se comparado ao de instituições de grande porte).

A estratégia concentrada nos carros usados, somada às fraudes contábeis, derrubou o banco, a despeito de dois aportes relevantes realizados nos últimos anos - R$ 777 milhões do IPO e mais R$ 739 milhões obtidos na venda de 49% do capital votante para a Caixa Econômica Federal, em novembro do ano passado./


Grupo Silvio Santos processa ex-diretores - Leandro Modé - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo - COLABOROU MARILI RIBEIRO

Funções do Banco Central

As funções do BC

Está entre as funções do BC supervisionar o sistema financeiro. E não auditar contas de bancos. “Se assim fosse, o BC se tornaria a maior empresa de auditoria do mundo”, ponderou ontem, em conversa com a coluna, Henrique Meirelles. Com um agravante: aprovados os números, a instituição financeira automaticamente seria garantida pelo governo federal. O que, na opinião de Meirelles, aumentaria o chamado “moral hazard”.

Na mão contrária do que é pregado na convenção da Basileia: a de diminuir os riscos dos BCs pelo mundo.

Funções 2

Com o BC sob fortes críticas em função do Panamericano, Meirelles destaca que a autoridade monetária localizou, a tempo e a hora, o problema. “Sem prejuízos maiores a não ser para o próprio acionista controlador. ” Não nega nem admite que foi sua a ideia de usar o Fundo Garantidor de Crédito para resolver a cratera aberta na instituição de Silvio Santos. “O FGC é privado e pertence aos bancos. Ao governo, cabe normatizar seu funcionamento por meio do Conselho Monetário Nacional”.

Eleição

Ao entrar no site do Tribunal Superior Eleitoral para dar uma olhada nas contribuições dos bancos na última eleição, esta coluna se deparou com algumas curiosidades. O Bradesco, pelo banco em si, deu R$ 10 milhões somente. Mas outros dois bancos de sua propriedade, o Alvorada e o Bankpar, deram, respectivamente, R$ 33,2 milhões e R$ 2 milhões. Uma soma total de R$ 45 milhões.

O Itaú/Unibanco, por sua vez, ofereceu R$ 14,3 milhões.

Eleição 2

Chama atenção também a oferta de dois bancos médios. A do BMG, de R$ 29,2 milhões, o dobro do doado pelo Itaú. E do Cruzeiro do Sul, de R$ 6, 9 milhões. Em comum, ambos operam forte no setor de crédito consignado. O Panamericano, de Silvio Santos, não contribuiu com nada.

Lebre por gato?

Luiz Sandoval revelou ao Estado que o Panamericano irá contratar a PriceWaterHouse Coopers para apurar fatos e motivos que levaram o banco à situação em que se encontra. Com a concordância do BC e da CEF. Trata-se da mesma Price que auditou as contas do Banco Noroeste e que não descobriu o gigantesco desvio de recursos à época. E que hoje está sendo processada pelos ex-donos do banco.



Direto da Fonte - Sonia Racy - 13 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

Panamericano: um resumo

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo vão investigar os indícios de irregularidades contábeis cometidas pelo PanAmericano, que culminaram no rombo de R$2,5 bilhões no banco. A PF instaurou inquérito para apurar a eventual prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, como gestão fraudulenta, prestação de informações falsas aos órgãos competentes e inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis. O procedimento de investigação está a cargo da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin), da Superintendência Regional de São Paulo, e foi aberto com base no fato relevante divulgado pelo PanAmericano, na terça-feira, e na nota divulgada pelo Banco Central (BC), na quarta-feira.

O Ministério Público também abriu um procedimento investigatório criminal. A condução do inquérito pelo MPF ficará a cargo dos procuradores da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo e Anamara Osório Silva. Anamara também foi autora da denúncia que levou à condenação o banqueiro Edemar Cid Ferreira e seu sobrinho, o diretor financeiro-administrativo Ricardo Ferreira de Souza e Silva, por tentativa de bular a lei em caso ligado à falência do Banco Santos.

Ao detectar que havia inconsistências financeiras nos balanços do banco PanAmericano, em agosto deste ano, o Banco Central começou uma busca por informações em outras instituições, sobretudo as que tinham comprado carteiras de crédito do banco controlado pelo Grupo Silvio Santos. A autoridade monetária fez uma espécie de varredura nesses números para dimensionar a provável fraude. Entre as instituições às quais foram solicitadas informações estão bancos no topo do ranking nacional, assim como instituições de médio porte.

O objetivo da varredura era fazer um cruzamento de dados e bater todas as informações dos dois lados: do PanAmericano e dos compradores das carteiras.

BC diz que poderá aperfeiçoar análises

A cessão de carteiras é uma operação normal de mercado. Os financiamentos concedidos são ativos dos bancos e valem dinheiro — o pagamento do crédito concedido. Ao repassar a terceiros, a instituição detentora daqueles créditos antecipa o recebimento dos recursos, que se transforma em capital novo para empréstimo.

Segundo o BC, até setembro passado, foi vendido o equivalente a R$42,9 bilhões no país em carteiras de crédito. Ao todo, foram 55 bancos que venderam suas carteiras a outras 36 instituições financeiras. O volume total negociado, ainda segundo o BC, equivale a apenas 2,6% do saldo total de crédito no mercado nacional, que, também em setembro, era de R$1,6 trilhão. Por causa do sigilo bancário, o BC não informa quais foram os bancos que negociaram essas carteiras de crédito.

O BC detectou que há indícios de fraude nessas operações feitas pelo banco do Grupo Silvio Santos e que, ao todo, somam quase R$2,1 bilhões. O rombo total chegou a R$2,5 bilhões porque envolveu problemas também com cartões de crédito, no valor de R$400 milhões.

O PanAmericano continuava contabilizando em seus ativos as carteiras de crédito que não mais lhe pertenciam, depois de vendê-las a outras instituições, inflando seus resultados. Além disso, vendeu uma mesma carteira de crédito a mais de uma instituição, igualmente gerando caixa de forma artificial. A desconfiança maior é que isso tenha sido feito para melhorar o bônus da cúpula do banco.

As análises do BC duraram cerca de um mês. A maquiagem operada no balanço pelos supostos fraudadores foi bem sofisticada, indicando que havia muito conhecimento contábil para evitar rastros. Toda a cúpula do PanAmericano, como seus ex-diretores, alguns conselheiros e administradores, está sendo investigada pelo BC. O material coletado já seguiu para o Ministério Público Federal.

Com o problema detectado, e solucionado com o empréstimo de R$2,5 bilhões feito pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ao Grupo SS — todas as empresas do apresentador de TV e empresário Silvio Santos, incluindo o canal de televisão SBT, foram dadas como garantia —, o BC passou a fiscalizar normalmente o sistema financeiro. A autoridade monetária admite que, com esse episódio, poderá aperfeiçoar as regras e metodologia de análises.

O BC considera a solução dada para evitar a quebra do PanAmericano perfeita, porque não causou prejuízos ao FGC nem aos acionistas do banco, como a Caixa Econômica Federal, dona de 49% do capital social do PanAmericano.

A avaliação do BC também é que, apesar do que ocorreu com o PanAmericano, não existe nenhum indício de que outros bancos — inclusive de pequeno e médio portes — estejam com problemas de solvência. Ou seja, a solidez do sistema financeiro nacional continua intacta.


BALANÇO FURADO - 13 Nov 2010 - O Globo - Karina Lignelli e Patrícia Duarte

Os executivos do Panamericano

Os dois principais executivos do banco PanAmericano, Rafael Palladino e Wilson de Aro, que foram demitidos na terça-feira depois da divulgação do rombo nas contas da instituição, são sócios do ex-patrão, Silvio Santos, no SBT. Conhecidos como “pratas da casa” do Grupo SS na área financeira, Palladino e De Aro têm participação societária (de 50% cada) em duas empresas que integram o SBT: a TV Studios Anhanguera e a TV Studios Vale do Paraíba. Ambas foram criadas em março de 2004 e têm como endereço a sede da emissora.

De acordo com registro da Junta Comercial de São Paulo, na TV Anhanguera, Palladino aparece como único sócio de Luiz Sandoval, o principal executivo da SS Participações, a holding que controla as empresas do Grupo SS. Na Vale do Paraíba, De Aro tem como sócio Antonio Luiz Droguetti Neto. Nas duas empresas, os executivos aparecem como sócios e administradores, com participação de R$75 mil.

— As duas empresas fazem parte do SBT — confirmou ontem um porta-voz da emissora. — São empresas abertas para futuramente serem afiliadas do SBT. Hoje não existem fisicamente, apenas juridicamente.

Palladino, que Silvio Santos disse não conhecer em entrevista publicada ontem no jornal “Folha de S. Paulo”, é primo de sua mulher, Iris Abravanel. Formado em educação física, antes de se tornar executivo foi personal trainer, dirigiu academias de ginástica e teve uma rede de postos de gasolina. No Grupo SS, começou, em 1991, assessorando as áreas comercial e imobiliária, depois foi para a financeira, reativando negócios de seguros e consórcios. Também foi uma espécie de tutor da filha caçula de Silvio Santos, que foi estagiária no banco e hoje dirige o SBT. Aos 59 anos, Palladino é sócio de ao menos outras cinco empresas, em áreas como eventos, assessoria financeira e administração.

Já De Aro, formado em administração, com pós-graduação na área, chegou ao Grupo SS em 1974. Lá, exerceu diferentes funções como a de analista econômico e de gerente financeiro. Ascendeu à diretoria do banco em 1997. Cuidava das áreas financeira e de relações com investidores, mas tinha também funções executivas na empresa de leasing, na seguradora e na administradora de consórcios do grupo. É dono de ao menos duas empresas, a Focus Consultoria e a Infocus Administração Financeira. Procurado pelo GLOBO, uma pessoa informou que o executivo e família viajaram.


Demitidos mantêm sociedade com SBT - 13 Nov 2010 - O Globo

Efeitos

O banco PanAmericano viu seu valor de mercado desabar quase que pela metade (45%) após o escândalo envolvendo a fraude de R$2,5 bilhões. Quando a Caixa Econômica Federal comprou 35% das ações da instituição financeira do Grupo Silvio Santos, em dezembro do ano passado, o banco valia R$2,113 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ontem, o valor estava em R$1,163 bilhão.

Analistas do setor ressaltam que a Caixa, por ter ações que respondem por 49% do capital votante do PanAmericano, sai prejudicada, já que tem um ativo desvalorizado nas mãos. Outros especialistas, porém, ressaltam que haverá recuperação:

— O banco poderá rapidamente se recuperar, pois está capitalizado e com nova diretoria. Nas condições normais, o PanAmericano tem preço relevante. Caso a Caixa colocasse sua parte à venda, o preço do banco subiria, pois há interessados. O banco é bem posicionado — diz o especialista em bancos Alberto Borges Matias, da USP de Ribeirão Preto.

Ontem, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) do banco fecharam em queda de 4,61%, a R$4,76. Na semana, o recuo chega a 37,29%. Analistas do mercado ressaltam ainda que o escândalo pode estar afetando os outros bancos médios brasileiros.

— Alguns bancos médios podem estar sofrendo com saques, como reflexo das incertezas envolvendo a fraude do PanAmericano. Mas é importante frisar que isso é apenas pânico, pois os concorrentes do segmento estão bem financeiramente — destacou um analista do mercado.

O economista Márcio Nakane, da Tendências, afirma que não é possível dizer se existem ou não casos como esse em outros bancos, por ser uma fraude. Ele lembra que tais casos são difíceis de detectar. Nakane disse, contudo, que o mercado deverá olhar com mais cuidado para bancos pequenos e médios que atuam de forma semelhante à do PanAmericano, vendendo carteiras de crédito.

Banco nega venda e cancela apresentação de resultados

Daniel Malheiros, da corretora Spinelli, destaca que bancos como ABC, BIC e Daycoval vêm apresentando bons resultados, com redução na provisão de inadimplência:

— Esses bancos não venderam suas carteiras ao longo da crise financeira, em 2009.

Com 130 empregados, a nova diretoria do PanAmericano informou que não vai demitir pessoal, segundo o novo diretor administrativo do banco, José Alfredo Lattano. Lattano explicou que “os aportes necessários foram feitos” e que “a empresa está dando continuidade às atividades no mercado financeiro”. O diretor negou que esteja em curso um processo para a venda do PanAmericano.

Ontem, o banco anunciou que cancelou a apresentação dos resultados do terceiro trimestre de 2010, originalmente marcada para a próxima terça-feira.


BALANÇO FURADO: Bancos médios podem estar sofrendo saques, diz analista - 13 Nov 2010
O Globo