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Mostrando postagens com marcador IASB. Mostrar todas as postagens
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13 outubro 2011

Convenção


IFRS Foundation Conference, em São Paulo, Brasil.

Local: Tivoli Sao Paulo, Mofarrej, Brazil
Data: 27 e 28 outubro de 2011

Com
Arminio Fraga Neto, Chairman, Board of Directors, BMF Bovespa
Hans Hoogervorst, Chairman, IASB
Pedro Malan, Trustee, IFRS Foundation
Jan Engstrom, Member, IASB
Amaro Gomes, Member, IASB
Paul Pacter, Member, IASB

Além de reguladores:

Alexsandro Broedel, Commissioner, SEC (Brazil)
Juarez Domingues Carneiro, Chairman, Group of Latin American Standard setters (GLASS)
Domingos Figueiredo, CFO, Banco Bradesco
Andrea da Silva Santos, Accounting and Planning Consultant, Petrobras
Caio Ibrahim David, Executive Director and CFO, Itaú Unibanco
Andre Werner, Head of Market Risk, Vale S.A.
Rodrigo Rosa, CAO, Embraer
Luiz Murilo Strube Lima, Coordinator of Special Projects, Petrobras
Marcelo Rodrigues, Global Controller, Vale S.A.
Fabiano Placido Oliveira, Coordinator of International Accounting Practices, Petrobras
Vania Borgerth, Head of Accounting Department, BNDES
Ricardo Lopes Cardoso, Associate Professor, Brazilian School of Public and Business Administration, Getulio Vargas Foundation (EBAPE/FGV)

Mais informação: aqui (Dica de Flávia Carvalho, grato)

07 outubro 2011

Hans nos EUA

Sobre a presença do presidente do Iasb nos EUA:

[Ele] também prometeu que os EUA continuam a desempenhar um papel crucial na formação de normas contábeis globais se formos adiante e confiar neles e adotar [as normas internacionais] agora. Não está claro se isso foi ou não uma ameaça, como também não é claro se ele realmente pensa que nós somos burros.

 Fonte: aqui

06 outubro 2011

Valor Justo


Um artigo de Jonathan Weil,  da Bloomberg., e publicado no Valor Econômico (5 out 2011, via aqui) discute a adoção do valor justo. Em 2008 o valor justo foi considerado uma das causas dos problemas bancários. Mas o tempo passou e novamente as instituições financeiras estão com problemas. E não se escuta falar do valor justo.

Weil afirma que o fato dos reguladores terem abandonado a mensuração a valor justo no passado não deixou os bancos mais seguros e ainda cortou um dos suspeitos da lista dos culpados.

Em 2008 a pressão foi tamanha que o Iasb mudou suas regras:

Segundo as regras atuais do Iasb, os ativos financeiros podem ser classificados de quatro formas. Os ativos rotulados sob “valor justo contra [na conta de] resultados” devem ser remarcados a mercado a cada trimestre, e as mudanças devem se refletir na demonstração de resultados. “Disponível para venda” implica que os ativos devem ser remarcados a mercado no balanço patrimonial, mas as mudanças de valor normalmente não afetam os lucros.


As outras classificações, denominadas “manter até o vencimento” e “empréstimos e recebíveis”, permitem que as empresas evitem o uso de valor justo no balanço patrimonial.


Na prática, essas categorias muitas vezes permitem que empresas adiem os prejuízos até muito tempo depois que o valor de mercado de um ativo tenha despencado, especialmente quando se trata de títulos.

Weil apresenta um exemplo didático dos problemas da norma do Iasb:

Tomemos, por exemplo, o maior financiador da Grécia, o Banco Nacional da Grécia, de Atenas. No mês passado, a instituição disse ter registrado uma baixa contábil – conhecida como “impairment” no jargão – de € 1,3 bilhão (US$ 1,8 bilhão) sobre os lucros durante o segundo trimestre para rebaixar o valor de títulos do governo grego. Não foi como se os prejuízos tivessem se materializado repentinamente. Ao contrário, os prejuízos vinham se acumulando há algum tempo – e finalmente foram reconhecidos.


No fim de 2010, cerca de 90% do equivalente a € 12,8 bilhões em títulos do governo grego em poder do banco foram rotulados como “manter até o vencimento” ou “empréstimos e recebíveis”, em grande parte devido a uma reclassificação que os removeu das categorias “disponível para venda” e “valor justo” durante períodos anteriores. Certamente, o futuro trará prejuízos maiores, pois os títulos gregos estão sendo agora negociados em níveis que sugerem que um calote do governo é praticamente certo.

Weil critica também o próprio Iasb, que permitiu, em 2008, que as empresas reclassifcassem os títulos.

Há uma solução simples para isso. Em 2005, quando o Iasb e a americana Financial Accounting Standards Board (Fasb) começaram a discutir como rever as regras para [contabilização de] instrumentos financeiros, eles disseram que um de seus três principais objetivos de longo prazo era o seguinte: “Exigir que todos os instrumentos financeiros sejam mensurados por seu justo valor, sendo todos os lucros e prejuízos realizados e não realizados reconhecidos no período em que ocorrem”.


As duas instituições normativas abandonaram esse caminho. Cedendo a pressões do Congresso e do setor bancário, no início de 2009 o Fasb mudou suas regras para permitir que as empresas mantivessem grandes prejuízos com títulos fora do lucro líquido. Se o princípio geral que as instituições normativas estabeleceram seis anos atrás estivesse em vigor hoje, não seria possível empregar diferentes tratamentos contábeis um mesmo tipo de título nos livros de uma empresa. Haveria apenas um.


Os mercados, por sua vez, sabem que não podem acreditar em balanços do setor bancário. E assim ficamos na situação atual, onde a maioria dos maiores bancos na Europa, entre eles os franceses BNP Paribas e Société Générale, estão com suas ações negociadas por muito menos do que valor de ativos líquido que constam de seus registros contábeis.


O problema com a contabilidade baseada em valor justo, agora, é que os investidores precisam muito mais dela. Os bancos destinados a ir para o brejo irão, com ou sem justo valor.


Imagem, aqui

19 setembro 2011

Financiamento do IASB

Por Pedro Correia

À luz da política internacional de harmonização para as IFRS, o financiamento do IASB é uma importante questão. Em 2011, o modelo de financiamento do IASB continua sendo dependente de apoio voluntário de seus constituintes. Este modelo era o mesmo utilizado pelo FASB no momento da fundação do IASB. Porém, desde a Lei Sarbanes-Oxley, os EUA introduziram o financiamento público para o FASB, deixando o IASB sozinho com o seu antigo modelo de doações privadas.

Charles Niemeier, ex-contador chefe da SEC, afirmou que:"Se o IASB quer que os seus padrões a sejam considerados para utilização nos Estados Unidos, deve apresentar um plano de financiamento independente para a SEC."Um mecanismo de financiamento independente no IASB pode reduzir a influência dos interesses políticos na elaboração de padrões em IFRS, embora não haja evidência empírica para este efeito no caso de mudanças similares ocorridas no FASB."

Mais informações no paper: The International Politics of IFRS Harmonization

10 agosto 2011

International Accounting Standards Board

IASB - Por Isabel Sales

Em 1973 o International Accounting Standards Committee (IASC) foi criado para desenvolver padrões mundiais de contabilidade. Em 2001, entretanto, o Comitê foi substituído pelo atual IASB, que tem como objetivo formular e publicar padrões contábeis que deverão ser seguidos na apresentação de relatórios financeiros, além de promover a sua aceitação e observância mundiais.

Fundação IASC/curadores: Para garantir o cumprimento dos requisitos de seu funcionamento, existem 22 curadores no IASB, membros responsáveis pelo comando do órgão. A sua composição leva em consideração aspectos geográficos de forma que seja garantida a base internacional: seis da América do Norte; sete da Europa; seis da região Ásia/Pacífico; três de qualquer outra área. Suas funções, dentre outras, envolvem: angariar fundos; estabelecer ou alterar procedimentos operacionais para os curadores; abrir suas assembléias ao público, publicar o Relatório Anual; revisar a estratégia e eficiência do IASB; revisar os pontos estratégicos que afetam as normas contábeis, promover o IASB e seu trabalho, promover o objetivo da ríspida aplicação de normas internacionais de contabilidade; desempenhar todos os poderes do IASB, com exceção àqueles privativos ao colegiado, ao Comitê de Interpretações e ao Conselho Assessor de Padrões.

Colegiado de normas internacionais de contabilidade: Os curadores nomeiam 14 membros, sendo 12 em tempo integral e o restante, parcial. Concomitantemente, ao menos: cinco membros com experiência em auditoria; três com experiência na elaboração de demonstrações contábeis; três usuários das informações contábeis; um com histórico acadêmico. Esse colegiado corresponde ao instrumento de execução do IASB, fundamental à determinação das normas contábeis, e deverá, dentre outros: ser responsável por questões técnicas do IASB; publicar uma minuta de apresentação de todos os projetos; ter total poder de decisão sobre a agenda técnica do IASB e sobre a atribuição de projetos concernentes a assuntos técnicos; instituir procedimentos para revisão de documentos publicados para comentários; considerar a realização de audiências públicas para cada projeto; considerar a realização de testes em campo, para assegurar que as normas sugeridas sejam viáveis em todos os ambientes.

Comitê de interpretações: Os curadores nomeiam 12 membros, dentre eles um presidente, para interpretar a aplicação das normas internacionais, publicar minutas dessas interpretações para comentários do público, informar os dados ao colegiado e obter a concordância para as interpretações finais.

Conselho assessor de padrões: Os curadores nomeiam cerca de 30 membros, com históricos geográficos e profissionais diversos, tendo como objetivo fazer recomendações ao colegiado sobre as decisões da agenda; manter o colegiado ciente das perspectivas das organizações e dos indivíduos do conselho sobre os principais projetos relacionados ao estabelecimento de normas; além de fazer recomendações ao comitê ou aos curadores.

Normas internacionais de contabilidade: Editadas desde 1975, têm como objetivo reduzir as divergências entre os procedimentos e normas contábeis entre países. A criação do IASB fez com que as normas aprovadas pelo IASC fossem incorporadas a ele. A partir de 2001 as normas emitidas passaram a se chamar IFRS, as antigas interpretações, denominadas SIC passaram a se chamar IFRIC. Ademais, os problemas ocorridos nos Estados Unidos envolvendo a contabilidade, unindo-se ao apoio do IOSCO às normas editadas pelo IASB, justificam a importância dessas normas nos dias atuais.

Fonte: NIYAMA, Jorge Katsumi, SILVA, César A. Tibúrcio. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009.

08 agosto 2011

Conferência do IASB no Brasil em outubro

Segundo o blog IFRS Brasil em 27 e 28 de outubro haverá uma conferência do IABS em São Paulo.

Os palestrantes são essencialmente membros do IASB e alguns nomes de renomadas universidades e empresas.

O foco das palestras são as normas que estão por vir como IFRS 9, IFRS 10, IFRS 11, IFRS 12 e IFRS 13. Além disso, haverá palestras sobre o futuro do IASB e da contabilidade. Também cabe destacar os painéis específicos da norma para PME e ver como o pessoal lá fora tem dado importância a este tema.

Preço…salgado….alguns passam de US$ 2 mil….


Clique aqui para mais informações.

12 julho 2011

Investidores institucionais questionam liderança do IASB

Na úlitma quinta-feira, a SEC promoveu encontro com representantes de investidores institucionais, para discutir os diversos pontos de vista deste grupo em relação à normas internacionais de contabilidade.Durante o encontro, eles apoiaram o objetivo de estabelecer nos EUA um padrão global de alta qualidade na forma de IFRS. Todavia, eles afirmaram que o IASB, não tem a estrutura e a capacidade do FASB para implementar com sucesso um sistema global de contabilidade.




Presidente do IASB- Hans Hoogervorst




Kevin Spataro, vice-presidente sênior da Allstate, disse que enquanto uma empresa de seguros poderia aceitar as IFRS como um único padrão global, o IASB deveria se concentrar para melhor alcançar outros investidores institucionais e outros grupos. Em verdade,o IASB precisa de "feedback formal e contínuo de todos",prática que FASB já estabeleceu.

A questão de uma possível diminuição do papel do FASB,caso os EUA decidam adotar as normas internacionais, surgiu recentemente na esteira de um documento de 26 de maio da SEC, que olhou para um possível framework para a adoção das IFRS. Este documento descreveu um modelo de "condorsement" (combinação das palavras convergência e endosso) às IFRS. Durante o período de transição ,o FASB continuaria com sua autonomia sobre as normas. No entanto, uma vez que a convergência fosse feita,o FASB iria apenas endossar os padrões desenvolvidos que IASB .O documento da SEC afirma que: " O FASB iria participar no processo de desenvolvimento IFRS, em vez de servir como o principal órgão responsável pelo desenvolvimento de novas normas contábeis ou modificar padrões existentes no US- GAAP.

Larsen, conselheiro do FASB, afirmou que tais restrições seriam necessárias se as IFRS fossem incorporadas. Isso porque são normas "baseadas em princípios", sistema que oferece uma certa liberdade de interpretação. Para manter algum nível de consistência em tal sistema, o FASB "forte e vibrante" seria necessário, disse ele.

Para compensar a falta de especificidade e uniformidade que poderão advir de um excesso de confiança na interpretação, os investidores precisam de uma forte infraestrutura de regulamentação, como o atualmente em operação nos Estados Unidos, disse Gary White, que preside o Corporate Disclosure Policy Council of the CFA Institute. A esse respeito, um órgão do governo pode ser melhor "intérprete" da norma do que os auditores em reuniões privadas", disse ele.


Fonte:CFO

25 junho 2011

Índia x Full IFRS

Por Pedro Correia


O IASB está preocupado com a não aceitação plena das IFRS na Índia.Em maio deste ano, esse órgão fez um apelo para que o governo indiano adote as IFRS de forma plena.A transição para as normas internacionais tem sido contestado por grande parte das empresas indianas.Elas temem que os resultados e o reconhecimento da receita, nas indústrias, sejam alterados de forma significativa .Isso obrigou o o governo a realizar uma série de alteraçãos nas IFRS, através da Ind-AS, a versão indiana das IFRS.O IASB considera que essas mudanças não estão em conformidade com as IFRS. Em fevereiro deste ano, o governo adiou a convergência das Ind-AS com as normas internacionais, devido ao lobby e pressão das empresas.

Recentemente, o governo indiano anunciou que irá realizar novas mudanças no Ind-AS. No entanto, essas alterações vão demorar a ocorrer, pois o governo irá aguardar as sugestões de mudanças às IFRS realizadas pelos países desenvolvidos(EUA e Japão).Segundo Doplhy d'souza, a mudança para Ind-AS é como se fosse uma mudança para um outro Indian GAAP e não irá acrescentar nada.Ele afirma que: "Ou a Índia aceita as IFRS de forma plena ou continua com o Indian GAAP".Não obstante, outros contadores sugerem que as mudanças no Ind-AS são vitais para uma suave transição para as IFRS.

Esta frase do ministro das relações institucionais indiano,D.K Mittal, mostra como está o ânimo para a adoção plena das IFRS:

"We have to see how IFRS will meet our requirements. Our markets are different, our standards are different"

Este imbróglio para a adoção plena das IFRS na Índia é um grande desafio para o IASB.

15 maio 2011

IFRS 13

Postado por Pedro Correia



O International Accounting Standards Board (IASB) e o Financial Accounting Standards Board (FASB) emitiram novas orientações sobre a mensuração do valor justo e os requisitos (exigências) de divulgação para as IFRS e o GAAP americano.A orientação, está estabelecida na IFRS 13 e na atualização do Topic 820 in the FASB’s Accounting Standards Codification (anteriormente conhecido como SFAS 157) .A harmonização das exigências de mensuração e divulgação do valor justo constitui importante elemento de resposta, de ambos os órgãos, para a crise financeira.

A crise enfatizou a importância de objetivos comuns na mensuração do valor justo e requisitos de divulgação com redação idêntica em IFRS e EUA GAAP. Segundo o comunicado do IASB, a débâcle de 2008 exigiu a necessidade de: esclarecer como mensurar o valor justo quando o mercado para um ativo ou passivo se torna menos ativo e melhorar a transparência da mensuração e divulgação deste valor em cenários de incerteza. [1]

A IFRS 13 não estende o uso do valor justo, mas ajuda as empresas a decidirem como o fair value deve ser aplicado nos casos em que já é exigido ou permitido pela IFRS e padrões americanos. Esta norma não introduz novas exigências quanto à mensuração de um ativo ou passivo pelo valor justo. Em suma, a IFRS 13 fornece uma definição mais precisa do valor justo e uma única fonte de mensuração do valor justo e seus requisitos de divulgação. A norma entra em vigor em janeiro de 2013, no entanto, é permitida a adoção antecipada.

As orientações e requisitos para a mensuração do valor justo e divulgação de informações sobre estes valores estavam dispersas em muitas normas e, em muitos casos, estas não articulavam uma clara mensuração ou objetivo de divulgação. Desse modo, algumas IFRS’s continham informações limitadas sobre como mensurar o valor justo, enquanto outras continham informações extensivas, que nem sempre eram consistentes entre os padrões contábeis.

A conclusão deste trabalho dos Board’s resulta no alinhamento das normas internacionais e americanas neste importante tema da contabilidade. A presença das mesmas exigências para a mensuração e divulgação do valor justo diminuirá a diversidade das aplicações, e por consequência, provavelmente melhorará a comparabilidade das demonstrações financeiras que usam o IFRS e o US-GAAP.

O IFRS 13 ajudará a aumentar a transparência quando as entidades usam modelos para mensurar o justo valor, particularmente, quando os usuários precisam de mais informações sobre mensuração em condições de incerteza, por exemplo, quando o mercado para um ativo ou um passivo torna-se menos ativa.

Outrossim , aumenta a transparência da mensuração do fair value, exigindo informações pormenorizadas sobre os valores justos calculados com base em modelos.Isto irá proporcionar um aumento da confiança na mensuração do valor justo ,pois a IFRS 13 exige que as entidades divulguem informações sobre as técnicas de avaliação e os inputs utilizados para mensurar o valor justo no nível 3.

Os objetivos do IFRS 13 são: reduzir a complexidade e melhorar a coerência na aplicação da mensuração do valor justo, ter um único conjunto de requisitos para a mensuração de todo valor justo, clarificar a definição do justo valor, melhorar a transparência e aumentar a convergência das IFRS e os US-GAAP.


Leia mais: aqui, aqui,aqui


[1]Como afirma Lustosa (2010): “...a justiça de uma medida de valor está mais na capacidade de ela expressar os conceitos corretos de mensuração do que na exatidão da medida”.

22 abril 2011

Trabalho conjunto entre FASB e IASB

Por Pedro Correia


O IASB e FASB publicaram hoje um relatório sobre o seu trabalho conjunto para melhorar o IFRS e GAAP’s americanos para trazer a sua convergência. O relatório fornece detalhes sobre o cronograma para a conclusão dos restantes projetos, e está disponível para download no site do IASB e do FASB.

Para mais detalhes clique
aqui.

Fonte: Blog do Jomar- Harmonização Contábil

15 outubro 2010

Novo presidente do Iasb

O presidente eleito do Conselho Internacional de Normas de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) está seguro de que uma rixa transatlântica em torno dos métodos de avaliação de empréstimos e outros instrumentos financeiros ainda poderá ser equacionada, impulsionando planos para harmonizar demonstrações financeiras por todo o mundo.

Hans Hoogervorst disse ontem que, em sua opinião, os Estados Unidos adotarão os Padrões Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS, na sigla em inglês) apresentados pelo Iasb no lugar dos Princípios Contábeis Amplamente Aceitos (Gaap, a sigla em inglês) dos EUA, sua própria norma.

"Companhias americanas de grande porte têm muito a ganhar [com uma transição para o IFRS]", ele disse.

Hoogervorst, um ex-ministro das Finanças holandês, foi indicado como o homem que substituirá sir David Tweedie no comando do Iasb, quando o escocês deixar o cargo em meados de 2011.

Sir David tem sido uma das forças motrizes por trás de uma tentativa de tornar o IFRS - o sistema seguido pelas companhias registradas em bolsa na União Europeia e por um número crescente de países na Ásia e na América Latina - intercambiável com o Gaap dos EUA.

O objetivo é facilitar para os investidores comparar companhias internacionalmente e, dessa forma, reduzir o custo do capital para os empreendimentos. Os EUA decidirão em 2011 se passarão para a IFRS. O plano de convergência que Hoogervorst herdará no ano que vem, porém, foi minado por abordagens divergentes em relação à reforma da contabilidade dos instrumentos financeiros nos dois lados do Atlântico.

O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira dos EUA (Fasb, na sigla em inglês), que fiscaliza o Gaap dos EUA, sugeriu um modelo segundo o qual bancos e outras entidades seriam obrigados a usar mais contabilidade pelo valor justo - também conhecida como marcação a mercado - para seus ativos financeiros.

A proposta provocou protestos nos EUA. O Iasb, com sede em Londres, por outro lado, prefere uma abordagem menos polêmica, que não tem a mesma ênfase sobre valor justo.

Em meio a rumores de que o Fasb possa suavizar a sua posição, Hoogervorst disse ao "Financial Times" que um denominador comum poderia ser alcançado pelos dois formuladores de normas nesse tema estratégico.

"Para mim não é um resultado inevitável que no fim haja mais divergência do que convergência [sobre instrumentos financeiros]. Acredito que os dois sistemas possam se aproximar bastante", ele disse.

Ao ser questionado sobre se os EUA adotariam o IFRS, ele respondeu: "Penso que sim". Ele não quis dizer, porém, o que poderia acontecer se o país não agisse assim, argumentando que ele se recusou a pensar sobre aquele cenário particular.

Sir David tem sido mais acessível a respeito desse tema, sugerindo recentemente que uma recusa ou isolaria os EUA ou enfraqueceria o poder de atração do IFRS como um padrão internacional na Ásia e América Latina.

Hoogervorst é o principal dirigente do órgão regulador dos mercados financeiros holandeses. Mas apesar de possuir experiência financeira de alto nível, ele não é um contador profissional.

Ele argumenta que a presente situação não lhe é estranha, dizendo que sua carreira política envolveu um período como o primeiro ministro da Saúde holandês que não tinha uma formação médica.

"O fato de eu ter sido capaz de analisar o mundo médico com um novo olhar foi uma importante contribuição para o meu sucesso como ministro da Saúde", ele disse, admitindo, porém, que ainda enfrenta uma acentuada curva de aprendizagem no seu novo cargo.

A nomeação de um ex-ministro para o cargo máximo no Iasb é um reconhecimento de como a contabilidade se tornou ainda mais uma arena política na esteira da crise financeira.

Hoogervorst, porém, está ansioso para se distanciar do conceito de que as normas contábeis devam ser um instrumento financeiro, em vez de serem usadas para servir investidores.

Ele ressalta que as normas devem ser redigidas independentemente dos políticos, um princípio que nem sempre sobreviveu à pressão de governos no passado.

"O motivo para eu acreditar que eu possa ser eficaz nesse cargo é que eu sei o que é ser diplomático, mas também sei o que é ser determinado", acrescentou
.


Novo chefe do Iasb mostra-se otimista sobre adesão dos EUA - Adam Jones - Valor Econômico - 14/10/2010

13 outubro 2010

Notícias sobre o novo chefe do Iasb

A seguir, uma conjunto de notícias sobre o novo chefe do Iasb.

Farewell, then, to Sir David Tweedie, stepping down as chairman of the International Accounting Standards Board after almost a decade. The Scot has led the push to harmonise international accounting standards and persuaded more than 100 countries to sign up to IFRS guidelines. Plaudits flowed for Sir David as his replacement was named yesterday, but his legacy is far from secure. European regulators are bitterly divided about how banks should account for losses in the wake of the financial crisis and the United States continues to drag its heels about whether to adopt IFRS. Hans Hoogervorst, the Dutchman who will take over, has his work cut out.


Farewell, then, to Sir David Tweedie, [...]; City Diary - Catherine Boyle - 13/10/2010 The Times

Sir David Tweedie will be a tough act to follow. In nearly a decade as chairman of the International Accounting Standards Board, he has achieved a degree of global harmonisation of standards that looked pretty inconceivable in 2001. The forceful Scot has persuaded more than a hundred countries to sign up to the IFRS rules. But there is much for his successor, Hans Hoogervorst, to do.

The US regulators have still not decided whether American companies should adopt IFRS, in place of US GAAP. And European regulators are divided over how banks should account for losses in the wake of the financial crisis.

It is no coincidence that, after a year-long search, the IASB has opted for a European politician with regulatory experience. Mr Hoogervorst, a former Dutch minister, is at present head of the Dutch equivalent of the Financial Services Authority.

Mr Hoogervorst, with his political contacts and experience, will be teamed with an experienced standard-setter in the form of Ian Mackintosh, a Kiwi who is currently chairman of the UK Accounting Standards Board.

The boards looks to have picked a good team. It needs one.


Strong team for a tough job; Business Editor's commentary - David Wighton - The Times

05 outubro 2010

Resistência Francesa

Após uma década na supervisão dos padrões contábeis internacionais, David Tweedie tornou-se estudante amador de psicologia francesa.

O escocês confrontou-se várias vezes com a França como chefe do Conselho de Normas de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês), o órgão que elabora as Normas Internacionais de Demonstrações Financeiras (IFRS), as regras contábeis seguidas na União Europeia e em vários outros países, como o Brasil.

A fascinação por seu adversário é tanta que, recentemente, ele jogou em minhas mãos um estudo acadêmico intitulado "França e o modelo 'Anglo-Saxão': Perspectivas Contemporâneas e Históricas". O artigo explora a hostilidade sentida frequentemente na França em relação à forma britânica e americana de se fazer negócios.

Embora o tom seja acadêmico, havia algo perturbador em ver Tweedie brandindo o estudo durante a entrevista. Mas também há bons motivos pelos quais a França continua sendo razão de preocupação para a mentalidade do Iasb, cuja sede fica em Londres.

No início de 2010, um novo órgão nacional de padrões contábeis, o ANC, foi criado a pedido da ministra das Finanças da França, Christine Lagarde. No fim de julho, o órgão divulgou que iria resistir ao que via como um foco excessivo do Iasb nas necessidades dos investidores de curto prazo nas novas regras que estava elaborando.

Além disso, o ANC criticou a forma quase independente como o Iasb é administrado, eriçando-se com a carga de trabalho exigida pela meta potencialmente quixotesca de harmonizar os IFRS com os padrões dos Estados Unidos em junho de 2011 - um projeto que já teve de ser encolhido.

Para entender melhor até que ponto Paris tentará agora purificar o programa de revisão do IFRS do que vê como excessos anglo-saxões, fui me encontrar com Jérôme Hass, diretor do ANC, em seu descuidado escritório em Paris, perto da Gare de Lyon.

Formado na École Nationale d'Administration, a escola de aperfeiçoamento para os servidores públicos de elite na França, Haas declarou que as contas das companhias não são apresentadas apenas para os investidores. Ele também não acredita que a ascensão da Ásia signifique que a Europa precise se resignar a ter menos influência sobre as normas contábeis internacionais.

Haas é cauteloso no que se refere a quanto da retórica do ANC pode realmente acabar em alguma ação. Mas ele deu algumas pistas sobre quais serão as batalhas.

A contabilidade do arrendamento, por exemplo, é uma área em que a França continua sem se convencer da necessidade de mudança. O Iasb e o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), encarregado das normas nos EUA, propuseram em agosto uma reforma sincronizada do sistema de contabilidade de arrendamento, que permite a algumas companhias deixar grandes dívidas fora de seus balanços patrimoniais.

A mudança poderia deixar algumas companhias tecnicamente em infração das condições de seus empréstimos e vem sendo criticada por muitas grandes empresas, especialmente do varejo.

Enquanto os protestos da Tesco nunca tiveram chance de mudar a política de não intervenção do governo do Reino Unido para que fizesse lobby em seu nome, o ANC da França está atuando como um amplificador das preocupações mostradas por nomes como a PPR, o grupo varejista e de bens de luxo.

Reescrever as regras contábeis das operações de "hedge" - uma área em que os bancos franceses estiveram entre os beneficiados por uma polêmica exceção em 2004 - também poderia produzir explosões.

A exceção supostamente seria temporária. Continuará em vigor? Parece possível, mesmo que isso possa minar a reivindicação do IFRS de formar um sistema igual para todos.

No front da governança, as sensibilidades francesas também provavelmente serão um fator em determinar quem sucederá Tweedie no comando do Iasb quando se aposentar no fim de junho de 2011.

À medida que o processo de seleção se aproxima do fim, os rumores indicam que o favorito é Ian Mackintosh, nascido na Nova Zelândia e que usa passaporte australiano, atualmente presidente do Conselho de Padrões Contábeis, o órgão nacional de contabilidade do Reino Unido.

Caso realmente assuma o cargo e queira uma relação menos explosiva com Paris, ele faria bem em ressaltar suas credenciais oceânicas em vez das anglo-saxônicas.


Resistência francesa é desafio à contabilidade globalizada
Valor Econômico - Adam Jones | Financial Times, de Londres - 04/10/2010

01 julho 2010

Mudança no Iasb

Segundo uma declaração do Iasb (IASC Foundation to become IFRS Foundation on 1 July 2010, 30 June 2010), a partir de hoje deixa de existir o IASC Foundation. Em seu lugar passa a existir a IFRS Foundation.

Duas outras mudanças: a International Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC) recebe a denominação de IFRS Interpretations Committee; e Standards Advisory Council (SAC) transforma em IFRS Advisory Council.

18 junho 2010

Balanço do Iasb

Saiu o balanço do Iasb. As empresas de auditoria – as quatro maiores – doaram 6 milhões de dólares ou 1,2 milhão de libras. Como o total das contribuições do Iasb atingiu 16,6 milhões de libras, a contribuição das quatro grandes empresas representa quase trinta por cento da receita do Iasb. A dependência destas empresas continua enorme.
Fonte: aqui

23 abril 2010

Convergência no momento da verdade

No ápice da crise financeira mundial em 2008, o sossegado presidente do Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), Bob Herz, viu-se no centro dos holofotes, com furgões das equipes de TV se amontoando do lado de fora da sede do órgão responsável pelas regras contábeis nos Estados Unidos, na normalmente sonolenta cidade de Norwalk, Connecticut.
De uma hora para outra, as atenções haviam se voltado para o tratamento contábil misterioso dado a alguns ativos obscuros em mãos de bancos de investimento de Wall Street, papéis que estavam sendo cada vez mais considerados culpados de exacerbar a crise.
Desde então, a questão ainda não se esgotou. No início de maio, Herz deverá voltar ao tema quando apresentar as propostas do Fasb sobre o grau de uso que o controverso parâmetro do "valor justo" - também conhecido como "marcação a mercado" - deveria ter para a determinação do preço de derivativos e outros instrumentos nos livros dos bancos.
Seu pronunciamento atenderá a um pedido do Grupo dos 20 principais países industrializados e em desenvolvimento, que em setembro colocou a contabilidade entre os itens de sua agenda. O grupo pediu ao Fasb e ao Conselho de Padrões de Contabilidade Internacional (Iasb, na sigla em inglês), com sede em Londres, para preparar um padrão contábil mundial de alta qualidade - uma forma única de medir todas as companhias do mundo.
A questão é tensa - e precede, há um longo tempo, a recente crise. Desde o século XVI, quando Luca Paciola, monge franciscano itinerante amigo de Leonardo da Vinci, inventou [1] a contabilidade moderna nas montanhas da Toscana, há discussões sobre seu significado e propósito.A contabilidade é uma construção social, apenas uma entre várias formas de ver o mundo, ou praticamente uma ciência, baseada em fatos precisos? [2]
Nos tempos modernos, a capacidade de comparar [3] contas em diferentes fronteiras tornou-se o santo graal dos contadores do mundo, assim como de muitos investidores e analistas financeiros. Eles argumentam que essa uniformidade [3] significa que o capital poderia ser alocado de uma forma mais eficiente, que haveria menos facilidade para as companhias provocarem os reguladores e serem processadas e até que escândalos contábeis com os de Enron, WorldCom e Parmalat ocorreriam com menos frequência.
As turbulências financeiras mundiais, no entanto, centraram as atenções em uma questão fundamental: como calcular quanto vale um ativo. O motivo é que durante o pânico do mercado, os preços dos produtos financeiros mais complexos, como os derivativos, despencaram enquanto os mercados se congelavam [4] - um declínio praticamente independente da qualidade de créditos dos ativos que estavam por trás, sustentando esses derivativos. Para alguns, a situação proporcionou pechinchas, compradas rapidamente. Para a maioria dos bancos e fundos hedge, no entanto, levou a buracos devastadores em seus balanços patrimoniais, por causa da prática de marcar os ativos pelos preços atuais de mercado.
As baixas contábeis criaram um círculo vicioso no qual a queda dos valores levou as instituições de crédito a pedir mais garantias para conceder empréstimos, o que por sua vez obrigou grupos demasiado alavancados a vender ativos, empurrando os preços ainda mais para baixo. [5] Como resultado, as autoridades monetárias começaram a ver procedimentos alternativos com interesse renovado: permitir que administradores julgassem os valores ou os contabilizassem pelo que custaram originalmente e pelo dinheiro que supostamente gerarão antes de sua venda.
A opinião de que a contabilidade de "valor justo" enfraquece a estabilidade financeira e econômica persiste entre muitos políticos e autoridades reguladoras, especialmente na Europa, mas também na Ásia. Alguns investidores, contudo, mais notavelmente nos EUA, continuam convictos na defesa do valor justo, pois o consideram mais transparente. Daí a vontade do G-20 em ver um padrão único até junho de 2011.
Dependendo de como as investigações dos responsáveis por determinar as regras prosseguirem, a Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) pretende decidir até este mês se todas as companhias americanas deveriam deixar de usar o padrão contábil americano (US Gaap), atual sistema em vigência no país, e aderir aos padrões internacionais de contabilidade (IFRS), do Iasb, usado na maior parte do mundo.
Os investidores, em sua maioria [6], são a favor da convergência, mas alguns temem que, na pressa para cumprir o prazo do G-20, possam ser cometidos erros que criariam problemas futuros para a contabilidade das empresas. "A coisa mais importante para os investidores é que sejam padrões de alta qualidade e que atendam as demandas dos acionistas e da comunidade de investimentos em geral - e é um equívoco sugerir que a convergência é mais importante do que isso", diz Michael McKersie, da Associação de Seguradoras Britânicas (ABI, na sigla em inglês), um poderoso grupo de investidores do Reino Unido.
A decisão da SEC será crucial, já que sem o apoio do maior mercado de capitais do mundo, qualquer padrão global seria assim apenas no nome. Com a aproximação do fim do prazo, as inevitáveis diferenças culturais, divergências e rivalidades que acabam surgindo com uma tarefa global desse tamanho - e que afetam os debates contábeis há séculos - ameaçam interromper o processo. Apesar de meses de negociações, há sinais de que o Fasb e o Iasb não conseguirão chegar a um consenso sobre até que ponto o valor justo dever ser usado para determinar o valor dos instrumentos financeiros. De acordo com um encarregado de determinar os padrões, o sonho do G-20 de harmonia contábil mundial depara-se com a real possibilidade de "explodir".
A história de como a contabilidade se tornou um viveiro de ressentimentos que confrontam autoridades reguladoras, contadores, investidores e executivos tem suas raízes nas semanas anteriores ao desmoronamento do Lehman Brothers, em setembro de 2008. No fim de agosto daquele ano, o projeto para criar um padrão único mundial, congregando EUA e resto do mundo, chegou ao que ainda é seu ponto mais alto até hoje.
Christopher Cox, então presidente da SEC, anunciou um acordo tentativo segundo o qual, até 2014, todas as empresas americanas estariam cumprindo o IFRS. O raciocínio de Cox, bem recebido por contadores [6], foi o de que a "crescente aceitação em todo o mundo - e o cada vez maior controle de companhias estrangeiras por investidores americanos - deixam claro que se nada fizermos, e simplesmente deixarmos essas tendências se desenvolverem, a comparabilidade e a transparência diminuirão para investidores e emissores americanos".
Tornando cada vez mais viável a implementação da visão de contadores - a prática de "uma norma única" -, naquele ano mais de cem outros países adotaram ou concordaram em adotar o IFRS [7]. Mas após a implosão do Lehman muitos governos voltaram a procurar garantir a sua "soberania contábil". [8]
Poucas semanas depois do colapso do Lehman, Cox foi substituído por Mary Schapiro [9], nome pertencente ao novo governo do presidente Barack Obama. Durante as audiências de confirmação no cargo, Schapiro disse que "não estaria disposta a delegar a definição de padrões ou responsabilidade pela supervisão ao Iasb".
Enquanto o afável Herz, no Fasb, enfrentava as equipes de televisão à frente de seu escritório, David Tweedie, o combativo escocês e ex-sócio da KPMG que comanda o Iasb, tinha de lidar com seus próprios problemas no outro lado do Atlântico. Em outubro de 2008, pressões da UE forçaram a publicação de uma regra que foi amplamente considerada como uma diminuição na qualidade de informação - mas que pode ter poupado alguns bancos europeus do colapso. As mudanças permitiram que os bancos reclassificassem carteiras inteiras, inclusive produtos estruturados complexos, e avaliassem de forma mais favorável com base no custo dos empréstimos e títulos que lastreavam os papéis. Tweedie, cujo desejo de precisão contábil por vezes conflitava com a visão tradicional dos formuladores de normas contábeis da Europa Continental como elaboração social e instrumento de estabilidade econômica, mais tarde disse quase ter se demitido devido ao incidente.
Então, em julho, o Fasb e o Iasb anunciaram não ter conseguido chegar a uma abordagem comum sobre como valorar instrumentos financeiros. Por isso, foi preciso a intervenção do G-20 para aumentar as esperanças de que a convergência estava de novo no bom caminho. Mas, exatamente quando os EUA pareciam mais próximos, a Europa divergiu. Em novembro, a UE recusou-se a considerar a adoção da primeira fase do IFRS 9, norma do Iasb relacionada à valoração de instrumentos financeiros, alegando que ela defende o uso excessivo de valor justo.
Tweedie seguiu em frente e publicou o IFRS 9 para uso em mais de 110 países que haviam adotado ou estavam em vias de adotar o IFRS, mas sem o apoio de seu principal patrocinador [10]. A convergência foi avançando a partir de então, mas com crescente intervenções por parte de agências reguladoras e de formuladores de políticas, particularmente na Europa.
Michel Barnier, novo comissário para mercado interno da UE, pareceu, recentemente, ter criado um novo conflito, ao sugerir que verbas futuras para manutenção do Iasb dependeriam de a organização ceder a pressões de Bruxelas no sentido de admitir mais quadros de agências reguladoras em seu conselho diretor. A SEC disse que a independência do Iasb é necessária para que avalie submeter as empresas americanas aos IFRS. No entanto, dizem especialistas, duas coisas podem contribuir para impedir o que recentemente parecia um desfecho mais provável: a criação de blocos contábeis regionais, ou seja, EUA, Europa e Ásia.
Um fator em jogo é o apoio ao Iasb na Ásia. Embora a Europa pareça estar se distanciando, o Japão, segundo maior mercado de capitais no mundo, convergiu um pouco mais. Noriaki Shimazaki, da Sumitomo Corporation e curador do Iasb, diz acreditar que o Japão está a caminho de tornar o IFRS obrigatório para as empresas japonesas já a partir de 2016. À medida que os fluxos de capital deslocam-se para a Ásia, o peso dos países asiáticos deve influenciar mais o processo de normatização, diz Mohandas Pai, da Infosys, segunda maior exportadora indiana de serviços de tecnologia. Entretanto, China, Índia e Japão estão apoiando o desenvolvimento dos IFRS entre si para promover o comércio intrarregional.
O segundo fator envolve o Lehman. O evento, que fez descarrilhar a convergência, ainda poderá levá-la a se concretizar.
Quando Anton Valukas, procurador de Chicago, publicou no mês passado seu relatório condenando as práticas que resultaram na maior falência empresarial na história, uma das revelações foi a "arbitragem regulatória" utilizada pelo banco para tratar as operações de uma maneira que "embelezavam" temporariamente seu balanço. As hoje infames operações Repo 105, que permitiram ao Lehman lançar US$ 49 bilhões fora de seus livros em um trimestre, eram permitidas nos termos do padrão americano US Gaap. Mas se a contabilidade obedecesse ao IFRS, acabariam permanecendo no balanço e bem à vista dos investidores.
Estando as audiências do Congresso que discutirão o relatório sobre o Lehman previstas para o início desta semana, os contabilistas esperam que a convergência receba um impulso favorável em função dessas revelações. "É a melhor razão que até agora já vi para que a convergência progrida", diz um alto executivo de uma das maiores firmas de contabilidade americanas.
Se isso não ocorrer, a uma próxima geração de contabilistas, em meio a uma futura crise, poderá ser legada a tarefa de prosseguir o debate.

Fonte: Valor Econômico, via Análise de Balanços - IFRS: Ainda sobre o valor "justo" - Contabilidade: Paralisada pela crise, convergência global está em risco.
Padrão global de balanços enfrenta sua hora da verdade - Por Rachel Sanderson e Jennifer Hughes, Financial Times, de Londres - 22/04/2010

[1] Um erro comum considerar Pacioli o "inventor". Na realidade foi o divulgador.

[2] A ciência não significa necessariamente que seja baseada em fatos precisos. Talvez o melhor fosse fazer a contraposição entre ciência exata e ciência social.

[3] Aqui faltou um pouco de precisão técnica. Na contabilidade uniformidade é diferente de comparabilidade.

[4] Ou seja, faltou liquidez.

[5] Mas conduziu a ganhos com a perda de valor dos passivos.

[6] Há controvérsias...

[7] Na realidade a adoção da IFRS não garante uma "norma única"

[8] A normatização é uma atividade política. Isto foi refletido nesta atitude.

[9] O fato de Cox ter sido um burocrata com um trabalho ruim na SEC não ajudou.

[10] Talvez o termo correto seja "apoiador". O principal patrocinador do Iasb é o grupo das maiores empresas de auditoria.

07 abril 2010

Problemas na Convergência

UE propõe reforma no Iasb e ameaça convergência
Matéria publicada no Jornal Valor Econômico em 06. abr/ 2010
Texto de Rachel Sanderson (Financial Times - Londres)

O novo comissário da União Europeia para o mercado interno propôs reformas para o organismo que estabelece regras contábeis internacionais, enfurecendo os contadores e possivelmente liquidando as frágeis esperanças de convergência mundial.

Em uma aparente tomada de poder por Bruxelas, Michel Barnier sugeriu que o financiamento futuro ao Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) poderá depender de a agência ceder a pressão política da Comissão Europeia (CE) no sentido de promover mudanças em sua governança.
A sugestão de Barnier, numa reunião de importantes contabilistas e funcionários de agências regulamentadoras em Londres, deixou espantada a comunidade de contadores ao levantar questões sobre a independência do Iasb, durante um período crucial de negociações visando estabelecer um conjunto internacional de normas contábeis.
Em setembro do ano passado, o Grupo dos 20 (G-20) países mais industrializados prometeu apoio a um conjunto único de normas contábeis de alta qualidade para melhorar os fluxos de capital e reduzir o tempo de arbitragem internacional em resposta à crise financeira. No entanto, está cada vez mais difícil obter um consenso.
Um ponto crucial é que muitos políticos europeus acreditam que uma fiscalização prudencial deve estar mais presente na governança do Iasb, para que a contabilidade possa ser usada como ferramenta que favoreça a estabilidade financeira.
Mas contabilistas e líderes empresariais - particularmente nos Estados Unidos e no Japão - argumentam que as contas não devem ser objeto de intervenção regulamentadora e que deveriam concentrar-se em fornecer uma fotografia exata do valor de uma empresa.
Durante uma reunião cada vez mais tensa sobre o financiamento futuro do Iasb, Barnier disse que "as duas questões - de financiamento e de governança - podem ser interligadas".
"Queremos ver mais emissores - mais bancos e mais empresas - e também mais fiscalizadores prudenciais representados no conselho gestor [do Iasb ]", afirmou ele. Prosseguindo, Barnier disse ser "prematuro" esperar que a UE eleve sua contribuição orçamentária anual de 4,3 milhões de libras (ou US$ 6,5 milhões) ao Iasb. Além disso, Bruxelas pretende reconsiderar a sua contribuição anual.
Experientes contadores disseram que o disparo de advertência de Barnier poderá colocar Bruxelas em conflito com os Estados Unidos e a Ásia, além de inviabilizar o processo de convergência.
Mais de 110 países, inclusive a maior parte da Europa e da Ásia, empregam o padrão de relatórios financeiros internacionais elaborado pelo Iasb.
As empresas americanas continuam a elaborar seus relatórios financeiros de acordo com os princípios contábeis amplamente aceitos nos EUA (US Gaap, na sigla em inglês), ao passo que as agências regulamentadoras consideram se endossarão o padrão internacional IFRS.


 

Em The Accounting Onion a análise descreve o fato como chantagem da União Européia.