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15 novembro 2017

As transformações no mercado de trabalho contábil

Mensalmente este blog acompanha o resultado do mercado de trabalho formal no setor contábil. Usando a classificação da CBO2002 e considerando Contadores e Auditores, Escriturários e Técnicos em Contabilidade como este setor, temos divulgado os números dos admitidos e demitidos, tendo por base do Caged.

Fizemos agora também um levantamento anual, usando o mesmo critério de classificação do setor contábil, só que usando a base de dados da Rais, em lugar do Caged. Os dados também são do mercado formal.

A figura abaixo mostra a evolução anual do número de empregados no setor, de 2003 a 2016. No início da série eram 221 mil trabalhadores; no final do ano passado, o número era quase o dobro. Uma grande evolução neste período, que só não foi maior em razão da redução recente em razão da crise econômica e confirmando os números mensais que estamos divulgando aqui no blog

A evolução no número de empregados no período teve um efeito importante: a participação da mão-de-obra do setor no total da economia cresceu substancialmente. O gráfico a seguir faz esta comparação. Em 2003 os empregados do setor contábil correspondia a 0,75%; no último ano, quase 1% dos trabalhadores brasileiros atuavam com a contabilidade.

A figura a seguir mostra a evolução da remuneração total, considerando 2003 igual a 100, e em salários mínimos. Ou seja, os valores seriam corrigidos. Para fins de comparação colocamos na figura o total do Brasil. Aqui temos uma boa notícia para os profissionais de contabilidade: os anos recentes foram benéficos para o bolso, já que a remuneração, em salários mínimos, aumentou em 34%, enquanto o total da economia permaneceu próximo do valor de 2003. E o ganho ocorreu principalmente entre os anos de 2010 e 2012.

Mas o dado anterior necessita ser visto com cuidado, já que são valores totais. Ou seja, são influenciados pelo crescimento no número de profissionais. Observe que isto é ruim, já que ocorreu o número de empregados quase dobrou, enquanto o volume de remuneração aumentou somente 34%. A figura a seguir trás uma comparação mais adequada, com a diferença de remuneração média do setor em relação a média da economia. Em 2003 a diferença era de 73%, ou seja, o empregado da área ganhava mais de 73% do que a média; em 2016 a diferença caiu para 52%.

A figura a seguir mostrava a horas contratadas médias do setor em comparação a média do Brasil. Aquela piadinha que diz que um contador que trabalha de segunda a sábado, das 8 as 20 horas, fazendo hora extra no domingo, recebe o nome de “preguiçoso”, parece ter um fundo de verdade. O número de horas contratadas no setor, na linha azul, é bem superior a média do Brasil. E enquanto a média brasileira manteve-se dentro do mesmo patamar, a média do setor contábil mostrou um aumento no período. Assim, em média o trabalhador do setor contábil é contratado para trabalhar em média 42,5 horas por semana, a média total do brasileiro está abaixo de 41 horas.

O sexto gráfico mostra a idade média do trabalhador do setor em relação a média. Enquanto o trabalhador brasileiro médio envelheceu ao longo do tempo, ocorreu um diminuição na idade médio do empregado, entre 2006 a 2012.

A seguir a ilustração gráfica da maior transformação ocorrida no setor contábil. Em 2003, metade do setor era composta por mulheres. Em 2016, 60,5% eram de mulheres. Um percentual bem acima da média. Mas a notícia ruim é que a diferença salarial entre homens e mulheres é MUITO maior entre os empregados do setor contábil do que na economia brasileira.

Um comentário:

  1. Talvez o aumento da participação de mulheres explique a baixa na remuneração, pois as mulheres ganham menos.

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