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12 abril 2024

Xadrez: Torneio de candidatos

Se há algum esporte que gosto de acompanhar, é o xadrez. É bem verdade que, nos últimos anos, perdi um pouco do interesse, mas o Torneio de Candidatos despertou novamente minha vontade de assistir às partidas.


Neste ano, a Federação de Xadrez (FIDE) decidiu organizar no Canadá os dois torneios de candidatos a desafiante ao título de campeão, nas modalidades open e women. Partidas anteriores em torneios organizados pela federação e os jogadores ranqueados foram os critérios usados para selecionar oito jogadores de cada modalidade, que estão disputando o privilégio de desafiar o campeão mundial.

Neste momento, já foram disputadas metade das partidas, e o critério é de 14 partidas contra todos os jogadores que estão na disputa. Aquele que fizer o maior número de pontos será o desafiante ao título. Em caso de empate, haverá partidas rápidas para decidir o desafiante. Como os jogos estão ocorrendo na mesma sala, é possível acompanhar a transmissão a partir das quatro horas da tarde no site do torneio.

Na modalidade feminina, duas chinesas, duas russas, duas indianas, uma ucraniana e uma búlgara estão jogando partidas de boa qualidade e bem disputadas. A taxa de precisão dos jogos está acima de 90%, o que significa que as jogadoras acertam um percentual bem elevado de jogadas, mesmo diante de um ambiente tenso como o de um torneio desse tipo. Neste momento, a chinesa Tan Zhongyi está liderando, com cinco pontos em sete possíveis, sendo três vitórias e quatro empates. Cada vitória vale 1 ponto e o empate, meio ponto. Em segundo lugar está Aleksandra Goryachkina, a russa que considero a favorita da modalidade, com 4,5 pontos, sendo duas vitórias e cinco empates. A outra chinesa, Lei Tingjie, e a outra russa, Kateryna Lagno, seguem com quatro pontos.

A vencedora irá desafiar a atual campeã, Ju Wenjun, que não é a melhor jogadora da atualidade. Hou Yifan, também chinesa, possui um rating de 2632 (versus 2559 da campeã), mas tem estado um pouco ausente dos tabuleiros. Yifan já chegou a ter um rating de 2687, em 2015.

No lado open, também são oito candidatos: dois americanos, um francês (nascido iraniano), três indianos, um azeri e um russo. O favorito é Fabiano Caruana, um descendente de italianos, que possui o segundo maior rating atual, com 2801. Em 2014, Caruana chegou a marcar a terceira maior pontuação da história, atrás somente de Carlsen, o melhor jogador de todos os tempos, com uma pontuação de 2889, que não está competindo, e de Kasparov, que chegou a ter 2857. Mas não descarto Ian Nepomniachtchi, conhecido como Nepo, que por duas vezes foi desafiante ao título e perdeu. Atualmente temos uma grande geração de jogadores oriundos da Índia, e o jovem de 18 anos, Praggnanandhaa R, além de Vidit Gujrathi, que tem 29, são fantásticos. Mas Gukesh, com apenas 17 anos, talvez seja o grande destaque. A pontuação dos três estaria na casa dos 2752 (Praggnanandhaa), 2748 (Gukesh) e 2729 (Vidit). Passada metade dos jogos, Nepo lidera com 4,5 pontos, seguido de Gukesh, Praggnanandhaa e Caruana, todos com 4 pontos. Ou seja, ainda haverá muita disputa. Somente Nepo e Caruana estão invictos. Quem vencer irá disputar o título contra o chinês Liren Ding, que possui atualmente a sexta pontuação do mundo.

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11 abril 2024

A Bolha da IA

 

Definitivamente, a IA é uma bolha, afirma Cory Doctorow. Existem bolhas que deixam um legado, como a bolha da WorldCom, que deixou uma grande quantidade de fibra óptica disponível. No entanto, há bolhas construídas sob fraude, como foi o caso da Enron. A inteligência artificial promete substituir motoristas por carros autônomos, mas parece que o processo não está avançando como esperado. Há também o uso intensivo de IA em contabilidade, ameaçando milhões de empregos pelo mundo e despertando o medo entre os profissionais.

Segundo Doctorow, os projetos de IA são caros, com um alto custo fixo inicial, que inclui a coleta e o treinamento de dados. Contudo, quando os investidores perceberem que não haverá retorno suficiente, a bolha irá estourar. Em muitos casos, observa-se que a mão de obra barata está sendo substituída por técnicos de TI especializados, trazendo resultados questionáveis.

Como a contabilidade avaliará esses investimentos quando ocorrer o estouro da bolha da IA? Será necessário retornar aos conceitos de liquidação e descontinuidade.

Rir é o melhor remédio

Muito bom. Já vi muito isso. 
 

Recuo da SEC nas regras climáticas

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos emitiu normas exigindo que as empresas divulguem seus riscos climáticos. Mas as críticos dos estados governados pelos republicanos e grupos de pressão das empresas mudaram um pouco o espírito ambiental da agência. 

E diante das críticas, a SEC decidiu suspender no dia 4 de abril. O motivo foi o risco legal, conforme o site DealBook. 

Mais de 30 partes estão contestando as novas regras, que exigem maior transparência sobre os riscos climáticos enfrentados pelas empresas. (...) um grupo de procuradores-gerais estaduais republicanos processou a agência, argumentando que ela havia extrapolado sua autoridade e que as empresas já divulgavam dados suficientes sobre os riscos climáticos aos investidores. 

A S.E.C. diz que não está recuando. "Ao emitir uma suspensão, a comissão não está se afastando de sua visão de que as regras finais são consistentes com a lei aplicável e dentro da autoridade de longa data da comissão", escreveu a agência em sua ordem. Ela acrescentou que "continuará defendendo vigorosamente a validade das regras finais no tribunal".

Enquanto isso, as empresas já enfrentam exigências mais rigorosas de divulgação climática na União Europeia e na Califórnia. Exigências semelhantes estão pendentes em Nova York e Illinois.

Crise na aposentadoria

Larry Fink é uma das pessoas mais influentes no mundo dos negócios. Como chefe da empresa de gestão de investimento BlackRock, Fink foi um dos primeiros defensores da abordagem ESG. Na sua recente carta aos investidores, Fink chamou a atenção para um novo tema: a crise global da aposentadoria. 


Para Fink, a aposentadoria precisa mudar, já que muitos países chegarão a um ponto crítico de envelhecimento nas próximas duas décadas. E as pessoas não estão economizando o suficiente para quando parar de trabalhar. 

Depois de comandar investimentos verdes, Fink parece estar mais realista agora. Para ele a transição para economia verde era inevitável, mas parou de usar o termo ESG por questão política. 

Fonte: newsletter NYT

09 abril 2024

Ainda PwC Austrália

No ano passado, a imprensa australiana descobriu que a PwC foi contratada para ajudar o governo do país a elaborar uma reforma tributária. O problema é que a PwC resolveu aproveitar a situação e começou a vender consultoria sobre o assunto, inclusive instruindo clientes sobre brechas potenciais na lei, até mesmo para empresas internacionais.



O caso do vazamento ainda está sob investigação. No início de abril, um grupo bipartidário de senadores divulgou que a PwC Internacional está recusando-se a divulgar informações sobre os aspectos internacionais do escândalo. Haveria "seis parceiros sujos" que se beneficiaram da informação. Os senadores divulgaram um relatório onde há conclusões condenatórias para a PwC da Austrália e a PwC Internacional. Segundo a newsletter da AFR:

Sobre a PwC Austrália: O comitê disse que a empresa forneceu informações “no melhor dos casos, vagas” sobre quais parceiros atuais e anteriores eram “responsáveis pelo mau uso de informações confidenciais do governo”. A empresa também falhou em fornecer evidências suficientes para provar que havia reformado sua “estrutura, práticas e cultura” após o escândalo dos vazamentos de impostos.

Sobre a PwC Internacional: “[A PwC Internacional] continua a usar o privilégio legal profissional como razão para não fornecer o relatório Linklaters ao comitê. Neste aspecto, o comitê lembra a PwC [Internacional] que a PwC [Austrália] consistentemente se escondeu atrás da aplicação incorreta de milhares de reivindicações de privilégio legal profissional para impedir que a ATO acessasse evidências potencialmente incriminadoras.”

O relatório concluiu: “A falha da PwC em ser completamente aberta e honesta conforme as recomendações do comitê em seu primeiro relatório reflete a falha da PwC em mudar genuinamente. O comitê não vê como a PwC pode recuperar [sua] reputação enquanto continua a encobrir porque os dois são incompatíveis. De fato, a encoberta agrava o crime.”

Imagem: ChatGPT

Rir é o melhor remédio


 

Tudo, menos fluxo de caixa

Sobre a rede social de Trump: 

(...) E talvez ele terá uma questão de exame final — na verdade, uma questão de quiz da primeira semana — como: "Donald Trump tem uma empresa de capital aberto com o símbolo de ação DJT (suas iniciais), ele possui mais da metade das ações, seu modelo de negócio é 'lutar contra as grandes empresas de tecnologia ... que ele acredita que conspiram para restringir o debate na América e censurar vozes que contradizem sua ideologia woke', e no último ano teve um prejuízo líquido de $58,2 milhões em uma receita de $4,1 milhões. Quanto vale essa empresa?" E se você escrever "bem, a Meta Platforms Inc. negocia por cerca de 9,3 vezes as receitas, então talvez $40 milhões?" você vai errar.


(...) Mas parece — como uma questão empírica, mas também apenas intuitivamente — que muitas pessoas gostariam de comprar ações de um token eletrônico chamado "DJT" que representa sua afeição por Donald Trump, que os marca como membros de um clube de apoio a Donald Trump, e que na verdade enriquece o próprio Trump e o apoia em seus empreendimentos. E assim, eles poderiam pagar dinheiro por esse token. E os fluxos de caixa simplesmente não entram nisso em absoluto.

Fonte: Bloomberg. Imagem ChatGPT

Análise Multivariada e Contabilidade

A Análise Multivariada (AMV) representa uma extensão dos métodos estatísticos univariados e bivariados, permitindo investigar simultaneamente a relação entre múltiplas variáveis. Trata-se de um conjunto de técnicas muito usada em quase todos os campos científicos, especialmente quando existem eventos que são influenciados por várias variáveis conectadas.


Sua importância decorre da capacidade de controlar o efeito de múltiplas variáveis ao mesmo tempo, permitindo uma compreensão mais precisa dos dados. Por isso, pode ser útil para identificar padrões, tendências e associações que não conseguimos usando as variáveis de forma separada ou através da mera observação dos dados. Uma potencial aplicação é no processo preditivo.

Para a contabilidade, a AMV pode ser uma ferramenta muito útil para diferentes aplicações em diferentes campos da contabilidade. Usando as técnicas, podemos ter instrumentos poderosos para analisar a saúde financeira de uma empresa através do estudo integrado de índices. Outro campo onde a AMV pode ser usada é na detecção de fraudes, analisando padrões e ajudando a identificar transações que desviam do padrão usual. Na análise de risco, podemos verificar o impacto de fatos no risco. Na contabilidade gerencial, as técnicas podem ser úteis em diferentes situações.

Um levantamento que fiz em mais de 30 obras que abordam o tema, sob diferentes perspectivas, permitiu listar as cinco técnicas mais populares de AMV. Na ordem:

1. Regressão – esta é uma técnica presente em qualquer obra sobre o assunto. Em muitos cursos, os professores dedicam um grande foco de atenção a este assunto, e realmente seu conhecimento é importante para um profissional contábil que deseja ter uma visão mais sofisticada de diversos temas. Um exemplo onde a regressão pode ser usada na contabilidade é na contabilidade de custos, onde o custo de uma empresa pode ser dividido em uma parcela fixa, que seria a constante do resultado obtido na regressão, uma parcela que varia conforme o volume de atividade da empresa, o chamado custo variável por atividade, além do custo por lote de produção, custo decorrente da diversidade do produto, custo de parada, entre outros.

2. Regressão Logística – esta poderia ser usada quando trabalhamos com as chances de ocorrência de um evento onde o resultado esperado é do tipo categórico. Um exemplo é estimar a chance de falência de uma empresa a partir dos índices de análise, como liquidez ou endividamento. A logística pode criar uma expressão onde os índices são usados, sendo possível tomar uma decisão baseada na probabilidade. Este é um método um pouco mais sofisticado, mas tem se tornado popular com os softwares estatísticos e a atratividade em termos de restrição de uso.

3. Análise de Cluster ou de Agrupamento – a ideia da análise é verificar se um conjunto de elementos pode ser dividido em grupos em razão de sua semelhança. Estamos classificando um conjunto de hospitais com base na sua receita, tipo de atendimento, taxa de leitos, entre outras medidas. A análise de cluster agrupa os hospitais de maneira mais precisa, onde os hospitais com características semelhantes estarão no mesmo grupo. Essa é uma técnica que pode ser usada quando não sabemos muito sobre o objeto de estudo, facilitando as comparações e análises que possam ser feitas.

4. Análise Discriminante – A análise discriminante é uma velha conhecida na literatura contábil na construção de índices de solvência. Os índices de Altman e de Kanitz foram construídos com base nessa técnica. Veja, a análise é muito parecida com a logística: queremos distinguir dois ou mais grupos (solvente e insolvente, por exemplo) com base em características (os índices de balanço). Confesso que fiquei surpreso ao verificar que a análise ainda é estudada na literatura de AMV, pois achava que a mesma já tinha sido substituída pela logística.

5. Análise de Componentes Principais – Essa técnica procura reduzir um grande conjunto de dados em algumas poucas informações. Se fiz um questionário com 30 perguntas e não sei como analisar, a PCA, como é chamada, pode ser útil ao reduzir em um menor número de componentes. Se o analista der sorte, dos 30 itens talvez somente dois ou três realmente importam. E isso ajuda muito no processo de análise e compreensão do que está ocorrendo. Há uma grande controvérsia na literatura sobre a diferença da PCA com a análise fatorial, que também é bastante estudada.

Além destas técnicas, outras aparecem na literatura e podem ser úteis para o contador: análise de variância, análise fatorial (exploratória e confirmatória), correlação canônica, equação estrutural, escalonamento multidimensional, correspondência, árvore de decisão, entre outras. Boa diversão.

(Imagem criada pelo Chatgpt a partir do texto acima)

08 abril 2024

Por que as lâminas são tão frequentemente roubadas?

Um texto da Hustle tenta entender a razão da preferência dos ladrões pelas lâminas de barbear. Esse é um produto frequentemente roubado em lojas, com uma taxa de roubo até 2,5 vezes maior que outros produtos. As razões para isso incluem a alta demanda por lâminas de barbear, seu valor por peso e a facilidade de escondê-las. O alto custo de cartuchos de reposição aumenta o apelo de comprar lâminas no mercado negro.


O roubo de lâminas de barbear causa perdas significativas para as lojas, que têm margens de lucro menores que os fabricantes de lâminas. Para reduzir o roubo, muitas lojas trancam as lâminas, o que pode gerar inconvenientes para os clientes e aumentar os custos.

7 regras para sua vida financeira

Boa parte do texto a seguir é do site The Blunt Bean Counter. Mas, seguindo a orientação de Gigerenzer (Preparados para o Risco) e Ockham, regras simples podem ajudar muito mais do que modelos complexos. Algumas das regras são efetivamente corretas, enquanto outras são sugestões para uma boa gestão financeira.

1 – Regra dos 72 – Essa mostra em quanto tempo você dobrará seu investimento. Se você aplicar 100 unidades monetárias hoje, em quanto tempo, dada uma taxa de juros, você terá juros somados de 100, o que corresponde a uma riqueza somada de 200. Para isso, basta dividir 72 pela taxa de juros da aplicação. Se a taxa de juros estiver em base anual, o resultado será em anos. Caso a taxa esteja em base mensal, o resultado será em meses. Suponha que o investimento de 100 seja aplicado a 6% ao ano. Dividindo 72 por 6, temos 12. Ou seja, em 12 anos o valor inicial investido terá duplicado. É uma regra intuitiva, pois quanto maior a taxa do investimento, mais rápido será o retorno. Atenção, pois há a suposição de que a taxa será constante no tempo, o que muitas vezes não ocorre.

2 – Regra dos 4% - Essa regra financeira é mais questionável que a anterior, mas pode ser usada para calcular quanto você deveria ter de ativos ao se aposentar. O cálculo é feito da seguinte forma: é necessário saber com quanto dinheiro seria razoável viver na aposentadoria. Suponha que você precise de 10 mil reais por mês para suas despesas, incluindo diversão e despesas médicas, totalizando 120 mil reais por ano. Divida 120 mil reais por 0,04, resultando em 3 milhões de reais. Mas o que representa esse 4%? Suponha que você se aposente aos 65 anos. Retirando 120 mil reais por ano, seu patrimônio de 3 milhões esgotará em 25 anos. A fórmula pode ser adaptada para cada situação. Imagine agora que você acredite que viverá até os 100 anos. Portanto, o tempo como aposentado aumentará de 25 para 35 anos. Nesse caso, o valor pode diminuir de 4% para 2,9%. Essa regra também pode ajudar a fazer uma estimativa da economia necessária.

3 – Regra 50/30/20 – Novamente, uma regra baseada em suposições e, portanto, deve ser vista com cuidado. Da sua renda, metade será gasta em necessidades básicas, como alimentação, aluguel, saúde, entre outros. Trinta por cento seriam destinados a gastos não básicos, como restaurante, Netflix e celular novo. E o restante deveria ser reservado para aposentadoria e segurança. Claro que muitos não poderão destinar 1 real de cada 5 que recebem, mas é sempre bom lembrar que o valor descontado para a previdência social poderia entrar nessa conta. Essa é uma regra motivadora, que incentiva cada pessoa a reservar parte de sua renda para a segurança pessoal de uma boa aposentadoria.

4 – 6 meses – Toda pessoa deve ter um fundo de emergência. O valor do fundo pode variar conforme a idade e o risco envolvido. Sua principal função é ter dinheiro caso fique sem emprego. Com um fundo de emergência de 6 meses, cada pessoa deveria ter uma reserva equivalente a seis meses de salário. Em caso de demissão, esse fundo permitiria manter o padrão de vida enquanto se busca uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Na verdade, a reserva de seis meses pode ajudar a sobreviver por mais tempo, já que ajustes na vida financeira são possíveis.

5 – Regra do reparo de aparelhos – Eu conhecia a regra dos sete anos. Geralmente, sete anos após a compra de um aparelho, a chance de ele quebrar aumenta substancialmente. Há, inclusive, a conhecida crise dos casais dos sete anos de vida conjunta, quando TV, geladeira, máquina de lavar e outros aparelhos começam a dar problema. É necessário decidir entre comprar um novo ou fazer o conserto. A regra do reparo diz o seguinte: compre um novo se o aparelho com problema tiver mais de oito anos ou o reparo custar mais da metade do custo de reposição. Pode ser uma regra singela, mas evita perder tempo com objetos velhos demais.


6 – Regra dos 10 – Essa regra evita a decisão de compra por impulso. Quando decidir comprar algo, espere dez dias entre o primeiro impulso e a efetivação da compra. Essa é a fórmula mais simples da regra, mas ela pode variar conforme o valor da compra. Se o valor da compra for muito pequeno, espere pelo menos 10 horas. À medida que o valor aumenta, divida pelo tamanho da sua renda. Imagine que você queira comprar um carro que custa 100 mil. Sua renda mensal é de 10 mil. Divida esse número e espere dez meses após começar a pensar na compra. Obviamente, essa regra exige muito autocontrole financeiro.

7 – Regra dos dois zeros – Essa é de minha autoria. Ao analisar seu orçamento, você poderá perceber que algumas despesas podem ser cortadas. Um exemplo é o pacote de streaming que você não assiste; ou a assinatura do Spotify que pouco escuta; ou a despesa com uma academia pouco frequentada. Qualquer pessoa pode ter algo assim. Se não agir, com o passar do tempo, a pequena despesa torna-se um rombo enorme. A regra dos dois zeros mostra como calcular rapidamente o valor total de manter uma despesa desnecessária. Para isso, adicione dois zeros ao valor mensal da despesa e veja o que isso representará ao longo da vida. Os cem reais dos pacotes de streaming significarão dez mil reais. Os 200 reais da academia correspondem a 20 mil reais. Duas pequenas despesas mensais já totalizam 30 mil reais devido à nossa inação. A explicação para a regra é a seguinte: quando um fluxo de caixa é constante e tende ao infinito, o valor presente do mesmo pode ser obtido dividindo pela taxa de juros do período. Aqui, estou assumindo que a taxa de juros é de 1% ao mês, um valor elevado, mas que incentiva as pessoas a agirem.

Boa sorte com as regras simplificadas para suas finanças pessoais.

07 abril 2024

Mito das Dez Mil horas

Gladwell popularizou a ideia de que seriam necessárias dez mil horas para produzir um especialista em qualquer área. O autor utilizou um artigo de 1993, de Anders Ericsson, que estudou músicos que alcançavam ou não fama mundial. A simplificação de Gladwell era bastante atraente, assim como todos os temas do autor. No entanto, era uma enorme simplificação.

Na verdade, Anders falava no número de horas, mas insistia na prática deliberada. O pesquisador esclarece isso de forma bem consistente no livro "Direto ao Ponto", que faz uma boa leitura. Mas encontrei um artigo de Scott Young onde se questiona o fato de Anders ter subestimado a habilidade ou o talento. Naturalmente, isso varia conforme o campo de conhecimento. Mas Young chama a atenção para o fato de que o processo é comparativo. Um cantor de elevada qualidade significa uma comparação com milhões de outros cantores. Aqui, a exigência de um grande número de horas dedicadas à prática deliberada pode ser necessária. Mas pessoas que tocam Glass Armonica, um instrumento que usa uma série de tigelas de vidro de tamanhos graduados onde o músico toca as bordas umedecidas com os dedos para produzir sons, são raras e exigirão menos devoção para ser um artista de elite.


A discussão é importante e afeta o campo do ensino. Considere um programa de doutorado. Uma das habilidades importantes para a futura doutora é a capacidade de fazer pesquisa e escrever relatórios. Assim, a prática focada na pesquisa pode ser uma exigência interessante para a aluna de pós-graduação, mais do que fazer provas sem consulta ou decorar deduções matemáticas.

Leia: Young, Scott. The 10,000-Hour Rule is a Myth. 23 de jan 2024.  Imagem criada pelo ChatGPT

05 abril 2024

Faleceu Michael Jensen


Michael Jensen, um dos mais influentes economistas dos últimos anos, faleceu no dia 3 de abril. Ele ficou muito conhecido por suas contribuições para a teoria das finanças corporativas. Talvez sua principal obra seja um artigo escrito em conjunto com William Meckling, denominado "Theory of the Firm: Managerial Behavior, Agency Costs and Ownership Structure" em 1976. 

No texto, os pesquisadores exploram os conflitos de agência. A base é que os interesses do principal podem não ser o mesmo do agente. Em uma empresa, um exemplo seria o interesse do gestor - o agente aqui - que não coincide com o interesse do acionista, o principal nessa relação. Há diversas maneiras de resolver o problema de agência, como a remuneração. 

Jensen era americano e fez mestrado e doutorado na Universidade de Chicago, tendo por orientador Merton Miller. Ele foi fundados do Social Science Research Network ou SSRN. Particularmente, nunca consegui entender as razões do não reconhecido do Nobel de Economia. 

04 abril 2024

Vegano e honestidade no julgamento de SBF

De Marc Mukasey — advogado de Sam Bankman-Fried — sobre seu cliente:

"Ele é um nerd estranho da matemática. Ele é vegano. Ele tem um intelecto fora das tabelas. Ele é um enigma belo. Ele pode analisar palavras melhor do que um estudioso do Talmude. Ele era um bilionário desinteressado por posses materiais."

A defesa de SBF apelar para o fato de ser um vegano é estranho, pois parece não existir uma relação comprovada entre este fato e a honestidade de uma pessoa. O juiz Lewis A. Kaplan também achou estranho, e o pedido de uma sentença de 6,5 anos não passou. SBF pegou 25 anos. 

Abaixo, a comparação com outros criminosos famosos. 



Clima e as múltiplas regras

De um relatório da EY:


A SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) adotou recentemente regras finais que exigem que os registrantes façam divulgações relacionadas ao clima tanto dentro quanto fora dos demonstrativos financeiros auditados. O primeiro conjunto de Padrões Europeus de Relatórios de Sustentabilidade da Comissão Europeia exige que as entidades façam divulgações de sustentabilidade, incluindo certas divulgações relacionadas ao clima. Os padrões gerais de divulgação de sustentabilidade e relacionados ao clima do ISSB (International Sustainability Standards Board) precisam ser adotados pelas autoridades em uma jurisdição específica para serem obrigatórios.

Entidades com operações significativas em múltiplas jurisdições precisam entender as principais diferenças entre as regras da SEC, os padrões ESRS (European Sustainability Reporting Standards) e os padrões do ISSB porque podem estar sujeitas a mais de um conjunto de requisitos.

No documento há um quadro comparativo das diferenças das normas. 

02 abril 2024

IA e Bayes-Laplace

Muito interessante isso. Em 1968 Edwards propôs um problema de probabilidade bastante simples. A questão era a seguinte: 

Suponha duas caixas, Caixa A = contendo 700 fichas azuis e 300 fichas brancas. Caixa B = contendo 300 fichas azuis e 700 fichas brancas. Sem saber o conteúdo das caixas, você escolheu uma delas, mas não retirou nenhuma ficha. Na sua opinião, qual a probabilidade que seja a caixa A?

O resultado é básico, já que a chance seria de 50%. A grande maioria das pessoas acerta a resposta. Mas Edwards complicou um pouco mais e fez uma nova pergunta: 

Suponha duas caixas, Caixa A = contendo 700 fichas azuis e 300 fichas brancas. Caixa B = contendo 300 fichas azuis e 700 fichas brancas. Sem saber o conteúdo das caixas, você escolheu uma delas e retirou, sem olhar, 6 fichas, sendo 4 azuis e 2 brancas. Na sua opinião, qual a probabilidade que seja a caixa A?

Agora já fica um pouco mais complicado. Mas já temos uma informação de que parece existir mais fichas azuis do que brancas. Então a chance deveria ser maior do que 50% de que a caixa seria A. Ou seja, o resultado correto estaria entre 50,1% e até 99,9%. Em meados do século XVIII apareceu uma solução para este problema. Nós conhecemos como sendo Teorema de Bayes, muito embora tenha sido Laplace o principal responsável por sua formalização. Laplace criou a famosa fórmula, que Edwards aproveitou para criar o problema da caixa. 

É bom lembrar que em 1968 prevalecia a estatística oriunda de Fisher, Pearson (pai e filho) e Neyman. Mas Edwards estava interessado em saber se as pessoas eram ou não conservadoras. Apesar do Teorema de Bayes-Laplace dar uma resposta para o problema, a maioria das pessoas arriscava um valor que era bem menor que a resposta correta. 

Isso tudo é para chegar a questão da inteligência artificial. Coloquei este problema no ChatGPT e no Gemini e eis o resultado. Em um primeiro momento, o resultado foi: 


Em uma segunda tentativa, o Gemini cravou: 


No GPT também tivemos o mesmo problema. A primeira tentativa com resposta (em dois momentos ele indicou o cálculo, mas não o resultado) teve:
E depois 


Fiz uma terceira vez: 

É interessante que é o mesmo problema. Mas o resultado. 

(Quem quiser ler sobre a história do teorema, recomendo: MCGRAYNE, Sharon. A teoria que não morreria. São Paulo: Perspectiva, 2015. Uma explicação bem simples você acha em SILVER, Nate. O Sinal e o ruído. Intríseca, 2012. Se você acha que isso não tem nenhuma relação com a contabilidade recomendo JOHNSTONE, David. Accounting Theory as a Bayesian Discipline. Foundations and Trends in Accounting: Vol. 13, No. 1-2, 2018. O problema das caixas está em: EDWARDS, Ward. Conservatism in human information processing. Judgment Under Uncertainty, 359–369, 1968.) 

01 abril 2024

Boeing e regulador

Os problemas da Boeing persistiram nos últimos dias e, na semana passada, tanto o CEO quanto o presidente do conselho anunciaram que estariam saindo da empresa. Talvez o principal problema esteja relacionado com o avião 737 Max, que sofreu dois grandes acidentes aéreos (Indonésia, em 2018, e Etiópia, em 2019), com 346 pessoas. Os problemas com o jato não surgiram por acaso, mas estão vinculados à cultura organizacional, focada na eficiência, redução de custos e metas financeiras de curto prazo.

Mas há um problema que tem sido destacado pela imprensa: a relação estranha entre os reguladores e a empresa. Conforme Cory Doctorow:

Em um mundo ideal, eu nem precisaria pensar nisso. Eu poderia confiar que reguladores publicamente responsáveis estavam fazendo seu trabalho, garantindo que os aviões estivessem em condições de voo. "Caveat emptor" (comprador, esteja atento) não é forma de administrar um sistema de aviação civil. (...)

Existem dezenas – centenas! – de questões técnicas de vida ou morte que você precisa resolver todos os dias apenas para sobreviver. Deve-se confiar no firmware de freios ABS do seu carro? E sobre as regras de higiene alimentar nas fábricas que produziram os alimentos no seu carrinho de compras? Ou na cozinha que preparou a pizza que acabou de ser entregue? A escola do seu filho está ensinando bem, ou eles crescerão ignorantes e, assim, serão atropelados economicamente?

Mas para que nossa vida seja possível, precisamos de reguladores que façam seu trabalho corretamente. Os problemas com a Boeing trouxeram uma análise sobre o papel do regulador; nos Estados Unidos, seria uma agência com a sigla FAA, que delegou à Boeing – você não leu errado – a certificação de que seus aviões são seguros. Não é preciso ser um especialista em aviação para saber que isso não é uma medida adequada.

Agora, olhe para o processo regulador da contabilidade. Há muitas entidades, como IASB, sistema CPC/CFC, CVM e outras. Você estaria satisfeito com a qualidade do produto que a contabilidade está entregando à sociedade? Há muitas pessoas que responderiam não, como Renato Chaves do Blog de Governança. Acredito que podemos aprender com o que está ocorrendo com a Boeing, olhando de maneira crítica, o que pode melhorar o processo.


Uma medida simples que podemos adotar é proibir a porta giratória nas entidades reguladoras contábeis. Outra, é aumentar a diversidade dessas entidades, não somente de gênero, mas também geográfica e origem. A vantagem da nossa área é que existe muita pessoa competente para ajudar. 

31 março 2024

Linguagem obscura, não saber o que diz ou não acreditar no que diz

Um texto de Gellman pontua sobre a escrita nebulosa. Ele lembra George Orwell, autor de Revolução dos Bichos, que afirmava que se você não sabe o que está dizendo - ou está dizendo algo que não quer dizer - um estratégia é escrever de forma pouco clara. Gellman usa o argumento para a linguagem científica e o uso da estatística. 

Pode ser isso: Você está tentando escrever algo que não entende completamente, está tentando preencher uma lacuna entre o que você quer dizer e o que é realmente justificado pelos seus dados e análise... e o resultado é "Orwelliano", no sentido de que você está desesperadamente usando palavras para tentar cobrir esse abismo enorme no seu raciocínio.

Vamos agora para uma informação contábil. Parte da informação pode ser transmitida por palavras, gráficos e discurso do executivo. Para o contador, os números das demonstrações deveriam ser um campo de fácil comunicação. Assim, não seriam um problema. Mas a comunicação escrita, gráfica e verbal pode ser um problema.

Vamos nos ater aqui somente à linguagem textual. Junto com os números contábeis, há a necessidade de escrever as notas explicativas, o relatório do auditor e outros textos. E o contador precisa dizer coisas que ou não sabe ou não acredita.

Há técnicas para resolver os problemas da escrita, mas o uso de uma linguagem não clara pode ser uma saída para a situação. Outra possibilidade é usar a linguagem que já existe nos pronunciamentos, reproduzindo o texto, sem comprometer-se com a realidade que ele percebe.

Essa é uma razão interessante pela qual o estudo da linguagem opaca, com termos complicados, frases longas e sem sentido, pode ser útil para o usuário da informação. Saber se o contador entende o que está escrevendo ou acredita naquilo que informa pode ser realmente valioso.

(Imagem ChatGPT)

28 março 2024

Comentário sobre os periódicos nacionais

A expansão dos programas de pós-graduação em nossa área, ocorrida no início do milênio, também trouxe uma consequência importante: o aumento dos periódicos nacionais. Como cada programa “tinha” seu periódico, com algumas exceções, o número de veículos para publicação das pesquisas cresceu substancialmente. Outro fator importante foi o fato de que a grande maioria era em formato digital, o que significava um custo próximo de zero. Tudo parecia funcionar perfeitamente: o aumento no número de alunos e docentes na pós-graduação levava ao crescimento da produção científica, que, por sua vez, impulsionava os periódicos.


Há outro fato que não podemos desprezar que ocorreu no Brasil. Algumas áreas da pós-graduação decidiram deixar de lado as métricas tradicionais de publicação, usadas globalmente, e passaram a contar com uma métrica específica para o nosso país, o Qualis. Assim, um periódico não precisava estar em uma grande base mundial de pesquisa para entrar no Qualis. Também não era relevante a publicação de pesquisa em inglês, a linguagem universal da ciência atual.

Mas, nos últimos anos, os editores de periódicos perceberam três pontos relevantes. O primeiro deles é que a quantidade de artigos de qualidade submetidos parece ter diminuído. Houve também uma redução na demanda por pós-graduação que pode justificar parcialmente essa redução. E a redução no número de alunos da pós – ou talvez seja no número de candidatos dispostos a fazer a pós – ocorreu dado que a expansão da pós atendeu à demanda reprimida que existia, representada por professores mais experientes que precisavam da titulação, e por uma visão de que estudar em uma instituição formal talvez não seja tão vantajoso assim. Este último ponto é polêmico e merece, eu sei, maior aprofundamento.


Mas a menor quantidade de artigos submetidos certamente não foi justificada somente pelo menor número de alunos da pós. Os autores de pesquisa perceberam que publicar em periódicos internacionais tinha algumas vantagens interessantes. Na maioria dos casos, essa publicação é paga, mas o fato de a pesquisa ser indexada em uma base de publicação reconhecida permite que a pesquisa seja citada no exterior. Um dos grandes motores da publicação é o orgulho, e ter um artigo publicado em língua inglesa, citado por um autor de outro país e até reconhecido, compensa o desafio de publicar em periódico internacional.

O segundo ponto relevante que os editores perceberam é que o custo de manter um periódico não é zero. Você precisa ter um apoio administrativo para lidar com a quantidade de artigos que chegam, o registro do periódico em algumas bases, para torná-lo mais atrativo, tem um custo, e o tempo que o editor se dedica à tarefa é muito grande. E a brincadeira cansa. Há pressão para soltar o periódico no prazo, manter-se atualizado em termos de novas tendências, encontrar pareceristas que façam um bom trabalho e lidar com a concorrência. Tornou-se comum os periódicos demorarem mais de 500 dias para recusar um artigo depois de seis rodadas com um parecerista (aconteceu comigo). Outros simplesmente não fazem seu artigo progredir. Ou publicam seu artigo atrasado, afetando seu planejamento de publicação. E muitas pessoas perceberam que ser editor de um periódico significa trabalho, mas muito pouco status.

A percepção chegou de forma forte para alguns periódicos, onde os editores foram fazer outra coisa e ninguém apareceu para se dedicar com empenho à tarefa. Vários deles sumiram. Publiquei, por exemplo, um artigo em um deles e não guardei a versão final em PDF. O resultado é que, quando alguém pede a pesquisa, não tenho como encaminhar. O custo oculto do periódico não foi devidamente calculado no passado e cobra seu preço.

A terceira questão é que o processo de publicar um artigo em um periódico é mais complexo do que parece. Não irei falar aqui da fase de formatação ou da fase de captação dos pareceristas, mas sim do momento após o artigo estar disponível para os leitores. Alguns periódicos internacionais enviam um e-mail bastante atraente com um resumo menos técnico para que a pesquisa cause impacto. Isso envolve podcasts e infográficos que são realmente atraentes. A presença nas redes sociais também é notada, o que inclui postagens específicas em blogs, Instagram ou TikTok. Durante quase vinte anos de blog, confesso que não me lembro de um editor solicitando a divulgação das pesquisas dos periódicos. Fazemos isso por opção, mas a falta de interesse mostra que o caminho da divulgação das pesquisas por parte dos periódicos brasileiros precisa melhorar bastante.

É verdade que alguns poucos periódicos perceberam que precisam estar em bases de dados indexadas para serem vistos. Ou que os artigos só serão lidos se estiverem em língua inglesa. Ou que poderiam lançar um serviço de apoio ao autor para ajudá-lo no processo de submissão e publicação. Ou que o e-mail enviado aos cadastrados não seja apenas algo como "foi publicada uma nova edição". No mundo onde a atenção é importante, atrair o leitor significa ter pessoas que não só irão ler, mas também citar os trabalhos.

Diante desse contexto, o processo de extinção de periódicos continuará acontecendo. Alguns poucos até serão vendidos para editoras internacionais, que passarão a cobrar pela publicação e acesso ao artigo. Outros continuarão com uma qualidade de atendimento ao pesquisador tão ruim que serão extintos ou definharão. 

(Imagem criada pelo GPT a partir do texto acima)

27 março 2024

Ovos na mesma cesta


Apesar de toda a conversa sobre os "Magníficos 7", o mercado de ações dos EUA é um dos menos concentrados do mundo. Suas 10 maiores empresas por valor de mercado - que incluem essas gigantes da tecnologia, além da Berkshire Hathaway e um elenco rotativo de outras - representam 19% do total, muito menos do que no Reino Unido (28%), Alemanha (45%) e Taiwan, onde a gigante de chips TSMC responde por 40% de todo o mercado, de acordo com o novo anuário de investimentos do UBS. Se a Samsung (Coréia do Sul), BHP (Austrália) ou AstraZeneca (Reino Unido) entrassem em colapso, esses países perderiam não apenas campeãs nacionais, mas pilares de seus mercados de capitais. (Do newsletter da Semafor)

Do relatório citado achei interessante:

Eight of the 12 markets in the middle panel have long-established stock exchanges dating back well over a century: Argentina (1854), Brazil (1890), Chile (1893), Greece (1876), Hong Kong SAR (1890), India (1875), Mexico (1894) and Singapore (1911)

A figura a seguir mostra que o mercado hoje é bem mais concentrado do que antes: