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12 maio 2020

Doação de uma empresa

Renato Chaves escreve no blog de Governança:


Uma pesquisa nos documentos depositados na CVM mostra que poucas empresas listadas oficializam uma Política de Doações.

O assunto normalmente é tratado de forma genérica nos códigos de ética e conduta, mais preocupados com o “não receber” do que estabelecer regras de “como doar”, além dos óbvios alertas de relacionamentos com fornecedores e entes públicos.

São figurinhas carimbadas nesses documentos as regras de recebimento de brindes, como se isso fosse o grande problema do mundo corporativo. Aliás, escrevi sobre esse tema com um “exemplo SEC” em 22/11/19 (https://www.blogdagovernanca.com/2019/11/perguntar-nao-ofende.html).

Mas parece que existe luz no fim do túnel, como podemos ver no Informe de Governança da Klabin:

“As regras sobre doações voluntárias da Companhia estão contidas no Manual Anticorrupção da Companhia, aprovado pelo Conselho de Administração e destinado a administração, colaboradores, fornecedores, clientes e às coligadas e subsidiárias da Companhia, tanto no Brasil quanto no exterior, e estabelece que a realização de doações pela Companhia deve observar as seguintes regras: (i) doações em espécie devem ser evitadas: (ii) doações a órgãos públicos, tais como hospitais, corpo de bombeiros, polícia militar e escolas, somente deverão ser autorizadas após análise e aprovação da Diretoria, e devem seguir as normas internas da Klabin; (iii) não devem ser autorizadas quaisquer doações que não tenham como finalidade atender aos interesses das comunidades onde a Companhia atua e, em hipótese alguma, ser realizadas diretamente a qualquer pessoa física; (iv) as doações a partidos políticos devem seguir as determinações da legislação em vigor e as diretrizes da Klabin; e (v) sempre que houver dúvidas, a Ouvidoria deve ser acionada para auxiliar nas decisões.
Além disso, a Companhia possui uma tabela de alçadas de doações aprovada pelo Conselho de Administração e está em elaboração uma política específica de doações e patrocínios, que está em fase final de aprovação. Vide link para acesso ao Manual Anticorrupção http://ri.klabin.com.br/fck_temp/1004_3/file/manual-anticorrupcao.pdf.”

Recentemente o Itaú fez uma doação que parecia mais uma despesa de publicidade. Agora, a JBS anunciou uma doação de 700 milhões de reais, destinados para saúde pública, assistência social, ciência e tecnologia. 

Grandes perdedores

Eis uma listagem de algumas grandes empresas:
Na primeira coluna, o nome; logo a seguir, o setor de atuação. O valor de mercado está na terceira coluna e a mudança neste valor, em 2020, logo a seguir. O que estas empresas possuem em comum? Todas elas NUNCA geraram lucro anual.

Seria interessante guardar este lista e verificar em alguns anos se faz sentido o elevado valor destas empresas, mesmo sem lucro. 

Contabilidade e o Fim dos Beatles

“A Apple foi inaugurada no dia que a empresa de contabilidade Bryce Hammer & Co disse que eles poderiam entregar 3 milhões de libras em impostos para o governo britânico ou empregá-los para abrir um negócio”, revela Paolo Hewitt em seu livro Love me do. “Eles preferiram a segunda opção.” Era a estética hippie empregada ao capitalismo. Não podia dar certo. A Apple Boutique, o primeiro empreendimento da nova empresa, foi uma maluquice que só demonstrou como os Beatles entendiam de música, mas não de como gerenciar suas coisas. A primeira loja foi aberta na Baker Street – a mesma da casa de Sherlock Holmes –, em finais de 1967. Durou sete meses desastrosos. A ideia original de Paul de abrir “um lugar bonito, onde gente bonita poderia comprar coisas bonitas” simplesmente não funcionou. As roupas, de um psicodelismo quase lisérgico, foram criadas pelo grupo holandês de artistas alternativos (e perdulários) The Fool e não seguiam qualquer padrão tradicional.

Fonte: Aqui (dica de Claudio Santana, grato)

Rir é o melhor remédio

Controle Interno

11 maio 2020

Frase

Legal, accounting, banking, leadership, and other professional content is more valuable than gold right now because we are facing a global crisis unlike anything most of us have experienced in our lifetime.

Adrian Dayton, indicando que a crise tornou o conteúdo mais valioso que o ouro

Imposto e Sexo



Lori St Kitts (fotografia) mora em Seattle, Estados Unidos, tem 51 anos de idade e já é avó. Já escreveu um livro e possui um site de contabilidade. Trabalha com contabilidade e ajuda mais de 150 pessoas a fazer o imposto de renda. Em 1993 casou, teve dois filhos e continuava trabalhando com impostos para completar a renda familiar.

Em 2005, procurou um trabalho adicional para fazer em casa. Como tinha uma voz bonita, começou a trabalhar como operadora de sexo por telefone. Uma noite, espiando os comentários de um site adulto, percebeu uma grande quantidade de informação incorreta sobre questões financeiras. Logo começou a responder questões e daí tornou-se especialista em preparar as declarações fiscais. Logo depois, escreveu o livro The Tax Domme's Guide for Sex Workers and All Other People (livro não disponível na Amazon.com.br).

Hoje Lori é especialista em declarações de imposto de renda para trabalhadores do setor de diversões adultas. Ela responde questões como: Implantes mamários são dedutíveis e depreciados? Cam Girl que faz seu trabalho no seu quarto é home office? Cinto de castidade é material de trabalho ou de lazer?


[Nos Estados Unidos, os implantes são depreciados desde que você prove que são usados para fins "profissionais" e não "pessoais". Sim, brinquedos sexuais podem ser dedutíveis, desde que se prove seu uso nos negócios]

Mais sobre Lori, aqui.

Socialmente contagioso


O assédio sexual é contagioso. Sabemos disso pelos estudos do movimento #MeToo. O assédio moral é contagioso. Isso foi mostrado experimentalmente. A tendência a se tornar obesa é contagiosa. Isso me surpreendeu. Quando os militares mandavam uma família para um novo posto, se fosse um município com uma taxa de obesidade 1% maior do que onde estavam, os membros adultos da família tinham 5% mais chances de se tornarem obesos no novo posto. É um efeito enorme.

Fumar é contagioso. Sabemos que o problema de beber tem um forte componente de contágio. Os calouros que recebem um colega de quarto que bebia mais no ensino médio têm muito mais  probabilidade de ter déficits significativos de notas no segundo ano, sem nenhuma outra diferença para atribuir isso.

O que surpreenderia a maioria das pessoas - mas não me surpreende de todo porque estou trabalhando nisso há tanto tempo - é que o que os outros gastam molda o que gastamos.


Em entrevista de Robert Franck sobre seu novo livro. Neste ponto, Franck cita o caso dos casamentos. Tenho observado isto: nos últimos anos, cada casamento possui "invenções" que serão copiadas nos próximos. Isto inclui os músicos, o local da cerimônia, a produção, a presença de um fotógrafo exclusivo para registrar os noivos com cada convidado,

É algo que as pessoas fazem porque outras estão fazendo.

Grandes Periódicos


Grandes periódicos são cada vez mais importantes para a ciência nos dias de hoje. Estes periódicos são caracterizados por serem muito maiores que um periódico típico, aceitando artigos mesmo que sejam cientificamente válidos e originais. Três grandes periódicos podem ser citados: o PLOS One, Scientific Reports e o IEEE Access. Estes três grandes periódicos publicaram 53 mil artigos por ano, o que representa 2% da produção mundial de artigos. Além destes, é possível incluir o Nature Communications e eLife como grandes periódicos. 
Existem três formas de financiamento de um periódico. A primeira é através da assinatura, onde o leitor paga para ler os artigos. Este é o caso do The Journal of Finance, por exemplo. O segundo formato é o periódico sem nenhum custo para o leitor ou para o autor. O periódico é subsidiado e este formato predomina na maioria dos casos no Brasil, na área contábil. A plataforma de hospedagem é aberta e o trabalho é gratuito (não se paga aos editores e pareceristas). O terceiro formato é através do pagamento na publicação ou na submissão. Ou seja, que financia o periódico é o autor. Isto é conhecido como Article Processing Charges (APCs). Os grandes periódicos usam este sistema de financiamento. Mas observe que muitos autores repassam este custo para sua universidade (ou centro de pesquisa).

A figura dos grandes periódicos é relativamente recente. Alguns deles foram fundados há menos de vinte anos, mas o volume de publicação obtido por eles – lembrando, algo em torno de 2% da publicação mundial – é substancial. Algumas editoras tentaram lançar o seu, como é o caso do Heliyon (Elsevier), SpringerPlus e PeerJ, mas não tiveram o devido sucesso. Mesmo optando por selecionar trabalhos “originais”, em lugar de trabalhos “importantes”, ainda há rejeição na submissão, embora não no nível de um periódico especializado de altíssimo nível (como o The Journal of Finance, onde somente 10% ou menos das submissões são publicadas).

Periódicos Brasileiros – No Brasil, a facilidade em criar um periódico fez com que existisse uma grande febre nos últimos anos. Cada programa de pós-graduação queria ter, orgulhosamente, um periódico para chamar de seu. Hoje, cada instituição de ensino deseja ter um periódico onde os trabalhos sejam publicados. A existência de uma listagem de periódicos onde era “aceitável” a publicação facilitou esta expansão. Mas nos últimos anos, a Capes dava pista que isto deveria terminar. A entidade do governo federal estava incentivando as áreas a terem poucos periódicos, mas de elevada qualidade. Mudanças recentes na entidade pode ter alterado esta política.