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30 março 2019

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda livros - Parte 3

Mas o que seria a crise de 1864, que tanto preocupava os guarda-livros do segundo reinado?

Aqui um documento de 1865 de 39 páginas. Em nenhum momento do documento surge a palavra “contabilidade” ou “escrituração” ou “guarda-livros”.

A seguir, um resumo da crise conforme a Wikipedia

Casa Souto foi uma instituição financeira brasileira do século XIX. Na década de 1850, durante a fase de prosperidade dos negócios com o café, floresceram algumas casas bancárias no Rio de Janeiro. A Souto E Cia, que ficou conhecida como Casa Souto, era a mais importante delas.

Foi fundada pelo português Antonio José Alves Souto, que há anos trabalhava na Corte como corretor de títulos e de outros valores, tinha título de nobreza e gozava de muito prestígio junto à colônia portuguesa fluminense, chegando a ocupar o cargo de presidente da Beneficência Portuguesa.

O cliente preferencial das casas bancárias era aquele cuja demanda de crédito não podia ser satisfeita através de empréstimos diretos do Banco do Brasil, ou dos bancos comerciais privados. A oferta de crédito destas casas bancárias não era composta apenas de depósitos feitos pelo público mas, também, de empréstimos obtidos em bancos particulares e no Banco do Brasil. Parte dos lucros destes estabelecimentos advinha de operações triangulares, ou seja,das diferenças entre os valores das taxas de desconto pagas pelas casas bancárias aos bancos comerciais e dos altos juros cobrados dos tomadores de empréstimos.

Em 1857 a economia cafeeira entrou em crise, com quedas acentuadas nas exportações e nas cotações dos preços do café no mercado mundial. Em meio à retração econômica, o governo Imperial afastou o ministro papelista Bernardo de Sousa Franco da pasta da Fazenda e colocou em prática os princípios metalistas através da promulgação da Lei 1.083, de 22 de agosto de 1860.

A nova legislação limitava a liquidez monetária determinando que nenhum banco privado poderia emitir vales, enquanto não se mostrasse capaz de reembolsá-los em ouro. Apenas o Banco do Brasil e suas filiais tiveram essa autorização, o que demonstra que, incapaz de eliminar a pluralidade o Governo, procurou cerceá-la. A “Lei dos Entraves” abalou o sistema bancário carioca. O Banco Comercial e Agrícola e o Banco Rural e Hipotecário perderam seus direitos de emissão e o Banco Comercial e Agrícola, fundado durante a administração de Bernardo de Sousa Franco, foi liquidado. Houve uma forte retração da liquidez, seguida da alta das taxas de juros e da falência de casas bancárias.

O Banco do Brasil tentou intervir na crise e concedeu empréstimos à Casa Souto que acumulou uma dívida de 22 mil contos de réis, o que correspondia à metade do capital do Banco do Brasil, ultrapassando os limites do socorro tecnicamente possível.

Pela manhã do dia 10 de setembro de 1864, Alves Souto consultou um diretor do Banco do Brasil, no sentido de obter mais 900 contos de réis. A resposta teria sido que era inviável, e melhor seria se a Casa Souto encerrasse suas atividades. A notícia correu e o Banco do Brasil passou a ser encarado como responsável pelo cataclismo. Desordem e agitação perduraram uma semana. Em 17 de setembro, o Governo Imperial decretou a suspensão por 60 dias de todos os vencimentos, prorrogando-os por igual período. Além disso, deu curso forçado às cédulas emitidas pelo Banco do Brasil, evitando as falências em cascata, tranquilizando o mercado financeiro e permitindo a posterior recuperação da economia.

As principais consequências da Casa Souto foram as falências e concordatas que ocorreram na praça do Rio de Janeiro até o fim de março de 1865. Houve também queda do movimento comercial, baixa do câmbio e dos valores dos imóveis, decesso das cotações das ações de companhias, inclusive das ações do Banco do Brasil, elevação do preço da moeda de ouro e aumento extraordinário da circulação fiduciária.

É interessante que nas reuniões da Associação do Clube dos Guarda Livros não é citada explicitamente a Casa Souto. Aparece pouco o nome do Banco do Brasil. Há bastante controvérsia sobre o assunto, tanto é assim que diversas sessões da Associação foram usadas para discutir o assunto.

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda livros - Parte 2

A descoberta dos exemplares da Revista da Associação dos Guarda-Livros apresentou uma surpresa e uma decepção. A grande surpresa é que a revista registrou as discussões que ocorreram no ano anterior na associação. Com isto é possível saber um pouco mais de como eram os guarda-livros da época.

A decepção é que a discussão, nos seis primeiros números da revista, estava focada em um fato não contábil: a grande crise de 1864. Muitas páginas do periódico são usadas para apresentar os argumentos dos membros da associação se a crise foi boa ou ruim para economia. Estava esperando discussões sobre métodos contábeis, problemas práticos, questões específicas sobre a profissão e outros assuntos. Mas diversas reuniões foram feitas para discutir uma questão sobre um evento que já tinha passado.

É bem verdade que parte do periódico tem outra destinação. Nos seus primeiros números, a Revista da Associação dos Guarda-Livros tinha uma espécie de editorial, seguido pela transcrição da reunião da associação. Na página 7, um artigo, traduzido, versando sobre “economia política” e também sobre outro assunto de interesse geral. Em um número, psicologia (não o que entendemos sobre esta ciência nos dias de hoje); em outro, a questão do calor do sol. É isto mesmo, o guarda-livro do segundo reinado parece que tinha uma curiosidade além da sua profissão. Na última página, a cotação de alguns produtos, das ações de algumas empresas (existia mercado acionário no Brasil na época!), de navios e outras informações estatísticas. Oito páginas, com periodicidade mensal.

(Em outras postagens irei comentar dos números da revista)

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda livros - Parte 1

A história está sempre se renovando, com mais informações e dados. A cada nova evidencia, mudamos a maneira como enxergamos o que ocorreu no passado.

As postagens deste blog sobre a história da contabilidade caminham neste sentido. Neste sábado, em especial, as postagens também tratam da história da história. Em 2013, este blog fez uma entrevista com a bibliotecária do Conselho Federal de Contabilidade.

Em um determinado trecho perguntamos:

Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?
Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.

Contabilidade Financeira: E a revista?
Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).


Já no final, na penúltima pergunta:

Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?
Lúcia Figueiredo: Não.


Nós já sabíamos da existência deste periódico. E não encontramos nas nossas pesquisas. Pois bem, há duas semanas, pesquisando a excelente Hemeroteca Digital, deparamos com uma preciosidade. A imagem a seguir fala mais do que mil palavras:

(Confesso que fiquei tão surpreso com a descoberta, que terminei não fazendo nenhuma postagem sobre a história da contabilidade na semana passada. Um bom motivo, acho) (Existe dois outros periódicos importantes, que precisamos falar mais algum dia: Revista Commercial, de Santos, que antecede a Revista da Associação dos Guarda-livros, e outro revista, também de Guarda-livros, de São Paulo).

Rir é o melhor remédio


29 março 2019

Novela Nissan Renault

A aliança entre a Renault e a Nissan comemorou 20 anos nesta semana. O acordo foi firmado em 27 de março de 1999, com o acréscimo em 2016 da Mitsubishi, após uma crise.

Os sócios fundadores marcaram a “celebração” na quarta-feira com mensagens opostas. Conforme o The Wall Street Jornal, a Nissan, do Japão, divulgou um relatório de governança condenando a concentração de poder do ex-chefe Carlos Ghosn, que veio da Renault. Da Europa, o Financial Times informou que a Renault quer reiniciar as negociações de fusão com a Nissan dentro de 12 meses.

Se os franceses conseguissem o que querem, a Renault e a Nissan reuniriam seu capital acionário na Holanda, onde a administração da aliança está baseada. As montadoras permaneceriam como operadoras independentes, mas sob um único conjunto de contas e ações, que geraria mais economia de custos. Atualmente as despesas só são compartilhadas quando ambos os lados se beneficiam; após uma fusão, as despesas também poderiam ser compartilhadas quando o benefício para um é maior que para o outro.

A Nissan, no entanto, parece ter desejos contrários aos dos franceses, ao enfatizar a necessidade de reequilibrar as participações cruzadas e os direitos de voto. A participação de 43% da Renault na Nissan vem com direito a voto, mas a participação de 15% da Nissan na Renault não.

O relatório de governança da Nissan, escrito por seus três diretores independentes e quatro consultores externos, não abordou participações cruzadas. Mas suas recomendações, se adotadas, enfraqueceriam o controle da Renault sobre a Nissan, incluindo a introdução de mais membros independentes do conselho e a obrigatoriedade de um presidente independente.

Dada a potencial redução de custos, os investidores comemorariam uma fusão: as ações da Renault subiram 3% na quarta-feira em resposta à reportagem do Financial Times reforçando o interesse na fusão. Em março passado, quando o governo francês e Ghosn estavam secretamente pressionando por um acordo e o rumores começaram a surgir, elas subiram 10%.

Frase


A Sophie Turner, atriz que interpreta a Sansa em Game of Thrones, está noiva do Joe Jonas, vocalista da banda DNCE.

Em uma entrevista para a Rolling Stone a atriz destacou que acredita haver um equívoco estranho de que “ser casado é a melhor coisa que vai acontecer com você”. Ela acredita ser lindo estar envolvida, mas a carreira é algo em que ela pode trabalhar, e quando ela consegue algo aí sim tem a sensação de ter acontecido a melhor coisa da vida dela.

Não sou casada então não posso opinar quanto a isso. Mas acho muito inspirador ver mulheres por aí, relembrando que há diversos caminhos a serem escolhidos e que há força na mulher muito além do casamento.

Rir é o melhor remédio


“Venho dizendo isso há anos, meu! Deveria existir um Netflix para livros.”
“Você quer dizer uma biblioteca?”

Fonte: Aqui

28 março 2019

Por que Carlos Ghosn caiu?

O Chairman da Renault, Jean-Dominique Senard (esquerda), e o CEO da Nissan Motor, Hiroto Saikawa
Hoje o The Wall Street Journal publicou uma reportagem falando sobre a possibilidade de a prisão de Carlos Ghosn, ex-CEO da Nissan, ter ocorrido para atrapalhar a fusão com a Renault.

Segundo o texto, os executivos nacionalistas da Nissan teriam tomado medidas para que Ghosn fosse preso, na expectativa de atrasar ou terminar qualquer tentativa de fusão da japonesa Nissan com a francesa Renault, que formaram uma aliança em 1999.

O advogado de Ghosn disse que utilizará essa motivação na defesa. Segundo ele, os executivos agiram por causa de disputas em estratégias de negócios e isso pode manchar a parte criminal do caso.

Leia mais sobre o caso: aqui.

Sorte, Sucesso e Tributação

[...]

Frank is interested in this phenomenon because very successful people are in the highest socio-economic sphere, and their beliefs about their own success can have huge political and economic consequences. “When people think they did it all themselves, that seems to kindle a fierce determination to hang on to every nickel that comes their way,” Frank explains. “That often translates into the belief that taxation is theft. That’s not a sensible view for anyone to hold if they really think about it. If you didn’t have taxes, there wouldn’t be a government.”


“There are many people who are smart and work hard and don’t succeed on a big scale, because luck is random,” says Frank, “and this is what people don’t see. …Every career has a thousand steps, and most of them are small and depend on the steps that came before.

Without government there would be no army to defend the country, no roads or infrastructures to get goods to market, and no public schooling to train workers, among other things. These are all necessary for the individual success of entrepreneurs, Frank says, so giving these same entrepreneurs tax cuts hurts the public sector, and that isn’t good for anyone.

The rich don’t realize that everyone in their tax bracket would equally share the effect of higher taxes, resulting in zero impact for them, according to Frank. Those in the highest income bracket have long since purchased everything they need. What are left are the things they want—things that are scarce, such as a sweeping lake view or an elite sports car.

“These are the things you have to outbid others for,” he says. “There’s not enough of them to go around. If everyone in the upper income bracket had their taxes raised, then they may have less money and the highest bidder may not be able to bid as high as before, but neither can anyone else. It’s relative purchasing power that determines who wins those bidding wars.

[...]

Imagem relacionada

Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio


27 março 2019

Aplicações Retidas

O balanço da Kepler Weber apresenta uma conta com um nome interessante:

Na nota explicativa, fica mais claro que se trata de aplicações relacionadas com empréstimos:

Observe que a empresa tem aplicações financeiras “não retidas” que rendem 2%, 10%, 50% e 70,55% do CDI. Isto realmente é muito pouco - mesmo que o valor aplicado não seja substancial. Como se trata de aplicação onde a empresa teve livre escolha, a rentabilidade obtida realmente é baixa. Uma empresa com uma receita de quase 600 milhões de reais deveria ter condições de obter aplicações em condições mais favoráveis. E a rentabilidade destas aplicações é menor que das aplicações retidas. Não seria o contrário o mais usual?

Redundância nas Demonstrações da Eldorado


  • A redundância é um elemento presente no processo de comunicação. 
  • A Eldorado publicou nas suas demonstrações contábeis dois textos redundantes, no relatório da administração e nas notas explicativas

Redudância, ou a repetição/excesso/prolixidade/insistência desnecessária na mesma ideia, é um elemento importante no processo de comunicação. Geralmente não gostamos de pessoas redundantes ou de uma comunicação redudante. Achamos que é perda de tempo.  Ela ajuda a resolver certos problemas de comunicação, como a falha no processo. Quando uma empresa lista seus ativos e coloca no final do balanço um valor para os mesmos e faz a mesma lista para os passivos e patrimônio líquido, somando os valores, o número é redudante, já que sabemos que ativo é igual ao passivo mais patrimônio líquido. Ou quando a empresa começa sua demonstração dos fluxos de caixa pelo método indireto informando o lucro líquido, o mesmo valor que consta na demonstração do resultado, isto também é redundância. Em resumo, a informação contábil é redudante, assim como qualquer outra forma de comunicação.

No balanço da Eldorado a questão da redundância está bastante presente. Em geral o Relatório da Administração é um espaço usado pela gestão para fazer uma descrição daquilo que julga mais relevante das informações que são apresentadas. Há gráficos, figuras, textos menos técnicos e foco positivo na empresa. Já as notas explicativas é um espaço com um estilo mais pesado, com informações mais técnicas. No caso da Eldorado, duas informações similares foram repetidas integralmente tanto no Relatório da Administração como nas Notas Explicativas.

Veja o primeiro caso, sobre o acordo de Leniência e investigação interna, que aparece no Relatório da Administração:

E agora a nota explicativa 30:

Outro exemplo é o contrato de compra e venda de ações. Segundo o Relatório da Administração:

E segundo a nota explicativa 31:
Bom, se você leu o texto até o final deve ter percebido que o mesmo é redundante (o resumo no início repete o que está sendo dito no texto; mas isto é positivo, para os leitores que só querem ter uma ideia do assunto) e as figuras "repetidas" tem o propósito de comprovar aquilo que falamos.

Caixa e Equivalente nas empresas brasileiras

As 208 empresas que já divulgaram o resultado de 2018 apresentava, no final do ano, um caixa e equivalente de 209 bilhões de reais. Em relação ao final de 2017, este número é menor em 6%. Ou seja, as empresas estão menos líquidas. Este número, no entanto, foi fortemente influenciado por uma empresa: a Petrobras. A estatal tinha um caixa e equivalente de 53,8 bilhões no final de 2018, uma redução de 20,6 bilhões de reais. Se a Petrobras fosse retirada, o total de caixa e equivalentes seria de 155 bilhões, 8 bilhões a mais que no final de 2017.

O gráfico apresenta a evolução do caixa e equivalentes no final de cada ano. Para fins comparativos, só está sendo considerada as mesmas empresas em todos os anos. O valor de final de 2015 está bem distante do resultado de 2015.
Mesmo com a redução no caixa, a Petrobras ainda é a empresa brasileira com maior volume de recursos neste ativo. A Ambev, com 11,5 bilhões, está bem distante.

Rir é o melhor remédio


26 março 2019

Outra explicação

Uma pesquisa conduzida por Michael Perino (via Michaels, Dave, Dow Jones, Insiders lucram pouco com informação privilegiada, Valor 18 de março de 2019, C2) descobriu que a utilização de informação privilegiada rendeu pouco para as pessoas. Poderia se pensar que isto é um bom sinal para o mercado acionário. Entretanto, existe outra possível explicação: o fato do regulador deixar de investigar os casos mais desafiadores. Perino afirma que “a SEC costuma perseguir é o alvo fácil”.

Um funcionário da SEC, consultado na reportagem da Dow Jones, afirmou que a SEC combate “todas as formas de uso privilegiado de informações, independentemente de quão sofisticados o esquema ou os operadores possam ser”.

Como o uso de informação privilegiada é passível de uma acusação criminal, a pesquisa de Perino mostrou que mais da metade dos acusados entre 2011 a 2015 foram processados somente pela entidade, sem um processo criminal em paralelo.

A pesquisa de Perino pode ser encontrada aqui

Por dentro do Insider Trading

Resumo:

How do illegal insider traders act on private information? We address this questionusing a unique sample of illegal insider traders convicted by the Securities ExchangeCommission (SEC). To shed light on the traders’ investment strategies, we analyze,theoretically and empirically, the tradeoff between the risk of information becomingpublic (information risk), and the risk of being subject to enforcement (legal risk).Using a regression model and various shocks to enforcement risk, we find that a sub-set of investors responds to this tradeoff by splitting their trades more and tradingless aggressively in the presence of greater legal risk and smaller information risk.At the same time, a large fraction of traders does not internalize such a tradeoff.The insiders manage their trades’ size according to prevailing liquidity conditions,volatility of returns, noise trading activity, and the precision of the signal. Individ-ual characteristics, such as investing expertise and age, also play an essential role.Insiders facing increasing legal risk concentrate more on information of higher value.Thus, insider trading enforcement could hamper stock price informativeness.

Kacperczyk, Marcin T. and Pagnotta, Emiliano, Becker Meets Kyle: Inside Insider Trading (March 13, 2019). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3142006 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3142006 
 
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Meritocracia e Política


  • Apesar da maioria dos regimes políticos serem meritocráticos, as conexões familiares ainda são relevantes na política
  • 12% dos líderes mundiais possuem laços de sangue ou de casamento com um político relevante
  • A meritocracia não é o único critério no sucesso político

As dinastias ainda existem no mundo. Farida Jalalzai e Meg Rincker, professoras de ciência política nos Estados Unidos, usaram mais de mil políticos em todo o mundo e concluíram que 12% dos líderes mundiais tiveram origem em uma família de políticos. Isto inclui laços de sangue ou casamento. Entre os exemplos, George Bush, Justin Trudeau, Cristina Kirchner, entre outros.

O poder é, por natureza, herdado nas monarquias. Mas mesmo nas democracias - onde os cidadãos podem escolher seus líderes em eleições livres e justas - pertencer a uma família política é uma vantagem significativa. Ele dá aos candidatos o reconhecimento do nome, alguma experiência política e melhor acesso a aliados e recursos ao concorrer ao cargo.

Ao todo, 11 dos 88 líderes latino-americanos que ocuparam cargos de 2000 a 2017 estavam relacionados a outros presidentes. Jorge Luís Batlle, do Uruguai, tinha três parentes diferentes que ocupavam a presidência antes dele.

Como a política é dominada por homens, a presença de algumas mulheres é interessante. Dos nomes estudados, 66 eram mulheres.

As mulheres que atingem o mais alto cargo são muito mais propensas a pertencer a famílias políticas do que seus colegas do sexo masculino.

Dezenove das 66 mulheres executivas da nossa amostra tinham conexões familiares com a política - 29%. Cem dos 963 homens que estudamos - pouco mais de 10% - tinham laços familiares.

Isso sugere que os laços familiares são particularmente importantes para as mulheres entrarem na política.

Em nossa análise, o endosso de um poderoso parente do sexo masculino - ele próprio, de preferência, um ex-presidente ou primeiro-ministro - ajuda significativamente as mulheres a estabelecer sua credibilidade junto aos eleitores e membros de política interna.

A principal conclusão:

Este estudo certamente questiona a noção de que a política é apenas uma meritocracia.

Mas considere isto: 71% de todos os líderes mundiais femininos em nosso estudo alcançaram o mais alto cargo sem nenhuma conexão familiar com a política. Isso inclui a croata Kolinda Grabar-Kitarovic [foto] , que é filha de açougueiros. Ela é a primeira mulher a governar a Croácia

Mercado de Trabalho


  • Os números de emprego formal no setor contábil em fevereiro indicam uma criação de 342 novas vagas
  • Os números foram positivos entre aqueles com maior qualificação e os escriturários

Desde março de 2014 o Brasil não tinha criado tanta vaga de emprego formal. Em fevereiro foram admitidos 1.453 mil trabalhadores e demitidos 1.280 mil, um acréscimo de 173 mil novas vagas. É bem verdade que o saldo acumulado de 2014 até fevereiro de 2019 é negativo em 2,3 milhões de vagas.

Se a economia vai bem, a criação de número de vagas no setor contábil também foi positiva. Em fevereiro foram contratados 10.764 novos empregados e demitidos 10.422, um saldo de 342. Este número é menor que janeiro (2387), mas foi o melhor resultado para um mês que não é bom para o profissional contábil. Com isto, o saldo acumulado, de janeiro de 2014 até fevereiro de 2019, aponta uma destruição de 40.278 vagas. Como temos repetido aqui, a recessão foi muito dura com quem trabalha com contabilidade.

Quando analisa as diversas categorias, os dados mostram que o problema do emprego tem sido pior para aqueles com baixa qualificação e para os contadores/auditores e técnicos em contabilidade. No mês de fevereiro de 2019, a exemplo do que ocorreu no ano anterior, as admissões foram maiores que as demissões para os trabalhadores com curso superior completo. Para aqueles com curso médio incompleto ou completo o saldo foi negativo. Entre as ocupações, o saldo foi positivo para os escriturários, mas não para contadores e auditores.

Nos últimos cinco anos, o mês de março apresentou um saldo positivo somente em 2018.

Fonte: Dados coletados pelo Blog a partir do Caged

Rir é o melhor remédio


25 março 2019

A ilusão com a Inteligência Artificial

We are told AI is on an inevitable rise and humans simply can’t measure up. In no time, the headlines say, artificial intelligence will take our jobs, fight our wars, manage our health, and, perhaps eventually, call the shots for the flesh-and-blood masses. Big data, it seems, knows best.

Don’t buy it.

The reality is, computers still can’t think like us, though they do seem to have gotten into our heads. Intimidated by the algorithms, humanity could use a little pep talk.

It is true that computers know more facts than we do. They have better memories, make calculations faster, and do not get tired like we do.

Robots far surpass humans at repetitive, monotonous tasks like tightening bolts, planting seeds, searching legal documents, and accepting bank deposits and dispensing cash. Computers can recognize objects, draw pictures, drive cars. You can surely think of a dozen other impressive–even superhuman–computer feats.

It is tempting to think that because computers can do some things extremely well, they must be highly intelligent. In a Harvard Business School study published in April, experimenters compared the extent to which people’s opinions about things like the popularity of a song were influenced by “advice” that was attributed either to a human or a computer. While a subset of expert forecasters found the human more persuasive, for most people in the experiment, the advice was more persuasive when it came from the algorithm.


Computers are great and getting better, but computer algorithms are still designed to have the very narrow capabilities needed to perform well-defined chores, like spell checking and searching the internet. This is a far cry from the general intelligence needed to deal with unfamiliar situations by assessing what is happening, why it is happening, and what the consequences are of taking action.

Computers cannot formulate persuasive theories. Computers cannot do inductive reasoning or make long-run plans. Computers do not have the emotions, feelings, and inspiration that are needed to write a compelling poem, novel, or movie script. Computers do not know, in any meaningful sense, what words mean. Computers do not have the wisdom humans accumulate by living life. Computers do not know the answers to simple questions like these:

If I were to mix orange juice with milk, would it taste good if I added salt?

Is it safe to walk downstairs backwards if I close my eyes?

I don’t know how long it will take to develop computers that have a general intelligence that rivals humans. I suspect that it will take decades. I am certain that people who claim that it has already happened are wrong, and I don’t trust people who give specific dates. In the meantime, please be skeptical of far-fetched science fiction scenarios and please be wary of businesses hyping AI products.

Forget emotions and poems: Take today’s growing fixation with using high-powered computers to mine big data for patterns to help make big decisions. When statistical models analyze a large number of potential explanatory variables, the number of possible relationships becomes astonishingly large–we are talking in the trillions.


If many potential variables are considered, even if all of them are just random noise, some combinations are bound to be highly correlated with whatever it is we are trying to predict through AI: cancer, credit risk, job suitability, potential for criminality. There will occasionally be a true knowledge discovery, but the larger the number of explanatory variables considered, the more likely it is that a discovered relationship will be coincidental, transitory, and useless–or worse.

[...]

The situation is exacerbated if the discovered patterns are concealed inside black boxes, where even the researchers and engineers who design the algorithms do not understand the details inside the black box. Often, no one knows fully why a computer concluded that this stock should be purchased, this job applicant should be rejected, this patient should be given this medication, this prisoner should be denied parole, this building should be bombed.

[...]

In the age of AI and big data, the real danger is not that computers are smarter than us, but that we think computers are smarter than us and therefore trust computers to make important decisions for us. We should not be intimidated into thinking that computers are infallible. Let’s trust ourselves to judge whether statistical patterns make sense and are therefore potentially useful, or are merely coincidental and therefore fleeting and useless.

Human reasoning is fundamentally different from artificial intelligence, which is why it is needed more than ever.
Fonte: aqui
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