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06 agosto 2018

Um nova chance para o Brasil

Analisando a situação estrutural do Brasil, Margolis, da Bloomberg, comenta sobre a dificuldade de abrir um negócio no país, a burocracia imensa, a judicialização excessiva, entre outros aspectos. Em berço esplêndido (foto). E conclui:

Estranhamente, o até agora campo lotado de candidatos tem sido silencioso ou evasivo nas reformas estruturais impopulares necessárias para tornar o Brasil mais competitivo. Uma razão pode ser que muitas das reformas vitais para reiniciar a economia são politicamente tóxicas. O abandono dos subsídios corporativos e a redução das tarifas comerciais ameaçam as companhias nacionais carcomidas, enquanto a privatização de empresas estatais deficitárias irrita grandes sindicatos do setor público. E a maioria dos candidatos se esquiva de confrontar com funcionários públicos de elite que relutam em abrir mão de um sistema previdenciário que permite que eles se aposentem aos 50 anos com salário integral.


Medalha Fields e a Revelação

A cerimônia de premiação da Medalha Fields deste ano foi destaque por um motivo pouco louvável: uma das medalhas foi roubada, na primeira vez que esta premiação é feita no hemisfério sul. A cada quatro anos, os matemáticos com até 40 anos podem ser premiados com a medalha, podendo ser premiados de um a quatro matemáticos. Um dos premiados já era conhecido das pessoas da área, o alemão Peter Scholze - que também era o mais jovem de todos.

Mas dois prêmios interessam a economia e, de certa forma, a contabilidade. Alessio Figallie e Constantinos Daskalakis publicaram artigos em periódicos de economia. O trabalho dos dois origina-se do leilão Myerson, de um artigo de 1981. Em um leilão, usar este tipo de leilão permite que os compradores revelem a sua avaliação. Derivado do trabalho de Myerson, tem-se o princípio da revelação, uma “pancada” que até hoje os contadores não aprenderam a entender e absorver.

Eu diria que esse é o resultado mais importante em economia desde Arrow-Debreu-McKenzie

O mesmo texto citado ressalta dois problemas no texto do Myerson: como vender quando existirá intereção no futuro e como vender em situações de empacotamento? O prêmio é um avanço neste direção.

Generalista x Especialista

Na ciência é melhor ser um pesquisador com conhecimentos mais amplo - denominado generalista - ou ter conhecimentos específicos - os chamados especialistas? Esta é uma questão importante. Aparentemente, os especialistas são vencendo a batalha, já que aprofundar em um tema tem sido considerado uma razão do sucesso de alguns países. Quando algumas pesquisas de produção acadêmica destacam os autores mais produtivos em um determinado tema, estamos enfatizando o especialista. O mesmo ocorre quando um periódico encaminha um artigo sobre um tema específico para um autor em particular, que já pesquisou sobre o assunto. No nosso país, é difícil ser especialista, já que temos recursos escassos. Mesmo assim, é cada vez mais comum associarmos um determinado tema, por exemplo contabilidade de seguradora, com um pesquisador.

Mas no fundo não sabemos o que é melhor. Um artigo tentou responder a este dilema usando dados de matemáticos teóricos após a dissolução da União Soviética:

os cientistas generalistas tiveram um desempenho melhor quando o ritmo da mudança foi mais lento e sua capacidade de extrair o conhecimento dos diversos domínios foi uma vantagem, mas os especialistas ganharam vantagem quando o ritmo da mudança aumentou e sua especialização mais profunda permitiu que eles usassem novos conhecimentos criados na fronteira do conhecimento.

Teto de gastos

Trecho da reportagem publicada pelo Valor:
Alguns efeitos já começam a aparecer. Na quinta-feira passada, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou que pode suspender todas as bolsas de mestrado, doutorado e de aperfeiçoamento para professores, num total de quase 440 mil beneficiados se o corte a ser promovido pelo Ministério da Educação no orçamento da entidade no próximo ano se realizar.
[...]
A regra do teto, prevista na Emenda Constitucional (EC) 95, em vigor desde o ano passado, foi criada para evitar que a despesa pública federal cresça mais que a inflação e, assim, se consiga estabilizar a dívida bruta do governo. Até então, os gastos subiam, em média, 6% ao ano em termos reais, sem que as receitas acompanhassem o ritmo. O novo regime fiscal tem duração de 20 anos, com revisão prevista a partir do 10º ano. Estourado o teto fica automaticamente proibida a elevação de despesas obrigatórias, como reajustes de salários e mudanças de carreira para servidores; ganho real para o salário mínimo, abertura de concursos públicos, criação ou expansão de programas do governo e a concessão de incentivos fiscais.
O Jornal Nacional publicou um texto no qual afirma que o teto dos gastos não afetará o orçamento do MEC.

Bancos no Brasil

Os bancos no Brasil prosperam quando o país vai bem e quando o país vai mal. O fenômeno chamou atenção da revista britânica The Economist, que publicou um artigo nesta terça-feira (02/08).

Passando pela hiperinflação dos anos 80 e 90, pelo tímido crescimento de 1% do PIB em 2017 e pelo corte de 2,6% para 1,6% da previsão de crescimento para 2018, o texto descreve a economia do Brasil como algo que “tende a extremos”. Enquanto isso, os grandes bancos do setor privado estariam prosperando independentemente dos cenários.

Essa “resiliência”, conforme aponta o texto, revela muito sobre o funcionamento da economia do Brasil. O setor bancário do país, afirma a revista, é especialmente concentrado — especialmente após o recuo do banco americano Citigroup e do britânico HSBC. Itaú, Santander, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e BNDES respondem por 82% dos ativos bancários e 86% dos empréstimos.

A revista destaca o papel do governo, que historicamente autoriza empréstimos em condições camaradas para uma minoria de empresas e setores e, ao mesmo tempo, permite altas taxas de juros no crédito ao consumidor, em empréstimos pessoais, cartão de crédito e cheque especial.

Fintechs como Banco Inter, Nubank e Creditas ajudam a tornar o setor bancário mais competitivo, diz a Economist. Com atrativos como novas poupanças ou créditos a juros menores, elas conquistam espaço enquanto buscam “incomodar” os operadores. A revista elogia ações do recentes do Banco Central (BC) para diminuir os custos de empréstimos, além do fim da concessão de empréstimos, por bancos estatais, com taxas subsidiadas.

Uma economia mais forte, por sua vez, poderia ser alcançada se as taxas de juros de longo prazo caírem e “se o próximo presidente estiver decidido a controlar as finanças do Brasil”.


Fonte: Aqui

Brasileira lidera pesquisa sobre a expansão do universo

Marcelle Soares Santos, doutora em astronomia pela Universidade de São Paulo, é da equipe do laboratório que descobriu ondas gravitacionais e é também professora da Universidade de Brandeis, uma das mais conceituadas em física nos Estados Unidos.

Hoje, ela coordena uma pesquisa sobre a energia escura, que busca a luz emitida por eventos geradores de ondas gravitacionais.

Mais: aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

05 agosto 2018

Custos do Governo Federal

Em relação a postagem sobre o Manual de Informações de Custos do Governo Federal, achei válido acrescentar o trecho de uma postagem escrita em 2011 pelo professor César:
Como autor de um livro sobre o assunto (Custos do Setor Público, Editora da UnB) gostaria de ser tão otimista. Mas como pesquisador que sou gostaria de questionar este otimismo. A maioria das importantes decisões no setor público ocorre na esfera política. Quem conhece um pouco de ciência política percebe que isto não é necessariamente ruim e que o jogo democrático pode conduzir a decisões razoáveis em termos do interesse comum da sociedade. 
Se decisões são políticas, será que a informação de custo é relevante? Mais ainda, sabendo que o principal problema da gestão pública brasileira é a má gestão pública dos recursos, incluindo aqui a corrupção, como isto poderia ser relevante?
Mais importante que mensurar custos é usar a informação, inclusive a de custos, para a tomada de decisão. Sinto muito, mas não sou tão otimista assim.

03 agosto 2018

Frase

Se você está em um governo autoritário, você ama o Facebook; o Facebook é a chave para manter as pessoas distraídas, confusas e com um pouco de medo


Siva Vaidhyanathan

Apesar da redução no crescimento em países desenvolvidos, o número de usuários da mídia social tem crescido nos países em desenvolvimento. O professor da Universidade de Virgínia cita o caso do Myanmar, onde as postagens na rede geralmente defende o genocídio dos rohingya.

Para resolver o problema, ele propõe "quebrar" a empresa.

Polarização na política brasileira

Usando dados das redes sociais, cientistas da Universidade de São Paulo começaram a analisar o comportamento dos brasileiros em 2015. E traçaram um perfil do que ocorreu nos anos recentes no nosso país. O gráfico abaixo mostra o Brasil antes de 2013, com a separação entre esquerda e direita. Se um usuário gosta de duas páginas, haverá uma relação entre elas, expressa na figura pelos nós. A figura também mostra as organizações da sociedade civil dos políticos. Neste ano, os cientistas classificaram os usuários em seis grupos, representados pela cor. A cor amarela, por exemplo, refere-se a campanha contra a corrupção; em geral, esta campanha estava mais à direita, encabeçada pela sociedade civil. A distância entre os movimentos de direita e esquerda não era substancial

Em março de 2014, com os protestos contra o governo Dilma, a separação entre esquerda e direita aumenta. As campanhas contra a corrupção estão mais identificadas com a direita.

Dois anos depois, a separação é mais profunda ainda. Do lado esquerdo sobressai os grupos ambientalistas e de direitos humanos (cor verde), afastados daqueles que apoiam o combate à corrupção.

Controles internos do Deutsche

O Deutsche Bank foi recentemente multado, em quase 700 milhões de dólares, por problemas nos sistemas de controle interno, que permitiam que clientes usassem a instituição para lavar dinheiro. Agora, documento internos revelados pela Reuters (via El País) mostram que a instituição sabia de algumas fraquezas:

“Tenemos que mejorar nuestros procesos internos. Los documentos muestran que estos aún son demasiado complicados. No se trata de la efectividad, sino de la eficiencia de nuestros procesos”, reconoció Deutsche Bank a Reuters. Los reguladores y supervisores de todo el mundo exigen a los bancos que investiguen a sus clientes. Es un proceso obligatorio —KYC, en sus siglas en inglés— para cumplir con las rutinas formales de identificar y controlar el origen del patrimonio de sus clientes. De esta forma tratan de evitar que los delincuentes oculten su identidad a través de una telaraña de sociedades, la mayoría de las veces fantasmas.

En el documento interno de Deutsche del 5 de junio el banco admite que ha tenido problemas para determinar de dónde proviene el dinero de sus clientes. Reconoce que no pudo hacer seguimiento correcto en países como Rusia, Irlanda, España y Sudáfrica, tras examinar cómo fueron procesados los archivos de los clientes de estas jurisdicciones.